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sábado, 11 de janeiro de 2020

R.I.P Neil

Aos 67 anos, Neil Peart parte deste mundo mas deixa um legado, na arte das baquetas, que será lembrado por muitas gerações!
Foto by: http://www.neilpeart.net/
No dia 7 de janeiro de 2020 o mundo recebeu uma triste notícia, em Santa Mônica, CA, aos 67 anos depois de uma luta contra o câncer, Neil Ellwood Peart, veio a óbito. Nascido na cidade de Hamilton, Ontário, no Canadá em 12 de setembro de 1952, aos 13 anos recebeu um par de baquetas e aos 14, em virtude do seu esforço com algumas almofadas, ganhou, de seus pais, sua primeira bateria. Passou por inúmeras pequenas bandas locais e em 74 após uma temporada decepcionante, na Inglaterra, entrou para uma banda iniciante, de Toronto. Começava sua história com o Rush.

Inicialmente, inspirado por gênios das baquetas como Keith Moon e John Bonham, aos poucos foi incorporando o jazz à pegada hard influenciado por outros gênios como Gene Krupa e Buddy Rich. Esta mistura deu a Neil um estilo único e, de influenciado passou a ser uma influencia para novos bateristas.

No entanto, Peart foi mais que um músico excepcional, suas habilidades como escritor o transformaram no letrista oficial do Rush além de autor de livros. Seu estilo literário transita pela ficção científica, fantasia e filosofia, assim como temas seculares, humanitários e libertários. 

Este fenômeno da música quase se aposentou em 1997 após perder sua, até então, única filha, Selena Taylor, com 19 anos, num acidente de carro e dez meses depois, sua esposa, com apenas 22 anos, Jacqueline Taylor, para o câncer. A dor das perdas o levaram a um hiato de cinco anos e uma viagem de moto de 88 mil km que resultou no livro "Ghost Rider: Travels on the Healing Road".  Foi durante este período que foi apresentado, pelo fotógrafo e amigo Andrew MacNaughtan a, também fotógrafa, Carrie Nuttall, com quem se casou em 9 de setembro de 2000.

Foto by: https://www.rush.com/
Há três anos, Peart vinha lutando contra um tumor no cérebro, mas sempre se manteve discreto. Aliás a discrição era uma de suas marcas. A ausência de vícios, hábitos familiares bem definidos, vida reservada e de poucos amigos talvez sejam, além da musicalidade acima da média, o segredo de sua união tão longa e produtiva junto ao Rush.

Neil se despede deste mundo como um dos melhores bateristas da história de uma das melhores bandas de todos os tempos. Sem falar de sua humildade como músico, sempre procurando aprender mais a ponto de voltar a estudar o instrumento aos 50 anos de idade om o professor de bateria Freddie Gruber

Um exemplo de profissional e de ser humano. Que sua alma possa ter encontrado o descanso que só o Senhor pode proporcionar.

domingo, 7 de abril de 2019

Modos & Estilos #024 - Led Zeppelin II - Um Clássico Cinquentenário

Há 50 anos atrás, depois do sucesso do álbum de estréia, o Led Zeppelin lançaria seu segundo álbum que é sem dúvida um dos melhores discos da história do rock, o Led Zeppelin II
 by David Juniper
O Led Zeppelin é uma  banda primorosa em todos os aspectos. Cada álbum é único, especial e surpreendente. Sua trajetória é inigualável, sempre andaram contra a maré e se dependesse da crítica "especializada" teriam desistido de fazer música. Mas este quarteto inglês capitaneado pelo mago musical Jimmy Page sempre seguiu em frente e andou a frente de seus contemporâneos. Depois de um disco de estréia simplesmente arrasador, lançado em 12 de janeiro de 1969, a Atlantic Records entendeu que a banda não deveria perder tempo e em abril do mesmo ano iniciaram-se as gravações do próximo álbum. Estas sessões se estenderiam até agosto de 1969 em foram feitas em diversos estúdios em diferentes locais dos Estados Unidos e Inglaterra durante as turnês da trupe britânica.

Apesar de toda a produção ter sido capitaneada por Jimmy Page, é necessário destacar o excelente trabalho do engenheiro de áudio Eddie Kramer que conseguiu a façanha de imprimir ao álbum uma massa sonora coesa que não deixa perceber a quantidade de locais em que ele foi gravado. Eddie, além do Led, trabalhou com artistas como: Emerson Lake & Palmer, Yes, Triumph, Kiss, Jimi Hendrix, The Beatles, The Rolling Stones, David Bowie entre muitos outros.

by Manfred von Richthfen “The Red Baron.”
O disco com suas nove faixas foi lançado oficialmente em 22 de outubro de 1969 e chegou ao primeiro lugar nos USA e na Inglaterra. Premiadíssimo, figura entre os álbuns mais vendidos da história. Só nos Estados Unidos foram 12 milhões de cópias. A arte da capa foi feita com base em uma foto da Divisão Jagdgeschwader 1 da Força Aérea Alemã. Foram colocado além dos rostos do quatro músicos as imagens do empresário da banda, Peter Grant e Richard Cole. a atriz Glynis Johns, Mary Woronov e o astronauta Neil Armstrong.

As Músicas


Sem sombra de dúvida o carro chefe é a aclamada Whole Lotta Love, com seu riff arrebatador que foi copiado de uma música de Willie Dixon, além de outros petardos como Heartbreaker, The Lemon Song, Moby Dick e Bring It On Home, todas derivadas do Blues e que servem de escola para as futuras bandas de Heavy e Hard que surgiriam. Até hoje, ainda é considerado como um dos álbuns mais influentes do rock.

Minhas impressões


Eu adquiri e ouvi este disco, pela primeira vez, em 1974. O impacto num menino de 12 anos foi definitivo para moldar o tipo de música que iria me influenciar para sempre. Lógico que hoje, 45 anos após a primeira audição, muita coisa mudou, mas mudou para melhor. Atualmente, entendendo um pouco mais de rock e de música é que consigo compreender a importância deste trabalho. Trata-se de um divisor de águas numa época em que talento e qualidade brotavam de todos os cantos. Destacar-se num cenário como este era uma tarefa árdua. A genialidade de Page, o talento musical de Jones, a interpretação magistral de Plant e a performance precisa e arrasadora de Bonhan saltam a cada faixa.

Confesso que é difícil para mim eleger uma música desta obra prima. Cada música tem sua magia, seu poder. What Is And What Should Never Be é envolvente com seus claros e escuros, luzes e sombras se sobrepondo, The Lemon Song com Jonesy dando uma aula de contra-baixo, até mesmo a balada melodramática Thank You de Plant para Maureen com seus vilões, texturas e um vocal perfeito. O lado B abre com Heartbraker e seu riff que influenciou muita banda por este mundão, a música emenda com outro bólido chamado Living Loving Mad. Na sequencia, Ramble On, um folk de arrepiar que se intercala com momentos de pura energia. A banda ainda ousa mais uma vez apresentando a peça instrumental Moby Dick onde Bonhan mostra o mega músico que era. Para fechar, a embriagante Bring It on Home, outra construída encima do talento de Dixon. Blues é tudo de bom.

Não sou daqueles saudosistas fanáticos que pensam que o rock acabou nos anos 80. Existem muitas bandas excelentes atualmente, mas só houve um Led Zeppelin e definitivamente não haverá outro.

Ouça e se deleite...


quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Underground Cristão #004 - Legacy Of Kain - I.N.V.E.R.S.O

Um álbum que consegue te prender da primeira até a última música
O Legacy Of Kain foi uma banda que me impressionou desde a primeira audição com o EP Greta lançado em 2016 com três músicas de tremer a terra. Agora eles estão de volta com o álbum I.N.V.E.R.S.O, um petardo de peso e conteúdo forte de suas doze faixas impecavelmente bem gravadas. Só para refrescar sua memória, a banda é um projeto dos guitarristas Angelo Torquetto e Karim Serri. Dois garotos com pouco mais de vinte anos de estrada em bandas como: Crosskill, Devil Tourturer, Desertor, Messianic Cry, Seven Angels e Doomsday Hymn. Além dos guitarristas, o grupo é completado por Markos Franzmann (voz), Leandro Paiva (baixo) e Tiago Rodrigues (bateria).

Com uma ótima capa  do artista plástico Carlos Fides do ArtSide Studio e produção, mixagem e masterização feita pelo guitarrista Karim Serri no Silent Music Studio o disco trás uma sonoridade que soa moderna, possui identidade própria e um peso impressionante. Outro detalhe: é uma das poucas bandas do gênero onde, apesar do vocal bem agressivo, é possível entender perfeitamente o conteúdo das letras.

Metal de primeira grandeza, com arranjos arrasadores. Vale a pena a audição de cada faixa. Já ouvi um par de vezes e está difícil escolher uma preferida, pois cada nova canção te captura e te deixa meio embriagado. Excelente. E olha que eu nem sou um fã do gênero.

A banda disponibilizou o download do álbum em: http://bit.ly/2gHQUKW. Você também pode visitar o canal da banda no Youtube em: https://www.youtube.com/legacyofkainbrazil

domingo, 24 de setembro de 2017

Underground Cristão #004 - Justa Advertência - Mateus 5-V-30

Pioneiros do Punk Rock cristão nacional, nada mais justo do que dar a esta banda o reconhecimento que ela merece
Se os anos 80 assistiram a explosão do rock nacional, nos anos 90 foi a vez do rock cristão. Um incontável número de bandas começaram a surgir e no cenário punk não foi diferente. É nesse clima de empolgação, impulsionados por ministérios underground e igrejas mais abertas, musicalmente falando, que surge uma das primeiras bandas de punk rock cristão que se tem notícia. A banda Justa Advertência.

Originários da cidade paulista de Campinas, Christian (baixo), Riuchard (Bateria e Vocal) e Elison (Guitarra e Vocal) traziam para os palcos um Punk Rock/Crossover simples, cru e direto com mensagens fortes e também bem humoradas. Era uma época difícil, pois se de um lado havia a rejeiçao do público secular ainda precisavam lutar contra o preconceito de dentro das igrejas que não aceitavam e tão pouco compreendiam a proposta dos garotos.

A banda participou da coletânea Refúgio do Rock com outras nove bandas e lançou um álbum no formato k-7, que é o objeto desta matéria. Além de músico no Justa, Christian era um dos editores do White Metal Detonation.

O K-7 Mateus V-30, lançado em 1996 apresenta um panorama bastante completo do som da banda. com letras fortes e bem humoradas, carregadas de descontentamento com a sociedade. Uma banda cuja mensagem soa muito atual mesmo após tantos anos que depois..

Apesar da pouca duração a banda, sua existência foi fundamental para a cena e junto com outros grupos da época, abriram caminho para o underground cristão nacional. O Material disponível na internet é bem escasso e distribuído de forma aleatória, mas existe uma playlist no Youtube com quase todas as músicas que estamos disponibilizando aqui.



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quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Modos & Estilos #022 - The Beatles - Abbey Road

Falar sobre os Beatles é como chover no molhado. Goste ou não, os rapazes de Liverpool formaram a banda de rock mais importante de todos os tempos. 
Não vou contar aqui a história desta banda, pois ela já foi contada e recontada por gente infinitamente mais capacitada do que eu. Desta vez quero compartilhar a minha experiência pessoal quando escutei este álbum e como ele tem sido importante para mim. Abbey Road me fez enxergar Os Beatles de uma outra perspectiva e abriu a minha mente para as possibilidades da música. Confesso que sempre achei a banda muito chata, pois não conseguia ver o que estava por trás daquilo tudo, mas quando este álbum chegou e o escutei eu pude perceber o tamanho da evolução da banda.

O Abbey Road foi o penúltimo álbum do quarteto a ser lançado oficialmente, embora tenha sido o último a ser gravado, o que faz deste disco, na prática, o último disco dos caras. Diferente de Let It Be, existe uma atmosfera de trégua nos ânimos que andavam extremamente acirrados, principalmente entre John e Paul, embora o chato do Lennon tenha feito uma série de objeções durante as gravações. A atmosfera deste álbum é de despedida. Parece que todos, embora não fosse oficial, sentiam em seus íntimos que este seria o último trabalho do quarteto e, por conta disto, se esforçaram para dar o seu melhor.

George Harrison está bem mais a vontade e criativo neste álbum. O mesmo pode ser dito de Ringo que parece ter deixado de lado seu complexo de inferioridade imprimindo uma levada simples, porém precisa. A produção de George Martin é exuberante e o álbum ainda conta com a participação dos teclados de Billy Preston. O Uso de órgãos Harmond e de Sintetizadores Moog se destacam bastante neste trabalho que soa bastante progressivo.

Alem de toda a caprichada produção musical temos a capa que ser tornou um verdadeiro ícone. Não trás nenhuma informação a respeito do álbum e da banda. O local da foto virou ponto turístico e a imagem já foi parodiada no mundo todo, até pelos Simpsons.

As Músicas


Abbey Road abre com Come Together, uma obra prima de Lennon que havia escrito, originalmente, a pedido do Papa do LSD, Timothy Leary, quando iria concorrer ao governo da Califórnia. É ácida e pesada, perfeita para abrir um disco tão importante. Na sequência vem a balada Something que Harrison escreveu para sua esposa, uma música linda com um solo lindo, da época que solos falavam e não eram só uma demonstração de técnica e velocidade. Maxwell's Silver Hammer é de Paul e, segundo reza a lenda, foi um tormento para ser gravada. Conta a história de um maníaco homicida. Oh Darling também é uma canção de Paul que remete ao estilo musical dos anos 50 muito bacana de se ouvir. Octopus's Garden é uma música composta pelo simpático Ringo. A Música tem um clima meio infantil, como num parque de diversões. A Guitarra de Harrison dá o toque. Cativante e cola na primeira audição. I Want You (She's So Heavy) uma junção de duas músicas inacabadas de Lennon, com um clima bem progressivo e um solo vocal de arrepiar. Fantástica. Here Comes the Sun é mais uma obra prima de Harrison e mais um sucesso. Foi regravada por muita gente de peso e é um balsamo para uma alma cansada. Because é um tema vocal composto pela dupla mágica Lennon e McCartney uma verdadeira aula de harmonia. You Never Give Me Your Money é uma espécie de pout pourri de músicas inacabadas de Lennon e McCartney. Uma peça e tanto, com muitos efeitos e intervenções sonoras, psicodelismo a flor da pela. Sun king é mais uma da dupla Lennon & McCartney com um clima bem marcado pelo baixo e efeitos de canais entrecortados por vocalizações exuberantes. Mean Mr. Mustard e Polythene Pam são duas músicas de Lennon que ele não considerou boas mas que dão um clima bem bacana no disco. She Came in Through the Bathroom Window é de Paul e parece remeter a uma fã que havia entrado furtivamente no local. Golden Slumbers e Carry That Weight também é de Paul, na verdade são duas músicas unida em uma. Um belíssimo trabalho de orquestração e um clima grandioso com a voz impecável de Paul. The End teoricamente é para ser a última música do disco, composta por Paul ela fecha o disco e a carreira da banda mais importante do planeta. Her Majesty Depois de 14 segundos de silêncio eis que surge esta faixa escondida de apenas 23 segundos gravada por Paul e um violão. Coisas dos Beatles.

A Impressão


Quando escutei pela primeira vez este disco, ainda um adolescente, foi algo arrebatador e ainda continua assim. Até então eu não ligava muito para os garotos de Liverpool, mas ao ouvir Abbey Road meu conceito sobre o quarteto britânico mudou completamente. A genialidade, a musicalidade e a criatividade deste trabalho me fez ouvir mais desta banda e perceber a tremenda evolução numa carreira tão curta. Enfim, Abbey Road é um álbum muito a frente do seu tempo e que deixa claro porque Os Beatles são considerados, com toda a justiça musical, a maior banda de rock de todos os tempos. Só nos resta ouvir e admirar.


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Mais Matérias sobre os discos que fizeram parte da minha vida e da minha coleção acesse: Lista Modos e Estilos...

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Underground Cristão #003 - Antidemon - Demonocídio

Há quem ame e há quem odeie, mas ninguém pode negar que esta banda revolucionou a cena underground cristã nacional.
A história da banda paulistana Antidemon se confunde com a própria história do pastor Carlos Batista. Nascido em berço evangélico, Batista sequer conhecia a cena metal e tudo que queria era ser missionário entre os índios, mas por uma intervenção divina começou a sonhar com uma música estranha e barulhenta que ele não conhecia. Num certo dia, ao passar em frente a Galeria do Rock ele ouviu um som que se parecia com o que ele vinha sonhando e descobriu a cena underground, a galera underground e seu chamado missionário.

Com muitas lutas e dificuldades, Carlos montou a banda que passou por diversas formações até chegar a atual que conta com o próprio Batista (baixo e vocal), Marcelo Alves (guitarra) e Juliana Batista (bateria). A banda, formada em janeiro de 1994, foi, pouco a pouco, ganhando espaço. Logo vieram as demo-tapes: Antidemon (1995), Confinamento Eterno (1997) e Antidemon 4 Anos (1998). Em 1999 finalmente foi lançado o primeiro álbum, intitulado Demonocídio, considerado até hoje, uma marco no metal cristão nacional e com distribuição por diversos países da Europa e América Latina. Várias canções deste disco foram incluídas em inúmeras coletâneas internacionais consagrando a banda no cenário underground.

Em 2009 a banda lançou Satanichaos pelo selo Rythm Rock e em 2012 lançam o álbum ApocalipseNow pelo selo australiano Rowe Records do lendário Steve Rowe da banda Mortification. O grupo ainda gravou um álbum no México, em 2002, intitulado Annilo de Fuego. Além dos quatro álbuns a banda participou de incontáveis coletâneas em todos os cantos do mundo adquirindo o status de grande nome do Death/Grind, não apenas entre os cristãos. Por tudo isso e muito mais, o Antidemon é um grupo que merece nosso respeito e apoio, sempre!

Demonocídio


Lançado em 1999, este álbum foi produzido de forma independente com material das demos anteriores e outras composições, totalizando 27 petardos sonoros de tirar o folego. O disco conta com Batista no baixo e voz, Elke na bateria e Kleber na guitarra. Com músicas como: Suicídio, Holocausto, Guerra ao Inferno e a polêmica e corajosa Apodrecida além de Massacre, faixa que se tornou um hino oficial da banda e é obrigatória em todas as apresentações, e que é executada por outras bandas. Uma coleção sonora bem recebida pelos fans e pela crítica e que quebrou barreiras dentro e fora da cena cristã underground.

Não vou comentar música a música, para não alongar muito esta postagem. Vou apenas listar as que eu mais curto e deixar para que você mesmo ouça e se delicie com este álbum tão emblemático. Destaque também para a arte da capa. Das músicas eu gosto de todas, pois cada uma tem sua qualidade especial e sua mensagem avassaladora, mas as que se enquadram mais no meu estilo eu destaco as faixas: Demonocídio, Usuário, Causas Alcoólicas, Massacre, Holocausto, Guerra ao Inferno, Cadáver, Drogas e Libertação II.

Ouça




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Aproveite também para ler a matéria sobre o Motification em: Underground Cristão #001 - Mortification - Primitive Rhythm Machine

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quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Modos & Estilos #021 - Cólera - Pela Paz em Todo Mundo

Mais que uma banda punk, o Cólera é a banda que explodiu a minha cabeça!

Quando me deparei com o movimento punk nacional, no início da década de 80, em Curitiba, através da banda Beijo AA Força, inicialmente apresentado aos sons gringos e posteriormente aos nacionais, com o álbum SUB (ler a resenha aqui), mudei todos meus conceitos ao perceber que a música tinha o poder de formar consciência e transmitir indignação. Ouvir as bandas nacionais, em gravações de qualidade duvidosa, mas com uma coragem que não existe no mainstream certinho e politicamente correto, nos incentivou a fazer o mesmo. Foi graças ao movimento punk que o Brasil viu acontecer uma explosão musical que ainda está viva nos corredores dos subterrâneos culturais do nosso país.

Das bandas nacionais, uma que me chamou a atenção foi a paulistana Cólera. O grupo foi formado em 1979 pelos irmãos Redson (baixo e voz), Pierre (bateria e voz) e Helinho (guitarra e voz) com a proposta de fazer um som libertário e direto. A primeira apresentação da banda acontece em 12 de dezembro do mesmo ano no Bairro do Limão. Logo após Kinho assume o vocal. Em 81 Kinho e Helinho saem e Val assume o baixo e Redson passa para a guitarra. Em 82 participam da coletânea Grito Suburbano ao lado do Olho Seco e Inocentes e ainda no mesmo ano se apresentam no Festival Começo do Fim do Mundo no SESC Pompéia que rendeu uma coletânea homônima.

A banda participa ainda de algumas compilações internacionais. Em 83 Redson cria o selo Estúdios Vermelhos, responsável pela coletânea SUB, em 85 o selo passa a se chamar Ataque Frontal. Ainda em 85 lançam seu álbum de estréia Tente Mudar o Amanhã e em 1986 lançam o álbum Pela Paz em Todo Mundo que chegou a vender quase cem mil cópias, um número impressionante para uma produção independente. No ano de 87 a banda viaja para a Europa e se torna a primeira banda punk nacional a fazer um tour fora do Brasil.

O trio segue, lançando álbuns e fazendo turnês. Em 2009 inicia uma mega turnê, 30 Anos Sem Parar, comemorando os 30 anos de atividade. Em 27 de setembro de 2011 o vocalista e mentor da banda, Redson Pozzi faleceu, vitima de uma hemorragia interna, causada por uma úlcera no esôfago. A Banda resolve dar um tempo mas em 2012 anunciam o retorno com a entrada do vocalista Wendel Barros ex-roadie e amigo de Redson. O Novo vocal é bem aceito e o Cólera continua na ativa com shows e planos de um novo álbum.

Pela Paz em Todo Mundo


Lançado no formato LP, em 1986 pelo selo Ataque Frontal e relançado, com quatro faixas bônus, em 2000, pela Devil Discos, foi um trabalho bem distribuído, tocado em rádios, programas de rock, circuitos independentes e enviado em grandes quantidades para a Europa e Estados Unidos. O disco ainda gerou duas turnês pelo Brasil e uma pela Europa passando pela Alemanha, Bélgica, Holanda, Áustria, Suíça, Dinamarca, Países Bascos, Espanha, Noruega e França. Um marco na história do rock nacional que deve ser lebrado, comemorado e escutado.

As Músicas


Neste post vamos nos ater as canções do vinil lançado em 86 com a participação de Redson, Val e Pierre. São 14 canções de tirar o fôlego.

  • Lado A
  1. Medo - Um Clássico que fala da sensação de estarmos sozinhos e presos a um sistema que quando te estende a mão é apenas para te explorar. 
  2. Funcionários - Baixo e bateria numa introdução bem tribal. Punk rock de primeira, apesar do título, a música fala sobre mudança de consciência.
  3. Somos Vivos - Com uma pegada mais para o punk rock tradicional. Letra existencialista e com intuito de despertar o consciente coletivo.
  4. Alternar - Fala sobre a miséria da condição humana em sua luta para sobreviver e da futilidade das convenções sociais.
  5. Multidões - O título já diz tudo. A letra faz uma análise das massas manipuladas e incapazes de pensar.
  6. Direitos Humanos - Esta música fala sobre os excluídos e marginalizados que já não tem direito a vida com dignidade.
  7. Guerrear - "Nós não nascemos pra guerrear". Com este refrão a música faz uma denúncia das guerras absurdas onde inocentes são colocados na linha de frente de uma guerra que não é sua.
  • Lado B
  1. Vivo na Cidade - Nesta canção o enfoque é sobre o caos urbano das grandes metrópoles que massacram as pessoas com a poluição.
  2. Humanidade - Mas uma música de conscientização do lugar do ser humano na sociedade e das suas responsabilidades em relação aos outros.
  3. Alucinado - Nesta letra o tema é o stress e a letargia que abate o ser humano causando pânico e indiferença.
  4. Continência - Aqui o tema é o serviço militar que, na visão do autor, é uma forma de criar massa de manobra.
  5. Não Fome! - Mais uma vez a miséria está na pauta, desta vez por conta das políticas econômicas que achatam o poder de compra dos cidadãos.
  6. Adolescente - Aqui o tema são os jovens sem voz e sem ouvidos que os escutem. Aliás, a preocupação com os jovens é sempre presente nas músicas da banda.
  7. Pela Paz - Para fechar, a música que dá título ao álbum. Um grito de alerta para o caos em que toda a humanidade está se metendo. Já naquela época.

Conclusão


Este disco é um clássico da Música Brasileira que não perde a sua atualidade e sua autenticidade e que deve ser escutado por todos. Punk rock de qualidade, letras conscientes. O Cólera foi e continua sendo uma espécie de porta voz da humanidade contra as injustiças. Uma obra prima do rock nacional que atravessou fronteiras e ganhou respeito fora do Brasil, mostrando que aqui existe gente consciente. Uma aula de humanidade para as novas gerações.


terça-feira, 11 de julho de 2017

Coletânea Brazilian Extreme Metal Bands

O underground cristão nacional dá as caras com mais uma coletânea reunindo treze bandas da cena brazuca, pelo selo Evig Morke Prod
Que o underground nacional nordestino é forte a gente já sabe. O que, talvez, muita gente não tenha conhecimento é de que ele é forte e atuante também entre os cristãos. E para comprovar isso, acaba de sair mais uma coletânea de bandas de metal extremos de todo o Brasil. Desta vez a iniciativa é do selo independente Evig Mørke Productions, de Fortaleza, CE. O Título da compilação é Brazilian Extreme Metal Bands e trás 13 bandas de diversos lugares. A ótima arte da capa é o designer Daniel Dutra.

Os treze grupos que formam esta coleção nos trazem um leque bem abrangente do metal extremo passando por vários segmentos, do sinfônico ao crossover num álbum visceral e muto bom de se ouvir. O trabalho está disponível para download gratuito (link no final do post) deixando claro que o objetivo é divulgar o trabalho das bandas. Participam da empreitada os seguintes nomes:

  1. Ceifadores - Anjo Maldito (Manaus - AM) 
  2. Mediadhor - Princípio do Fim (Teresina - PI)
  3. Cerimonial Sacred - The Choice Of The Wise (Santa Bárbara d'Oeste - SP)
  4. Antidemon - Não Tardará (São Paulo - SP)
  5. Edificador - Maldição Hereditária (Valença - RJ)
  6. Exortta - David's Lyre (Belo Horizonte - MG)
  7. Satan Decapitated - Apocaliptic Chaos (Salvador - BA)
  8. Vozes Noturnas - Ave Yeshua (Fortaleza - CE)
  9. Sabactâni - Instincts (Manaus - AM)
  10. Sebaoth - Fogo Dos Céus (Fortaleza - CE)
  11. Pulcro - Alone (Juiz de Fora - MG)
  12. Display Of Agony - Agony (???)
  13. Darkaliel - Floresta Obscura (Fortaleza - CE)
Como já se era de esperar, há uma ausência de bandas da Região Sul e não se deve ao fato da coletânea ter sido produzida no Nordeste, Temos um selo aqui no Paraná, estamos convocando bandas para um trabalho mas só as do sudeste, norte e nordeste se manifestam. mas voltando ao álbum, confesso que me surpreendi. Apesar de não ser da cena extrema e conhecer muito pouco do estilo curti bastante este álbum. Meu destaque vai para a banda Satan Decapitated com Apocaliptica Chaos, muito boa e energética e Mediadhor. Todas as faixas são muito bem gravadas e com certeza vão agradar os fãs do gênero.

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Underground Cristão #002 - Grave Robber - Be Afraid

Quando se ouve o Grave Robber pela primeira vez o pensamento recorrente é: como eu não descobri esta banda antes?
A cena underground cristã tem produzido pérolas de valor e a banda americana Grave Robber é uma delas. Seguindo a linha Horror Punk, o GR lembra o som do Misfits mas sem deixar de ter uma identidade própria. Sua base operacional fica em Fort Wayne, Indiana. Formada em 2005 lançou seu primeiro álbum, Be Afraid, em abril de 2008 pela Retroative Records, gravadora pela qual ainda lançaram seu segundo disco, Inner Sanctum em janeiro de 2009. Atualmente a banda pertence ao selo Rotweiller Records por onde publicaram os álbuns: Exhumed em dezembro de 2010 e You're All Gonna Die! em novembro de 2011. Seu mais recente trabalho é o EP Straight to Hell de janeiro de 2015 também pela Rotweiller.

Além de ser uma excelente banda cristã, o Grave Robber é uma banda performática onde os integrantes são personagens que nunca mudam mas os atores por trás das mascaras podem mudar. Sua formação constante é: Wretched (vocals), Carcass (bass, vocals), Viral (guitar, vocals), Grimm (guitar, vocals) e Plague (drums).

A ideia da banda surgiu simultaneamente para Wretched e Carcass, durante um culto onde a palavra pregada era Romanos 6 que fala sobre estar morto para o mundo, estar morto para si mesmo e estar morto para o pecado, imediatamente os dois músicos ligaram isso a comunhão onde basicamente nos alimentamos do corpo e do sangue de Cristo. Isto foi o suficiente: Mortos que se alimentam de carne e sangue. Mas o compromisso com o Evangelho os levou a orar durante dois anos até que finalmente a banda iniciou os ensaios.

Neste post vamos apresentar o seu primeiro álbum, Be Afraid, um petardo sonoro que torna impossível não se apaixonar. O grupo evoluiu muito e cada trabalho está melhor, mas vamos ao álbum:

As Músicas


  1. The Exorcist / Intro - Essa intro já deixa bem claro o clima do álbum, que remete aos filmes de terror das décadas de 50 e 60 com direito a órgão e tudo o mais.
  2. Skeletons - Hardcore oldschool na veia, fala sobre ódio e assassinato e a necessidade de uma limpeza para se livrar de tudo isso.
  3. Burn Witch, Burn - De uma forma alegórica este Punk Rock fala sobre a necessidade de queimar a bruxa do mal que habita em cada um de nós.
  4. Bloodbath - Banho de sangue. O Nome já diz tudo. É preciso derramar sangue para haver limpeza. É obvio que se refere ao sacrifício que redime o ser humano. Os coros a lá Misfits são sensacionais.
  5. Rigor Mortis - Mais uma que fala do mal que nos assombra e nos acusa. A batida é sensacional.
  6. Buried Alive - Mais uma que fala da nossa condição miserável e questiona o fato de não sermos merecedores do sangue inocente que foi derramado por nós. O Clima é hardcore mais atual. 
  7. Screams Of The Voiceless - Rock com pegada mais hard que fala sobre o aborto e o fato da vítima não ter nenhuma escolha. Faz você pensar muito.
  8. Golgotha / Instrumental - Tema instrumental com sons incidentais que remetem a crucificação de Jesus. Uma pausa para o que vem a seguir. Bastante peso criando um clima tenso e melancólico.
  9. Reanimator - Uma ode ao sacrifício de Jesus e sua obra redentora que culmina com a sua ressurreição. Hardcore das antigas que dá vontade de sair pogando.
  10. Schizofiend - Mais uma levada para o hard que vira hardcore, se refere a mente dividida, onde a parte ruim precisa ser estirpada.
  11. Dark Angel - Hardcore acido sobre o demônio mostrando que não há nada de positivo no anjo caído. Sonzeira.
  12. I Wanna Kill You Over And Over Again - Amo esta música. Com uma levada mais Hard e Blues fala sobre a necessidade de matar o velho homem para que possamos viver uma nova vida.
  13. I, Zombie - Outra sensacional. Bateria bem marcada com vocais bem colocados para lembrar que enquanto servos de Cristo somos como mortos vivos que se alimentam da carne e do sangue enquanto aguardamos a volta do nosso Mestre.
  14. Army Of The Dead - E para fechar a fantástica Army Of The Dead que faz um convite para fazer parte deste exército de mortos, para o mundo, que vai saqueando o inferno em busca de almas.

Conclusão:


Be Afraid é um álbum cativante, sensorial e frenético que faz você querer se mexer. As linhas melódicas são bem construídas e mostram que existem músicos competentes por trás das máscaras. Além disso, são pessoas realmente comprometidas com seus ideias e com o Evangelho. Um álbum bom do início ao fim  e te leva a querer ouvir os outros trabalhos. Vale a pena.




quinta-feira, 6 de julho de 2017

Modos & Estílos #020 - Joelho de Porco - Joelho de Porco

Punk de Boutique, Pop Psicodélico ou pura zoação, não dá para dizer ao certo, mas os avôs dos Mamonas faziam o mais puro Rock'n Roll
A banda paulistana, Joelho de Porco iniciou suas atividades em 1972 tendo na formação original os músicos:  Tico Terpins (violão,voz, guitarra); Gerson Tatini (baixo); Walter Baillot (guitarra); Próspero Albanese (bateria e vocais); Conrado Assis Ruiz (guitarra, piano e vocais) e Rodolfo Ayres Braga (baixo e vocais). Ainda em 72 gravam um compacto simples, produzido por Arnaldo Baptista (ex Mutantes) e em 74 lançam seu primeiro álbum, São Paulo 1554/Hoje, bastante elogiado pela crítica.

Em 1976, o argentino Billy Bond assume os vocais e a banda passa por uma reforma na formação. Em 1977 gravam o álbum Joelho de Porco que é lançado em 1978 e que iremos analisar neste post. A banda ainda volta em 1983 quando lança o duplo Saqueando a Cidade que conta com a participação de Zé Rodrix. Em 1988 o grupo ainda lança mais um álbum, o 18 Anos Sem Sucesso.

Embora alguns insistam em afirmar que a banda foi precursora do Punk nacional esta é uma afirmação equivocada, pois apesar do deboche e até alguma consciência social nas letras fica claro que se trata de um grupo de pop rock e com forte apelo e produção voltada para o comercial, bem longe das motivações do Punk Rock.

Não há dúvida que é um ótimo grupo que trouxe um pop rock equilibrado com um certo peso em algumas faixas e muito e bem executado Rock,n Roll. O Álbum homônimo de 78 foi o disco que me levou a descobrir a banda e por um bom tempo era presença obrigatória no meu toca-discos.  Vamos ao álbum.

As Músicas


  1. O Rapé - Pop Rock que brinca com a situação da poluição e faz uma analogia com o consumo de drogas. Só não entende quem não quer.
  2. São Paulo By Day - Rock básico, fala sobre o problema, já naquela época, dos menores infratores no centro de São Paulo. Uma pegada meio hard meio glam, arranjos bem feitos.
  3. Paulette, Mon Amour - Folk Rock simples e bacana que trata da questão da homossexualidade, talvez, hoje, fossem chamados de homofóbicos.
  4. Rio de Janeiro City - Hard Rock que fala da violência da cidade Maravilhosa que ofusca os valores e mitos que fizeram a fama do Rio de Janeiro. O trabalho da guitarra é sensacional e tem um orgão pra lá de bem tocado. Muito boa a música.
  5. Feijão com Arroz - Mais um Pop com arranjos de metais, lembra um pouco a disco music da época mas que dá lugar a uma levada mais rock. Faz uma piada sobre a miséria e a fartura.
  6. Aeroporto de Congonhas - Blues que mostra o lado sem graça e sem sal dos paulistanos. Música bem experimental que trabalha com vários ritmos num clima meio psicodélico.
  7. Golden Acapulco - Pura comédia que brinca com os sucessos da música mexicana. Detalhe para o vocal a lá Beatles, nos backings. Um show. A guitarra também faz bonito na hora do solo. E os trocadilhos com malícia.
  8. Boing 723897 - Bateria e vocais alucinados dão voz a uma piada com a tecnologia frente a simplicidade dos habitantes originais do continente. Mais uma vez as referências de Beatles e Jovem Guarda estão presentes e bem marcadas. A Bateria e a guitarra dão um show a parte.
  9. Mandrake - Outra brincadeira, desta vez com o personagem dos quadrinhos a referências a falsa morão social que sempre esconde algo a mais. O Ritmo de marchinha de carnaval diz tudo.
Trata-se de um disco bem produzido e descontraído de uma banda que faz parte do panteão do rock nacional e que não pode faltar em nenhuma discoteca básica de respeito.


quarta-feira, 7 de junho de 2017

Modos & Estilos #019 - Rita Lee & Tutti Frutti - Fruto Proibido


Considerada a rainha do Rock nacional, Rita Lee tem uma carreira eclética passando por vários estilos e bons trabalhos, mas nada comparável a esta obra prima.
Rita Lee Jones Carvalho nasceu em São Paulo em 31 de dezembro de 1947. Começou a tocar bateria aos 15 anos. Entre 1966 e 1972 Rita Lee fez parte da maior banda brasileira de todos os tempos, os Mutantes, de quem foi co-fundadora junto com os irmãos Arnaldo e Sérgio Dias. A Relação com Os Mutantes a levou a contrair matrimônio com Arnaldo Dias. Ainda com Os Mutantes gravou dois discos solo: Build Up em 1970 e Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida de 1972 que, na verdade trata-se de um disco dos Mutantes mas que foi lançado como solo de Rita por questões contratuais da gravadora. Com o fim de seu casamento com Arnaldo veio o fim do seu relacionamento com a banda.

Com a amiga Lucia Turnbull forma a dupla Cilibrinas do Éden que acaba sendo o embrião da banda Tutti Frutti que conta ainda com Luis Sérgio Carlini e Lee Marcucci, entre outros. A Parceria com a nova banda dura de 1973 até 1978 e o saldo são quatro álbuns a saber: Atrás do Porto Tem Uma Cidade de 1974, Fruto Proibido de 1975, Entradas e Bandeiras de 1976 e Babilônia de 1978. Destes, o álbum Fruto Proibido é considerado até hoje, uma obra prima do rock nacional e nós vamos saber porque, nesta postagem.

O Álbum

Fruto Proibido levou meses para ser composto em um trabalho conjunto da banda. Foi gravado no estúdio Eldorado, em São Paulo, em abril de 1975 e lançado em junho do mesmo ano. O álbum trás uma mistura de rock, pop, blues e hard rock colocados de maneira bem equilibrada e feito com muito profissionalismo que resultou em grandes sucessos. Produzido por Andy Mills e financiado e colocado no mercado pelo selo Som Livre, vendeu, na época, algo em torno de duzentas mil cópias, um marco para um disco de rock no Brasil. Participaram deste trabalho:
  • Rita Lee: voz, violão e sintetizador.
  • Luis Sérgio Carlini: guitarras, slide, violão, gaita e vocal.
  • Lee Marcucci: baixo e cowbell.
  • Franklin Paolillo: bateria e percussão.
  • Guilherme Bueno: piano e clavinete.
  • Rubens Nardo: vocais.
  • Gilberto Nardo: vocais.
  • Participação Especial de Manito: Sax em "Esse Tal de Roque Enrow", Flauta em "Pirataria" e Órgão Hammond em "O Toque".

As Músicas

Lado A

  1. "Dançar pra não Dançar" (Rita Lee) - Rock'n Roll básico com pegada firme com letra bem construída com um certo ar de psicodelia. O piano da entrada muito bem colocado. Backings na hora certa e a mudança  da segunda que dá espaço para a guitarra magnifica de Carlini, econômica mas no momento certo.
  2. "Agora Só Falta Você" (Luis Sérgio Carlini / Rita Lee) - Boa pegada com trabalho de guitarras, fala de atitude e mudança de vida, busca da liberdade e coisas do gênero. Bateria bem trabalhada.
  3. "Cartão Postal" (Paulo Coelho / Rita Lee) - Blues com todos os trejeitos do estilo. Blues em português é algo difícil de fazer mas a parceria com Paulo Coelho faz bonito. Baixo preciso dando todo o clima da canção. A guitarra limpa e comedida funciona como a cereja do bolo.
  4. "Fruto Proibido" (Rita Lee) - Rhythm and blues tradicional com harmônica e tudo. O Vocal de rita está bem jovial e entra bem no clima da canção que fala sobre as buscas por ultrapassar as fronteiras estabelecidas.
  5. "Esse Tal de Roque Enrow" (Paulo Coelho / Rita Lee) - Sucesso absoluto faz uma sátira de uma mãe conversando com seu psicanalista sobre a sua filha. Uma música que trata, de maneira bem humorada, sobre os conflitos de gerações. Mais uma vez a parceria com Paulo Coelho e até uma referência sutil a Raul Seixas. Sax mandando ver. A Guitarra está mais bem elaborada também.

Lado B

  1. "O Toque" (Paulo Coelho / Rita Lee) - Outra em parceria com Paulo Coelho com uma pegada mais psicodélica. Mais uma vez o baixo faz a diferença na base junto com um ótimo trabalho nos tambores. A segunda parte passa para um clima bem pinkfloydiano.
  2. "Pirataria" (Lee Marcucci / Rita Lee) - Glam bem construído com um leve funkeado. Na minha opinião é a mais fraca do álbum. Mas é uma boa canção.
  3. "Luz del Fuego" (Rita Lee)  - Excelente canção de empoderamento com uma abertura muito bem feita de guitarra e bateria. Vocais e arranjos muito bem colocados. Realmente uma excelente peça musical. 
  4. "Ovelha Negra" (Rita Lee) - O que falar desta canção. Trata-se de um hino de uma geração que é cantada até hoje, já recebeu várias versões. Uma balada rock que encanta logo a primeira audição. Tudo nesta música é perfeito. Letra, arranjos, instrumental e o solo magistral de Luiz Sérgio Carlini, talvez um dos mais belos do rock nacional. Encerra o álbum de maneira impecável.

Conclusão

Fruto Proibido é um disco obrigatório para quem gosta de boa música. Rita Lee está na sua melhor performance e embora seu disco seguinte, Entradas e Bandeiras, seja mais homogêneo, é mais Tutti Frutti do que Rita Lee e Fruto Proibido é mais Rita. É um daqueles discos que ficam para sempre em nossas lembranças. Perfeito.


sexta-feira, 2 de junho de 2017

Underground Cristão #001 - Mortification - Primitive Rhythm Machine

Quando eu me converti ao Evangelho de Jesus Cristo uma das coisas que não me agradou muito foi a qualidade da produção musical, mas esta má impressão inicial foi quebrada ao escutar este álbum. Foi como uma luz no fim do túnel.
A banda australiana Mortification, começou, oficialmente, em 1990, mas a sua formação se inicia em 1984 quando o baixista e vocalista Steve Rowe monta as bandas Rugged Cross (1984) e  Axiz (1985). Apesar da vida curta destas bandas, elas foram estímulo para que Steve não desistisse de seu projeto de banda. Em 1986 nascia a banda LightForce que grava seu primeiro álbum, Battlezone, em 1987 e o Mystical Thieves em 1988. Já em 1989 quando se preparavam para o terceiro trabalho, Steve assume a direção da banda que passa a se chamar Mortification.

Com Steve Rowe (baixo e vocal), Cameron Hall (guitarra) e Jayson Sherlok (bateria) a nova banda lança o álbum Break The Curse, ainda com o nome de LightForce. Este álbum foi remixado e relançado como Mortification, em 1994, com uma faixa bônus. Oficialmente o primeiro trabalho é: Motification, de 1991, com Michael Carlisle na guitarra.

A banda passou por diversas formações e tendências e atualmente o time é composto por Steve, o guitarrista Lincon Bowen e o baterista Andrew Esnouf. O álbum Primitive Rhythm Machine foi lançado em 1995 e é sobre ele que iremos falar nesta postagem.

Lançado em 1995 pelo selo Intense Records e Nuclear Blast no formato CD e remasterizado e relançado em 2008 pela Metal Mind Productions, produzido por Steve Rowe conta co o próprio Steve (baixo e vocal), George Ochoa (guitarras e teclados), Bill Rice (bateria), Jason Campbell (guitarra base) e Dave Kellogg (guitarra solo).

O álbum tem uma pegada excelente e em certos momentos lembra o Sepultura, dos bons tempos, mas sem perder a identidade característica do Mortification. Trata-se de um trabalho mais experimental, com vocal mais limpo e que mostra uma boa evolução musical da banda que deixa o death, um pouco de lado, e soa mais metal.

Vale a pena conferir.


.Ouvir no Spotfy...

quarta-feira, 17 de maio de 2017

O Underground Cristão Vai Bem, Obrigado!

Enquanto no Mainstream cristão nacional quase não se aproveita nada a cena underground despeja toneladas de bandas para todos os gostos
Quando eu e Eduardo Teixeira, do Cristo Suburbano, fazíamos o Podcast do Esconderijo, em um determinado episódio ele me perguntou a diferença entre mainstream e underground e eu respondi que o mainstream é produto e underground é arte. Minha opinião sobre o assunto continua exatamente a mesma. E dentro do universo da música cristã é exatamente a mesma coisa. Isto acontece porque existe uma indústria musical que como todo e qualquer negócio, visa lucro. Esta busca pela viabilização e comercialização do produto acaba, muitas vezes, levando os profissionais do ramo a criação de produtos que possam ser facilmente aceitos, consumidos e descartados para que a próxima fornada não se perca. Neste processo, normalmente, a qualidade artística, poética e teológica fica em segundo plano. Enquanto isso, na cena underground, a certeza do baixo retorno financeiro acaba proporcionando aos criadores mais liberdade artística, mais comprometimento com a qualidade e uma maior preocupação com o conteúdo das mensagens.

Evidente que em ambos os lados existem exceções. Do lado mainstream, temos bons artistas produzindo boa música de excelente qualidade técnica e poética e com conteúdo teológico relevante, como é o caso da banda Resgate, assim como no meio underground também existe coisa que não se aproveita, mas no geral a regra permanece. E quando eu me refiro ao underground não estou me referindo apenas a galera do rock. Eu me refiro a todos os que estão produzindo arte, mas que correm por fora da grande mídia. Hoje é possível garimpar música cristã em todos os estilos que você possa imaginar e tem coisas realmente sensacionais.

Este artigo não tem por objetivo enumerar artistas mas servir de incentivo para que você comece a procurar conteúdo fora dos umbrais da mídia tradicional. Não vou apontar artistas específicos pois estaria apenas indicando aquilo que eu curto e que pode ser diferente do que você está buscando.

Onde Procurar

Uma boa pedida para quem curte um som mais voltado para o punk hardcore são os canais do Cristo Suburbano, mantidos pelo Eduardo Teixeira, da manda No More Zombies, vou dar o endereço do blog e de lá você encontra os outros canais. Tem também o Metal Cross onde você pode assistir clipes de várias bandas cristãs que fazem um som da hora. Tem o canal da Gabi Rox onde existem várias dicas de bandas nacionais e internacionais do underground cristão. Outra cena bastante forte é a do RAP cristão. Vou indicar dois; o blog Hip-Hop Gospel e o site Portal Rap onde você vai encontrar bastante informação sobre o assunto. Estes são alguns canais mas existe muito mais. E se você conhece algum bem legal, coloque o link ai nos comentários para gente divulgar. Grande abraço.

Links:

terça-feira, 2 de maio de 2017

Modos & Estilos #018 - Secos & Molhados - Secos & Molhados II

Um álbum a frente de seu tempo e que ainda soa surpreendente!
A banda Secos & Molhados criada, em 1970, pelo cantor e compositor português, radicado no Brasil, João Ricardo, teve muitas formações. Mas nos anos de 1973 e 1974 o grupo teve a formação considerada clássica composta pelo próprio João Ricardo (vocais, violão e harmônica), Gérson Conrad (vocais e violão) e Ney Matogrosso (vocais).  Com este time gravaram os dois primeiros álbuns da banda que são verdadeiras obras primas da música brasileira: Secos & Molhados I (1973) e Secos & Molhados II (1974).

O impacto causado pela banda foi arrebatador. Numa época difícil para o país, os Secos & Molhados ousaram em tudo. Na musicalidade inovadora, nas letras, no visual extravagante, na mistura de sons e ritmos com elementos do rock, jazz, progressivo, folclore português, MPB e muito mais. Apesar do tempo, o trabalho realizado a esta época,continua atual e ainda surpreende os ouvidos mais atentos.

Mesmo não tendo obtido o mesmo sucesso e volume de vendas do primeiro disco, Secos & Molhados II é, na minha opinião, não apenas o melhor trabalho do grupo, mas um dos melhores álbuns produzidos no Brasil e pode facilmente figurar entre as grandes coleções da música mundial. Mas nem tudo são flores, o álbum originalmente foi prensado em vinil não virgem o que prejudica um pouco a qualidade sonora e merece uma remasterização. No entanto este detalhe não o deixa menor e menos importante. A capa simples, minimalista e intrigante já dá uma mostra do seu conteúdo.

Menos rock que seu antecessor, as músicas do disco passeiam por vários estilos e criam um clima de delírio e introspecção com arranjos muito bem construídos e uma performance vocal primorosa de Ney Matogrosso. Nas letras temos um desfile de autores como:  Julio Cortázar, João Apolinário, Fernando Pessoa e Oswald de Andrade além do próprio João Ricardo, Paulinho Mendonça e uma parceria com a cantora, compositora e multi-instrumentista brasileira, Luhli, na faixa Toada & Rock & Mambo & Tango & Etc.

Além do Trio, participam deste álbum os músicos: Norival D'Angelo (bateria, timbales e percussão), Sérgio Rosadas (flauta transversal e flauta de bambu), John Flavin (guitarra elétrica e violão de 12 cordas), Willi Verdaguer (contrabaixo elétrico), Emilio Carrera (piano, órgão e acordeão), Triana Romero (castanholas) e Jorge Omar (violões e viola). Destaque para o baixista Willi que dá um show de técnica e musicalidade. Mas vamos às músicas:

01 - Tercer Mundo (João Ricardo/Julio Cortázar) - Música no estilo flamenco, com castanhola e tudo. Num clima bem revolucionárioe um belíssomo de trabalho de violões.
02 - Flores Astrais (João Ricardo/João Apolinário) - Foi o hit deste álbum, tocado e retocado em tudo que é lugar. Clima psicodélioco, meio prog, meio pop. Excelente.
03 - Não: Não Digas Nada (João Ricardo/Fernando Pessoa) - Mais uma acústica. Num belíssimo arranjo sobre um poema de Fernando Pessoa. 
04 - Medo Mulato (João Ricardo/Paulinho Mendonça) - Num clima de suspense  a letra fala dos medos que rondam as mentes alimentadas pelas histórias de fantasmas. Tem um clima meio circense e um arranjo de flauta muito bom.
05 - Oh! Mulher Infiel (João Ricardo) - O Violão passeando em um acorde trás a melodia que denota intimidade. É o próprio João Ricardo que canta. Dá a sensação de uma pausa.
06 - Voo (João Ricardo/João Apolinário) - Com um baixo magistral a música tem uma levada meio prog que passa bem a sensação de algo voando. Rock de primeira meio folk sobre o poema de João Apolinário.
07 - Angústia (João Ricardo/João Apolinário) - Mais uma que o baixo de Willi simplesmente arrasa. Rock setentista com uma intervenção de guitarra com sonoridade bem psicodélica.
08 - O Hierofante (João Ricardo/Oswald de Andrade) - Rock de alta qualidade sobre um texto de Oswald de Andrade deixando claro que, se Ney era a voz da banda, João Ricardo era o cérebro.
09 - Caixinha de Música do João - (João Ricardo) - Faixa curta e melancólica que funciona como uma transposição para a a última parte do álbum.
10 - O Doce e o Amargo (João Ricardo/P. Mendonça) - Mais um trabalho de cordas bem cunstruido que nos levam a refletir.
11 - Preto Velho (João Ricardo) - Tema contemplativo com uma flauta lindíssima e o vocal de João ricardo num poema introspectivo que olha direto para a alma.
12 - Delírio (Gérson Conrad/P. Mendonça) - Blues arrasa quarteirão de arrepiar. Sempre falo como é difícil fazer blues em portugues, tem que ter muito talento e os caras esbanjam.
13 - Toada & Rock & Mambo & Tango & Etc (João Ricardo/Luhli) - Rock Psicodélico com todas as nuances do estilo, com um vocal sussurrado mostrando o quanto os caras poderiam ter produzido juntos.

Conclusão

Secos & Molhados II é um disco formidável que não pode faltar em nenhuma coleção. Uma obra musical a frente de seu tempo. O talento musical de João Ricardo está a flor da pele, a voz de Ney está impecável. Enfim, uma produção nacional que nos dá orgulho de ser brasileiro.


quinta-feira, 20 de abril de 2017

Qual a sua trilha sonora?

Já que a vida é como um filme, nada mais justo do que uma trilha sonora adequada...
Pink Floyd
Desde que eu me entendo por gente, a música faz parte da minha vida. No começo, não era algo assim tão importante mas quando eu tinha oito para nove anos algo aconteceu. Nós morávamos em Curitiba, bem no centro, na rua Senador Alencar Guimarães. A casa da frente era alugada para um restaurante e nos fundos desta havia um quitinete que era alugado para um hippie. As vezes eu ia lá, para ouvir música e numa dessas vezes eu fui apresentado ao Pink Floyd. Foi amor a primeira audição. Me apaixonei por aquela música cativante, misteriosa e envolvente. Também, não era para menos, afinal The Dark Side Of The Moon é um petardo que impressiona até hoje. O Peninha (o hippie que morava no quitinete) gravou uma fitas para mim que eu ouvia em um gravador mono, que meu pai havia me presenteado.

Led Zeppelin
Quando mudamos para o Rio de Janeiro em 1973, a música continuou sendo uma espécie de trilha sonora da minha vida. Em casa, as tardes eram preenchidas com óperas e operetas que meu padrinho adorava. Eram seis discos por vez numa radiola Philips. Logo ganhei meu próprio toca discos. E começaram a vir os discos. O primeiro álbum que eu comprei foi o Machine Head, do Deep Purple, até que em 74 conheci o Led Zeppelin. Mais uma vez fui impactado e virei fan de carteirinha. Comprei todos os álbuns, aguardava os lançamentos, tinha discos piratas, posters, livros e tudo o que saísse sobre a banda. Na esteira do Led curti muita coisa: Huriah Heep, Deep Purple, Queen, Ted Nugent, Slade e muito mais. Até que ouvi o Emerson, Lake And Palmer e mergulhei no Progressivo com Yes, Triumvirat, PFM, Camel, Renaissance, Jethro Tull, Alan Parson, Supertramp, etc. Certa vez, uma amiga me deu o Álbum Branco do Beatles e finalmente entendi a importância dos quatro garotos de Liverpool. O Abbey Road ainda é, para mim, um daqueles álbuns perfeitos do início ao fim.

Oswaldo Montenegro
Paralelamente a este mundo de baixos guitarras e baterias, conheci, através dos meninos que moravam no mesmo prédio, o chorinho. Como não se derreter ao som do bandolim do Jacob do Bandolim, do cavaquinho do Valdir Azevedo e da flauta do Altamiro Carrilho, isso sem falar nos arranjos do mestre Radamés Gnatalli. Na esteira do chorinho veio uma tal de MPB com os versos magistrais de Chico Buarque, a voz encantadora de Elis Regina, as construções inquietantes de um Zé Ramalho e as baladas de um menestrel chamado Oswaldo Montenegro. É claro que o rock tupiniquim também fez parte desta lida com as Mutações dos irmãos Dias (Mutantes), os trejeitos dos Secos & Molhados, o fruto proibido da Rita Lee que na Casa das Máquinas, rezava um Terço bem Made In Brazil.

Cólera
Mas chegaram os anos oitenta e descobri uma nova força, mais energética, rude e direta. Entrei de cabeça no Punk Rock. Ao som dos Pistols, Clash, Ramones, Toy Dolls, Discharge, GBH, ExploitedDead Kennedys e MDC. Pirei de vez e vi que não estávamos perdidos pois por aqui também tínhamos nossos representantes como: Psikoze, Ratos de Porão, Cólera e Olho Seco. O Impacto do Punk Rock foi tão forte que montamos as bandas Maus Elementos e Paz Armada, em Curitiba, e ainda toquei com o Resistência Nacional e com O Corte.

Antidemon
Em meados da década de 90 conheci Jesus Cristo e minha vida deu uma guinada de 180°. Descobri que cristãos fazem música de alta qualidade e começou tudo de novo. Me encantei com o rock do Tourniquet, Narnia, Bride e Mortification. Me maravilhei com o progressivo do Iona, Ajalon, Unitopia e Neal Morse Band, com a brasilidade do Fruto Sagrado, Katsbarnea, Palavraantiga, Resgate, Antidemon e Rebanhão e com o punk de Value Pac, Slick Shoes, One Bad Pigs e Grave Robber. E Mais uma vez o Punk me levou a montar bandas. Primeiro foi o CHC, depois a Holy Factor e atualmente o Experimento Holy Factor.

É claro que está faltando muita coisa bacana. Mas o espaço é pequeno e não da pra citar todas as bandas que me influenciaram nesta caminhada até aqui. Mas e você, qual é a sua trilha sonora? Comente ai para descobrirmos novos sons.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Modos & Estilos #017 - Mutantes - Tudo Foi Feito Pelo Sol

Quando nos deparamos com uma banda nacional que chega neste nível, bate até um certo orgulho de ser brasileiro.
Rui, Pedro, Túlio e Sérgio
Que a banda brasileira, Os Mutantes, é uma referência, ninguém duvida. Muito se fala da obra deste grupo que teve até a nossa rainha do rock, Rita Lee, na formação inicial da trupe liderada pelos irmãos, Arnaldo e Sérgio Batista. Mas os anos 70 não foram só flores. O consumo de drogas e as constantes brigas internas acabaram por deixar Sergio Dias sozinho após o lançamento do álbum Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets, em 1972. No entanto o virtuoso guitarman não podia parar sua febre criativa e recrutou um novo time de feras para o próximo trabalho.

Sérgio montou uma nova banda que contava com: Antônio Pedro no baixo, Rui Motta na bateria e o fantástico Túlio Mourão nos teclados e completada Serginho nas guitarras. Com este quarteto de peso trocam a gravadora Polydor pela Som Livre e registram o sexto álbum da banda: Tudo Foi Feito Pelo Sol.

Capa - Não há créditos sobre a capa
Este álbum, na minha opinião, não é apenas o melhor disco dos Mutantes, mas um dos melhores discos de rock progressivo de todos os tempos. É claro que existem influências do Yes, mas quem não foi foi influenciado pelo Yes? O álbum tem uma linguagem própria e uma performance impecável. Tudo é perfeito neste disco lançado em 1974 com 7 faixas, uma capa linda, encarte e tudo o que se tem direito. Lembro-me quando adquiri a obra prima e fui capturado logo nos primeiros movimentos.

Recentemente o álbum foi relançado em CD com três faixas bônus do compacto Cavaleiros Negros, que enriqueceram ainda mais o material. Vale lembrar que este álbum tornou-se um item de colecionador disputadíssimo, principalmente fora do Brasil. Neste artigo vou analisar o original para relembrar o impacto que ele causou.

As Faixas


Deixe Entrar Um Pouco D'água No Quintal - A música abre com um excelente trabalho de baixo e bateria logo enriquecido pelo teclado e a guitarra frenética de Sergio. Os Vocais estão perfeitos, as quebras de ritmo e temas ao longo da faixa criam uma massa sonora de deixar tonto. É muita informação para uma única audição.

Pitágoras - Linda! Não consigo encontrar outro termo para definir esta peça musical. Simplesmente linda. Como é bom ouvir o trabalho de pessoas talentosas. A introdução de piano e guitarra é uma delícia que vai sendo temperada pela precursão e um baixo que continua o riff inicial enquanto o teclado viaja para outra dimensão. Além disso há uma brasilidade intrínseca que, só escutando para entender.

Desanuviar - Com um clima etéreo vamos a terceira faixa que nos leva a uma outra dimensão. Uma música filosófica. Soa leve como uma nuvem e aos poucos vai assumindo uma mudança de clima como num dia nublado passando para uma viagem a lá pink floyd que é extirpada repentinamente terminando em um clima meio caótico e reflexivo.

Eu Só Penso Em Te Ajudar - Balada rock com todos os elementos mas que mostra como os caras sabem o que estão fazendo, afinal rock em português é algo complicado, mas não para os mutantes. Nossa língua é percussiva mas Sérgio Dias consegue soar britânico cantando na linguagem do Lácio.

Cidadão da Terra - Mas um tema bem trabalhado com os elementos que marcam o progressivo britânico e que mostram que a banda, mais que um grupo nacional, é uma trupe do mundo. Uma aula de composição que soa simples e sofisticada ao mesmo tempo. O baixo se destaca bastante na faixa e a bateria está impecável.

O Contrário de Nada é Nada - Rock'n Roll. Bem no estilo do rock nacional da época. Soa até um pouco estranha no contexto do álbum, mas funciona bem. E serve como uma pausa depois de tanta informação. A própria letra da a entender que ela é um refresco para a próxima faixa.

Tudo Foi Feito Pelo Sol - Chegamos ao final da obra. Uma canção altamente contemplativa. Fecha o álbum em grande estilo. Mais uma vez o quarteto se supera. Vocais, teclados, guitarras, baixo e bateria estão impecáveis. Destaque para a belíssima linha de contra-baixo que dá o tom. Enfim, escute!

Resumo


Tudo Foi Feito Pelo Sol é um disco épico que não pode ficar fora de nenhuma discoteca de respeito. É uma obra para ser ouvida várias vezes, pois a cada audição, novas texturas vão se revelando e o ouvinte pode compreender porque esta banda é tão respeitada dentro e fora do país, aliás, mais fora do que dentro. Minha esperança é que este artigo incentive as novas gerações a ouvir este trabalho e entender porque somos tão saudosos e porque os anos setenta são tão importantes para a música do planeta.

Segue o link para audição: Tudo Foi Feito Pelo Sol