terça-feira, 29 de agosto de 2017

Cristão Fraudulento. Existe Isso?

Seja o seu ‘sim’, ‘sim’, e o seu ‘não’, ‘não’; o que passar disso vem do Maligno. Mateus 5.37
O Canal Dois Dedos de Teologia, mantido pelo Yago Martins, publicou um vídeo intitulado: COMO OS CRISTÃOS ESTRAGAM E FRAUDAM O YOUTUBE. O Vídeo dá uma série de dicas a respeito de canais do youtube e alertas sobre práticas que visam apenas angariar views e likes sem se preocupar com o cerne da mensagem. Mas o mais grave é uma denúncia de vários canais que praticam fraude para conseguir isto, utilizando hashtags que não se enquadram no conteúdo, apenas para angariar views. No final deste post você pode conferir o vídeo citado, mas antes vamos conversar sobre um assunto muito sério que é a integridade do caráter cristão.

Quando abraçamos uma ideia, uma causa, uma filosofia de vida, uma ideologia, enfim; quando nos engajamos em algum tipo de grupo, a lógica é a de que iremos seguir as regras e comportamentos daquele grupo. No cristianismo não é diferente; quando optamos pela proposta da caminhada cristã, estamos assumindo um compromisso com as regras e práticas do Evangelho, pois é somente agindo conforme as instruções de Cristo que seremos, realmente, cristãos autênticos e reconhecidos como tal. Ser cristão, mais do que frequentar uma denominação religiosa, é servir de exemplo para que outros possam conhecer melhor o cristianismo. Ser cristão é ser uma testemunha, viva, do Jesus Cristo de Nazaré.

Entre as práticas comuns ao cristão as que se destacam, em relação a nossa condição de seres sociais, são: Moral, bons costumes, honestidade, compromisso com a verdade, ou seja, fazer a diferença num mundo tão carente de valores objetivos. Na verdade, os não cristãos esperam isto de nós. E quando não encontram, o que não é difícil, ficam espantados e cada vez mais descrentes nas nossas crenças. Esta crise moral que permeia o universo dos religiosos de vertente cristã tem arruinado as instituições, pessoas e o próprio Deus dos adeptos de Jesus. Não é o caso de Deus ter uma crise de identidade, mas a sua imagem é prejudicada porque refletimos de forma distorcida quem Ele realmente é. Com isso, deixamos de levar a cura e nos tornamos o câncer que contribui, ainda mais, com a degeneração da humanidade.

Precisamos acordar, lavar o rosto, voltar as Escrituras, rever nossos conceitos, redefinir nossos objetivos e entender que não estamos aqui para satisfazer nossos desejos pessoais ou alcançar fama e sucesso. Nossa missão é anunciar ao mundo a boa notícia de que existe uma forma melhor de viver e buscar o Reino de Deus para que ele seja manifesto já neste tempo presente. Para sermos chamados de cristãos devemos agir como tal. Que Deus tenha misericórdia de nós!

Segue, abaixo: o vídeo do Dois Dedos de Teologia, que motivou esta postagem:



Bate papo entre Eu e o Eduardo Teixeira do Cristo Suburbano sobre esta postagem...





domingo, 27 de agosto de 2017

O Evangelho de Cristo Incomoda Muita Gente

Depois de mais de vinte anos de conversão ao Evangelho de Jesus Cristo de Nazaré, a grande lição que fica e que me dá a certeza de que este é o caminho para a redenção do ser humano, não apenas no campo da espiritualidade mas também da humanidade. Esta certeza está ligada a uma constatação em contraponto com a maioria das religiões, que de uma certa forma, sempre contemplam a capacidade do ser humano de crescer, evoluir, atingir o pleno funcionamento de sua centelha divina, etc, etc, etc. Isto difere do Evangelho que expõe nossas fraquezas e escancara nossa dependência e incapacidade. Ora! Um pensamento religioso que não dá ao ser humano nenhum mérito, no meu parco entendimento, só pode ter vindo de Deus. Eu explico:

Nós, seres humanos, somos extremamente egoístas, soberbos e sempre nos achamos a última cereja do bolo. Mesmo quando tentamos ser humildes e altruístas, procuramos, de várias maneiras, encontrar algum mérito em nossas ações. Na nossa religiosidade isso não é diferente. Se formos olhar a maioria das correntes religiosas espalhadas pelo mundo, elas sempre contemplam nossas iniciativas, nosso esforço e o nosso sacrifício, ou seja, mesmo apontando para uma ou mais divindades, a maioria desses pensamentos converge para a capacidade do ser humano em realizar feitos grandiosos.

Quando olhamos para o Evangelho anunciado por Jesus de Nazaré, percebemos que não existe mérito, que não cabe a nós mudar nosso destino quanto ao nosso futuro na eternidade e que somos completamente dependentes da intervenção divina. Esta exposição explícita da nossa incapacidade aliada a uma certeza plena de que somos pecadores sem qualquer condição de alterar nossa natureza, não pode ter vindo de uma mente humana. Somente uma mente divina poderia nos apresentar uma realidade tão dura e cruel sem, no entanto, nos ferir. Pois é isso que o Evangelho promove em nós; desnuda nossa condição terrível mas faz isto de uma maneira que não nos agride pois, toma para si a dor que deveria permanecer em nós.

Num primeiro momento, a mensagem de Jesus nos assusta, pois funciona como um espelho que reflete o nosso verdadeiro caráter e isto nos aterroriza e incomoda pois nos dá uma certeza de que só poderemos prosseguir com Cristo se permitirmos que ELE  mate o nosso EU para que um NÓS venha a nascer. A maioria das pessoas corre no primeiro encontro, pois não suporta olhar para este espelho mágico que não nos chama de belos. E todos nós correríamos se não fosse a própria ação divina para nos manter ali, olhando e compreendendo a necessidade de morrermos.

Com o passar do tempo vamos observando o trabalho do Espírito em nós e começamos a contemplar as mudanças que Ele, pacientemente, vai promovendo em nosso ser. Gradativamente a beleza vai surgindo no meio da podridão de forma semelhante a que foi mostrada ao profeta Ezequiel. Não é uma operação rápida e muito menos prazerosa, mas o resultado é animador. Pois a cada dia podemos vislumbrar o tipo de ser que está sendo construído em nós para que, o Criador, ao final do trabalho, possa olhar e afirmar que ficou muito bom!

Que o bom Deus continue nos lapidando e transformando pois já não tenho nenhuma dúvida de que o Evangelho é real, é divino e é a única fonte de comunhão com Deus.

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quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Underground Cristão #003 - Antidemon - Demonocídio

Há quem ame e há quem odeie, mas ninguém pode negar que esta banda revolucionou a cena underground cristã nacional.
A história da banda paulistana Antidemon se confunde com a própria história do pastor Carlos Batista. Nascido em berço evangélico, Batista sequer conhecia a cena metal e tudo que queria era ser missionário entre os índios, mas por uma intervenção divina começou a sonhar com uma música estranha e barulhenta que ele não conhecia. Num certo dia, ao passar em frente a Galeria do Rock ele ouviu um som que se parecia com o que ele vinha sonhando e descobriu a cena underground, a galera underground e seu chamado missionário.

Com muitas lutas e dificuldades, Carlos montou a banda que passou por diversas formações até chegar a atual que conta com o próprio Batista (baixo e vocal), Marcelo Alves (guitarra) e Juliana Batista (bateria). A banda, formada em janeiro de 1994, foi, pouco a pouco, ganhando espaço. Logo vieram as demo-tapes: Antidemon (1995), Confinamento Eterno (1997) e Antidemon 4 Anos (1998). Em 1999 finalmente foi lançado o primeiro álbum, intitulado Demonocídio, considerado até hoje, uma marco no metal cristão nacional e com distribuição por diversos países da Europa e América Latina. Várias canções deste disco foram incluídas em inúmeras coletâneas internacionais consagrando a banda no cenário underground.

Em 2009 a banda lançou Satanichaos pelo selo Rythm Rock e em 2012 lançam o álbum ApocalipseNow pelo selo australiano Rowe Records do lendário Steve Rowe da banda Mortification. O grupo ainda gravou um álbum no México, em 2002, intitulado Annilo de Fuego. Além dos quatro álbuns a banda participou de incontáveis coletâneas em todos os cantos do mundo adquirindo o status de grande nome do Death/Grind, não apenas entre os cristãos. Por tudo isso e muito mais, o Antidemon é um grupo que merece nosso respeito e apoio, sempre!

Demonocídio


Lançado em 1999, este álbum foi produzido de forma independente com material das demos anteriores e outras composições, totalizando 27 petardos sonoros de tirar o folego. O disco conta com Batista no baixo e voz, Elke na bateria e Kleber na guitarra. Com músicas como: Suicídio, Holocausto, Guerra ao Inferno e a polêmica e corajosa Apodrecida além de Massacre, faixa que se tornou um hino oficial da banda e é obrigatória em todas as apresentações, e que é executada por outras bandas. Uma coleção sonora bem recebida pelos fans e pela crítica e que quebrou barreiras dentro e fora da cena cristã underground.

Não vou comentar música a música, para não alongar muito esta postagem. Vou apenas listar as que eu mais curto e deixar para que você mesmo ouça e se delicie com este álbum tão emblemático. Destaque também para a arte da capa. Das músicas eu gosto de todas, pois cada uma tem sua qualidade especial e sua mensagem avassaladora, mas as que se enquadram mais no meu estilo eu destaco as faixas: Demonocídio, Usuário, Causas Alcoólicas, Massacre, Holocausto, Guerra ao Inferno, Cadáver, Drogas e Libertação II.

Ouça




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Aproveite também para ler a matéria sobre o Motification em: Underground Cristão #001 - Mortification - Primitive Rhythm Machine

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domingo, 13 de agosto de 2017

Toda dependência é problemática

Vivemos uma geração viciada em estimulantes que só estimulam o emburrecimento!
Recentemente o caso do vazamento de um áudio de uma cantora "gospel" dependente de drogas, vazou na internet causando muitos comentários em todos os sentidos. Em se tratando da cantora, creio que ajuda espiritual e psicológica podem ser bem mais úteis do que exposição e acusações. Também faço questão de acrescentar que: o fato da artista estar passando por um problema não a faz melhor e nem pior do que os outros e, falando como cristão, o seu talento continua  sendo uma dádiva divina. Mas não é sobre a celebridade que quero comentar e sim sobre esta dependência crônica que os cristãos contemporâneos desenvolveram nos últimos tempos. A dependência das estrelas.

Vivemos num país onde a cultura e a informação foram banidas da coletividade e a elite cultural não passa de um bando de doutrinadores em sua perene missão de banir, a todo custo, a moral e os bons costumes. Nas instituições religiosas, esta característica acaba se refletindo na membresia e o que temos são instituições rasas com líderes inaptos e uma desinformação crescente no que diz respeito ao cerne do Evangelho do Jesus Cristo de Nazaré. Esta absoluta falta de estofo teológico formou toda uma geração que desconhece as Sagradas Escrituras e, consequentemente, ignora o que é ser cristão, não conseguindo levar uma vida conforme os ensinamentos do Mestre.

Este vácuo intelectual e espiritual produziu uma geração oca que preenche o seu apetite religioso com qualquer coisa que possua esta espécie de "Selo de Qualidade Gospel". Isto é tão verdade que é comum escutarmos conversas de irmãos te convidando para o culto porque vai ter um pregador de fora e uma cantora ou cantor famoso. Neste cenário grotesco, a ação do espírito (com "e" minúsculo mesmo) fica condicionada as cantorias e pregações de fogo que quase nada diferem dos rituais pagãos, importados do norte europeu e do continente africano. Enquanto isso o Espírito Santo observa. A conclusão que chegamos é de que temos uma geração dependente das celebridades gospel, onde o culto só será bom quando uma delas estiver presente. Ao final do espetáculo ainda tem a venda de livros, CDs e DVDs com direito a autógrafos e sessão de fotos.

Entenda que não tenho nada contra a atividade artística feita por cristãos. Não é isso! Também não sou contra que tenhamos nossos artistas preferidos, pregadores que apreciamos mais, etc. O problema surge quando condicionamos nosso culto a Deus à presença destas estrelas religiosas e esquecemos do verdadeiro propósito da vida cristã e do culto ao Senhor. Este tipo de dependência produz uma comunidade doente que não tem apreço pela Palavra. Crentes incapazes de digerir uma alimentação substancial, imaturos e superficiais que pensam que ser abençoado é conseguir casa, carro e bens materiais diversos, que pensam que o melhor desta terra é comida farta e passeios a Disney. Que vivem um evangelho enganoso, fraco e medíocre. Crentes sem amor, que acham mais importante compartilhar a desgraça alheia do que interceder pelos fracos, que choram com os que riem e gargalham com os que choram, contrariando, em todos os aspectos, a Palavra de Deus.

Que Deus tenha misericórdia de todos nós!

domingo, 6 de agosto de 2017

O Leão Surdo


Certa vez, um aventureiro estava desbravando o continente africano e resolveu acampar. Pela manhã ao sair de sua barraca deparou-se com um enorme leão. Sem fazer alarde, foi tateando tentando encontrar sua arma mas a única coisa que encontrou foi o seu violino que costumava levar onde quer que fosse. Sem muitas alternativas, abriu cuidadosamente o case, sob o olhar atento do felino e começou a tocar o instrumento. Para sua surpresa, o enorme e selvagem animal pareceu ter gostado da música e deitou-se calmamente para ouvir o concerto. Outros leões foram surgindo e formaram um circulo ao redor no músico que prosseguiu com sua apresentação para esta platéia tão inusitada. Em certos momentos o cansaço quase o levava a parar de tocar, mas ao perceber que os animais começavam a rugir retomava a toada e tudo se normalizava. Com alguma sorte, em algumas horas, uma equipe deveria chegar para encontrá-lo e tudo seria resolvido. Após algum tempo, um outro leão, surgiu como que do nada e saltou por cima dos companheiros atirando-se sobre o talentoso musicista matando-o e garantido uma farta refeição. Os outros animais levantaram-se e foram saindo calmamente do local, quando um jovem felino disse, na linguagem dos leões, para o seu companheiro: - Que pena, estava tão bom, mas o surdinho tinha que estragar tudo!!!

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Infelizmente, em nossas rotinas diárias, muitas vezes nos deparamos com os leões surdos. São aquelas pessoas incapazes de apreciar o mundo que as rodeia, pois só conseguem ouvir a voz de seu ego. Esta incapacidade de ouvir os outros, ouvir os diferentes, ouvir os contrários, lhes torna solitárias e egoístas. Se sentem donas da verdade absoluta e tendem a destruir tudo o que não venha delas mesmas. Como diria Caetano Veloso, na belíssima "Sampa": Narciso acha feio o que não é espelho.

Precisamos entender que somos seres relacionais e que sempre temos o que aprender com os que estão em nosso entorno e com aqueles que passam por nós como um vento ligeiro. Lembro-me de um senhor que conheci em Ponta Grossa: o irmão Miguel. Um negro alto, magro, lindo e de cabelos brancos, com um linguajar típico da roça, lia com certa dificuldade mas falava com uma sabedoria impressionante. Uma saber adquirido com o tempo e com muita inspiração vinda de Deus.

Uma coisa que aprendi, principalmente quando ministrava aulas, é que as pessoas sempre tem algo a nos ensinar e que quanto mais aprendemos vamos descobrindo que sabemos menos do que imaginávamos.

A humildade é uma virtude, difícil de ser praticada, mas necessária para o nosso crescimento. Ela é fundamentada no respeito e no amor aos demais seres humanos. O nosso maior risco de uma queda fatal começa justamente quando nos achamos superiores aos outros. Este sentimento de superioridade leva as pessoas a desprezarem as lições que podem ser aprendidas e quando isto ocorre, os riscos de uma queda aumentam. Existe uma comparação, popular, muito simples, mas que ilustra muito bem a regra para nosso comportamento: Temos dois ouvidos, dois olhos e uma só boca, logo, devemos observar mais, ouvir mais e falar menos. Uma regra que a princípio parece até um pouco boba mas que carrega uma grande sabedoria.

Não estou escrevendo isso para esgotar o assunto, mas para compartilhar um pouco daquilo que tem me ajudado a ser mais compreensivo e consciente de que a soma sempre é melhor que a divisão.

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Este texto foi baseado na fábula: O Leão e a Flauta (Autor desconhecido)

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Modos & Estilos #021 - Cólera - Pela Paz em Todo Mundo

Mais que uma banda punk, o Cólera é a banda que explodiu a minha cabeça!

Quando me deparei com o movimento punk nacional, no início da década de 80, em Curitiba, através da banda Beijo AA Força, inicialmente apresentado aos sons gringos e posteriormente aos nacionais, com o álbum SUB (ler a resenha aqui), mudei todos meus conceitos ao perceber que a música tinha o poder de formar consciência e transmitir indignação. Ouvir as bandas nacionais, em gravações de qualidade duvidosa, mas com uma coragem que não existe no mainstream certinho e politicamente correto, nos incentivou a fazer o mesmo. Foi graças ao movimento punk que o Brasil viu acontecer uma explosão musical que ainda está viva nos corredores dos subterrâneos culturais do nosso país.

Das bandas nacionais, uma que me chamou a atenção foi a paulistana Cólera. O grupo foi formado em 1979 pelos irmãos Redson (baixo e voz), Pierre (bateria e voz) e Helinho (guitarra e voz) com a proposta de fazer um som libertário e direto. A primeira apresentação da banda acontece em 12 de dezembro do mesmo ano no Bairro do Limão. Logo após Kinho assume o vocal. Em 81 Kinho e Helinho saem e Val assume o baixo e Redson passa para a guitarra. Em 82 participam da coletânea Grito Suburbano ao lado do Olho Seco e Inocentes e ainda no mesmo ano se apresentam no Festival Começo do Fim do Mundo no SESC Pompéia que rendeu uma coletânea homônima.

A banda participa ainda de algumas compilações internacionais. Em 83 Redson cria o selo Estúdios Vermelhos, responsável pela coletânea SUB, em 85 o selo passa a se chamar Ataque Frontal. Ainda em 85 lançam seu álbum de estréia Tente Mudar o Amanhã e em 1986 lançam o álbum Pela Paz em Todo Mundo que chegou a vender quase cem mil cópias, um número impressionante para uma produção independente. No ano de 87 a banda viaja para a Europa e se torna a primeira banda punk nacional a fazer um tour fora do Brasil.

O trio segue, lançando álbuns e fazendo turnês. Em 2009 inicia uma mega turnê, 30 Anos Sem Parar, comemorando os 30 anos de atividade. Em 27 de setembro de 2011 o vocalista e mentor da banda, Redson Pozzi faleceu, vitima de uma hemorragia interna, causada por uma úlcera no esôfago. A Banda resolve dar um tempo mas em 2012 anunciam o retorno com a entrada do vocalista Wendel Barros ex-roadie e amigo de Redson. O Novo vocal é bem aceito e o Cólera continua na ativa com shows e planos de um novo álbum.

Pela Paz em Todo Mundo


Lançado no formato LP, em 1986 pelo selo Ataque Frontal e relançado, com quatro faixas bônus, em 2000, pela Devil Discos, foi um trabalho bem distribuído, tocado em rádios, programas de rock, circuitos independentes e enviado em grandes quantidades para a Europa e Estados Unidos. O disco ainda gerou duas turnês pelo Brasil e uma pela Europa passando pela Alemanha, Bélgica, Holanda, Áustria, Suíça, Dinamarca, Países Bascos, Espanha, Noruega e França. Um marco na história do rock nacional que deve ser lebrado, comemorado e escutado.

As Músicas


Neste post vamos nos ater as canções do vinil lançado em 86 com a participação de Redson, Val e Pierre. São 14 canções de tirar o fôlego.

  • Lado A
  1. Medo - Um Clássico que fala da sensação de estarmos sozinhos e presos a um sistema que quando te estende a mão é apenas para te explorar. 
  2. Funcionários - Baixo e bateria numa introdução bem tribal. Punk rock de primeira, apesar do título, a música fala sobre mudança de consciência.
  3. Somos Vivos - Com uma pegada mais para o punk rock tradicional. Letra existencialista e com intuito de despertar o consciente coletivo.
  4. Alternar - Fala sobre a miséria da condição humana em sua luta para sobreviver e da futilidade das convenções sociais.
  5. Multidões - O título já diz tudo. A letra faz uma análise das massas manipuladas e incapazes de pensar.
  6. Direitos Humanos - Esta música fala sobre os excluídos e marginalizados que já não tem direito a vida com dignidade.
  7. Guerrear - "Nós não nascemos pra guerrear". Com este refrão a música faz uma denúncia das guerras absurdas onde inocentes são colocados na linha de frente de uma guerra que não é sua.
  • Lado B
  1. Vivo na Cidade - Nesta canção o enfoque é sobre o caos urbano das grandes metrópoles que massacram as pessoas com a poluição.
  2. Humanidade - Mas uma música de conscientização do lugar do ser humano na sociedade e das suas responsabilidades em relação aos outros.
  3. Alucinado - Nesta letra o tema é o stress e a letargia que abate o ser humano causando pânico e indiferença.
  4. Continência - Aqui o tema é o serviço militar que, na visão do autor, é uma forma de criar massa de manobra.
  5. Não Fome! - Mais uma vez a miséria está na pauta, desta vez por conta das políticas econômicas que achatam o poder de compra dos cidadãos.
  6. Adolescente - Aqui o tema são os jovens sem voz e sem ouvidos que os escutem. Aliás, a preocupação com os jovens é sempre presente nas músicas da banda.
  7. Pela Paz - Para fechar, a música que dá título ao álbum. Um grito de alerta para o caos em que toda a humanidade está se metendo. Já naquela época.

Conclusão


Este disco é um clássico da Música Brasileira que não perde a sua atualidade e sua autenticidade e que deve ser escutado por todos. Punk rock de qualidade, letras conscientes. O Cólera foi e continua sendo uma espécie de porta voz da humanidade contra as injustiças. Uma obra prima do rock nacional que atravessou fronteiras e ganhou respeito fora do Brasil, mostrando que aqui existe gente consciente. Uma aula de humanidade para as novas gerações.