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quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Modos & Estilos #021 - Cólera - Pela Paz em Todo Mundo

Mais que uma banda punk, o Cólera é a banda que explodiu a minha cabeça!

Quando me deparei com o movimento punk nacional, no início da década de 80, em Curitiba, através da banda Beijo AA Força, inicialmente apresentado aos sons gringos e posteriormente aos nacionais, com o álbum SUB (ler a resenha aqui), mudei todos meus conceitos ao perceber que a música tinha o poder de formar consciência e transmitir indignação. Ouvir as bandas nacionais, em gravações de qualidade duvidosa, mas com uma coragem que não existe no mainstream certinho e politicamente correto, nos incentivou a fazer o mesmo. Foi graças ao movimento punk que o Brasil viu acontecer uma explosão musical que ainda está viva nos corredores dos subterrâneos culturais do nosso país.

Das bandas nacionais, uma que me chamou a atenção foi a paulistana Cólera. O grupo foi formado em 1979 pelos irmãos Redson (baixo e voz), Pierre (bateria e voz) e Helinho (guitarra e voz) com a proposta de fazer um som libertário e direto. A primeira apresentação da banda acontece em 12 de dezembro do mesmo ano no Bairro do Limão. Logo após Kinho assume o vocal. Em 81 Kinho e Helinho saem e Val assume o baixo e Redson passa para a guitarra. Em 82 participam da coletânea Grito Suburbano ao lado do Olho Seco e Inocentes e ainda no mesmo ano se apresentam no Festival Começo do Fim do Mundo no SESC Pompéia que rendeu uma coletânea homônima.

A banda participa ainda de algumas compilações internacionais. Em 83 Redson cria o selo Estúdios Vermelhos, responsável pela coletânea SUB, em 85 o selo passa a se chamar Ataque Frontal. Ainda em 85 lançam seu álbum de estréia Tente Mudar o Amanhã e em 1986 lançam o álbum Pela Paz em Todo Mundo que chegou a vender quase cem mil cópias, um número impressionante para uma produção independente. No ano de 87 a banda viaja para a Europa e se torna a primeira banda punk nacional a fazer um tour fora do Brasil.

O trio segue, lançando álbuns e fazendo turnês. Em 2009 inicia uma mega turnê, 30 Anos Sem Parar, comemorando os 30 anos de atividade. Em 27 de setembro de 2011 o vocalista e mentor da banda, Redson Pozzi faleceu, vitima de uma hemorragia interna, causada por uma úlcera no esôfago. A Banda resolve dar um tempo mas em 2012 anunciam o retorno com a entrada do vocalista Wendel Barros ex-roadie e amigo de Redson. O Novo vocal é bem aceito e o Cólera continua na ativa com shows e planos de um novo álbum.

Pela Paz em Todo Mundo


Lançado no formato LP, em 1986 pelo selo Ataque Frontal e relançado, com quatro faixas bônus, em 2000, pela Devil Discos, foi um trabalho bem distribuído, tocado em rádios, programas de rock, circuitos independentes e enviado em grandes quantidades para a Europa e Estados Unidos. O disco ainda gerou duas turnês pelo Brasil e uma pela Europa passando pela Alemanha, Bélgica, Holanda, Áustria, Suíça, Dinamarca, Países Bascos, Espanha, Noruega e França. Um marco na história do rock nacional que deve ser lebrado, comemorado e escutado.

As Músicas


Neste post vamos nos ater as canções do vinil lançado em 86 com a participação de Redson, Val e Pierre. São 14 canções de tirar o fôlego.

  • Lado A
  1. Medo - Um Clássico que fala da sensação de estarmos sozinhos e presos a um sistema que quando te estende a mão é apenas para te explorar. 
  2. Funcionários - Baixo e bateria numa introdução bem tribal. Punk rock de primeira, apesar do título, a música fala sobre mudança de consciência.
  3. Somos Vivos - Com uma pegada mais para o punk rock tradicional. Letra existencialista e com intuito de despertar o consciente coletivo.
  4. Alternar - Fala sobre a miséria da condição humana em sua luta para sobreviver e da futilidade das convenções sociais.
  5. Multidões - O título já diz tudo. A letra faz uma análise das massas manipuladas e incapazes de pensar.
  6. Direitos Humanos - Esta música fala sobre os excluídos e marginalizados que já não tem direito a vida com dignidade.
  7. Guerrear - "Nós não nascemos pra guerrear". Com este refrão a música faz uma denúncia das guerras absurdas onde inocentes são colocados na linha de frente de uma guerra que não é sua.
  • Lado B
  1. Vivo na Cidade - Nesta canção o enfoque é sobre o caos urbano das grandes metrópoles que massacram as pessoas com a poluição.
  2. Humanidade - Mas uma música de conscientização do lugar do ser humano na sociedade e das suas responsabilidades em relação aos outros.
  3. Alucinado - Nesta letra o tema é o stress e a letargia que abate o ser humano causando pânico e indiferença.
  4. Continência - Aqui o tema é o serviço militar que, na visão do autor, é uma forma de criar massa de manobra.
  5. Não Fome! - Mais uma vez a miséria está na pauta, desta vez por conta das políticas econômicas que achatam o poder de compra dos cidadãos.
  6. Adolescente - Aqui o tema são os jovens sem voz e sem ouvidos que os escutem. Aliás, a preocupação com os jovens é sempre presente nas músicas da banda.
  7. Pela Paz - Para fechar, a música que dá título ao álbum. Um grito de alerta para o caos em que toda a humanidade está se metendo. Já naquela época.

Conclusão


Este disco é um clássico da Música Brasileira que não perde a sua atualidade e sua autenticidade e que deve ser escutado por todos. Punk rock de qualidade, letras conscientes. O Cólera foi e continua sendo uma espécie de porta voz da humanidade contra as injustiças. Uma obra prima do rock nacional que atravessou fronteiras e ganhou respeito fora do Brasil, mostrando que aqui existe gente consciente. Uma aula de humanidade para as novas gerações.


sábado, 8 de abril de 2017

Comece a Mudar o Amanhã!

Se você não começar hoje, amanhã será igual a ontem!
A banda Cólera, foi e continua sendo uma das mais importantes no cenário nacional. Liderada pelo iluminado Redson Pozzi (* 15/07/1962 - + 27/09/2011), que foi um cara escolhido por Deus para espalhar consciência. Um dos seus trabalhos foi o álbum Tente Mudar o Amanhã (Ataque Frontal - 1985). Se existe uma coisa que o Redson fez nesta vida foi tentar. Ao longo dos seus 49 anos de existência ele tentou. Não sei se você sabe mas eu sou cristão, sou um seguidor do Jesus de Nazaré. A minha visão do Redson é mais ou menos assim; Ele foi mais cristão do que a maioria dos que afirmam ser. Porque ele simplesmente fazia e cristianismo é atitude. Mas esta postagem não é sobre o Cólera e nem sobre o Redson. Este artigo é sobre você e eu e o que podemos fazer para mudar o amanhã!

A primeira coisa que precisamos definir é o foco da mudança. Se tudo o que queremos, é mudar o nosso amanhã pessoal para atingir as nossas metas individuais então não queremos mudança. Tudo o que desejamos é conforto e não somos menos egoístas do que os corruptos que estão no poder e é bem provável que fizéssemos o mesmo, se tivéssemos a chance. O ser humano é um ser social, e sendo assim, só existe crescimento verdadeiro quando todo o grupo pode usufruir das conquistas. Não estou promovendo uma luta de classes e não sou socialista e nem comunista. Para existir mudança de fato é preciso mudar o foco da mudança. Quando promovemos mudanças nos que estão a nossa volta, as respostas são mais rápidas e mais evidentes. Partindo disso entendemos que só haverá uma mudança real a partir do momento em que o nosso foco passe a ser o crescimento e o bem estar dos outros.

Em segundo lugar, precisamos estabelecer por onde começar. Este é um ponto interessante, pois somente iremos produzir efeito nos que estão no nosso entorno quando efetuarmos transformações em nós mesmos, pois isso vai impactar as pessoas. Somente sendo diferentes da massa sistêmica é que faremos a diferença em nosso meio. Mas não é para receber de volta o bem que fazemos. É ai que está o segredo. Se você faz pensando em receber isto não é promover transformações mas executar um serviço e receber o pagamento. Promover mudanças é trabalho e dá trabalho. É uma escolha. Dar uma carona, ajudar alguém a carregar suas compras, pagar uma passagem, dizer bom dia, empurrar um carro, e por aí vai. São pequenas atitudes que promovem grandes transformações e nos dão a oportunidade de interagir com as pessoas, afinal somos seres relacionais e necessitamos de estabelecer relacionamentos para seguirmos em frente.

Imagine aquele seu vizinho, mal humorado, e que não vai com a sua cara. Um dia você está voltando do trabalho e você o vê, cheio de sacolas em uma tarde chuvosa. Ai você para o carro, desce, oferece uma carona e o ajuda com as compras. No trajeto surge uma rápida conversa a respeito do clima e da economia. Você o deixa em casa e segue seu caminho. Pronto. Agora ele já tem uma visão diferente de você e com o tempo ele começará a ver outras pessoas que ele não gostava, de uma forma diferente. Você promoveu uma mudança para melhor na vida dele e consequentemente, na sua também.

Em terceiro lugar, precisamos decidir quando começar. Comece já! Se você deixar para amanhã, amanhã estará igual a hoje, mas se você começar agora, amanhã será um dia diferente. Isso é viver em novidade de vida. Devemos viver agora como se não houvesse o daqui a pouco. Viver o já como se não houvesse o depois e o hoje como se não houvesse o amanhã. Boa sorte! Nos vemos amanhã em um mundo diferente de hoje!

Aproveite para ouvir o álbum: Tente Mudar o Amanhã, logo abaixo...