Mostrando postagens com marcador Resenha. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Resenha. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 21 de julho de 2020

Cassiane Relativizou a Violência Doméstica?

Muito se tem falado sobre o novo e infeliz clipe da cantora gospel Cassiane, então vamos a ele.



Esta semana, o assunto nas mídias, dentro e fora do universo gospel foi o clipe da nova canção da cantora Cassiane, que faz parte do elenco da MK Music. Segundo uma boa parte dos veículos de imprensa, blogs e todo uma série de opinadores digitais, o clipe da música, A Voz, teria relativizado e até mesmo romantizado a violência doméstica. No meio de tudo isso, resolvi assistir ao tal clipe e vou fazer aqui a minha análise pessoal. Quero deixar claro que não sou ouvinte da cantora mas vou ser o mais imparcial possível sem deixar a minha opinião pessoal de lado, obviamente.

A Canção


Musicalmente falando, o arranjo não trás absolutamente nada de novo, é apenas mais do mesmo. A introdução calma e suave que vai caminhando numa progressão matemática para o clímax final, onde sempre acontece aquela explosão sonora em cima do refrão. Tecnicamente bem executada e bem gravada mas musicalmente não acrescenta nada de novo no front. Com todo respeito, esse estilo musical adotado por grande parte das cantoras e cantores gospel lembra muito o tal sertanejo. Se você ouviu uma música, ouviu todas e já sabe o fim.

A Letra


Poeticamente fraca, a letra da canção é uma ode ao poder de Deus que daria um bom clipe exaltando a grandeza do Deus que cremos e servimos (também sou cristão). Em relação à temática do clipe, não tem nada com nada. Uma coisa não se liga a outra e o vídeo parece ficar perdido no meio da música e vice versa.

O Clipe


Tecnicamente, me desculpem os fãs, o vídeo é péssimo. Deixa claro que haviam feito as filmagens para encaixar em qualquer canção e aproveitar o hype do momento para ganhar views, mas a má qualidade da produção e um roteiro amador, não agradam e nem convencem. As transições entre a suposta história e as aparições da cantora são lastimáveis. A dinâmica é fraca, a fotografia é ruim e a pós produção parece não ter acontecido, sem falar nas atuações ao melhor estilo, novela mexicana. Parece decoração de TNT (se é que me entendem).

A Mensagem


Não creio, em sã consciência, que tanto a cantora quanto quem roteirizou a peça, pensou em relativizar ou romantizar a violência doméstica contra as mulheres. Para quem é conhecedor das Sagradas Escrituras, fica evidente que a ideia é mostrar que mesmo as piores pessoas podem ser transformadas pelo Poder de Deus. O problema é que o script é muito ruim e a edição não conseguiu deixar isso claro o que levou a muitos pensarem que a cantora quis passar pano em um assunto tão sério.

Prefiro continuar crendo que foi um equívoco infeliz gerado pela falta de profissionalismo do que uma intensão maléfica. Mas a polêmica trás a luz uma questão importantíssima que é a maneira como grande parte das instituições religiosas tratam a questão da violência doméstica.

Não é raro, casos de mulheres, vítimas de homens truculentos serem praticamente obrigadas a manter um relacionamento destrutivo e doente, em nome de uma falsa doutrina do: "O que Deus uniu não separe o homem", ou ainda colocando a culpa na mulher com afirmações como: "precisa orar mais", "a Bíblia diz isso e aquilo" distorcendo as verdades bíblicas e mantendo inocentes em verdadeiros infernos, num triste círculo vicioso.

É urgente, trazer estes assuntos aos púlpitos, de maneira séria e equilibrada. Muitos líderes terão um alto preço a pagar pelas muitas vidas destruídas em nome de um Deus que não encontramos na Bíblia.

Conclusão


Sei que a cantora não irá ler este post, mas minha sugestão é: Jogue fora este clipe e faça outro que esteja em consonância com a letra e feito por profissionais, pois o clipe ficou parecendo uma produção caseira de baixo orçamento.

Até a próxima!

Dados da Foto:

Description: Cassiane no DVD 'Um Espetáculo de Adoração'
Date: 10 February 2015
Source: Own work
Author: WillDavid
Link da imagem: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Cassiane.png

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

O punk não morreu; calçou um coturno e foi a igreja...

Entre Bíblias & Coturnos é uma aula de história, daquelas que quando terminam, você quer mais!
Quando o Eduardo Teixeira lançou o documentário Cristo Suburbano, em 7 de maio de 2014, talvez não imaginasse a repercussão que um vídeo amador, simples e sincero iria ter, ao contar a história de algumas bandas da cena punk cristã nacional. Agora, quase quatro anos depois e com muito mais experiência, Edu nos brinda com um novo trabalho, desta vez, mais bem construído, mais dinâmico e com uma trilha sonora que é uma pedrada no ouvido para acordar esta geração entorpecida. Tive o prazer de assistir a obra finalizada, antes do seu lançamento, programado para 13 de janeiro de 2018. e tenho algo a dizer: vale cada minuto!

Diferente do trabalho anterior, este filme apresenta um panorama da caminhada que muitos punks fizeram e continuam fazendo das ruas para a igreja. Através de depoimentos de uma galera, de várias regiões do país, que viveu e vive o punk rock; o autor nos conta a história da formação e consolidação do movimento Cristianismo & Punk Rock em terras tupiniquins. São ativistas, membros de bandas, donos de selos, fanzineiros e líderes de coletivos que descobriram, na fé em Cristo, a atitude mais punk de suas vidas. Com uma dinâmica invejável, conseguida através de uma edição inspirada, os depoimentos se complementam e parecem ter sido escritos num único roteiro. Não é cansativo e você nem percebe que se passaram duas horas. 

Eduardo A. Teixeira
Feito com equipamentos simples como celulares, o resultado final  é um encontro equilibrado entre a singeleza do Faça Você Mesmo e a seriedade do profissional. Não tenho dúvidas de que este vídeo coloca o Eduardo Teixeira na condição de documentarista e, com certeza, outros trabalhos virão. Para fechar com chave de ouro, é preciso mencionar a excelente trilha sonora, lançada simultaneamente, em formato digital, pelo selo Cristo Suburbano Records nas principais plataformas musicais e que trás boa parte da produção musical do gênero.

Tive a honra de participar deste trabalho e confesso que fui surpreendido com o resultado final. No apagar das luzes, a lição que fica é: O que faz um bom documentário não é um bom equipamento e nem uma boa história sozinha. Um bom documentário é aquele que sai das mãos de um apaixonado e este trabalho deixa claro que o Eduardo ama o que faz. Tenho certeza que você vai curtir!
Assista Agora:

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Modos & Estilos #022 - The Beatles - Abbey Road

Falar sobre os Beatles é como chover no molhado. Goste ou não, os rapazes de Liverpool formaram a banda de rock mais importante de todos os tempos. 
Não vou contar aqui a história desta banda, pois ela já foi contada e recontada por gente infinitamente mais capacitada do que eu. Desta vez quero compartilhar a minha experiência pessoal quando escutei este álbum e como ele tem sido importante para mim. Abbey Road me fez enxergar Os Beatles de uma outra perspectiva e abriu a minha mente para as possibilidades da música. Confesso que sempre achei a banda muito chata, pois não conseguia ver o que estava por trás daquilo tudo, mas quando este álbum chegou e o escutei eu pude perceber o tamanho da evolução da banda.

O Abbey Road foi o penúltimo álbum do quarteto a ser lançado oficialmente, embora tenha sido o último a ser gravado, o que faz deste disco, na prática, o último disco dos caras. Diferente de Let It Be, existe uma atmosfera de trégua nos ânimos que andavam extremamente acirrados, principalmente entre John e Paul, embora o chato do Lennon tenha feito uma série de objeções durante as gravações. A atmosfera deste álbum é de despedida. Parece que todos, embora não fosse oficial, sentiam em seus íntimos que este seria o último trabalho do quarteto e, por conta disto, se esforçaram para dar o seu melhor.

George Harrison está bem mais a vontade e criativo neste álbum. O mesmo pode ser dito de Ringo que parece ter deixado de lado seu complexo de inferioridade imprimindo uma levada simples, porém precisa. A produção de George Martin é exuberante e o álbum ainda conta com a participação dos teclados de Billy Preston. O Uso de órgãos Harmond e de Sintetizadores Moog se destacam bastante neste trabalho que soa bastante progressivo.

Alem de toda a caprichada produção musical temos a capa que ser tornou um verdadeiro ícone. Não trás nenhuma informação a respeito do álbum e da banda. O local da foto virou ponto turístico e a imagem já foi parodiada no mundo todo, até pelos Simpsons.

As Músicas


Abbey Road abre com Come Together, uma obra prima de Lennon que havia escrito, originalmente, a pedido do Papa do LSD, Timothy Leary, quando iria concorrer ao governo da Califórnia. É ácida e pesada, perfeita para abrir um disco tão importante. Na sequência vem a balada Something que Harrison escreveu para sua esposa, uma música linda com um solo lindo, da época que solos falavam e não eram só uma demonstração de técnica e velocidade. Maxwell's Silver Hammer é de Paul e, segundo reza a lenda, foi um tormento para ser gravada. Conta a história de um maníaco homicida. Oh Darling também é uma canção de Paul que remete ao estilo musical dos anos 50 muito bacana de se ouvir. Octopus's Garden é uma música composta pelo simpático Ringo. A Música tem um clima meio infantil, como num parque de diversões. A Guitarra de Harrison dá o toque. Cativante e cola na primeira audição. I Want You (She's So Heavy) uma junção de duas músicas inacabadas de Lennon, com um clima bem progressivo e um solo vocal de arrepiar. Fantástica. Here Comes the Sun é mais uma obra prima de Harrison e mais um sucesso. Foi regravada por muita gente de peso e é um balsamo para uma alma cansada. Because é um tema vocal composto pela dupla mágica Lennon e McCartney uma verdadeira aula de harmonia. You Never Give Me Your Money é uma espécie de pout pourri de músicas inacabadas de Lennon e McCartney. Uma peça e tanto, com muitos efeitos e intervenções sonoras, psicodelismo a flor da pela. Sun king é mais uma da dupla Lennon & McCartney com um clima bem marcado pelo baixo e efeitos de canais entrecortados por vocalizações exuberantes. Mean Mr. Mustard e Polythene Pam são duas músicas de Lennon que ele não considerou boas mas que dão um clima bem bacana no disco. She Came in Through the Bathroom Window é de Paul e parece remeter a uma fã que havia entrado furtivamente no local. Golden Slumbers e Carry That Weight também é de Paul, na verdade são duas músicas unida em uma. Um belíssimo trabalho de orquestração e um clima grandioso com a voz impecável de Paul. The End teoricamente é para ser a última música do disco, composta por Paul ela fecha o disco e a carreira da banda mais importante do planeta. Her Majesty Depois de 14 segundos de silêncio eis que surge esta faixa escondida de apenas 23 segundos gravada por Paul e um violão. Coisas dos Beatles.

A Impressão


Quando escutei pela primeira vez este disco, ainda um adolescente, foi algo arrebatador e ainda continua assim. Até então eu não ligava muito para os garotos de Liverpool, mas ao ouvir Abbey Road meu conceito sobre o quarteto britânico mudou completamente. A genialidade, a musicalidade e a criatividade deste trabalho me fez ouvir mais desta banda e perceber a tremenda evolução numa carreira tão curta. Enfim, Abbey Road é um álbum muito a frente do seu tempo e que deixa claro porque Os Beatles são considerados, com toda a justiça musical, a maior banda de rock de todos os tempos. Só nos resta ouvir e admirar.


Relacionadas

Mais Matérias sobre os discos que fizeram parte da minha vida e da minha coleção acesse: Lista Modos e Estilos...

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Underground Cristão #003 - Antidemon - Demonocídio

Há quem ame e há quem odeie, mas ninguém pode negar que esta banda revolucionou a cena underground cristã nacional.
A história da banda paulistana Antidemon se confunde com a própria história do pastor Carlos Batista. Nascido em berço evangélico, Batista sequer conhecia a cena metal e tudo que queria era ser missionário entre os índios, mas por uma intervenção divina começou a sonhar com uma música estranha e barulhenta que ele não conhecia. Num certo dia, ao passar em frente a Galeria do Rock ele ouviu um som que se parecia com o que ele vinha sonhando e descobriu a cena underground, a galera underground e seu chamado missionário.

Com muitas lutas e dificuldades, Carlos montou a banda que passou por diversas formações até chegar a atual que conta com o próprio Batista (baixo e vocal), Marcelo Alves (guitarra) e Juliana Batista (bateria). A banda, formada em janeiro de 1994, foi, pouco a pouco, ganhando espaço. Logo vieram as demo-tapes: Antidemon (1995), Confinamento Eterno (1997) e Antidemon 4 Anos (1998). Em 1999 finalmente foi lançado o primeiro álbum, intitulado Demonocídio, considerado até hoje, uma marco no metal cristão nacional e com distribuição por diversos países da Europa e América Latina. Várias canções deste disco foram incluídas em inúmeras coletâneas internacionais consagrando a banda no cenário underground.

Em 2009 a banda lançou Satanichaos pelo selo Rythm Rock e em 2012 lançam o álbum ApocalipseNow pelo selo australiano Rowe Records do lendário Steve Rowe da banda Mortification. O grupo ainda gravou um álbum no México, em 2002, intitulado Annilo de Fuego. Além dos quatro álbuns a banda participou de incontáveis coletâneas em todos os cantos do mundo adquirindo o status de grande nome do Death/Grind, não apenas entre os cristãos. Por tudo isso e muito mais, o Antidemon é um grupo que merece nosso respeito e apoio, sempre!

Demonocídio


Lançado em 1999, este álbum foi produzido de forma independente com material das demos anteriores e outras composições, totalizando 27 petardos sonoros de tirar o folego. O disco conta com Batista no baixo e voz, Elke na bateria e Kleber na guitarra. Com músicas como: Suicídio, Holocausto, Guerra ao Inferno e a polêmica e corajosa Apodrecida além de Massacre, faixa que se tornou um hino oficial da banda e é obrigatória em todas as apresentações, e que é executada por outras bandas. Uma coleção sonora bem recebida pelos fans e pela crítica e que quebrou barreiras dentro e fora da cena cristã underground.

Não vou comentar música a música, para não alongar muito esta postagem. Vou apenas listar as que eu mais curto e deixar para que você mesmo ouça e se delicie com este álbum tão emblemático. Destaque também para a arte da capa. Das músicas eu gosto de todas, pois cada uma tem sua qualidade especial e sua mensagem avassaladora, mas as que se enquadram mais no meu estilo eu destaco as faixas: Demonocídio, Usuário, Causas Alcoólicas, Massacre, Holocausto, Guerra ao Inferno, Cadáver, Drogas e Libertação II.

Ouça




Relacionadas

Aproveite também para ler a matéria sobre o Motification em: Underground Cristão #001 - Mortification - Primitive Rhythm Machine

Mais Matérias sobre o Underground Cristão: Clique aqui...


quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Modos & Estilos #021 - Cólera - Pela Paz em Todo Mundo

Mais que uma banda punk, o Cólera é a banda que explodiu a minha cabeça!

Quando me deparei com o movimento punk nacional, no início da década de 80, em Curitiba, através da banda Beijo AA Força, inicialmente apresentado aos sons gringos e posteriormente aos nacionais, com o álbum SUB (ler a resenha aqui), mudei todos meus conceitos ao perceber que a música tinha o poder de formar consciência e transmitir indignação. Ouvir as bandas nacionais, em gravações de qualidade duvidosa, mas com uma coragem que não existe no mainstream certinho e politicamente correto, nos incentivou a fazer o mesmo. Foi graças ao movimento punk que o Brasil viu acontecer uma explosão musical que ainda está viva nos corredores dos subterrâneos culturais do nosso país.

Das bandas nacionais, uma que me chamou a atenção foi a paulistana Cólera. O grupo foi formado em 1979 pelos irmãos Redson (baixo e voz), Pierre (bateria e voz) e Helinho (guitarra e voz) com a proposta de fazer um som libertário e direto. A primeira apresentação da banda acontece em 12 de dezembro do mesmo ano no Bairro do Limão. Logo após Kinho assume o vocal. Em 81 Kinho e Helinho saem e Val assume o baixo e Redson passa para a guitarra. Em 82 participam da coletânea Grito Suburbano ao lado do Olho Seco e Inocentes e ainda no mesmo ano se apresentam no Festival Começo do Fim do Mundo no SESC Pompéia que rendeu uma coletânea homônima.

A banda participa ainda de algumas compilações internacionais. Em 83 Redson cria o selo Estúdios Vermelhos, responsável pela coletânea SUB, em 85 o selo passa a se chamar Ataque Frontal. Ainda em 85 lançam seu álbum de estréia Tente Mudar o Amanhã e em 1986 lançam o álbum Pela Paz em Todo Mundo que chegou a vender quase cem mil cópias, um número impressionante para uma produção independente. No ano de 87 a banda viaja para a Europa e se torna a primeira banda punk nacional a fazer um tour fora do Brasil.

O trio segue, lançando álbuns e fazendo turnês. Em 2009 inicia uma mega turnê, 30 Anos Sem Parar, comemorando os 30 anos de atividade. Em 27 de setembro de 2011 o vocalista e mentor da banda, Redson Pozzi faleceu, vitima de uma hemorragia interna, causada por uma úlcera no esôfago. A Banda resolve dar um tempo mas em 2012 anunciam o retorno com a entrada do vocalista Wendel Barros ex-roadie e amigo de Redson. O Novo vocal é bem aceito e o Cólera continua na ativa com shows e planos de um novo álbum.

Pela Paz em Todo Mundo


Lançado no formato LP, em 1986 pelo selo Ataque Frontal e relançado, com quatro faixas bônus, em 2000, pela Devil Discos, foi um trabalho bem distribuído, tocado em rádios, programas de rock, circuitos independentes e enviado em grandes quantidades para a Europa e Estados Unidos. O disco ainda gerou duas turnês pelo Brasil e uma pela Europa passando pela Alemanha, Bélgica, Holanda, Áustria, Suíça, Dinamarca, Países Bascos, Espanha, Noruega e França. Um marco na história do rock nacional que deve ser lebrado, comemorado e escutado.

As Músicas


Neste post vamos nos ater as canções do vinil lançado em 86 com a participação de Redson, Val e Pierre. São 14 canções de tirar o fôlego.

  • Lado A
  1. Medo - Um Clássico que fala da sensação de estarmos sozinhos e presos a um sistema que quando te estende a mão é apenas para te explorar. 
  2. Funcionários - Baixo e bateria numa introdução bem tribal. Punk rock de primeira, apesar do título, a música fala sobre mudança de consciência.
  3. Somos Vivos - Com uma pegada mais para o punk rock tradicional. Letra existencialista e com intuito de despertar o consciente coletivo.
  4. Alternar - Fala sobre a miséria da condição humana em sua luta para sobreviver e da futilidade das convenções sociais.
  5. Multidões - O título já diz tudo. A letra faz uma análise das massas manipuladas e incapazes de pensar.
  6. Direitos Humanos - Esta música fala sobre os excluídos e marginalizados que já não tem direito a vida com dignidade.
  7. Guerrear - "Nós não nascemos pra guerrear". Com este refrão a música faz uma denúncia das guerras absurdas onde inocentes são colocados na linha de frente de uma guerra que não é sua.
  • Lado B
  1. Vivo na Cidade - Nesta canção o enfoque é sobre o caos urbano das grandes metrópoles que massacram as pessoas com a poluição.
  2. Humanidade - Mas uma música de conscientização do lugar do ser humano na sociedade e das suas responsabilidades em relação aos outros.
  3. Alucinado - Nesta letra o tema é o stress e a letargia que abate o ser humano causando pânico e indiferença.
  4. Continência - Aqui o tema é o serviço militar que, na visão do autor, é uma forma de criar massa de manobra.
  5. Não Fome! - Mais uma vez a miséria está na pauta, desta vez por conta das políticas econômicas que achatam o poder de compra dos cidadãos.
  6. Adolescente - Aqui o tema são os jovens sem voz e sem ouvidos que os escutem. Aliás, a preocupação com os jovens é sempre presente nas músicas da banda.
  7. Pela Paz - Para fechar, a música que dá título ao álbum. Um grito de alerta para o caos em que toda a humanidade está se metendo. Já naquela época.

Conclusão


Este disco é um clássico da Música Brasileira que não perde a sua atualidade e sua autenticidade e que deve ser escutado por todos. Punk rock de qualidade, letras conscientes. O Cólera foi e continua sendo uma espécie de porta voz da humanidade contra as injustiças. Uma obra prima do rock nacional que atravessou fronteiras e ganhou respeito fora do Brasil, mostrando que aqui existe gente consciente. Uma aula de humanidade para as novas gerações.


terça-feira, 11 de julho de 2017

Coletânea Brazilian Extreme Metal Bands

O underground cristão nacional dá as caras com mais uma coletânea reunindo treze bandas da cena brazuca, pelo selo Evig Morke Prod
Que o underground nacional nordestino é forte a gente já sabe. O que, talvez, muita gente não tenha conhecimento é de que ele é forte e atuante também entre os cristãos. E para comprovar isso, acaba de sair mais uma coletânea de bandas de metal extremos de todo o Brasil. Desta vez a iniciativa é do selo independente Evig Mørke Productions, de Fortaleza, CE. O Título da compilação é Brazilian Extreme Metal Bands e trás 13 bandas de diversos lugares. A ótima arte da capa é o designer Daniel Dutra.

Os treze grupos que formam esta coleção nos trazem um leque bem abrangente do metal extremo passando por vários segmentos, do sinfônico ao crossover num álbum visceral e muto bom de se ouvir. O trabalho está disponível para download gratuito (link no final do post) deixando claro que o objetivo é divulgar o trabalho das bandas. Participam da empreitada os seguintes nomes:

  1. Ceifadores - Anjo Maldito (Manaus - AM) 
  2. Mediadhor - Princípio do Fim (Teresina - PI)
  3. Cerimonial Sacred - The Choice Of The Wise (Santa Bárbara d'Oeste - SP)
  4. Antidemon - Não Tardará (São Paulo - SP)
  5. Edificador - Maldição Hereditária (Valença - RJ)
  6. Exortta - David's Lyre (Belo Horizonte - MG)
  7. Satan Decapitated - Apocaliptic Chaos (Salvador - BA)
  8. Vozes Noturnas - Ave Yeshua (Fortaleza - CE)
  9. Sabactâni - Instincts (Manaus - AM)
  10. Sebaoth - Fogo Dos Céus (Fortaleza - CE)
  11. Pulcro - Alone (Juiz de Fora - MG)
  12. Display Of Agony - Agony (???)
  13. Darkaliel - Floresta Obscura (Fortaleza - CE)
Como já se era de esperar, há uma ausência de bandas da Região Sul e não se deve ao fato da coletânea ter sido produzida no Nordeste, Temos um selo aqui no Paraná, estamos convocando bandas para um trabalho mas só as do sudeste, norte e nordeste se manifestam. mas voltando ao álbum, confesso que me surpreendi. Apesar de não ser da cena extrema e conhecer muito pouco do estilo curti bastante este álbum. Meu destaque vai para a banda Satan Decapitated com Apocaliptica Chaos, muito boa e energética e Mediadhor. Todas as faixas são muito bem gravadas e com certeza vão agradar os fãs do gênero.

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Modos & Estílos #020 - Joelho de Porco - Joelho de Porco

Punk de Boutique, Pop Psicodélico ou pura zoação, não dá para dizer ao certo, mas os avôs dos Mamonas faziam o mais puro Rock'n Roll
A banda paulistana, Joelho de Porco iniciou suas atividades em 1972 tendo na formação original os músicos:  Tico Terpins (violão,voz, guitarra); Gerson Tatini (baixo); Walter Baillot (guitarra); Próspero Albanese (bateria e vocais); Conrado Assis Ruiz (guitarra, piano e vocais) e Rodolfo Ayres Braga (baixo e vocais). Ainda em 72 gravam um compacto simples, produzido por Arnaldo Baptista (ex Mutantes) e em 74 lançam seu primeiro álbum, São Paulo 1554/Hoje, bastante elogiado pela crítica.

Em 1976, o argentino Billy Bond assume os vocais e a banda passa por uma reforma na formação. Em 1977 gravam o álbum Joelho de Porco que é lançado em 1978 e que iremos analisar neste post. A banda ainda volta em 1983 quando lança o duplo Saqueando a Cidade que conta com a participação de Zé Rodrix. Em 1988 o grupo ainda lança mais um álbum, o 18 Anos Sem Sucesso.

Embora alguns insistam em afirmar que a banda foi precursora do Punk nacional esta é uma afirmação equivocada, pois apesar do deboche e até alguma consciência social nas letras fica claro que se trata de um grupo de pop rock e com forte apelo e produção voltada para o comercial, bem longe das motivações do Punk Rock.

Não há dúvida que é um ótimo grupo que trouxe um pop rock equilibrado com um certo peso em algumas faixas e muito e bem executado Rock,n Roll. O Álbum homônimo de 78 foi o disco que me levou a descobrir a banda e por um bom tempo era presença obrigatória no meu toca-discos.  Vamos ao álbum.

As Músicas


  1. O Rapé - Pop Rock que brinca com a situação da poluição e faz uma analogia com o consumo de drogas. Só não entende quem não quer.
  2. São Paulo By Day - Rock básico, fala sobre o problema, já naquela época, dos menores infratores no centro de São Paulo. Uma pegada meio hard meio glam, arranjos bem feitos.
  3. Paulette, Mon Amour - Folk Rock simples e bacana que trata da questão da homossexualidade, talvez, hoje, fossem chamados de homofóbicos.
  4. Rio de Janeiro City - Hard Rock que fala da violência da cidade Maravilhosa que ofusca os valores e mitos que fizeram a fama do Rio de Janeiro. O trabalho da guitarra é sensacional e tem um orgão pra lá de bem tocado. Muito boa a música.
  5. Feijão com Arroz - Mais um Pop com arranjos de metais, lembra um pouco a disco music da época mas que dá lugar a uma levada mais rock. Faz uma piada sobre a miséria e a fartura.
  6. Aeroporto de Congonhas - Blues que mostra o lado sem graça e sem sal dos paulistanos. Música bem experimental que trabalha com vários ritmos num clima meio psicodélico.
  7. Golden Acapulco - Pura comédia que brinca com os sucessos da música mexicana. Detalhe para o vocal a lá Beatles, nos backings. Um show. A guitarra também faz bonito na hora do solo. E os trocadilhos com malícia.
  8. Boing 723897 - Bateria e vocais alucinados dão voz a uma piada com a tecnologia frente a simplicidade dos habitantes originais do continente. Mais uma vez as referências de Beatles e Jovem Guarda estão presentes e bem marcadas. A Bateria e a guitarra dão um show a parte.
  9. Mandrake - Outra brincadeira, desta vez com o personagem dos quadrinhos a referências a falsa morão social que sempre esconde algo a mais. O Ritmo de marchinha de carnaval diz tudo.
Trata-se de um disco bem produzido e descontraído de uma banda que faz parte do panteão do rock nacional e que não pode faltar em nenhuma discoteca básica de respeito.


quarta-feira, 7 de junho de 2017

Modos & Estilos #019 - Rita Lee & Tutti Frutti - Fruto Proibido


Considerada a rainha do Rock nacional, Rita Lee tem uma carreira eclética passando por vários estilos e bons trabalhos, mas nada comparável a esta obra prima.
Rita Lee Jones Carvalho nasceu em São Paulo em 31 de dezembro de 1947. Começou a tocar bateria aos 15 anos. Entre 1966 e 1972 Rita Lee fez parte da maior banda brasileira de todos os tempos, os Mutantes, de quem foi co-fundadora junto com os irmãos Arnaldo e Sérgio Dias. A Relação com Os Mutantes a levou a contrair matrimônio com Arnaldo Dias. Ainda com Os Mutantes gravou dois discos solo: Build Up em 1970 e Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida de 1972 que, na verdade trata-se de um disco dos Mutantes mas que foi lançado como solo de Rita por questões contratuais da gravadora. Com o fim de seu casamento com Arnaldo veio o fim do seu relacionamento com a banda.

Com a amiga Lucia Turnbull forma a dupla Cilibrinas do Éden que acaba sendo o embrião da banda Tutti Frutti que conta ainda com Luis Sérgio Carlini e Lee Marcucci, entre outros. A Parceria com a nova banda dura de 1973 até 1978 e o saldo são quatro álbuns a saber: Atrás do Porto Tem Uma Cidade de 1974, Fruto Proibido de 1975, Entradas e Bandeiras de 1976 e Babilônia de 1978. Destes, o álbum Fruto Proibido é considerado até hoje, uma obra prima do rock nacional e nós vamos saber porque, nesta postagem.

O Álbum

Fruto Proibido levou meses para ser composto em um trabalho conjunto da banda. Foi gravado no estúdio Eldorado, em São Paulo, em abril de 1975 e lançado em junho do mesmo ano. O álbum trás uma mistura de rock, pop, blues e hard rock colocados de maneira bem equilibrada e feito com muito profissionalismo que resultou em grandes sucessos. Produzido por Andy Mills e financiado e colocado no mercado pelo selo Som Livre, vendeu, na época, algo em torno de duzentas mil cópias, um marco para um disco de rock no Brasil. Participaram deste trabalho:
  • Rita Lee: voz, violão e sintetizador.
  • Luis Sérgio Carlini: guitarras, slide, violão, gaita e vocal.
  • Lee Marcucci: baixo e cowbell.
  • Franklin Paolillo: bateria e percussão.
  • Guilherme Bueno: piano e clavinete.
  • Rubens Nardo: vocais.
  • Gilberto Nardo: vocais.
  • Participação Especial de Manito: Sax em "Esse Tal de Roque Enrow", Flauta em "Pirataria" e Órgão Hammond em "O Toque".

As Músicas

Lado A

  1. "Dançar pra não Dançar" (Rita Lee) - Rock'n Roll básico com pegada firme com letra bem construída com um certo ar de psicodelia. O piano da entrada muito bem colocado. Backings na hora certa e a mudança  da segunda que dá espaço para a guitarra magnifica de Carlini, econômica mas no momento certo.
  2. "Agora Só Falta Você" (Luis Sérgio Carlini / Rita Lee) - Boa pegada com trabalho de guitarras, fala de atitude e mudança de vida, busca da liberdade e coisas do gênero. Bateria bem trabalhada.
  3. "Cartão Postal" (Paulo Coelho / Rita Lee) - Blues com todos os trejeitos do estilo. Blues em português é algo difícil de fazer mas a parceria com Paulo Coelho faz bonito. Baixo preciso dando todo o clima da canção. A guitarra limpa e comedida funciona como a cereja do bolo.
  4. "Fruto Proibido" (Rita Lee) - Rhythm and blues tradicional com harmônica e tudo. O Vocal de rita está bem jovial e entra bem no clima da canção que fala sobre as buscas por ultrapassar as fronteiras estabelecidas.
  5. "Esse Tal de Roque Enrow" (Paulo Coelho / Rita Lee) - Sucesso absoluto faz uma sátira de uma mãe conversando com seu psicanalista sobre a sua filha. Uma música que trata, de maneira bem humorada, sobre os conflitos de gerações. Mais uma vez a parceria com Paulo Coelho e até uma referência sutil a Raul Seixas. Sax mandando ver. A Guitarra está mais bem elaborada também.

Lado B

  1. "O Toque" (Paulo Coelho / Rita Lee) - Outra em parceria com Paulo Coelho com uma pegada mais psicodélica. Mais uma vez o baixo faz a diferença na base junto com um ótimo trabalho nos tambores. A segunda parte passa para um clima bem pinkfloydiano.
  2. "Pirataria" (Lee Marcucci / Rita Lee) - Glam bem construído com um leve funkeado. Na minha opinião é a mais fraca do álbum. Mas é uma boa canção.
  3. "Luz del Fuego" (Rita Lee)  - Excelente canção de empoderamento com uma abertura muito bem feita de guitarra e bateria. Vocais e arranjos muito bem colocados. Realmente uma excelente peça musical. 
  4. "Ovelha Negra" (Rita Lee) - O que falar desta canção. Trata-se de um hino de uma geração que é cantada até hoje, já recebeu várias versões. Uma balada rock que encanta logo a primeira audição. Tudo nesta música é perfeito. Letra, arranjos, instrumental e o solo magistral de Luiz Sérgio Carlini, talvez um dos mais belos do rock nacional. Encerra o álbum de maneira impecável.

Conclusão

Fruto Proibido é um disco obrigatório para quem gosta de boa música. Rita Lee está na sua melhor performance e embora seu disco seguinte, Entradas e Bandeiras, seja mais homogêneo, é mais Tutti Frutti do que Rita Lee e Fruto Proibido é mais Rita. É um daqueles discos que ficam para sempre em nossas lembranças. Perfeito.


sexta-feira, 2 de junho de 2017

Underground Cristão #001 - Mortification - Primitive Rhythm Machine

Quando eu me converti ao Evangelho de Jesus Cristo uma das coisas que não me agradou muito foi a qualidade da produção musical, mas esta má impressão inicial foi quebrada ao escutar este álbum. Foi como uma luz no fim do túnel.
A banda australiana Mortification, começou, oficialmente, em 1990, mas a sua formação se inicia em 1984 quando o baixista e vocalista Steve Rowe monta as bandas Rugged Cross (1984) e  Axiz (1985). Apesar da vida curta destas bandas, elas foram estímulo para que Steve não desistisse de seu projeto de banda. Em 1986 nascia a banda LightForce que grava seu primeiro álbum, Battlezone, em 1987 e o Mystical Thieves em 1988. Já em 1989 quando se preparavam para o terceiro trabalho, Steve assume a direção da banda que passa a se chamar Mortification.

Com Steve Rowe (baixo e vocal), Cameron Hall (guitarra) e Jayson Sherlok (bateria) a nova banda lança o álbum Break The Curse, ainda com o nome de LightForce. Este álbum foi remixado e relançado como Mortification, em 1994, com uma faixa bônus. Oficialmente o primeiro trabalho é: Motification, de 1991, com Michael Carlisle na guitarra.

A banda passou por diversas formações e tendências e atualmente o time é composto por Steve, o guitarrista Lincon Bowen e o baterista Andrew Esnouf. O álbum Primitive Rhythm Machine foi lançado em 1995 e é sobre ele que iremos falar nesta postagem.

Lançado em 1995 pelo selo Intense Records e Nuclear Blast no formato CD e remasterizado e relançado em 2008 pela Metal Mind Productions, produzido por Steve Rowe conta co o próprio Steve (baixo e vocal), George Ochoa (guitarras e teclados), Bill Rice (bateria), Jason Campbell (guitarra base) e Dave Kellogg (guitarra solo).

O álbum tem uma pegada excelente e em certos momentos lembra o Sepultura, dos bons tempos, mas sem perder a identidade característica do Mortification. Trata-se de um trabalho mais experimental, com vocal mais limpo e que mostra uma boa evolução musical da banda que deixa o death, um pouco de lado, e soa mais metal.

Vale a pena conferir.


.Ouvir no Spotfy...

terça-feira, 2 de maio de 2017

Modos & Estilos #018 - Secos & Molhados - Secos & Molhados II

Um álbum a frente de seu tempo e que ainda soa surpreendente!
A banda Secos & Molhados criada, em 1970, pelo cantor e compositor português, radicado no Brasil, João Ricardo, teve muitas formações. Mas nos anos de 1973 e 1974 o grupo teve a formação considerada clássica composta pelo próprio João Ricardo (vocais, violão e harmônica), Gérson Conrad (vocais e violão) e Ney Matogrosso (vocais).  Com este time gravaram os dois primeiros álbuns da banda que são verdadeiras obras primas da música brasileira: Secos & Molhados I (1973) e Secos & Molhados II (1974).

O impacto causado pela banda foi arrebatador. Numa época difícil para o país, os Secos & Molhados ousaram em tudo. Na musicalidade inovadora, nas letras, no visual extravagante, na mistura de sons e ritmos com elementos do rock, jazz, progressivo, folclore português, MPB e muito mais. Apesar do tempo, o trabalho realizado a esta época,continua atual e ainda surpreende os ouvidos mais atentos.

Mesmo não tendo obtido o mesmo sucesso e volume de vendas do primeiro disco, Secos & Molhados II é, na minha opinião, não apenas o melhor trabalho do grupo, mas um dos melhores álbuns produzidos no Brasil e pode facilmente figurar entre as grandes coleções da música mundial. Mas nem tudo são flores, o álbum originalmente foi prensado em vinil não virgem o que prejudica um pouco a qualidade sonora e merece uma remasterização. No entanto este detalhe não o deixa menor e menos importante. A capa simples, minimalista e intrigante já dá uma mostra do seu conteúdo.

Menos rock que seu antecessor, as músicas do disco passeiam por vários estilos e criam um clima de delírio e introspecção com arranjos muito bem construídos e uma performance vocal primorosa de Ney Matogrosso. Nas letras temos um desfile de autores como:  Julio Cortázar, João Apolinário, Fernando Pessoa e Oswald de Andrade além do próprio João Ricardo, Paulinho Mendonça e uma parceria com a cantora, compositora e multi-instrumentista brasileira, Luhli, na faixa Toada & Rock & Mambo & Tango & Etc.

Além do Trio, participam deste álbum os músicos: Norival D'Angelo (bateria, timbales e percussão), Sérgio Rosadas (flauta transversal e flauta de bambu), John Flavin (guitarra elétrica e violão de 12 cordas), Willi Verdaguer (contrabaixo elétrico), Emilio Carrera (piano, órgão e acordeão), Triana Romero (castanholas) e Jorge Omar (violões e viola). Destaque para o baixista Willi que dá um show de técnica e musicalidade. Mas vamos às músicas:

01 - Tercer Mundo (João Ricardo/Julio Cortázar) - Música no estilo flamenco, com castanhola e tudo. Num clima bem revolucionárioe um belíssomo de trabalho de violões.
02 - Flores Astrais (João Ricardo/João Apolinário) - Foi o hit deste álbum, tocado e retocado em tudo que é lugar. Clima psicodélioco, meio prog, meio pop. Excelente.
03 - Não: Não Digas Nada (João Ricardo/Fernando Pessoa) - Mais uma acústica. Num belíssimo arranjo sobre um poema de Fernando Pessoa. 
04 - Medo Mulato (João Ricardo/Paulinho Mendonça) - Num clima de suspense  a letra fala dos medos que rondam as mentes alimentadas pelas histórias de fantasmas. Tem um clima meio circense e um arranjo de flauta muito bom.
05 - Oh! Mulher Infiel (João Ricardo) - O Violão passeando em um acorde trás a melodia que denota intimidade. É o próprio João Ricardo que canta. Dá a sensação de uma pausa.
06 - Voo (João Ricardo/João Apolinário) - Com um baixo magistral a música tem uma levada meio prog que passa bem a sensação de algo voando. Rock de primeira meio folk sobre o poema de João Apolinário.
07 - Angústia (João Ricardo/João Apolinário) - Mais uma que o baixo de Willi simplesmente arrasa. Rock setentista com uma intervenção de guitarra com sonoridade bem psicodélica.
08 - O Hierofante (João Ricardo/Oswald de Andrade) - Rock de alta qualidade sobre um texto de Oswald de Andrade deixando claro que, se Ney era a voz da banda, João Ricardo era o cérebro.
09 - Caixinha de Música do João - (João Ricardo) - Faixa curta e melancólica que funciona como uma transposição para a a última parte do álbum.
10 - O Doce e o Amargo (João Ricardo/P. Mendonça) - Mais um trabalho de cordas bem cunstruido que nos levam a refletir.
11 - Preto Velho (João Ricardo) - Tema contemplativo com uma flauta lindíssima e o vocal de João ricardo num poema introspectivo que olha direto para a alma.
12 - Delírio (Gérson Conrad/P. Mendonça) - Blues arrasa quarteirão de arrepiar. Sempre falo como é difícil fazer blues em portugues, tem que ter muito talento e os caras esbanjam.
13 - Toada & Rock & Mambo & Tango & Etc (João Ricardo/Luhli) - Rock Psicodélico com todas as nuances do estilo, com um vocal sussurrado mostrando o quanto os caras poderiam ter produzido juntos.

Conclusão

Secos & Molhados II é um disco formidável que não pode faltar em nenhuma coleção. Uma obra musical a frente de seu tempo. O talento musical de João Ricardo está a flor da pele, a voz de Ney está impecável. Enfim, uma produção nacional que nos dá orgulho de ser brasileiro.


quarta-feira, 5 de abril de 2017

Modos & Estilos #017 - Mutantes - Tudo Foi Feito Pelo Sol

Quando nos deparamos com uma banda nacional que chega neste nível, bate até um certo orgulho de ser brasileiro.
Rui, Pedro, Túlio e Sérgio
Que a banda brasileira, Os Mutantes, é uma referência, ninguém duvida. Muito se fala da obra deste grupo que teve até a nossa rainha do rock, Rita Lee, na formação inicial da trupe liderada pelos irmãos, Arnaldo e Sérgio Batista. Mas os anos 70 não foram só flores. O consumo de drogas e as constantes brigas internas acabaram por deixar Sergio Dias sozinho após o lançamento do álbum Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets, em 1972. No entanto o virtuoso guitarman não podia parar sua febre criativa e recrutou um novo time de feras para o próximo trabalho.

Sérgio montou uma nova banda que contava com: Antônio Pedro no baixo, Rui Motta na bateria e o fantástico Túlio Mourão nos teclados e completada Serginho nas guitarras. Com este quarteto de peso trocam a gravadora Polydor pela Som Livre e registram o sexto álbum da banda: Tudo Foi Feito Pelo Sol.

Capa - Não há créditos sobre a capa
Este álbum, na minha opinião, não é apenas o melhor disco dos Mutantes, mas um dos melhores discos de rock progressivo de todos os tempos. É claro que existem influências do Yes, mas quem não foi foi influenciado pelo Yes? O álbum tem uma linguagem própria e uma performance impecável. Tudo é perfeito neste disco lançado em 1974 com 7 faixas, uma capa linda, encarte e tudo o que se tem direito. Lembro-me quando adquiri a obra prima e fui capturado logo nos primeiros movimentos.

Recentemente o álbum foi relançado em CD com três faixas bônus do compacto Cavaleiros Negros, que enriqueceram ainda mais o material. Vale lembrar que este álbum tornou-se um item de colecionador disputadíssimo, principalmente fora do Brasil. Neste artigo vou analisar o original para relembrar o impacto que ele causou.

As Faixas


Deixe Entrar Um Pouco D'água No Quintal - A música abre com um excelente trabalho de baixo e bateria logo enriquecido pelo teclado e a guitarra frenética de Sergio. Os Vocais estão perfeitos, as quebras de ritmo e temas ao longo da faixa criam uma massa sonora de deixar tonto. É muita informação para uma única audição.

Pitágoras - Linda! Não consigo encontrar outro termo para definir esta peça musical. Simplesmente linda. Como é bom ouvir o trabalho de pessoas talentosas. A introdução de piano e guitarra é uma delícia que vai sendo temperada pela precursão e um baixo que continua o riff inicial enquanto o teclado viaja para outra dimensão. Além disso há uma brasilidade intrínseca que, só escutando para entender.

Desanuviar - Com um clima etéreo vamos a terceira faixa que nos leva a uma outra dimensão. Uma música filosófica. Soa leve como uma nuvem e aos poucos vai assumindo uma mudança de clima como num dia nublado passando para uma viagem a lá pink floyd que é extirpada repentinamente terminando em um clima meio caótico e reflexivo.

Eu Só Penso Em Te Ajudar - Balada rock com todos os elementos mas que mostra como os caras sabem o que estão fazendo, afinal rock em português é algo complicado, mas não para os mutantes. Nossa língua é percussiva mas Sérgio Dias consegue soar britânico cantando na linguagem do Lácio.

Cidadão da Terra - Mas um tema bem trabalhado com os elementos que marcam o progressivo britânico e que mostram que a banda, mais que um grupo nacional, é uma trupe do mundo. Uma aula de composição que soa simples e sofisticada ao mesmo tempo. O baixo se destaca bastante na faixa e a bateria está impecável.

O Contrário de Nada é Nada - Rock'n Roll. Bem no estilo do rock nacional da época. Soa até um pouco estranha no contexto do álbum, mas funciona bem. E serve como uma pausa depois de tanta informação. A própria letra da a entender que ela é um refresco para a próxima faixa.

Tudo Foi Feito Pelo Sol - Chegamos ao final da obra. Uma canção altamente contemplativa. Fecha o álbum em grande estilo. Mais uma vez o quarteto se supera. Vocais, teclados, guitarras, baixo e bateria estão impecáveis. Destaque para a belíssima linha de contra-baixo que dá o tom. Enfim, escute!

Resumo


Tudo Foi Feito Pelo Sol é um disco épico que não pode ficar fora de nenhuma discoteca de respeito. É uma obra para ser ouvida várias vezes, pois a cada audição, novas texturas vão se revelando e o ouvinte pode compreender porque esta banda é tão respeitada dentro e fora do país, aliás, mais fora do que dentro. Minha esperança é que este artigo incentive as novas gerações a ouvir este trabalho e entender porque somos tão saudosos e porque os anos setenta são tão importantes para a música do planeta.

Segue o link para audição: Tudo Foi Feito Pelo Sol

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Punks Não Morrem, Viram Rebites!

Não tem nada mais punk do que ser crente!
Quando o Eduardo Teixeira lançou o documentário Cristo Suburbano, é bem provável que ele não imaginava aonde isto tudo chegaria. O que era para ser um documentário ao melhor estilo DIY para contar a história da cena punk cristã no Brasil rendeu, além do vídeo, um selo que distribui material de várias bandas, um ministério, três coletâneas, um blog, canal no Youtube e muitos planos para o futuro. No campo das coletâneas foram, até o momento, três edições. A primeira, em 2015 com 23 bandas, a segunda em 2016 com 44 bandas e a terceira de 2017 com 56 bandas, sendo 9 faixas de bandas internacionais de peso como Mark Main e Grave Robber. Mas vamos a esta coletânea.

A compilação Cristo Suburbano Volume 3, como já foi dito, conta com 56 faixas de bandas da cena JCHC (Jesus Christ HardCore) nacionais e internacionais. São vários estilos dentro do punk produzido por cristãos e não há como analisar cada música separadamente. Mas posso fazer uma análise do conjunto da obra. Uma palavra: sensacional. Começando pela ótima capa (figura), desenhada pelo Adriano, da banda curitibana Nova Prole, que já dá uma ideia do conteúdo. A seleção das músicas está excelente com áudio bem equilibrado, entre cada faixa, bem como a qualidade das gravações. Algumas bandas prepararam canções exclusivas para este mega álbum. O download pode ser feito de forma gratuita na página do selo no Bandcamp.

Mas o grande mérito desta coletânea é ver a quantidade de bandas excelentes que existem na cena punk cristã nacional. Para quem quer ter uma ideia do panorama musical do estilo é uma ótima oportunidade. Além do mais, é gratificante ver que mesmo sem nenhum apoio da mídia de massas o underground continua vivo e produzindo muito música boa. Também não podemos esquecer do empenho do Eduardo Teixeira que organizou esta coleção, que certamente ficará na história. A mim só resta te dizer uma coisa. Escute!

Nota: O título desta matéria é uma matéria do punk curitibano Flávio Fardado.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Modos & Estilos #015 - Sparks - Propaganda

Confesso que não me lembro quem me apresentou a banda Sparks, mas lembro perfeitamente que foi a álbum Propaganda e que foi amor a primeira audição!

Capa do Álbum
A banda Sparks foi formada pelos irmãos Ron e Russell Mael no final dos anos 60, em Los Angeles, Califórnia, sob a forte influência da psicodelia reinante por aquelas bandas. Com seus vocais operísticos e letras inteligentes a banda passa por várias fazes registradas em seus vinte álbuns lançados entre 1971 e 2006.

As músicas são marcadas pela ironia e bom humor, muitas vezes amado e outras odiado. Em alguns momentos soa até mesmo meio infantil. Mas há de se destacar a musicalidade da dupla com os arranjos vocais e instrumentais de altíssima qualidade e talento.

O álbum Propaganda que foi lançado em 1974 trás todos os elementos que marcaram o grupo e merece estar em qualquer coleção de quem ama boa música. São onze faixas de tirar o fôlego. Foi lançado em novembro de 1974 logo pós o excelente Kimono My House e relançado em 2006 com três músicas a mais.

Nós vamos analisar a versão original, que era o que eu possuía na minha coleção. Confesso que não lembro quem me apresentou o Sparks. É bem provável que tenha sido meu amigo Hamilton.

As Músicas


1 Propaganda - 0:23 - Uma crítica ao sistema que utiliza o marketing para convencer as pessoas e principalmente os jovem a lutar por causas nem sempre tão nobres. A faixa é curtíssima mas usa uma série de sobreposições de vozes em tom operístico que conseguem colocar uma letra gigantesca em pouco mais de vinte segundos.
2 At Home At Work At Play - 3:06 - A letra, enorme, fala sobre o cara que não tem tempo para nada e só quer estar com sua paixão onde quer que seja. A música lembra os hard rocks típicos da década de setenta.
3 Reinforcements - 3:56 - A Letra discursa sobre uma batalha em que o protagonista precisa de reforços, mas tem um duplo sentido que pode ser traduzido como uma batalha pessoal ou algo do tipo. A melodia é mais uma com o tom operístico tradicional do grupo, pop rock da melhor qualidade com peso certo e um clima psicodélico que parece ter saído de um sonho.
4 B.C. - 2:14 - Esta fala sobre um relacionamento e mais uma vez o sarcasmo está em toda a parte. Virtuosismo com tom de deboche aliados a um trabalho de baixo muito bem elaborado e vocais bem construídos em cima de uma batida constante.
5 Thanks But No Thanks - 4:15 - A letra conta a história de alguém que segue uma espécie de instinto ou ordem superior para seguir mesmo tendo outras possibilidades. Outra que carrega a psicodelia dos anos setenta na ponta da agulha. Melodias simples e sofisticadas ao mesmo tempo e um trabalho de percussão que garante o clima certo.
6 Don't Leave Me Alone With Her - 3:03 - A letra muito bem construída revela um relacionamento indesejado mas que pelos outros é visto como inevitável. Quase uma continuação da anterior mas com mais peso na guitarra. O interessante das músicas da banda é cada faixa privilegia um instrumento em particular. Aqui é a guitarra com drive equilibrado que dá o ambiente para a canção.
7 Never Turn Your Back On Mother Earth - 2:29 - Uma epopeia lisérgica que fala sobre vida com uma pegada naturalista. Bem Flower Power. Balada carregada de emoção com trabalho de orquestra criando uma bela harmonia sobre os vocais bem cuidados desta faixa.
8 Something For The Girl With Everything - 2:18 - Totalmente tresloucada a música é a respeito de uma garota, ou algo, que não pode ser incomodado. Traz a marca da banda com seu clima meio psicótico e atormentadoramente debochado. Sarcasmo, ou apenas diversão de quem entende de música? Da metade para frente ganha o peso do glam dos anos setenta.
9 Achoo - 3:35 - Letra existencialista sobre a vida em que a realidade sempre inverte a verdade sem perder o tom de sarcasmo. Psicodelia sessentista de garotos que não levam nada a sério com uma interjeição sonora hilária. Poderia chamar de uma espécie de punk progressivo.
10 Who Don't Like Kids - 3:37 - Quem não gosta de crianças? Pode haver um segundo sentido na pergunta mas a música é ótima. Sem dúvida uma das faixas mais bacanas do álbum. Todos os elementos que caracterizam a banda numa mesma composição. Não dá nem para rotular. Perfeita.
11 Bon Voyage - 4:55 - A letra brinca com o ceticismo e a religiosidade quando se aproxima o fim da vida. Questiona mas não emite uma opinião definitiva. O álbum não poderia terminar com uma música melhor. Novamente a atmosfera psicodélica com vocais magistrais mostra todo o potencial e talento dos Sparks.

Para ouvir:


domingo, 15 de janeiro de 2017

Modos & Estilos #014 - Focus - Live At The Rainbow

Um certo dia estava na casa de um amigo e ele me mostrou e colocou para tocar o LP Live At The Rainbow da banda Focus. No dia seguinte eu já estava na loja de discos, do bairro, comprando um exemplar para minha coleção. Foi amor a primeira vista e é sobre esta banda e este álbum que iremos tratar nesta postagem.



O Focus é um grupo holandês de Rock Progressivo formado em 1969 pelo músico Thijs Van Leer (Teclado e Flauta). O Grupo lança seu primeiro álbum, intitulado In and Out of Focus, em janeiro de 1971, seguido do Moving Waves, ainda em 71 e Focus III no final de 72.

Em outubro de 73 lançam seu primeiro registro ao vivo, o lendário Focus at the Rainbow que iremos analisar nesta postagem. O álbum foi gravado no Rainbow Theatre em Londres em 5 de maio de 1973. Seu lançamento não estava previsto mas devido a divergências internas foi lançado no lugar de um álbum de estúdio que estava previsto para ser lançado mas foi adiado.



O disco trás a formação clássica com Thijs van Leer (teclado, flauta e vocais), Jan Akkerman (guitarra), Bert Ruiter (baixo) e Pierre van der Linden (bateria) e mostra toda a musicalidade da banda ao vivo, com espaço para performances mais arrojadas e improvisos.

Trata-se de um registro indispensável em qualquer discoteca de rock de respeito. Vale lembrar que a banda é, até hoje,considerada uma das maiores do gênero com uma musicalidade a frente do seu tempo, misturando elementos do rock, do jazz e da música erudita. Mas vamos ao disco.

As Músicas


1 - Focus III - O disco inicia com esta fantástica peça instrumental do álbum homônimo onde a guitarra de Akkerman é o ponto alto da faixa. Tema curto e lindo.

2 - Answers? Questions! Questions? Answers! - Sem intervalo, chegamos a este tema energético, que também faz parte do Focus 3, com seus vocais de fundo e um órgão maravilhoso e muitas mudanças de ritmo. Encanta qualquer um que aprecie boa música. A flauta de Thijd van Leer trás um clima que mistura o moderno e o erudito numa alquimia perfeita. Destaque para a o trabalho de van der Linden na bateria criando as mudanças de ritmo e o clima para esta composição intrigante e instigante. A integração do teclado e guitarra com o baixo e a bateria é espetacular. São quase 12 minutos de instrumental com vários elementos do Jazz. Uma obra prima!

3 - Focus II - Esta vem do álbum Moving Waves e apresenta uma linha de guitarra exuberante que passeia em cima de uma base simples e solida fornecida pelos demais instrumentistas.

4 - Eruption - Também do álbum Moving Waves, aqui ganha uma versão mais comedida com pouco mais de oito minutos contra os mais de 23 minutos da versão de estúdio. Trata-se de uma peça em vários movimentos com características bastante fortes da música erudita.

5 - Hocus Pocus - Esta talvez seja uma das músicas mais emblemáticas da banda e se transformou num hino que representa a identidade da trupe holandesa. A pegada quase hard, a bateria bem trabalhada, o riff insistente e o vocal ensandecido cantado a tirolesa. Um clássico. Se você não conhece a banda deveria pelo menos ouvir este som. Esta música também é do álbum Moving Waves.

6 - Sylvia - Tema rápido que faz parte do álbum Focus 3, musica alegre e divertida com uma linha de guitarra muito bem escrita, daquelas que cola. Um bálsamo para os ouvidos.

7 - Hocus Pocus (reprise) - Para encerrar, a banda retorna com seu carro chefe, a linha de baixo neste trecho é matadora. Hocus Pocus é uma espécie de Prog Punk bem antes do surgimento do punk. A mistura com vocais clássicos e o passeio pelo Tirol são mágicos e funcionam perfeitamente. Termina quase um hardcore oldschool.

Conclusão


Focus Live At The Rainbow é um LP indispensável para quem quer conhecer esta banda e nos incentiva a escutar os outros trabalhos do grupo e compreender porque, até hoje, o Focus é considerado um dos maiores e melhores grupos de rock progressivo da história. Uma referência no gênero e uma escola para muita gente boa. Vale a pena cada segundo.



quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Modos e Estilos #013 - AC/DC - High Voltage

Sinceramente falando, eu não me lembro qual foi o primeiro álbum do AC/DC que eu comprei, mas sei, muito bem, qual foi o que me impactou mais! High Voltage! E é sobre este disco que vamos conversar.



Existem dois álbuns da banda com este título: o primeiro é o disco de estréia e foi lançado em 17 de fevereiro de 1975, somente na Austrália. Não é deste disco que vamos falar mas da versão internacional lançado em 14 de maio de 1976 e que trás faixas do primeiro High Voltage e do T.N.T (ambos lançados apenas na Austrália). Trata-se de uma compilação que mostra toda a força da jovem banda e que imediatamente cai no gosto da garotada.

Participam do trabalho: Bon Scott (vocal), Angus Young (guitarra), Malcom Young (guitarra), Mark Evans (baixo) e Phill Rudd (bateria). Com esta formação é que são gravados os três primeiros discos com distribuição internacional: High Voltage, Dirty Deeds Done Dirt Cheap e Let Ther Be Rock.

Trata-se de um álbum bastanta energético, puro rock, com riffs colantes e levadas simples. As letras são na maioria adolescentes e falam de festas, fama, mulheres, bebidas e jogatina. Não existe nenhuma pretensão de ser profundo ou conscientizador. A ordem aqui é divirta-se o mais que puder. Não há exageros, os solos de guitarra estão na medida exata, baixo e bateria cadenciados e vocal típico das bandas de hard rock. Enfim, uma banda que sabe exatamente o que está fazendo.

Músicas:


01 - It's A Long Way To The Top (If You Wanna Rock 'n' Roll) - Batida constante, riff pegajoso, gaita escocesa, refrão puro anos 70 e guitarra solo no momento certo. A música fala da difícil caminhada para se tornar um astro do rock.
02 - Rock 'N' Roll Singer - O bacana do AC/DC é a simplicidade. Riff de quatro notas, solo visceral , batida constante e o refrão grudento. Também fala sobre o mundo do Rock'n Roll. Uma delícia para os ouvidos.
03 - The Jack - Blues arrastado daqueles que mexem os músculos e os nervos. A música fala de uma partida de Poker do inciante com a experiente. O duplo sentido faz bastante sentido na música. Um clássico presente em todos os shows da banda.
04 - Live Wire - O baixo marcado e constante, numa única nota entrecortado pela guitarra que apenas toca acordes simples. Bateria entrando aos poucos e a batida cadenciada vai ganhando corpo. Música de estrada. Deve ter sido escrita em alguma interminável estrada australiana. Show de bola.
05 - T.N.T - Esta é clássica e mostra que a banda era uma fabricante de hits, desde os primeiros passos. Resumindo simplesmente explosiva para detonar seus neurônios.
06 - Can I Sit Next To You Girl - Música de adolescente que perde a garota para outro cara. Puro rock´n roll. Muito boa mesmo. A guitarra é genial e da um clima de comédia o tempo todo. Cine Pipoca.
07 - Litle Lover - Mais um blues desta vez falando de garotas e sexo. A velha história da garota que o cara se apaixona e depois "some". Música de duplo sentido com uma pegada muito boa.
08 - She´s Got Balls - Rock de qualidade pra contar a história do garoto que conhece uma mulher bem mais experiente do que ele e fica todo bobo. Muito boa a música.
09 - High Voltage - Perfeita para encerrar este álbum e deixar aquele gosto de quero mais.

Conclusão


High Voltage é daqueles álbuns de estreia que te fisgam na primeira audição. Não é a toa que os caras estão na estrada até hoje mantendo os velhos fãs e conquistando novos. Audição obrigatória e faz parte da discoteca básica do rock.


terça-feira, 22 de novembro de 2016

Modos & Estilos #011 - Van Halen - Van Halen

Quem me mostrou pela primeira vez o álbum de estréia da banda americana, Van Halen, foi meu amigo Hamilton. Foi um tapa na orelha, pois nunca havia escutado nada naquele nível. Estou falando do álbum homônimo da banda, lançado em fevereiro de 1978.



O Van Halen foi fundado pelos irmãos Eddie e Alex Van Halen, holandeses de nascença que migraram para os USA em 1962, ainda crianças. Desde pequenos os irmãos estudavam piano e inicialmente Eddie era baterista mas seu irmão Alex se mostrou melhor com as baquetas e Eddie foi para a guitarra.

Em 1972 fundaram uma banda chamada Mammoth que contava com Eddie Van Halen na guitarra e vocal, Alex Van Halen na bateria e Mark Stone no baixo. Em 74 Michael Anthony assume o baixo e David Lee Roth os vocais. Algum tempo depois descobriram que havia outra banda com o mesmo nome e, por sugestão de David, mudaram o nome para Van Halen, com sua formação clássica.



Em 1976 o grupo conseguiu sua primeira demo, produzida por Gene Simons do do KISS, mas houve pouco interesse das gravadoras. Mas após várias matérias elogiosas do Los Angeles Times, o produtor Ted Templeman resolveu conhecer a banda e no outono de 77 assinou um contrato com a trupe e em dezembro do mesmo ano é lançado o álbum, Van Halen, que iremos analizar a partir de agora.

O Álbum


O disco abre com a matadora Runnin' With The Devil que trata exatamente disso, de alguém que descobriu que a vida não é nada fácil e está disposto a tudo para chegar a algum lugar e por isso está correndo com o diabo. Em seguida temos o tema instrumental Eruption que mostra toda a técnica de Eddie nas seis cordas. Não se engane, ninguém tocava deste jeito naquela época e foi realmente impactante. A terceira faixa é o sucesso estrondoso You Really Got Me, dos ingleses do Kinks, faixa obrigatória nas festas de garagem e que fala daquela garota que deixa o cara perdido. Na sequencia, outro sucesso. O riff pegajosos de Ain't Talkin' 'Bout Love pega de primeira. A letra é uma conversa com alguém que está no fundo do poço. Depois temos I'm The One, rápida com outro riff contagiante é rock'n rolll da melhor qualidade a letra mostra que os caras não são nem um pouco modestos e tem plena consciência de são bons no que fazem e rola até uma capela boogie woogie muito legal. Jamie's Cryin' é letra de curtir um fora mas a música tem uma pegada muito boa. Baixo bem marcado, bateria precisa guitarra econômica e vocais bem elaborados. Mostra o lado mai pop da banda. Em seguida temos Atomic Punk com sua abertura que lembra um trem. Hard rock bem tocado que fala sobre os subterrâneos que margeiam o status quo vigente. O baixo é muito bem trabalhado e o solo é nervoso. Feel Your Love Tonight é puro sexo adolescente e sem compromisso. É a cara da banda: diversão sem preocupação. Com um pé no blues e no soul Little Dreamer da uma quebrada no ritmo alucinado com um pouco de introspecção mas sem perder o peso. O riff passeia por toda a canção, as vezes com a guitarra e outras com o baixo. Boa composição. Caminhamos para o fim com Ice Cream Man que começa com uma pegada mais rockabillye acústica que depois ganha peso. Totalmente praiana, esta "melô" do sorveteiro é realmente bem bacana de se ouvir. O trabalho fecha com On Fire, tipico som de encerramento de show com aquele gosto de quero mais. Guitarra sensacional, vocais lembram muito o hard rock dos 70s. Excelente escolha para encerrar o primeiro álbum

Conclusão


Van Halen, o álbum, é um excelente trabalho de estréia. Musicalidade e testosterona a flor da pele. Diversão o tempo todo sem nenhuma pretensão de discutir conceitos ou fazer denúncias. Ouvindo agora, as letras até soam meio bobas mas a música continua, atual e impactante. Um álbum que deve fazer parte de qualquer discoteca básica que se prese. Confira abaixo.


Você pode adquirir o álbum em MP3, CD, Vinil ou K-7 em:
https://www.amazon.com/Van-Halen-Reissue/dp/B00122IYJY/ref=sr_1_2?ie=UTF8&qid=1479862160&sr=8-2&keywords=van+halen