quarta-feira, 15 de março de 2017

Uma vez Punk, Sempre Punk!

Sou mais punk hoje do que era no passado!
Quando eu mudei do Rio de Janeiro para Curitiba, em 1984, tudo o que eu sabia sobre Punk Rock era do álbum The Great Rock'n Roll Swindle, dos Sex Pistols, que um grande amigo, Ganso, havia me presenteado. Mas ao chegar na Capital Paranaense conheci, através de meu primo Edson de Vulcanis, os punks de CWB que frequentavam o Lino's Bar, uma espécie de CBGB da Cidade "Sorriso".

Aos poucos fui me enturmando com os caras e também aprendendo mais sobre o movimento, sua música e sua ideologia. Foi um grande impacto na minha cultura musical, pois até então, meu universo musical era do Hard Rock de bandas como: Led Zeppelin, Deep Purple, Uriah Heep e o complexo Rock Progressivo de virtuoses como: Emerson, Lake & Palmer, Triumvirat, Yes, Focus, PFM, etc. Escutar aquelas músicas minimalistas ao extremo, com suas mensagens diretas, sem frescurar e nem solos intermináveis me ensinou algo que até hoje carrego comigo: Conhecimento e técnica são importantes, mas vontade e convicção são mais importantes. Eu descobri que podia tocar.

Eu sempre quiz tocar, mas nunca fui um bom instrumentista, meu conhecimento na guitarra limitava-se a uns poucos acordes e nenhuma habilidade com escalas e solos. Havia feito uma música para um festival escolar que até ficou legalzinha mas nada mais que isso. Uma vez fui fazer um teste para uma banda, no Rio de Janeiro. Foi uma das experiências mais desesperadoras da minha vida! Os caras me trataram bem e foram super simpáticos mas eu fiquei decepcionado comigo mesmo por entender que eu não tocava nada. Troquei minha guitarra, na época, por um toca discos.

Mas ao ouvir álbuns como: SUB, O Começo do Fim do Mundo, Ataque Sonoro, entre outros, minha visão começou a mudar. Ai conheci o Gustavo, o Careca e o saudoso Edilson Del Grossi, eles queriam montar uma banda e precisavam de um guitarrista. Não pensei duas vezes: comprei uma passagem, fui ao Rio de Janeiro, adquiri um exemplar do jornal Balcão e achei uma guitarra a venda. Fiz a compra, voltei para Curitiba e falei com os caras que eu podia tocar guitarra na banda. Fizemos uns ensaios e montamos a banda Maus Elementos. Foi feito um registro em fita de rolo mas nunca achei esta gravação. A banda era muito ruim mas a nossa vontade de tocar era maior do que a nossa incapacidade.

Depois do fim dos Maus Elementos, montamos o Paz Armada que foi bem bacana e fazíamos um hardcore bem legal. Ainda toquei nas bandas O Corte e no Resistência Nacional, mas por questões financeiras acabei parando por um bom tempo. Mas o que restou desta época foi a certeza de que é possível fazer quando você realmente quer e tem uma razão para fazer. Também ficaram a eterna paixão por bandas como: Cólera, Lixomania, Olho Seco, GBH, Discharge, Dead Kennedys e muitas outras.

Atualmente sou cristão mas aprendi no cristianismo uma coisa muito bacana: Jesus não quer destruir culturas, mas iluminá-las. Continuo curtindo o bom e velho punk rock, continuo adepto do DIY (Do It Yourself), continuo gostando do Lo-Fi mas com uma cosmovisão cristã. Ainda ouço muitas bandas antigas e novas e muitas com conteúdo cristão. Sei que uma grande parte dos punks não aceita o cristianismo e muito menos cristãos tocando punk rock, mas também sei que este pré-conceito existe por duas razões: 1) O péssimo testemunho de vida de alguns "cristãos". 2) Por desconhecerem o Evangelho de Jesus Cristo.

O que fica é: Punk's Not Dead

Deixo aqui, dois álbuns para você curtir: Uma antiga gravação da banda Paz Armada e uma da minha banda atual... Curte aí...





quarta-feira, 8 de março de 2017

Escravas da Liberdade

No dia internacional da mulher é bom lembrar que as mulheres são seres maravilhosos pelo simples fato de serem mulheres!

Eu conheço uma pessoa, que vou preservar a identidade, que quando engravidou, tomou uma decisão: largar o emprego e dedicar-se a criação de sua prole, mesmo sabendo que isso deixaria o casal numa situação financeira mais complicada. Foi uma escolha dela e acordada pelo seu esposo. Ao compartilhar sua alegria e sua escolha com suas companheiras de trabalho ele recebeu uma chuva de críticas dizendo que ela não podia fazer isso pois estaria diminuindo a força das mulheres, etc, etc, etc. Minha pergunta é a seguinte; que tipo de liberdade é esta que te impede de tomar uma decisão e que prega que você não pode fazer desta forma?

É evidente que a luta pelos direitos das mulheres é importante. Que muitas coisas foram conquistadas ao longo da história. É uma luta não apenas importante, mas também necessária para garantir às mulheres seus direitos de ir e vir, como qualquer cidadão. Deve haver a luta, principalmente em sistemas sociais onde as mulheres são tratadas como se fosse de uma classe inferior. O problema não é a luta em si. O problema é quando direitos se tornam deveres a ponto de suprimir outros direitos, como o de fazer uma escolha diferente.

Este é o grande problema do feminismo contemporâneo, ele assume uma visão utópica de um mundo perfeito que na realidade não existe, pois o ser humano, de um modo geral é mau. Tanto para o pensamento criacionista que ve os seres humanos como seres caídos como para o pensamento evolucionista que enxerga os seres humanos como animais mais evoluídos, mais ainda assim animais.

Que neste oito de março, cada um de nós possa rever os nossos conceitos e perceber que na humanidade existem traços que nos fazem iguais mas também existem aqueles que nos tornam diferentes. Precisamos entender que: neste mundo de homens e mulheres o mais importante não é sermos iguais, mas compreender as nossas diferenças respeitando-nos mutuamente para construirmos juntos uma sociedade melhor. Então, feliz DIA INTERNACIONAL DA MULHER.

Então, para não ficar nas minhas palavras deixo aqui um pequeno trecho de uma entrevista com Camille Paglia: feminista, lésbica e ateia. Vale a pena assistir.


quarta-feira, 1 de março de 2017

Modos & Estilos #016 - Tangerine Dream - Phaedra

Até hoje não sei dizer se aquelas motos eram reais ou não!
Sempre que escuto este álbum, lembro-me de uma viagem que fizemos a Campos do Jordão. Durante a subida da serra, com o sol se pondo ao fundo em contraste com uma das curvas da rodovia surgem quatro motociclistas com suas respectivas máquinas em fila fazendo a curva em prefeito sincronismo com a música que tocava no carro. Era Phaedra, da banda alemã, Tangerine Dream. Era um outro tempo, outros amigos e outras experiências.

A Banda

O Tangerine Dream é uma banda de rock progressivo eletrônico, oriunda de Berlim, que iniciou suas atividades em 1967. O grupo foi fundado pelo tecladista Edgar Froese (1944/2015). O TD passou por inúmeras formações que sempre orbitaram em torno de Froese, bem como de várias fazes musicais, indo puro experimentalismo psicodélico, passando pela música eletrônica, o prog mais acessível e até uma produção mais comercial, sem perder a qualidade. Sua fase áurea vai de 1974 até 1982, época em que foram produzidas pérolas musicais como: Phaedra, Stratosfear, Cyclone e Force Majeure, com destaque para o álbum Phaedra, considerado pela crítica e pelo público como a obra prima da trupe.

Phaedra

Lançado em 1974, este é o quinto álbum da banda. É o primeiro lançado pelo selo Virgin e inaugura a fase mais eletrônica do grupo. Como já foi citado, é considerado, por muitos, o melhor álbum lançado pelo grupo. Foi gravado em novembro de 1973 no The Manor em Shipton-on-Cherwell, Inglaterra. Também é o primeiro trabalho a utilizar um sequenciador Moog que acabou por criar uma característica sonora, conhecida como Escola de Berlim. Entre problemas nos ajustes do sequenciador e até a quebra de um gravador o álbum contou com a participação de Monique (esposa de Froese).

Phaedra também foi responsável pelo sucesso da banda fora da Alemanha. É citado All Music Guide como: "uma das obras mais importantes, artísticas e excitantes da história da música eletrônica". Na formação deste disco estão: Edgar Froese, Peter Baumann e Christopher Franke. Foi lançado ainda um single com as músicas Mysterious Semblance at the Strand of Nightmares e Phaedra, em versões ultra reduzidas.

As Faixas

As quatro faixas deste clássico da música são de arrepiar e trazem todo um clima cósmico e meio sci-fi. O álbum começa com a faixa título que toma quase dezoito minutos da obra e é completado por três faixas menores mas não menos espetaculares, que compõe um conjunto magistralmente perfeito. Mal dá para crer que tanto foi gravado em tão pouco tempo com os recursos, hoje, tão escassos da época. Vamos as faixas.
  1. Phaedra (Peter Baumann / Christopher Franke / Edgar Froese) - É uma viagem. A peça tem um clima bem espacial com intervenções sonoras ao longo de um ritmo constante como se estivéssemos navegando por oceanos cósmicos e etéreos. É impressionante as nuances que vão criando climas diferentes ao longo da composição.
  2. Mysterious Semblance at the Strand of Nightmares (Edgar Froese) - Esta faixa inicia como uma continuação da anterior, mantendo um clima de mistério mas ao mesmo tempo de doçura como se estivéssemos numa espécie de descanso da alma.
  3. Movements of a Visionary (Peter Baumann / Christopher Franke / Edgar Froese) - Totalmente experimental, apresenta um laboratório de experiências sonoras com utilização de modulação e eco. Mais uma vez o uso de sequenciador cria um clima hipnótico intermediado por sons e silêncios que compõe uma sinfonia eletrônica.
  4. Sequent C (Peter Baumann) - Com seu clima de "Chegamos ao Fim" Sequent C nos conduz para uma atmosfera de reflexão e contemplação. Excelente.

Conclusão

Phaedra é um marco na história da banda e da música eletrônica. É impressionante como uma obra com mais de quarenta anos de idade soa tão atual e mais impactante agora do que na época. Uma aula de musicalidade e experimentalismo que coloca o Tangerine Dream ao lado do lendário Kraftwerk no panteão da música eletrônica. É um disco obrigatório para quem gosta de boa música e para quem quer conhecer este estilo. Abaixo uma opção de audição.


segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Punks Não Morrem, Viram Rebites!

Não tem nada mais punk do que ser crente!
Quando o Eduardo Teixeira lançou o documentário Cristo Suburbano, é bem provável que ele não imaginava aonde isto tudo chegaria. O que era para ser um documentário ao melhor estilo DIY para contar a história da cena punk cristã no Brasil rendeu, além do vídeo, um selo que distribui material de várias bandas, um ministério, três coletâneas, um blog, canal no Youtube e muitos planos para o futuro. No campo das coletâneas foram, até o momento, três edições. A primeira, em 2015 com 23 bandas, a segunda em 2016 com 44 bandas e a terceira de 2017 com 56 bandas, sendo 9 faixas de bandas internacionais de peso como Mark Main e Grave Robber. Mas vamos a esta coletânea.

A compilação Cristo Suburbano Volume 3, como já foi dito, conta com 56 faixas de bandas da cena JCHC (Jesus Christ HardCore) nacionais e internacionais. São vários estilos dentro do punk produzido por cristãos e não há como analisar cada música separadamente. Mas posso fazer uma análise do conjunto da obra. Uma palavra: sensacional. Começando pela ótima capa (figura), desenhada pelo Adriano, da banda curitibana Nova Prole, que já dá uma ideia do conteúdo. A seleção das músicas está excelente com áudio bem equilibrado, entre cada faixa, bem como a qualidade das gravações. Algumas bandas prepararam canções exclusivas para este mega álbum. O download pode ser feito de forma gratuita na página do selo no Bandcamp.

Mas o grande mérito desta coletânea é ver a quantidade de bandas excelentes que existem na cena punk cristã nacional. Para quem quer ter uma ideia do panorama musical do estilo é uma ótima oportunidade. Além do mais, é gratificante ver que mesmo sem nenhum apoio da mídia de massas o underground continua vivo e produzindo muito música boa. Também não podemos esquecer do empenho do Eduardo Teixeira que organizou esta coleção, que certamente ficará na história. A mim só resta te dizer uma coisa. Escute!

Nota: O título desta matéria é uma matéria do punk curitibano Flávio Fardado.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

É preciso amar...

Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem, - Mateus 5:44
Uma das características mais marcantes da personalidade de Deus é o amor. A própria bíblia nos ensina que: Deus é Amor. E se Deus é amor, a principal característica daqueles que se auto proclamam servos de Deus, deve ser o amor de Deus demonstrado de forma prática através de nossas vidas. Em outras palavras: não tem como ser servo de Deus e não praticar o amor, pois se uma pessoa diz que tem o Espírito de Deus em sua vida e não demonstra este amor, ela está mentindo. O amor é a marca do cristão verdadeiro. É evidente que não se trata de um amor fundamentado em sentimentos, pois, sentir amor por aqueles que só lhe despejam ódio, está além de nossas capacidades. Mas agir com amor para com aqueles que, muitas vezes, nos fazem mal, é uma possibilidade inerente a todo ser humano que esteja vivendo de acordo com a Palavra de Deus e seus ensinamentos, preceitos e vontades.

Quando Deus esteve corporalmente entre nós, na pessoa de Jesus Cristo, uma das bases de seus ensinamentos sempre foi a prática do amor. Mas a pergunta que fica no ar é: Como eu faço para amar meus inimigos e orar em favor daqueles que me perseguem e me fazem mal. Para praticar este tipo de amor, tão necessário ao cristão, é imprescindível uma mudança de consciência que nos permita enxergar o mundo e os demais seres humanos de uma outra forma, sob um novo ângulo. Este novo olhar sobre a humanidade nos capacita para enxergar, detalhes que não víamos anteriormente. Uma das grandes descobertas do cristão que teve sua mente transformada, é perceber que nossos inimigos somente o são por estarem debaixo de um domínio muito forte que os leva a agir de maneira desagradável em ralação a nós. É por esta razão que o apóstolo Paulo adverte sobre a nossa luta não ser contra a carne (contra outros seres humanos) mas sim contra os exércitos de satanás. Quando passamos a ter consciência deste estado de coisas, vemos facilmente que a pessoa que se opõe a nós é, na verdade, um prisioneiro que precisa ser liberto e que não sabe que esta liberdade está ao seu alcance.

De posse desta verdade, cabe a nós, agraciados com este conhecimento, agir em favor daqueles que ainda permanecem cegos pelas astutas ciladas do diabo, pois agora já temos a consciência de que nossos inimigos somente o são por não conhecerem o plano de Deus para a humanidade. A partir daí, amar os inimigos e fazer o bem aqueles que nos fazem o mal já não soa tão absurdo e com a prática se torna mais fácil a cada dia. Amar, este é o grande segredo. Não existe cristianismo, não existe evangelho sem esta máxima. Lembre-se do que dizia o poeta Renato Russo: É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã!


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Sistema conturbante para um mundo conturbado!

Num mundo materialista e egoísta como o nosso, até um pedaço de pano é motivo de polêmica.
Recentemente vimos o lamentável episódio em que uma menina branca estava utilizando um turbante, por conta da queda de cabelo em virtude de um tratamento contra o câncer, e foi hostilizada por mulheres negras que a acusaram de apropriação cultural. Mas o que vem a ser isso?

Tecnicamente, a apropriação cultural ocorre quando uma cultura se apropria de algo que é exclusivo de outra. Mais ou menos como se um Sulista saísse na rua com um chapéu de cangaceiro, que é diretamente ligado a cultura do cangaço. Evidente que o assunto é mais abrangente mas isto aqui não é um tratado científico. A questão é: Será que isso é realmente relevante?

Vejamos: recentemente aconteceu um episódio na Câmara Federal em que um deputado afirmou que negros não deviam ser evangélicos e que deveriam voltar para os terreiros que é o seu lugar, de acordo com suas raízes culturais. Ora, neste caso, os índios não poderiam viver nas cidades e nem usar roupas. Este tipo de afirmação, me parece uma violação da liberdade do ser humano em ir e vir. É interessante como um grupo consegue defender o direito de matar um ser humano, ainda no ventre de sua mãe e coíbe o direito de vestir um pedaço de pano. Mas de onde vem esta confusão mental que parece ter tomado conta das pessoas? Minha opinião pessoa é de que esta guerra ideológica de classes é fruto de uma proposta chamada Marxismo Cultural. Mas que bicho é esse?

Vamos pelo começo: O marxismo é uma ideologia ou doutrina propalada por um carinha chamado Carl Marx, que viveu no início da Revolução Industrial, em que o mundo passava de um estado de extrema pobreza para uma produção de riqueza muito grande. Entre seus feitos notáveis, Marx, que viveu no início da revolução industrial previu que haveria uma grande geração de riquezas oriundas desta mudança na forma de se produzir bens de consumo e, consequentemente, no nascimento do capitalismo. No entanto o capitalismo que Marx conheceu era bem diferente do de hoje, pois tratava-se de um capitalismo sem os princípios da democracia. Marx percebeu que este pré capitalismo, sem regras e sem leis, não tinha possibilidade de se harmonizar com a democracia de massas. Face a isso, ele escreveu muitas obras incluindo sua mais famosa: O Capital, onde ele criticava esta característica do capital não casar com a natureza humana. Entretanto Marx não percebeu que a Revolução Industrial havia herdado pobreza e não criado pobreza como ele achava. O fato das classes trabalhadoras trabalharem muito, vinha de uma herança de muito trabalho do mundo anterior a Revolução Industrial, onde era comum trabalhar 12 horas por dia, mulheres trabalharem e inclusive crianças trabalharem.

Na sua visão, Marx, começa a defender a tomada dos meios de produção, pelas classes trabalhadoras, para tentar romper a relação entre opressor e oprimido. Parece bonito mas não é bem assim. Na verdade escondia a implantação de uma ditadura do proletariado que hoje tentam dizer que se trata de uma democracia mas não é. Marx entra num aspecto quase religioso tentando trazer um futuro utópico para o presente. Este socialismo marxista acaba ganhando a admiração de muita gente, criando uma tentativa de implantá-lo em muitos países. Por conta de uma cultura não democrática, o socialismo e comunismo baseados nas idéias marxistas tem facilidade de serem implementados em nações orientais. Já nas nações ocidentais suas idéias encontram oposição em virtude da herança democrática grega e da fé cristã que defende a liberdade total do ser humano. Ou seja, no mundo ocidental, com democracias bem instaladas e um capitalismo forte Marx estaria condenado a ser lembrado apenas como um grande teórico se não houvesse surgido um tal de Antonio Gramsci.

Gramsci foi um filósofo marxista, jornalista, crítico literário e político italiano. Escreveu sobre teoria política, sociologia, antropologia e linguística. Suas maiores obras foram escritas nos vinte anos em que esteve preso sob o regime de Mussolini. Os Cadernos do Cárcere (31 livros) são um compêndio que mostram como implantar a revolução socialista no ocidente. Gramsci percebeu que, diferentemente do que Marx acreditava, era o pensamento que afetava a vida e não o contrário. Ele, então, cria um método de sedução, tal qual a serpente no Éden, para plantar no ser humano ocidental a vontade de provar do fruto do Socialismo. Seus métodos são sutis e se baseiam numa tomada lenta e gradual dos meios de formação intelectual e acadêmica. Ele defendia que o partido tem uma função orgânica de ocupar espaços para levar as idéias às pessoas de modo a convencê-las de que o socialismo é uma solução superior ao capitalismo. Esta metodologia faz com que as pessoas passem a ver o Socialismo Marxista não como um movimento político mas como o centro do saber humano que estava vedado aos menos favorecidos. Mais ainda, coloca estes pensamentos como a única fonte de verdade daqueles que são considerados racionais e qualquer pensamento contrário passa a ser taxado como irracional e opressor sem sequer ser analisado. Isto é o que se chama Marxismo Cultural.

Mas ele também entende que os contrários irão se manifestar. Para isso o marxismo cultural promove a ideia de luta de classes onde o pensamento marxista representa o oprimido e o pensamento contrário sempre será o opressor. No Brasil vemos os ideais de Gramsci claramente aplicados nos documentos e cartilhas da formação do PT (Partido dos Trabalhadores) que tem por objetivo final, a implantação de uma ditadura do proletariado em nosso país, utilizando principalmente as escolas e as universidades para espalhar o ideal marxista e assim criar uma população acadêmica que não é levada a racionalizar mas sim a militar em prol de uma ideologia que simplesmente silencia os contrários.

São estes ideais que de tem dividido o país em uma eterna batalha de classes, que enfraquecem a população facilitando a tomada de poder. O Marxismo Cultural cresce a passos largos e prega uma liberdade onde somente quem adota seus princípios tem o direito a expressão e qualquer um que pense diferente é taxado de opressor. Criaram uma geração incapaz de pensar onde tudo lhes afeta e agride. Uma fórmula do politicamente correto que amordaça a liberdade de pensamento, expressão e opinião. É por conta disso que um simples turbante se torna em motivo de discórdia. E, me desculpem os otimistas, mas não consigo enxergar uma mudança de direção mas apenas um futuro onde sua escolha será: se adequar ao sistema ou se adequar ao sistema.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Música de Protesto. Existe Ainda?

Nas favelas, no Senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação

Banda Aborto Elétrico
Nos anos 80, o Brasil se viu invadido pelo fenômeno do Punk Rock, de norte a sul do país. Longe das mentiras propagadas pela mídia oficial, com suas matérias absurdas que retratavam os punks como garotos que vomitavam em velhinhas, uma cena underground baseada na música, arte e cultura urbana vinha se desenvolvendo. Rapidamente, bandas pipocavam por todos os lados, trazendo na sua bagagem, letras como "Que País é Este" da brasiliense Aborto Elétrico (embrião do Legião Urbana). Na cena paulistana, meninos da periferia descobriam uma forma de ter a sua visão de mundo ouvida através das músicas e dos fanzines.

Havia uma preocupação, real, com a situação da época. Havia um grito no ar, de uma sociedade sufocada, mas ainda consciente: "Não dá mais pra aguentar, Essa vida ruim, Essa vida de pião, Você anda sem nenhum tostão, Eles pedem dinheiro emprestado, E tiram do pobre coitado, Essa EXPLORAÇÃO, Vai acabar com a população" (Vida Ruim - Ratos de Porão). Bandas como Cólera, Inocentes, Lixomania ecoavam as vozes sufocadas de um povo sofrido. É lógico que havia a zoeira e a diversão também, mas existia um desejo de mudança e uma esperança de que isso pudesse acontecer. "Às vezes tenho raiva, Às vezes sinto que a ilusão, Me faz recuar, Pois muita gente mente, Pois muita gente dá a mão, Só pra empurrar." (Medo - Cólera). Mesmo a cena Mainstream, mantida pela indústria da música encontrava espaço para uma crítica social consciente com nomes como: Legião Urbana, Titãs, Paralamas, Ultraje, Lobão, etc. "A gente não sabemos escolher presidente, A gente não sabemos tomar conta da gente, A gente não sabemos nem escovar os dente, Tem gringo pensando que nóis é indigente. Inútil! A gente somos inútil. Inútil! A gente somos inútil" (Inútil - Ultraje a Rigor)

Banda Cólera (ainda com o Redson)
Tudo levava a crer que algo iria acontece e aconteceu, mas não como se pensava. Ao contrário de uma virada no jogo, o sistema foi quem deu o troco, levando alguns "protestantes" para o seu lado, com contratos lucrativos, fama, mulheres e drogas. Muitos daqueles garotos cheios de ideias e ideais se conformaram, outros aderiram ao modo de vida do sistema, uns poucos continuaram a caminhada, e tudo foi sendo sufocado ao mesmo tempo em que o establishment tratava de criar uma "cultura" de massa baseada na banalidade primeiramente com musicalidade e letras idiotas e posteriormente até a musicalidade foi perdendo espaço chegando aos nossos dias.

Hoje, nosso país vive, mais uma vez, uma crise política e social sem precedentes e as palavras de protesto se restringem a postagens, muitas vezes, duvidosas nas redes sociais. O protesto através da arte deu lugar a apologia da marginalidade e da decadência moral. Vemos paulatinamente nascer uma geração de zumbis famintos por lixo.

Existe ainda, é claro, musica consciente, mas sem o alcance social que existia antes, e o que é pior: existe um pseudo música de protesto feita por gente comprometida por interesses de um grupo que só quer assumir o poder no lugar do anterior. No Maistream temos lixo pop e na periferia temos uma coisa que não dá nem para explicar o que é. Cabeças ocas, cheias de vento estocado, que só produzem flatulência cultural.

E você? Tem escutado músicas, atuais, que denunciam, que protestam, que alertam para toda esta decadência social que estamos vivendo. Se você conhece, então comente ai embaixo para ajudar a divulgar aqueles que ainda estão conscientes. Grande abraço!