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quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Seria a Ciência, a Religião do Milênio?

A matéria da Globo sobre criacionismo, ou é um atestado de pura ignorância, ou apenas um ataque deliberado a liberdade de pensar e crer!
Imagem de Gerd Altmann por Pixabay 
Basicamente, eu não assisto a programação das emissoras de televisão. Somente em raras ocasiões e ontem foi uma dessas. Minha esposa me chamou para ver uma matéria do Jornal Nacional, da Rede Globo, sobre a discussão acerca do ensino do Criacionismo e Design Inteligente em contraposição ao Evolucionismo. Na verdade, o que eu assisti não foi uma discussão sobre o tema, mas um ataque planejado mostrando apenas um ponto de vista e ridicularizando, particularmente, como já é de praxe, os cristãos.

Não é de hoje que a TV do Roberto Marinho ataca a fé cristã e propaga a degradação moral da sociedade, mas este não é o foco deste artigo. Na reportagem, o Jornal Nacional não mediu esforços para deixar bem claro que só existe uma ciência aceitável: aquela que nega a existência de Deus. Mas será que é assim que deve ser a mente de um verdadeiro amante da ciência? Afinal, o que é ciência? 

"O conhecimento é um conjunto de informações adquiridas através da experiência ou da introspecção. Pode ser organizado sobre a estrutura de factos objetivos e acessíveis a vários observadores, através de um conjunto de técnicas e de métodos conhecido sob o nome de ciência. O vocábulo deriva do latim scientia, que significa precisamente conhecimento. A aplicação sistemática dos respectivos métodos dá origem a novos conhecimentos objetivos (científicos), que adotam a forma de previsões concretas, quantitativas e comprováveis. As previsões são susceptíveis de ser estruturadas em leis ou regras universais, que descrevem o funcionamento de um sistema e preveem como irão atuar em determinadas circunstâncias."¹

Conforme a definição acima, a ciência é este conjunto de conhecimentos acerca de alguma coisa, adquiridos por experimentação ou introspecção. Muito do que hoje é aceito como verdade científica, na verdade são apenas teorias, muitas das quais não foram sequer comprovadas ou não apresentam dados exatos. Posso citar o exemplo da constante gravitacional que, apesar de ser aceita e ensinada como algo factual, ao ser aplicada em experimentos reais apresenta resultados muitas vezes contraditórios e inesperados, ou a Teoria (se é teoria não é fato) da evolução das espécies que carece de registros fósseis transitórios que comprovem a sua veracidade ou ainda os métodos de datação arqueológica que muitas vezes apresentam discrepâncias como a presença de colágeno que não deveria existir em fósseis com uma determinada datação e isso acaba acontecendo. Qual o significado destas discrepâncias? A resposta é muito simples: A ciência feita por humanos falhos é tão falha quanto os humanos que a praticam. Com isso em mente não há lógica em dogmatizar um dado conhecimento como se ele fosse a última palavra.

Seria a ciência uma religião?


Da maneira como as supostas verdades científicas, aceitas pelo mainstream da sapiência humana, tem sido impostas a ponto de não tolerar um pensamento antagônico, a produção científica "oficial" acaba se comportando como uma religião que não pode ser questionada. Isto não é ciência, pois a verdadeira pesquisa científica é implacavelmente cética até consigo mesma, sempre questionando e sempre procurando novas respostas, por vezes até mesmo recuando em pensamentos e conceitos. Ao tratar a teoria do design inteligente como pseudo ciência, a matéria propalada pela emissora, motivo deste artigo, age de forma desonesta, como lhe tem sido peculiar, promovendo um linchamento moral no lugar de um debate inteligente. O design inteligente pode ser uma novidade para os desinformados mas é algo que vem de longa data ganhando adeptos. Muitos destes sequer estão interessados em provar a existência de um Deus ou deuses, mas de questionar o surgimento do universo e da vida, que abrangem uma engenharia tão meticulosamente complexa que torna praticamente impossível crer que tudo isto tenha surgido de um mero acidente.

Da mesma forma, ao atacar o criacionismo, sem mostrar os argumentos criacionistas em igual condição de espaço, a emissora transforma em alvo direto aqueles que pensam de forma diferente, levando a crer que a única liberdade que esta defende é dos seus comparsas em detrimento dos demais. Como diria o saudoso Nelson Rodrigues: "toda unanimidade é burra". Pensar fora da caixa é o que tem levado o ser humano em frente. Pois se não questionássemos nada, ainda estaríamos tentando preservar o fogo espontâneo provocado por algum raio na floresta.

Esta matéria, da rede que já foi líder, atesta a mentalidade vigente neste novo milênio que é a de extirpar da sociedade, todos os princípios éticos e morais basilares da civilização ocidental. Pois ações como esta ignoram, ou fazem questão de ignorar que foi a tão atacada religião cristã que fomentou a pesquisa científica, construiu hospitais e universidades, aprimorou a engenharia e arquitetura e patrocinou os maiores nomes da arte, em todas as suas ramificações. Este negacionismo exacerbado tem como maior resultado, o fracasso da sociedade moderna e parece cumprir as escrituras que sempre apontaram para o tenebroso fim da humanidade, perdida em seus espelhos que só refletem o ódio e o desejo de estarem acima de Deus. E sabemos muito bem o que acontece com os que alimentam tamanha cobiça.

Forte abraço e que Deus nos proteja nesta era das trevas digitais... 

Abaixo alguns links interessantes sobre o assunto:

  1. Livro sobre Design Inteligente
  2. Livro - A Teoria do Design Inteligente
  3. Matéria com dicas de leitura sobre Criacionismo




sábado, 7 de outubro de 2017

Cuentos de Avengar - Una Carga Especial

Todo lo que ellos querían era descubrir si existía un paraíso
Traducido al español por: Jorge Fenix, de Stella Ediciones

Petrus vivía en la periferia sur de Avengar en un condominio frio y sucio, donde el gobierno le había destinado un cuarto con baño y cocina. Trabajaba en la usina de energia, controlando máquinas que proveían electricidad para veinte ciudades del porte de Avengar. La jornada de doce horas diarias de trabajo, seis días por semana, no era animadora, a pesar de que su función fuera considerada privilegiada. Petrus había conquistado el puesto por haber luchado en los frentes populares en el Día del Levantamiento. No tardó mucho en percibir su error, pero no había mucho que hacer. Hablar con otras personas era peligroso, por eso reservaba sus pensamientos para los momentos de soledad. La única persona con quien compartía sus ideas era Carlos, que trabajaba en el sector de mantenimiento de la usina.

Los dos se conocieron en el comedor y pronto fue surgiendo una amistad fuerte. Tras un año de esa relación, Petrus tomó coraje para exponer, aunque cuidadosamente, un poco de su pensamiento. Para su satisfacción, sus sospechas se confirmaron cuando constató que Carlos compartía las mismas ideas e ideales. Sabían que había otros como ellos, pero no podían exponerse, pues, en caso de que fueran denunciados, serían considerados traidores, crimen severamente castigado con la muerte.

Continuaron sus conversaciones reservadas y, después de algún tiempo, una persona más se juntó al grupo: la bella, inteligente y sagaz Carmen, una enfermera del Centro Médico. Fue ella quien supo, durante las numerosas atenciones a pacientes, que existían sobrevivientes del Levantamiento que habían huido hacia un lugar supuestamente seguro y desconocido. Tal vez fuese apenas una leyenda más o un cuento de hadas, pero, a partir de esa información, encontrar esa tierra distante y a los sobrevivientes se volvió sinónimo de esperanza. Pero, ¿cómo conseguir algo así? 

En Avengar la vida de los operarios tomaba rumbos peligrosos. Las raciones diarias y el sueldo mínimo generaban incomodidad, y no tardó mucho en surgir uma vasta red clandestina donde circulaban los más variados ítems de consumo. De pastas de dientes a drogas pesadas, prostitución y una criminalidad creciente que la Policía Estatal intentaba reprimir sin mucho éxito, pero siempre con extrema violencia. 

El contingente de policías era grande, pues formar parte de ese organismo de control traía algunos beneficios, como: jornada de trabajo menor y una remuneración por encima de la media. Inicialmente fueron esos atractivos los que llevaron a Pamela a alistarse en las fuerzas. El tiempo y el adoctrinamiento hicieron el resto. Su devoción ciega al Gobierno la transformó en una cazadora de subversivos, como eran llamados todos los que pensaran diferente. Pamela solo tenía un defecto grave: su orgullo hacía que a veces hablara de más.

Carmen estaba de turno en Emergencias del Centro Médico, cuando la ambulancia llegó con dos policías heridos en un enfrentamiento. Fue designada para atender a la joven policía que había recibido un tiro en el hombro. El médico responsable realizó los procedimientos necesarios y la agente fue llevada a un cuarto para recuperarse. Carmen estaba aplicando los vendajes y, como la mujer policía ya estaba consciente, comenzó a conversar con ella:

— ¡Buen día, teniente Pamela! ¿Cómo se siente? Ha sufrido una herida leve aquí. -Pamela sonrió con una mezcla de alivio, dolor y rabia:

— Malditos subversivos, estaban armados y reaccionaron.
Carmen siempre fue de pensar muy rápido y aprovechó la oportunidad para intentar extraer alguna información y disparó: — Vaya, pensé que esta escoria no existía más, pero debe ser algún alienado aislado.

— ¡No lo son, no! ¡Sabemos que existen más, pero voy a acabar con ellos uno por uno, tengo dos sospechosos más en la usina que luego voy a eliminar también! — respondió Pamela. — Ojalá, tengo miedo de esa gente solo de pensarlo. Voy a trabajar el doble para que se recupere rápido — completó Carmen.

Las dos se rieron juntas.

La noticia cayó como una bomba sobre Petrus y Carlos. Era preciso hacer algo rápido. Carmen sugirió que ellos salieran de Avengar para procurar el mencionado refugio. Sería un tiro en la oscuridad, pero, por lo menos, había una chance de sobrevivir y, quien sabe, un día volver para rescatar a otros. Pero, ¿cómo salir de la ciudad? Siguieron con sus rutinas de trabajo normalmente y mantuvieron los encuentros para no generar ningún tipo de sospecha en razón de un súbito cambio de comportamiento.

La solución para la fuga fue dada por Carlos y le vino a la mente durante un intervalo en la usina, cuando estaba en el jardín, recostado en un banco mirando para el cielo. Carlos observó los drones de carga que hacían su vuelo suave e silencioso llevando materiales de un lado para otro y llegó a la conclusión de que sería una óptima manera de salir por los muros. Restaba ahora descubrir cómo conseguir un dron de alta capacidad. Después de mucha búsqueda e incursiones por los submundos de Avengar, finalmente consiguieron un Nautilus 105, aparato utilizado en el transporte de detritos fuera de Avengar y, gracias a los conocimientos de Petrus, fue posible programar un permiso para que el dron atravesara la muralla sin disparar las alarmas. Con capacidad para 100 kilos, tendría que realizar dos viajes, preferentemente de noche.

La suerte parecía estar de su lado y Petrus agradeció por vivir en el último piso, pues eso le daba acceso a la terraza del edificio. Transportaron el aparato en partes y lo montaron en el lugar del despegue. Todo fue decidido a la suerte y Petrus haría el primer viaje. Con sus setenta kilos, aún sobraba espacio para llevar un poco de equipaje. El habitáculo era pequeño, pero él consiguió acomodarse. La idea era posarse en uno de los predios abandonados de la antigua ciudad, del lado de afuera. El control seria realizado desde dentro del dron y la memoria, borrada al regreso. Todo salió bien en el primer viaje, el aparato atravesó la muralla sin problemas y voló suavemente hasta un predio abandonado, posándose sobre el mismo. Petrus salió, descargó y accionó el retorno automático. El aparato regresó y Carlos borró la memoria de la ruta e inició el cargamento para el segundo viaje. Se acomodó en la caja para iniciar el viaje cuando fue sorprendido por cuatro agentes de la Policía Estatal que lo llevaron preso y recogieron la famosa caja negra del aparato. Era el fin de un sueño.

Del otro lado de la muralla, Petrus aguardó el tiempo combinado, pero Carlos no apareció, sabía que alguna cosa había ocurrido. Por un momento quedó pensativo, hasta que un ruido le llamó la atención. De en medio de las sombras surgió una figura alta y delgada, que se presentó de forma suave, pero segura de sí. − Mi nombre es Tom. ¡Su amigo no vendrá y usted precisa salir de aquí! -Petrus lo siguió, con la sensación de que estaba haciendo lo que era correcto, pero que no sería fácil. Sin embargo, esa ya es otra historia.



domingo, 1 de outubro de 2017

Contos de Avengar - Uma Carga Especial

Tudo que eles queriam era descobrir se existia um paraíso.
Petrus vivia na periferia sul de Avengar em um condomínio frio e sujo, onde o governo lhe havia destinado um quarto com banheiro e cozinha. Trabalhava na usina de energia, controlando máquinas que forneciam eletricidade para vinte cidades do porte de Avengar. A jornada de doze horas diárias de trabalho, seis dias por semana, não era animadora, apesar de sua função ser considerada privilegiada. Petrus havia conquistado a vaga por ter lutado nas frentes populares no Dia do Levante. Não demorou muito para perceber seu erro, mas não havia muito que fazer. Falar com outras pessoas era perigoso, por isso reservava seus pensamentos para os momentos de solidão. A única pessoa com quem compartilhava suas ideias era Carlos, que trabalhava no setor de manutenção da usina.

Os dois se conheceram no refeitório e aos poucos foi surgindo uma amizade forte. Após um ano de relacionamento, Petrus tomou coragem para expor, ainda que cuidadosamente, um pouco do seu pensamento. Para sua satisfação, suas suspeitas vieram a se confirmar quando constatou que Carlos partilhava das mesmas ideias e ideais. Sabiam que havia outros como eles, mas não podiam se expor, pois, caso fossem denunciados, seriam considerados traidores, crime severamente punido com a morte.

Continuaram suas conversas reservadas e, depois de algum tempo, mais uma pessoa veio se juntar ao grupo: a bela, inteligente e sagaz Carmem, uma enfermeira do Centro Médico. Foi ela que soube, durante os muitos atendimentos, que existiam sobreviventes do Levante que haviam fugido para um lugar supostamente seguro e desconhecido. Talvez fosse apenas mais uma lenda ou um conto de fadas, mas, a partir dessa informação, encontrar essa terra distante e os sobreviventes virou sinônimo de esperança. Mas como conseguir algo assim? 

Em Avengar a vida dos operários tomava rumos perigosos. As rações diárias e o soldo mínimo geravam desconforto, e não demorou muito para surgir uma vasta rede clandestina onde circulavam os mais variados itens de consumo. De pastas de dente a drogas pesadas, prostituição e uma criminalidade crescente que a Polícia Estatal tentava reprimir sem muito sucesso, mas sempre com extrema violência. 

O contingente de policiais era grande, pois fazer parte desse organismo de controle trazia alguns benefícios, como: jornada de trabalho menor e uma remuneração acima da média. Inicialmente foram esses atrativos que levaram Pâmela a se alistar nas forças. O tempo e a doutrinação fizeram o restante. Sua devoção cega ao Governo a transformou em uma caçadora de subversivos, como eram chamados todos os que pensassem diferente. Pâmela só tinha um defeito grave: seu orgulho fazia com que falasse demais, às vezes.

Carmem estava de plantão na Emergência do Centro Médico, quando a ambulância chegou com dois policiais feridos em confronto. Foi designada para atender a jovem policial que havia levado um tiro no ombro. O médico responsável fez os procedimentos necessários e a policial foi levada para um quarto para se recuperar. Carmem estava fazendo a troca de curativos e, como a policial já estivesse consciente, começou a conversar com ela:
— Bom dia, tenente Pâmela! Como está se sentindo? Você teve um ferimento e tanto aqui. Pâmela sorriu num misto de alívio, dor e raiva:
— Malditos subversivos, estavam armados e reagiram.
Carmem sempre pensou muito rápido e aproveitou a oportunidade para tentar extrair alguma informação e disparou: — Nossa, pensei que esta escória não existisse mais, mas deve ser algum alienado isolado.
— Não são, não! Sabemos que existem mais, mas vou acabar com eles um a um, tenho mais dois suspeitos na usina que logo vou eliminar também! — Pâmela respondeu. — Tomara, tenho medo dessa gente só de pensar. Vou trabalhar o dobro para você se recuperar rápido — Carmem completou.
As duas riram juntas.

A notícia caiu como uma bomba sobre Petrus e Carlos. Era preciso fazer algo rápido. Carmem sugeriu que eles saíssem de Avengar para procurar o tal refúgio. Seria um tiro no escuro, mas, pelo menos, havia uma chance de sobreviver e, quem sabe, um dia voltar para resgatar outros. Mas como sair da cidade? Seguiram com suas rotinas de trabalho normalmente e mantiveram os encontros para não gerar nenhum tipo de suspeita em razão de uma súbita mudança de comportamento.

A solução para a fuga foi dada por Carlos e veio a sua mente durante um intervalo na usina, quando estava no jardim, deitado em um banco olhando para o céu. Carlos observou os drones de carga que faziam seu voo suave e silencioso levando materiais de um lado para outro e chegou à conclusão de que seria uma ótima maneira de sair pelos muros. Restava agora descobrir como conseguir um drone de alta capacidade. Depois de muita procura e incursões pelos submundos de Avengar, finalmente conseguiram um Nautilus 105, aparelho utilizado no transporte de detritos para fora de Avengar e, graças aos conhecimentos de Petrus, foi possível programar uma permissão para que o drone atravessasse a muralha sem disparar os alarmes. Com capacidade para 100 quilos, teriam que realizar duas viagens, preferencialmente à noite.

A sorte parecia estar ao seu lado e Petrus agradeceu por morar no último andar, pois isso lhe dava acesso ao terraço do edifício. Transportaram o aparelho em partes e o montaram no local da decolagem. Tudo foi decidido na sorte e Petrus faria a primeira viagem. Com seus setenta quilos, ainda sobrava espaço para levar um pouco de bagagem. O habitáculo era pequeno, mas ele conseguiu se acomodar. A ideia era pousar em um dos prédios abandonados, da antiga cidade, do lado de fora. O controle seria feito de dentro do drone e a memória, apagada ao retorno. Tudo correu bem na primeira viagem, o aparelho atravessou a muralha sem problemas e voou suavemente até um prédio abandonado, pousando sobre o mesmo. Petrus saiu, descarregou e acionou o retorno automático. O aparelho retornou e Carlos apagou a memória da rota e iniciou o carregamento para a segunda viagem. Acomodou-se na caixa para iniciar a viagem quando foi surpreendido por quatro agentes da Polícia Estatal que o levaram preso e recolheram a famosa caixa-preta do aparelho. Era o fim de um sonho.

Do outro lado da muralha, Petrus aguardou o tempo combinado, mas Carlos não apareceu, sabia que alguma coisa havia acontecido. Por um momento ficou pensativo, até que um ruído lhe chamou a atenção. Do meio das sombras surgiu uma figura esguia, que se apresentou de forma suave, mas segura de si. − Meu nome é Tom. Seu amigo não virá e você precisa sair daqui! Petrus o seguiu com uma sensação de que estava fazendo o que era certo, mas que não seria fácil. Porém, essa já é uma outra história.

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domingo, 6 de março de 2016

No Tempo em que as Escolas Ensinavam a Ler

Uma das coisas mais bacanas que foram produzidas no Brasil foi a coleção Vaga Lume da Editora Ática, lançada na virada de 1972 para 1973.
Apesar da editora não divulgar números oficiais, estima-se que, somente o título A Ilha Perdida de Maria José Dupré vendeu mais de dois milhões de exemplares, um número assombroso num país onde a prática da leitura não tem lugar de honra entre a maioria da população, principalmente nos dias atuais onde percebe-se claramente um declínio progressivo dos hábitos intelectuais.

Voltada para o público infanto-juvenil a série foi sucesso absoluto, com tiragens de seis dígitos e custo acessível foi rapidamente adotada pelas escolas para abrir caminho ao ingresso no mundo mágico da literatura.

Além disso a série trazia autores extremamente capazes que criaram histórias cativantes e envolventes, responsáveis por formar uma geração de leitores mais críticos. Alguns desses autores transformaram a coleção em sua casa, como é o caso de Marcelo Duarte que publicou seus cinco livros de ficção, todos na série, chegando perto dos 250 mil exemplares vendidos, assim como Marcos Rey, pseudônimo de Edmundo Nonato, que chegou a ter 15 títulos publicados, entre eles, o consagrado: O Mistério das Cinco Estrelas, com mais de 2,5 milhões de exemplares vendidos.

Muita gente descobriu a beleza das letras através dos mais de cem títulos lançados pela coleção. Em 2015 a editora, que completou 50 anos, deu uma renovada na coleção dando um visual mais atraente para os atuais 75 títulos, que podem ser adquiridos pelo site (Link para a loja). Além disso o famoso Escaravelho do Diabo de Lúcia Machado de Almeida vai para a tela grande com estréia em 14 de abril.

Eu li alguns títulos da série, que me levaram a pegar gosto pela coisa e em pouco tempo já estava decolando para viagens mais fantásticas nas linhas de autores como Arthur Clark e Isaac Azimov. Não que eu seja saudosista, na verdade sou. mas era um tempo em que liamos bons livros, assistíamos bons filmes e ouvíamos boa música.

É uma pena que o impacto hoje não seja o mesmo. Entendo que os tempos mudaram, a tecnologia transformou os formatos mas eu vejo nessa garotada uma falta de valores que eram comuns na minha adolescência. Até me deu vontade de ler um desses livrinhos maravilhosos.