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segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Museu Nacional R.I.P

Está na Hora de Reproclamar a Independência

Quando eu era criança um dos nossos passeios preferidos, pelo menos uma vez ao ano, era ir ao Museu Nacional do Rio de Janeiro, na quinta da Boa Vista. É óbvio que naquela época eu não tinha ideia da importância histórica e cultural daquele prédio magnífico. Mas a história do Museu Nacional não se inicia no prédio atual que foi consumido pelo fogo em 2 de setembro de 2018 pouco tempo após completar duzentos anos de história, conhecimento e momentos inesquecíveis, para muitos que, como eu, tiveram a rica oportunidade de andar em seus corredores e salões e contemplar suas coleções de inestimável valor.

O museu foi fundado em 1818, por Dom João VI, ainda com a alcunha de Museu Real, com o intuito de estimular a ciência e o saber em nossas terras brasileiras, em um prédio no Campo de Santana que posteriormente passou a abrigar o Arquivo Nacional. Em seu quadro de funcionários, trabalharam naturalistas europeus como: Johann Baptiste von Spix e Carl Friedrich Philipp von Martius. Entre seus colaboradores nomes como os de Auguste de Saint-Hilaire e Georg Heinrich von Langsdorff.

Durante o segundo reinado sob a proteção do imperador Dom Pedro II o Museu passou a incorporar trabalhos e coleções nas áreas da antropologia, paleontologia e arqueologia, tornando-se o mais importante e moderno Instituto de História Natural e Ciências Humanas da América Latina.

Com a proclamação da República, através de um golpe, os republicanos iniciaram um movimento para apagar da história todos os símbolos do Império. Por conta disso, em 1892 todo o acervo foi transferido para o prédio atual na Quinta da Boa Vista e em 1946 a administração ficou ao cargo da UFRJ que na época ainda era conhecida como Universidade do Brasil.

Desde 2014, ainda sob o governo de Dilma Roussef, a instituição não vinha recebendo o repasse anual de ridículos R$ 520 mil de um governo que gasta bilhões em publicidade e destina milhões para "artistas" que ganham muito bem. O descaso e o abandono levaram ao sucateamento das instalações que culminaram com o incêndio na noite de 2 de setembro de 2018 causando a destruição quase que total de um acervo histórico e científico construído ao longo de duzentos anos.

É irônico que, as vésperas das comemorações da Proclamação da Independência impetrada por uma geração imperial desejosa de um Brasil soberano e vocacionado para a glória, algo tão sinistro venha amputar uma parte do nosso passado. Este é o legado da República movida a golpes de tempos em tempos onde a luta pelo poder é mais importante que o poder da luta. Que exalta o sujo, protege o imoral, louva o podre e patrocina a bestialidade. 

Para mim restam as lembranças dos passeios, o encantamento diante das peças, da aventura pelo conhecimento que tive o privilégio de ver in locum. Confesso que estou triste não apenas com a tragédia do Museu Nacional do Rio de Janeiro, mas com a tragédia ainda maior que se abateu sobre o nosso país. Creio que está na hora de proclamar uma nova independência. E desta vez não é para sermos independentes dos nossos colonizadores, mas de nós mesmos. Pense nisso...

quinta-feira, 10 de maio de 2018

O Burro e o Ignorante

Mais proveitoso do que saber ou pensar que sabe, é saber aprender!
Nessa minha caminhada pela estrada da existência, algo que sempre curti fazer foi me dedicar a parte da criação. Gosto de escrever, faço músicas, já tive um jornal, fiz fanzines e trabalhei com artes gráficas e marketing visual. Nunca busquei uma formação acadêmica em design mas a convivência com gente da área e a leitura de histórias de sucesso tem me ajudado a desenvolver bons trabalhos com resultados satisfatórios. Por conta da experiência adquirida, desenvolvi uma capacidade de perceber quando o cliente está equivocado pedindo algo que eu sei que não ficará bom. Felizmente aprendi a mostrar isto para a maioria dos contratantes que normalmente acatam as observações e permitem as alterações necessárias para um produto final mais bem acabado e que cumpra melhor o seu objetivo. 

Óbvio que nem tudo são flores. Vez por outra, alguém insiste num determinado elemento, mesmo ciente de que não ficará esteticamente apresentável ou que haverá uma certa poluição na quantidade de informações. Ai só nos cabe acatar. Da mesma forma, pode acontecer e acontece de que a ideia apresentada é melhor e mais atrativa que a minha. Este é um momento mágico pois você sempre aprende algo novo que irá utilizar mais adiante. Infelizmente existe ainda um outro tipo de indivíduo que não faço questão de atender. Sério, em alguns casos, prefiro ficar sem o cliente do que com meu nome em um material de gosto duvidoso. É o cliente que se recusa a ouvir e não tem sequer a capacidade de aprender.Trata-se do tipo de pessoa que faz você compreender a diferença abissal entre o burro e o ignorante.

Apesar do termo ignorante, ter uma conotação um tanto negativa em nossa formação cultural, na verdade é preferível ser ignorante do que simplesmente burro. Ao contrário do que muitos possam pensar o ignorante não uma pessoa estúpida mas alguém que ignora, que não possui o conhecimento necessário sobre um determinado assunto. Talvez ele seja um gênio da física quântica, mas é ignorante quando se trata de culinária, por exemplo. A diferença está no fato de que, ao se deparar com o desconhecido, ele procura entender e aprender sobre a nova situação. Já o burro (com todo respeito ao digníssimo quadrúpede) não consegue digerir a informação e normalmente, devido a sua incapacidade de processar os dados, sente-se agredido e acuado e para se proteger, liga uma espécie de escudo que lhe tampa os olhos, ouvidos e desliga o raciocínio. Para este tipo de ser, a crítica, a correção e a opinião contrária são vistas como agressões que só visam diminuí-lo. Sua mente obscurecida por uma espécie de síndrome do pânico não percebe que estão tentando lhe ajudar. 

Recentemente, me deparei com alguém deste naipe. O típico cabeça dura. Ao dialogarmos sobre um serviço tentei explicar que o resultado ficaria um tanto confuso e com uma qualidade abaixo do desejável. Argumentei que a simplicidade e a objetividade funcionam melhor, na maioria dos casos, nomeando inclusive nomes como Steve Jobs, para mostrar que o caminho minimalista produz um impacto mais certeiro. Foi até engraçado. No lugar de ouvir uma contra-argumentação do tipo: entendo seu ponto de vista mas também entendo que em certos casos é preciso fazer diferente a resposta foi que: O Roberto Justus falou que nem sempre a simplicidade funciona e que "Bom é deixar a pessoa curiosa" (creio que este final não foi do citado), e que eu estava errado e ponto final. Não estou dizendo que o apresentador de TV e empresário de sucesso está equivocado, mas entendo que ele falou isso num contexto totalmente diferente e, dadas as devidas proporções acredito que Mr. Jobs seja um pouco mais relevante para a humanidade do que o Sr Roberto. Final da história? Perdi o cliente.

Honestamente? Na verdade, me senti aliviado, pois não sinto prazer nenhum em trabalhar para pessoas que não estão dispostas a aprender algo novo. Tenho certeza que meu serviço não ficaria bom. Não é uma questão de imposição e sim de visão. Não sei explicar cientificamente mas é como um sentido aranha que me alerta de o trabalho ficará num padrão bem abaixo do que poderia ser. Nem vou comentar a foto que a pessoa queria que fosse colocada no trabalho. Prefiro os ignorantes e os sábios.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

A Arte de Odiar a Arte

Eles patrocinam o que não é para que você odeie o que realmente é!
Arte é, na sua etimologia, a técnica empregada para realizar alguma coisa. Com o tempo ascendeu ao status de designar um tipo de técnica relacionada à produção de objetos com beleza estética, ou aquilo que é esteticamente agradável aos sentidos humanos. A arte também é uma manifestação filosófica da estética perfeita que apresenta, de forma cognitiva, uma visão do autor daquilo que é agradável e belo. Esta manifestação é individual. A arte parte do indivíduo que através do seu talento natural e das técnicas absorvidas demonstra de forma magistral a sua visão pessoal das coisas, do mundo e do ideal de beleza e existência. Quando ouvimos uma peça de Bach, Chopim e muitos compositores clássicos, estamos ouvindo a expressão do ego destes indivíduos que demostram para nós a sua visão individual do que é um ideal de música. O mesmo acontece com a pintura, a escultura, e outras formas de arte.

Esta produção artística que parte do indivíduo acaba por formar em cada ser, gradativamente, uma consciência ética e estética, que liberta a mente e a alma. Quando temos a consciência do belo, caminhamos para a transcendência do indivíduo em direção ao perfeito e eterno. A arte serve então de ponte para um estágio superior da consciência que se torna livre e percebe a existência de um modelo absoluto. Ao se deparar com o absoluto, cada indivíduo deixa de se submeter ao que é relativo e isto não interessa para quem detêm o poder ou está no comando ou ainda, que deseja o poder.

Foi exatamente isto que a intelligentsia percebeu. A arte pura minava seus anseios coletivistas de domínio. Mas como impedir que os indivíduos consumissem esta arte que os levaria a romper a submissão. Proibir seria um tiro nos pés, pois todos sabemos que proibições geram interesses e procura. A técnica adotada, e devo reconhecer que é brilhante, foi fazer as pessoas perderem o interesse pela arte. Como? Patrocinando e exaltando o que não é arte. Paulatinamente o establishment estatal foi elevando a categoria de grandes artistas uma safra de produtores de lixo. Isto levou as pessoas a ter uma visão distorcida da arte e com o tempo uma aversão a esta. E hoje chegamos a um estágio onde aqueles que produzem a verdadeira arte do belo, do esteticamente perfeito e do crescimento libertador estão relegados aos subterrâneos. 

Só que, todo sistema possui uma falha...  Mas isto é uma outra história...

Para elucidar melhor este assunto, deixo aqui o vídeo que me levou a escrevê-lo.