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segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

A Indústria da Música Está em Crise. Que Ótimo!!!

Desde que o formato MP3 (conheça a história) chegou ao consumidor final, em 1995, a indústria da música vem reclamando da "pirataria" e dos prejuízos que a prática de compartilhar música tem gerado, e para nos convencer invoca até os "santos" dos Direitos Autorais, etc, etc, etc. Muitos artistas do mainstream também se engajam nas campanhas para conscientização. Mas a pergunta que não quer calar é: Quem perde dinheiro com a distribuição digital? Resposta: A indústria! E eu te afirmo que isto é muito bom!

Antes que você promova um ataque, contra minha pessoa, apelando para as milhares de pessoas que trabalham na indústria da música e sustentam suas famílias, permita-me compartilhar partes de uma entrevista com Steve Albini (Não conhece? Deveria!) onde ele explica como funciona a indústria da música. Se desejar ler todo o keynote ai vai o link. Mas vamos em frente.

"A indústria musical era essencialmente a indústria dos discos, em que discos e rádios eram os caminhos através dos quais as pessoas conheciam música e principalmente, a experimentavam." Perceba que a indústria da música foi formada em cima de um bem de consumo (o disco) e utilizava uma estratégia de marketing (o rádio) para impulsionar o consumidor a adquirir o produto. "Gravar era uma empreitada rara e cara, então não era comum. Até a tua demo requeria um investimento considerável." Os custos de produção e distribuição eram extremamente altos e o poder tecnológico e financeiro para isso estavam nas mãos da indústria e, consequentemente dos industriais. "Rádios eram muito influentes. Era o único lugar para ouvir música de qualquer artista e as gravadoras pagavam bastante pra influenciá-los." É aqui que a porca torce o rabo. Tudo o que chegava ao consumidor era exatamente o que a indústria decidia que deveria chegar e isto implicava em muito jabá (pratica de pagar para que determinadas músicas fossem executadas nas rádios e posteriormente na TV).

Perceba que até aqui, tudo que foi mencionado é: indústria, rádios, TV, custos, consumidor, produto e por aí vai! Em nenhum momento mencionamos os termos músicos e ouvintes. Pois é, pois é, pois é: Neste processo produtivo e lucrativo o músico é o que menos ganha e o ouvinte é o que banca tudo mas nenhum dos dois é consultado no processo. Mas calma lá, mesmo antes da internet, uma galera começou a perceber que isto poderia ser diferente. Meu Deus! Quem foram estes gênios? Pasmem! Foram os punks. Estes mesmos, com seus cabelos espetados, roupas rasgadas que mostram o dedo do meio para tudo e todos, foram eles que decidiram mandar a indústria para aquele lugar e por em prática o famoso Faça Você Mesmo (DIY). Foram eles que ensinaram ao mundo que era possível gravar por conta própria e distribuir fora do sistema e informar de forma alternativa através dos fanzines.

Mas até aí a indústria não estava sendo incomodada e até se valia da cena underground para buscar novos possíveis produtos através de seus olheiros. Mas uma revolução estava prestes a começar. É a revolução digital. O grande barato da revolução é que: tudo o que era pesado e caro foi transformado em um conjunto de zeros e uns formando bits e bytes que levaram o alto custo lá embaixo e com a internet e as suas possibilidades de compartilhamento, a comunicação entre músico e ouvinte passou a ser direta eliminando todo o monumental intermediário que havia antes. "Num piscar de olhos, a música passou de rara, cara, disponível só em mídias físicas e ambientes controlados, para ser ubíqua e de graça. Que evolução incrível!" E é incrível mesmo, pois quem ganhou com isso foi o público e os artistas. É lógico que a indústria não curtiu a ideia e iniciou uma campanha para criminalizar a distribuição gratuita mas creio que este é um caminho sem volta. Mas espere aí! Nós estamos falando de um cenário norte americano e norte europeu. Mas e no Brasil?

Não é diferente! A diferença talvez seja quantitativa no que diz respeito a cultura de consumo em nossas terras tupiniquins. Uma grande parte da população brazuca ainda está habituada a consumir o que a grande mídia espalha através das rádios e TVs. O mainstream, por aqui, ainda é muito forte, talvez pela nossa herança de dizer sim aos coronéis. Mas nem tudo está perdido. Existe um universo underground e independente bastante ativo na nossa amada colônia. Não é um grande público mas é o suficiente para manter o movimento e graças a globalização da informação, hoje, temos artistas com seus trabalhos atingindo públicos fora do Brasil.

Por isso que eu repito. Que bom que a indústria da música está em crise. Quem sabe, a partir dessa crise, os músicos, os artistas possam viver da sua arte sem vender a sua honra, e o público possa desfrutar da arte e pagar, sim, pelo que quer e gosta e não pelo que lhe é imposto e cheio de impostos.

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Nota: O Keynote de Steve Albini foi traduzido por Janaína Azevedo Lopes.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Modos e Estilos #013 - AC/DC - High Voltage

Sinceramente falando, eu não me lembro qual foi o primeiro álbum do AC/DC que eu comprei, mas sei, muito bem, qual foi o que me impactou mais! High Voltage! E é sobre este disco que vamos conversar.



Existem dois álbuns da banda com este título: o primeiro é o disco de estréia e foi lançado em 17 de fevereiro de 1975, somente na Austrália. Não é deste disco que vamos falar mas da versão internacional lançado em 14 de maio de 1976 e que trás faixas do primeiro High Voltage e do T.N.T (ambos lançados apenas na Austrália). Trata-se de uma compilação que mostra toda a força da jovem banda e que imediatamente cai no gosto da garotada.

Participam do trabalho: Bon Scott (vocal), Angus Young (guitarra), Malcom Young (guitarra), Mark Evans (baixo) e Phill Rudd (bateria). Com esta formação é que são gravados os três primeiros discos com distribuição internacional: High Voltage, Dirty Deeds Done Dirt Cheap e Let Ther Be Rock.

Trata-se de um álbum bastanta energético, puro rock, com riffs colantes e levadas simples. As letras são na maioria adolescentes e falam de festas, fama, mulheres, bebidas e jogatina. Não existe nenhuma pretensão de ser profundo ou conscientizador. A ordem aqui é divirta-se o mais que puder. Não há exageros, os solos de guitarra estão na medida exata, baixo e bateria cadenciados e vocal típico das bandas de hard rock. Enfim, uma banda que sabe exatamente o que está fazendo.

Músicas:


01 - It's A Long Way To The Top (If You Wanna Rock 'n' Roll) - Batida constante, riff pegajoso, gaita escocesa, refrão puro anos 70 e guitarra solo no momento certo. A música fala da difícil caminhada para se tornar um astro do rock.
02 - Rock 'N' Roll Singer - O bacana do AC/DC é a simplicidade. Riff de quatro notas, solo visceral , batida constante e o refrão grudento. Também fala sobre o mundo do Rock'n Roll. Uma delícia para os ouvidos.
03 - The Jack - Blues arrastado daqueles que mexem os músculos e os nervos. A música fala de uma partida de Poker do inciante com a experiente. O duplo sentido faz bastante sentido na música. Um clássico presente em todos os shows da banda.
04 - Live Wire - O baixo marcado e constante, numa única nota entrecortado pela guitarra que apenas toca acordes simples. Bateria entrando aos poucos e a batida cadenciada vai ganhando corpo. Música de estrada. Deve ter sido escrita em alguma interminável estrada australiana. Show de bola.
05 - T.N.T - Esta é clássica e mostra que a banda era uma fabricante de hits, desde os primeiros passos. Resumindo simplesmente explosiva para detonar seus neurônios.
06 - Can I Sit Next To You Girl - Música de adolescente que perde a garota para outro cara. Puro rock´n roll. Muito boa mesmo. A guitarra é genial e da um clima de comédia o tempo todo. Cine Pipoca.
07 - Litle Lover - Mais um blues desta vez falando de garotas e sexo. A velha história da garota que o cara se apaixona e depois "some". Música de duplo sentido com uma pegada muito boa.
08 - She´s Got Balls - Rock de qualidade pra contar a história do garoto que conhece uma mulher bem mais experiente do que ele e fica todo bobo. Muito boa a música.
09 - High Voltage - Perfeita para encerrar este álbum e deixar aquele gosto de quero mais.

Conclusão


High Voltage é daqueles álbuns de estreia que te fisgam na primeira audição. Não é a toa que os caras estão na estrada até hoje mantendo os velhos fãs e conquistando novos. Audição obrigatória e faz parte da discoteca básica do rock.


quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Modos & Estilos #012 - Kiss - Destroyer

Não tive muita coisa do Kiss em minha coleção mas o álbum Destroyer foi um deles. Pelo que me recordo foi o primeiro álbum do quarteto que eu adquiri. Este disco me fez curtir a banda e tem ainda uma história interessante. Na época, eu gostei tanto que comprei mais um para dar de presente a uma garota chinesa que eu namorava, só que ela não era uma apreciadora de rock. Foi engraçado ver ela tentando disfarçar a decepção ao receber o presente. Mas vamos ao que interessa.




Destroyer foi o quarto álbum de estúdio da banda e foi lançado, após o fantástico Kiss Alive, em 15 de março de 1976. Foi gravado em duas etapas: de 3 a 6 de setembro de 1975 no estúdio Eletric Lady e entre janeiro e fevereiro de 1976 no Record Plant Studio. A produção ficou a cargo de Bob Ezrin, que já havia produzido para Alice Cooper. Foi um relacionamento difícil com o gênio forte de Ezrin mas a escolha foi acertada e resultou num trabalho de extrema qualidade.

Contou com a formação clássica da banda: Paul Stanley (guitarra e vocal), Gene Simmons (baixo e vocal), Ace Frehley (guitarra solo) e Peter Criss (bateria e vocal). Estima-se que tenha vendido algo em torno de 6 e 7 milhões de cópias.



Em 2012 o álbum foi relançado com o nome de Destroyer Ressurect, contanto com a versão original do desenho da capa que é num tom mais sombrio do que a versão azul lançada em 1976. Mas vamos as músicas.

Detroit Rock City - A faixa inicia com sons que remetem a alguém que está saindo de carro, no rádio música da banda dos álbuns anteriores. Aos poucos a música vai crescendo numa levada poderosa de um hard rock da melhor qualidade. A letra é simples e fala sobre as diversões noturnas. O solo é simples, porém marcante. A batida constante da bateria mantém o clima de velocidade pelas ruas de Detroit. Encerra com uma batida de carro. Foi lançada no formato single em julho de 76. 

King of the Night Time World - Simplesmente sensacional, Riffs em cima do pedido, batida rápida num rock'n roll da melhor qualidade. Fala sobre as revoltas adolescentes em lares desconsertados. A busca da felicidade está na festa e na música onde o jovem vira rei. Ótima faixa.

God of Thunder - Vozes infantis, sons incidentais e um riff bem construído. O tema busca o lado sombrio do rock, recurso utilizado por muitas bandas mais como marketing do que por convicção. Um bom trabalho de guitarra e um vocal ameaçador.

Great Expectations - Primeira balada do álbum fala de desejos, principalmente sexuais. Os arranjos são muito bem elaborados com vocais bem equilibrados. Da uma grande guinada no ritmo do disco. Conta inclusive com um coral e orquestração.

Flaming Youth - De volta ao ritmo alucinante do álbum esta música é um hino de convocação que fala sobre a força da juventude e desafia as gerações anteriores. Musica rebelde para conquistar jovens e adolescentes.

Sweet Pain - Música média e bem feita fala de dominação e relacionamento mais baseado na força do que no amor propriamente dito.

Shout It Out Loud - Outro grande sucesso da banda. Mantem a pegada do disco, musica para dançar (na época). Um convite para deixar tudo de lado e simplesmente se divertir sem pensar mito em consequências.

Beth - Um dos maiores sucessos da banda, esta balada romântica com arranjos de piano e orquestra mostra o lado musical que estava se desenvolvendo nos garotos da banda. A letra fala da escolha pela fama que sempre acaba sacrificando relacionamentos e destruindo outros sonhos. Simplesmente sensacional.

Do You Love Me? - É a musica de encerramento. A esta altura toda a fama que os rapazes estavam conquistando traziam consigo muita gente interessada no poder da fama e não no famoso. A pergunta é: você está comigo por amor ou pelo que eu posso lhe comprar? É o preço de se tornar rico e conhecido. Excelente música.

Rock And Roll Party (untitled) - Faixa bônus, na versão original apenas uma faixa sem título. Brincadeira de estúdio com vozes sons e efeitos captações ao vivo convidando para uma festa de rock.

Conclusão


Destroyer é um disco muito bem produzido que mostra uma grande evolução musical dos membros da banda, em parte devido a produção de Bob Ezrim. É um álbum obrigatório em qualquer discoteca básica de rock. Curta ai...


sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

C'est La Vie, Greg Lake...

Neste dia 8 de dezembro de 2016, o músico inglês Greg Lake faleceu aos 69 anos, após uma longa e intensa luta contra o câncer.



Greg Lake nasceu em 10 de novembro de 1947 na cidade portuária de Poole, Condado de Dorset, litoral sul da Inglaterra. Iniciou sua carreira musical em 1967 em uma banda local chamada "Teak And The Smokey" que fez bastante sucesso em Dorset e que ficou em turnê por seis meses. Depois tocou numa banda chamada "The Gods" junto com os futuros membros do "Huriah Heep". Em 1968, aceitando um convite de Robert Frip, antigo amigo de escola, fundou o King Crimson. Foi nesta banda que Greg trocou a guitarra pelo baixo.



Greg participou do álbum de estréia do King Crimson,  In the Court of the Crimson King, tocando, compondo, cantando e inclusive produzindo. A banda saiu em turnê pelos Estados Unidos junto com a banda The Nice que contava com o tecladista Keith Emerson, Após o fim desta turnê, em abril de 1970, Greg deixa o Crimson e junta-se a Keith Emerson e ao baterista Carl Palmer para formarem o "Emerson, Lake & Palmer"



Ainda em 1970, lançam o primeiro álbum da banda intitulado Emerson, Lake & Palmer. Este disco conta com o mega sucesso Lucky Man, composta por Greg Lake ainda nos tempos de escola. No ELP, Lake contribuiu com sucessos da banda como: The Sage, From the Beginning, Still... You Turn Me On, C'est la vie, I Believe in Father Christmas entre outras. Com o fim do ELP no início dos anos 80 Lake participou do Asia, do Emerson, Lake And Powell (com Cozy Powell na bateria) e lançou discos solo. 

No início dos anos 90, o ELP se reuniu novamente lançando dois álbuns:  Black Moon e In the Hot Seat. Em 1998 o grupo dissolveu-se mais uma vez.

Em 2005 Greg reaparece na cena com sua nova banda: a Greg Lake Band. Fazem uma turnê e lançam um DVD que é bem recebido pela critica e pelo público. No entanto,em 2006 o projeto é interrompido em virtude de problemas gerenciais.



Greg ainda fez participações com artistas famosos. Finalmente após uma longa batalha contra o câncer, Greg foi vencido pela doença e nos deixou em 8 de dezembro de 2016.

Seu legado ficou para as gerações futuras. Um grande músico, compositor e intérprete que fez história no rock mundial e ajudou a popularizar o rock progressivo. Nem sempre foi compreendido e chegou a ser criticado em algumas fazes. Hoje observando sua obra percebemos que Greg não estava preso a um rótulo. Adeus Greg...


sexta-feira, 25 de novembro de 2016

A música atual é um lixo?

Hoje eu resolvi perguntar para mim mesmo. Afinal, a música produzida atualmente é um lixo? A resposta vai depender de que tipo de música estamos falando...


Se levarmos em consideração a música de massa produzida para consumo rápido, que visa lucro e que enxerga a peça musical como um produto feito para ser consumido, esquecido e substituído, não há a menor dúvida de que mais de noventa por cento do que é produzido nas linhas de montagem da grande mídia é lixo sem conteúdo e que só serve para trilha sonora de uma sociedade burra. Mas se formos observar os novos artistas que não aparecem na grande mídia, que não tem patrocínio de grandes corporações e nem incentivos governamentais vamos descobrir que existe muita coisa boa sendo produzida e com conteúdo musical, técnico e intelectual de altíssimo nível.

Atendo-se a este segundo segmento, a resposta para a pergunta do título desta postagem é: não! A musica atual não é um lixo. Não vou nem sair do Brasil, pois existe muita coisa boa sendo produzida em solo tupiniquim. Sei que não serei justo e vou deixar muita gente boa de fora, mas fazer o quê? É a vida!

Sei que tem muita coisa boa na MPB, chorinho, samba de raiz, etc mas como bom roqueiro que sou, vou me ater a nova geração do bom e sempre novo Rock'n Roll. Neste primeiro artigo sobre a nova safra de bandas vou citar três que me impressionaram muito...

Sioux 66

Hard Rock de primeiro mundo, a banda paulista, Sioux 66 apresenta uma musicalidade fenomenal. As influências de Aerosmith, Guns e outras, do gênero, são evidentes mas com uma identidade própria e letras em português, algo raro no gênero. Formada em 2011 estão no segundo álbum com a parceria da Sony Music. Vale a pena conferir o som dos caras.



Purpura Ink

Mais uma banda de Hard Rock oitentista estilo Glam pra ninguém botar defeito com uma pegada que te apanha pelo ouvido. Este quinteto do Maranhão é simplesmente perfeito. Seu primeiro álbum, Breakin’ Chains, possui todos os elementos do estilo, com riffs grudentos, peso e solos na medida certa aliados a um vocal excelente e tudo produzido com muita dedicação e qualidade. Escute que você não vai se arrepender.

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Corazones Muertos

Para quem curte a base do punk rock, como eu, esta banda é um achado e como todo legado punk, tem uma história no mínimo inusitada. Corazones Muertos começou sua história no início dos anos 2000 na Argentina e lançou cinco álbuns. Mais de uma década depois Joe Klenner, atualmente erradicado no Brasil, resolveu reviver a banda, em 2013, com uma formação brasileira e o resultado é surpreendente. Basta dizer que os caras já tocaram como a banda do Mickey Leigh, irmão do Joey Ramone em São Paulo. O som dos caras é excelente principalmente para quem curte NY Dolls, Ramones, Hanoi Rocks, Sex Pistols, Dead Boys e Johnny Thunders And The Heartbreakers. Curte aí.

Corazones Muertos - Perfil no Facebook



Pois é, o rock nacional está muito bem servido e te garanto que tem muito mais. Aos poucos vou mostrando por aqui o que está rolando por aí. Sem esquecer que na cena underground cristã também tem muita coisa boa que logo estarei divulgando. Curte ai e vamos dar uma força pras coisas legais do nosso Brasil.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Modos & Estilos #011 - Van Halen - Van Halen

Quem me mostrou pela primeira vez o álbum de estréia da banda americana, Van Halen, foi meu amigo Hamilton. Foi um tapa na orelha, pois nunca havia escutado nada naquele nível. Estou falando do álbum homônimo da banda, lançado em fevereiro de 1978.



O Van Halen foi fundado pelos irmãos Eddie e Alex Van Halen, holandeses de nascença que migraram para os USA em 1962, ainda crianças. Desde pequenos os irmãos estudavam piano e inicialmente Eddie era baterista mas seu irmão Alex se mostrou melhor com as baquetas e Eddie foi para a guitarra.

Em 1972 fundaram uma banda chamada Mammoth que contava com Eddie Van Halen na guitarra e vocal, Alex Van Halen na bateria e Mark Stone no baixo. Em 74 Michael Anthony assume o baixo e David Lee Roth os vocais. Algum tempo depois descobriram que havia outra banda com o mesmo nome e, por sugestão de David, mudaram o nome para Van Halen, com sua formação clássica.



Em 1976 o grupo conseguiu sua primeira demo, produzida por Gene Simons do do KISS, mas houve pouco interesse das gravadoras. Mas após várias matérias elogiosas do Los Angeles Times, o produtor Ted Templeman resolveu conhecer a banda e no outono de 77 assinou um contrato com a trupe e em dezembro do mesmo ano é lançado o álbum, Van Halen, que iremos analizar a partir de agora.

O Álbum


O disco abre com a matadora Runnin' With The Devil que trata exatamente disso, de alguém que descobriu que a vida não é nada fácil e está disposto a tudo para chegar a algum lugar e por isso está correndo com o diabo. Em seguida temos o tema instrumental Eruption que mostra toda a técnica de Eddie nas seis cordas. Não se engane, ninguém tocava deste jeito naquela época e foi realmente impactante. A terceira faixa é o sucesso estrondoso You Really Got Me, dos ingleses do Kinks, faixa obrigatória nas festas de garagem e que fala daquela garota que deixa o cara perdido. Na sequencia, outro sucesso. O riff pegajosos de Ain't Talkin' 'Bout Love pega de primeira. A letra é uma conversa com alguém que está no fundo do poço. Depois temos I'm The One, rápida com outro riff contagiante é rock'n rolll da melhor qualidade a letra mostra que os caras não são nem um pouco modestos e tem plena consciência de são bons no que fazem e rola até uma capela boogie woogie muito legal. Jamie's Cryin' é letra de curtir um fora mas a música tem uma pegada muito boa. Baixo bem marcado, bateria precisa guitarra econômica e vocais bem elaborados. Mostra o lado mai pop da banda. Em seguida temos Atomic Punk com sua abertura que lembra um trem. Hard rock bem tocado que fala sobre os subterrâneos que margeiam o status quo vigente. O baixo é muito bem trabalhado e o solo é nervoso. Feel Your Love Tonight é puro sexo adolescente e sem compromisso. É a cara da banda: diversão sem preocupação. Com um pé no blues e no soul Little Dreamer da uma quebrada no ritmo alucinado com um pouco de introspecção mas sem perder o peso. O riff passeia por toda a canção, as vezes com a guitarra e outras com o baixo. Boa composição. Caminhamos para o fim com Ice Cream Man que começa com uma pegada mais rockabillye acústica que depois ganha peso. Totalmente praiana, esta "melô" do sorveteiro é realmente bem bacana de se ouvir. O trabalho fecha com On Fire, tipico som de encerramento de show com aquele gosto de quero mais. Guitarra sensacional, vocais lembram muito o hard rock dos 70s. Excelente escolha para encerrar o primeiro álbum

Conclusão


Van Halen, o álbum, é um excelente trabalho de estréia. Musicalidade e testosterona a flor da pele. Diversão o tempo todo sem nenhuma pretensão de discutir conceitos ou fazer denúncias. Ouvindo agora, as letras até soam meio bobas mas a música continua, atual e impactante. Um álbum que deve fazer parte de qualquer discoteca básica que se prese. Confira abaixo.


Você pode adquirir o álbum em MP3, CD, Vinil ou K-7 em:
https://www.amazon.com/Van-Halen-Reissue/dp/B00122IYJY/ref=sr_1_2?ie=UTF8&qid=1479862160&sr=8-2&keywords=van+halen

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Legacy Of Kain - Greta

Foi com grande entusiasmo que fui informado pelo vocalista Jason Ribeiro, sobre o lançamento do primeiro trabalho de estúdio da banda curitibana de metal, Legacy Of Kain. O LOK é formado por músicos com grande experiência na cena musical nacional. Jason Ribeiro (vocal),  Angelo Torquetto (guitarra), Karin Serri (guitarra), Leon PS (baixo) e Tiago Rodrigues (bateria) formaram um grupo que vem com uma proposta séria, de qualidade e, com certeza, duradoura. A banda debuta com um EP, gravado em outubro de 2016 nos estúdio Silent Music (Curitiba) com capa desenhada por Carlos Fides. O EP GRETA...



São apenas três músicas de um trash metal de primeiro mundo super bem produzido e que não cansa. As melodias, o peso, o vocal agressivo porém facilmente compreensível e cantado em português sem soar estranho como é comum em algumas bandas. As letras são inteligentes e profundas levando a reflexão. Mas vamos as músicas:

Não Justifica - Fala das atitudes injustificadas que temos ao longo da vida e das dificuldades em se viver na realidade caótica que nos cerca. Um chamado aos homens e mulheres de bem para estarem preparados para o que está por vir. A batida é nervosa e intercalada por momentos de reflexão. Guitarras excelentes, tudo na medida certa, sem as tradicionais fritações que muitas vezes estragam o gênero.
Tudo a Perder - Os elementos do Trash tradicional com uma levada mais moderna. Guturais no momento certo, riffs matadores. A letra fala da necessidade de nadar contra as correntes de um sistema invertido em valores onde os conscientes são vistos como os loucos.
Epiphania - Mais uma música que nos leva a querer lutar e reagir, mostrando as nossas misérias e as necessidades de se formar uma nova geração mais consciente. 

Greta é um EP que nos deixa com vontade de ouvir mais. Bacana a evolução musical dos caras que com o amadurecimento sabem dosar as técnicas. Enfim, um álbum para escutar e re-escutar inúmeras vezes.

A banda disponibilizou o download gratuito no endereço abaixo:


Curta também o Lyric Vídeo de Não Justifica


Modos & Estilos #10 - The Jimi Hendrix Experience - Are You Experienced

Se compararmos as performances de Jimi Hendrix, na guitarra, com as técnicas atuais vamos dizer que ele era um bom guitarrista, mas se viajarmos no tempo e formos para os anos 60 quando nenhuma dessas técnicas haviam sido criadas veremos que ele era um alienígena. Johnny Allen Hendrix, nome de nascimento posteriormente mudado para James Marshall Hendrix, nasceu em Seatlle em 27 de novembro de 1942. Em 1966 foi para a Inglaterra através do empresário e músico  Chas Chandler que o ajudou a formar o The Jimi Hendrix Experience que contava com o baixista Noel Redding e o baterista Mitch Mitchell.



A banda lançou três álbuns de estúdio que mostram um amadurecimento musical impressionante que infelizmente não durou muito tempo, por conta de desavenças pessoais entre os músicos. Dos três álbuns vou me ater ao primeiro não por ser o melhor dos três mas pelo impacto que causou na época com suas faixar inspiradores e inovadoras. O lendário Are You Experienced



Are You Experienced, mistura baladas, psicodelia e blues tradicional numa receita eletrizante que só não chegou ao número um das paradas por conta do fantástico Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band dos Beatles. É considerado por vários especialistas, o melhor álbum de estréia de todos os tempos, e foi eleito o quinto álbum mais importante da era do rock. Foram lançadas duas versões do álbum. Uma inglesa e outra americana ambas com 11 faixas. Na versão inglesa ficaram de fora as canções Purple Haze, Hey Joe e The Winds Cries Mary lançadas na forma de singles. Posteriormente as versões foram relançadas com as faixas faltantes incluídas como bônus e em 2010 foi feita uma versão remasterizada com 17 faixas.

Independente das versões, Are You Experienced é um álbum simplesmente arrebatador que mostra o que é possível quando se juntam mentes brilhantes. As experiências de estúdio de Jimi com amps, pedais e efeitos de edição o baixo bem trabalhado de Redding e a bateria energética de Mitchell nos levam a uma experiência sonora sem precedentes. Mesmo hoje, quase cinquenta anos após seu lançamento este disco mexe com os sentidos e ainda soa de vanguarda.

Versão inglesa

  1. Foxy Lady
  2. Manic Depression
  3. Red House
  4. Can You See Me
  5. Love Or Confusion
  6. I Don't Live Today
  7. May This Be Love
  8. Fire
  9. Third Stone From The Sun
  10. Remember
  11. Are You Experienced?

Versão americana

  1. Purple Haze
  2. Manic Depression
  3. Hey Joe (Billy Roberts)
  4. Love Or Confusion
  5. May This Be Love
  6. I Don't Live Today
  7. The Wind Cries Mary
  8. Fire
  9. Third Stone From The Sun
  10. Foxy Lady
  11. Are You Experienced?

Ouvindo

Para uma análise vou descrever a versão remasterizada com suas 17 faixas

Purple Haze - É o hino da psicodelia e das viagens de ácido e as experiências sensoriais provocadas pelos alucinógenos. Seu riff marcado com a bateria seca no início é como um martelo batendo dentro do cérebro do ouvinte. O vocal tem um tom de desespero pela insegurança entre a realidade e o mundo proporcionado pelas substâncias.
Manic Depression - Fala de relacionamento conturbado e do amor pela música. A pegada é acelerada com uma bateria alucinada que não para nunca. Já se ouvem as microfonias e os solos rápidos que marcam.
Hey Joe - Um clássico que conta a história de um homem traído que atira na mulher adúltera e foje para escapar da lei. A canção é do músico americano Billy Roberts. Ficou imortalizada na versão de Hendrix. Uma balada que contagia.
Love Or Confusion - Mais uma história de relacionamento. O trabalho da bateria é marcante. A guitarra é nervosa e transmite bem o clima de confusão que a letra fala.
May This Be love - É uma das minhas preferidas. Um clima de calma abientado na onda de psicodelia que permeava a música produzida nesta época. O trabalho de estúdio é muito bacana com os sons passeando de um canal para outro. Sensacional.
I Don't Live Today - Mais uma peça que mostra muita angústia de alguém que não está totalmente certo do que procura. O riff é marcante e qundo não é feito pela guitarra é continuado pelo baixo. O final é bem caótico.
The Wind Cries Mary - Blues arrastado que parece tocado em um bar. Uma peça de extrema beleza. Só ouvindo mesmo. Tem muitas referências de Stones e Dylan.
Fire - Mais uma música sobre garotas. Rock'n Roll da melhor qualidade com os elementos que marcam o estilo.
Third Stone From The Sun - Um belo exemplo de psicodelia Sci-Fi com toques jazzisticos mostrando a vasta escola musical. Baixo firme, bateria bem trabalhada, efeitos de estúdio, uma música mágica.
Foxy Lady - Mais um música feita para alguém especial. Realmente o cara gostava de garotas. O clima da canção é bem sugestivo e é um dos clássicos de Jimi. Peso e swing numa mesma música na medida exata.
Are You Experienced? - Mais uma psicodelia lisérgica e bem explícita cheia de experimentos de estúdio solos caóticos e uma levada hipnotizante.
Stone Free - Um dos singles que entrou como extra na versão remasterizada. As drogas são evidentes e tentam explicar toda a rebeldia de alguém que no fundo se sente prisioneiro. Lembra os Mods a lá TheWho.
51st Anniversary - Segue a mesma linha musical de Stone Free mas fala de relacionamentos familiares, casamentos bem sucedidos e mal acabados. Aliás família parece ser um drama recorrente na vida de Jimi.
Highway Chile - Rock'n Roll misturado com R&B contando a história de um andarilho que sai com sua guitarra vagando pelo mundo vivendo aventuras e desventuras. Muito boa de ouvir e curtir!
Can You See Me - Outra a lá The Who focada na necessidade de companhia feminina. Mais uma vez o baixo e a bateria dão toda a energia necessária para as seis cordas de Hendrix.
Remember - A letra é um pedido para que a garota perdida se lembre de como era legal estarem juntos. Rock na veia e no coração.
Red House - Não há o que falar de Red House, Blues arrastado de quem foi abandonado pela garota. Guitarra trabalhando o tempo todo que influenciou muita banda famosa por aí. Sensacional!

Não resta dúvida de que este álbum é um marco na história da música mundial. Revolucionário tanto nos conceitos musicais como nas técnicas e manipulação de estúdio. Inovador em todos os sentidos. E mesmo após meio século ainda surpreende e nos faz entender a genialidade destes três músicos. Pena que as drogas tenham interrompido a produção musical deste mito chamado Jimi Hendrix.

Ta esperando o que? Ouça logo!

terça-feira, 24 de maio de 2016

Modos & Estilos #09 - Kansas - Kansas

Escolher um álbum da banda americana de rock progressivo, Kansas, não é uma tarefa das mais fáceis. Por isso resolvi me ater aos álbuns lançados na década de 70. Mesmo assim não foi tão simples quanto eu supunha, por isso escolhi o álbum homônimo que marcou a estréia da banda, lançado em 1974.

O grupo foi formado em 1970 mas sofreu algumas mudanças até chegar a formação do álbum de estréia, com: Phil Ehart – bateria e percussão; Dave Hope – baixo e vocal; Kerry Livgren – guitarra, teclados e vocal; Robby Steinhardt – violino e vocal; Steve Walsh – teclados, percussão e vocal e Rich Williams – guitarra.

O álbum de estréia foi gravado no Record Plant Studios, de Nova York, em 1973 e lançado em março de 1974. Produzido por Wally Gold, chegou as lojas pelos selos Kirshner - Legacy/Epic.

Suas oito faixas fazem um passeio por um prog rock da melhor qualidade unido a elementos do folk e do hard. Deste disco ainda foram lançados dois singles com as músicas: Can I Tell You em 74 e Bringing It Back em 75. As músicas foram compostas, na maioria, por Livgren e Walsh sendo que as canções de Livgren são mais longas, mais elaboradas e repletas de misticismo.

Enfim, trata-se de uma compilação que não pode faltar em nenhuma discoteca digna de respeito. O trabalho foi relançado em CD em 2004 com uma faixa bônus (Bringing It Back) gravada ao vivo e relançado em vinil em 2014. O Kansas é uma banda que emplacou grandes sucessos ao longo de sua carreira e que influenciou muitos grupos. Vale a pena a audição deste trabalho assim como de toda a discografia do grupo.

Ouça o álbum no Spotfy clicando no Link abaixo:
https://open.spotify.com/album/5DwyFzATQVpvXqG4HXaJMj


quarta-feira, 20 de abril de 2016

Colocando Deus de Lado

Estava escutando algumas músicas evangélicas dessas cantoras e cantores famosos no meio, e como de costume fiquei prestando atenção nas letras das canções. Sem nenhum medo de errar, 90% do que escutei foram coisas do tipo: "eu posso...", "eu vou",  "eu derrubo", "eu quero", "a vitória", "o inimigo", "quero a unção de Davi", "vou derrubar o gigante", "vou ser reconhecido", "você vai passar por cima", "você vai vencer", "você é vencedor", "você pode" e por aí vai... Isto é apenas uma amostra, pois a lista é interminável.

Não estou dizendo que estas afirmações não acontecem na vida do servo de Deus, pois creio num Deus Onipotente para qual não existe impossível. A minha crítica aqui a para a centralidade das mensagens. O foco principal da maioria das letras é sempre o homem e as realizações pessoais. Mesmo quando há uma aura de espiritualidade é para conseguir uma unção divina que propicie uma realização humana.

Deus deixa de ser o centro da adoração e passa a exercer a mera função de um gênio saído das mil e uma noites para realizar nossos desejos, como um garoto de recados a disposição dos desejosos. Mas quais as implicações dessa prática.

Existem inúmeros malefícios que podem surgir desta tendência, mas talvez, o mais sério, a transferência do objetivo da adoração. Dentro do pensamento cristão, somente Deus na sua manifestação trina é digno de ser adorado. Qualquer desvio desta linha mestra transforma adoração em idolatria. Sei que é uma afirmação forte mas não há como negar que a origem de ações que tiram Deus da sua posição principal e o colocam como coadjuvante, ainda que o exaltem, não tem base na divindade e sim na oposição a mesma. Em resumo: são manifestações humanistas que colocam o homem no centro do universo que podem ter inspiração na soberba do homem ou pior, no maligno.

Canções de auto-ajuda, com mensagens sociais e políticas, músicas românticas não são erradas e nem se constituem em pecado. Não há nenhum problema em escutá-las fora do ambiente do culto e consciente de que não possuem conteúdo teológico voltado ao serviço cristão. O grande entrave é quando estas peças musicais são utilizadas nos cultos levando as fiéis a deixarem de adorar a Deus.

Temos que ter um cuidado extremo ao escolher as músicas que serão utilizadas durante o culto. Elas devem ser de: louvor e adoração. Devem exaltar a Deus acima de tudo. O culto não é o lugar para solucionar problemas pessoais. A bíblia já define um lugar para isso. É o seu quarto!

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Modos & Estilos #07 - Renaissance - Ashes Are Burning

Se existe uma banda que eu curti muito na minha adolescência foi o Renaissance. O grupo britânico formado em 1969 pelos ex-integrantes do Yardbirds; Keith Relf e Jim McCarty, teve várias formações até chegar a chamada formação clássica com: Annie Haslam nos vocais, Jon Camp o baixo e voz, John Tout nos teclados e vocal, Terence Sullivan na bateria e vocais e Michael Dunford nos violões.

É com está equipe de peso que surge o magnífico álbum Ashes Are Burning em 1973 além de mais cinco discos simplesmente brilhantes.

O Disco


Ashes Are Burning é o quarto álbum de estúdio do grupo e o primeiro a contar com apoio de uma orquestra. Além da banda contou com a participação do guitarrista Andy Powell na faixa título do disco. O trabalho foi lançado pela EMI no Reino Unido e pela Capitol Records nos USA onde chegou ao número 171 no Billboard 200 inaugurando a fase americana da banda.

As músicas


Com apenas seis músicas o álbum tem uma duração de aproximadamente 40 minutos de prog rock da melhor qualidade.

O álbum inicia com Can You Understand e seus apelos transcendentais de libertação da mente e da alma, numa pela mistura de folk, rock e uma pegada bem clássica com mudanças de ritmo e tempo e a voz quase hipnótica de Annie acompanhada de belíssimos arranjos de cordas. detalhe para o belo trabalho do baixo. Aliás está é uma característica comum nas bandas de prog.

Em seguida temos Let It Grow que inicia como uma caixinha de música nas mãos de uma pessoa apaixonada. E é sobre isso mesmo que a canção fala: do amor. Arranjo simples e belo com uma bateria bem marcada que transmite um sentimento de paz interior muito bacana.

Na sequencia temos On the Frontier. Trata-se de um típico hino da geração Flower Power que acreditava na possibilidade de um mundo melhor através de uma revolução feita pacificamente. Excelente canção com uma introdução de violão bem folk e toda cantada em coro.

Logo em seguida temos Carpet of the Sun que dá sequencia a vibe hippie da obra. Mais uma vez o violão se destaca mas acompanhado pelos arranjos de cordas da orquestra e a voz magistral de Annie.

Em seguida um forte mudança de clima com o piano forte de At the Harbour que da lugar a um dedilhado melancólico com uma história de medo e morte nos lembrando que nem tudo são flores. Uma canção para se ouvir e refletir sobre as razões da vida.

Finalmente chegamos a canção que se tornou um dos hinos da banda: Ashes are Burning. Épica! Não encontro outro termo mais adequado para definir a última faixa deste álbum. Tinha que ser a última do disco pois fala de destino. Um destino incerto que é construído ao longo da nossa caminhada. Como diria o Milho: Sensacional!

Conclusão


Este é um álbum que não pode faltar em qualquer discoteca de respeito. Não apenas para os amantes do rock progressivo mas para qualquer um que aprecie boa música. Sem dúvida um disco que não será esquecido e nem repetido.

A banda ainda se encontra na ativa e você pode obter mais informações no site oficial em: http://renaissancetouring.com/. Esta obra prima está disponível também no Spotfy, logo abaixo.


sexta-feira, 31 de julho de 2015

Thalleco Teco

Estou acompanhando já há alguns dias toda esta polêmica em torno do cantor Thalles Roberto após o mesmo ter proferido declarações a respeito dos artistas gospel nacionais. Basicamente o que ele falou foi o seguinte:

"Eu sou uma pessoa melhor que todos eles juntos cantando no mesmo palco, e eu sozinho bato em todo mundo... Hoje eu sou rico irmãos, muito mais que todos os outros cantores Gospel, talvez se somar tudo o que eles têm não da metade do que Deus me deu..."

O que dizer a respeito disso? Errou, e errou feio. Aliás, conheço alguns músicos e cantores cristãos que sozinhos, sem banquinho e violão, dão de goleada na música fácil desse menino travesso. O Thalles é um produto de uma indústria altamente lucrativa e alimentada pelo analfabetismo cultural e teológico de grande parte dos "cristãos" de hoje em dia. Pseudo música para uma geração sem Bíblia, acostumada a consumir qualquer coisa que venha embalada em plástico colorido e que está sempre com os olhos fixos em seus espelhos negros, sem olhar a sua volta e muito menos para cima. 

Mas nem tudo que ele disse é mentira, e talvez essa seja a  razão de tanta indignação. Grande parte da música "gospel" produzida e consumida em solo nacional é lixo, onde o que difere da chamada música secular, são: carruagens e cavalos no lugar de um Camaro, taças no lugar de copos, fogo e unção no lugar de sexo e balada. Mas não é sobre isso que eu quero falar.

O mi, mi, mi dos indignados...


Imediatamente, a galera afetada começou a dar seus pronunciamentos, uns mais raivosos, outros mais brandos, mas todos demonstrando indignação com o Thalleco...

Amanda Ferrari disse que ficou indignada e triste e que ele estava se colocando acima dos nossos (dela) líderes espirituais. Vanilda Bordieri escreveu no Twitter que “uns entram no templo para ver qual é o fim do ímpio, outros saem do templo para ver seu próprio fim". Bom, eu vou ao templo celebrar o Deus que eu sirvo. O Trazendo a Arca postou no Instagram uma foto dos músicos fazendo o símbolo dos 3 – marca registrada de Thalles. Cassiane aproveitou para lembrar de seus 34 anos de carreira e que é 500 graus. Não sei onde é tão quente assim! Mas ela anda meio caidinha, tem mais é que aproveitar mesmo. Nani Azevedo, Ana Paula Valadão e mais uma renca despejou sua indignação com o menino.

Não estou dizendo que eles estão errados em ficar tristes com as declarações, mas a minha pergunta é: Eles fazem música para exaltar a Deus ou para se auto promoverem? Eles são adoradores, como afirmam ser, dispostos a serem odiados, caluniados e sofrerem pelo evangelho ou são estrelas intocáveis em um palco iluminado pensando que viver em Cristo tem sabor de mel?

É só uma pergunta...


segunda-feira, 13 de julho de 2015

Esse tal de Roque Enrow!

Quem é ele? Quem é ele? Esse tal de Roque Enrow!
Um planeta, um deserto, Uma bomba que estourou
Ele! Quem é ele? Isso ninguém nunca falou!
Hoje é 13 de julho e tem uma galera comemorando o Dia Mundial do Rock. Mas será que temos o que comemorar? O rock, enquanto estilo de vida sempre foi provocador, rebelde, contestador. A história do rock é a história do rompimento com o establishment, ou seja, com as regras do sistema. O rock colocou negros e brancos para dançarem juntos em uma sociedade segregacionista, o rock criticou as guerras, questionou o Status Quo vigente, combateu a miséria e a opressão. Ganhou as ruas, levantou bandeiras e deixou o sistema quase louco a ponto de usar a força para tentar pará-lo sem sucesso. Mas o sistema sempre foi esperto e mudou suas táticas e começou a dar dinheiro, muito dinheiro para o rock. E o rock gostou de ver a grana em seu bolso e começou a gastar em festas ricamente decoradas com sexo barato e drogas caras. O rock pirou!

E viu o rock, que o dinheiro era bom! Caindo de bêbado, o rock foi ao sistema pedir mais dinheiro e o sistema lhe deu, mas também começou a fazer algumas exigências. Agora o rock já não podia contestar certas coisas e tinha que se comportar melhor, afinal haviam crianças na sala assistindo as performances do rock. Mas o rock achou que não tinha problema pois agora o dinheiro estava sobrando, mudou-se para uma mansão e comprou um jato particular. O rock já não era mais o mesmo. Perdeu o encanto e ficou restrito a meia dúzia de representantes que trabalham para o sistema e reúnem-se em grandes eventos patrocinados por grandes corporações. Velho e debilitado em virtude dos exageros químicos da juventude o rock passa mais tempo nos médicos do que nos palcos. Seus filhos são caretas e ricos demais para sair do conforto e cair na estrada e seus netos passam mais tempo nas redes sociais combinando a próxima balada e gostam de música eletrônica só para dançar.

As vezes ele lembra dos velhos tempos, mas os cabelos brancos já não combinam com a rebeldia do início. Dizem que ele esta vivo mas na verdade é só um sósia, um ator profissional que finge ser rock mas que foi formatado em algum laboratório de propriedade do sistema que lucra mais e mais e da boas gargalhadas com os rebeldes de hoje, tão corretos politicamente, tão inofensivos criticamente e tão patéticos ideologicamente. Ele já não é aquele menino sabido da musica da Rita Lee.



Ela nem vem mais pra casa, doutor. Ela odeia meus vestidos,
Minha filha é um caso sério, doutor. Ela agora está vivendo
Com esse tal de... Roque Enrow, Roque Enrow, Roque En...

Ela não fala comigo, doutor, Quando ele está por perto
É um menino tão sabido, doutor, Ele quer modificar o mundo
Esse tal de Roque Enrow, Roque Enrow

Roquem é ele? Quem é ele? Esse tal de Roque Enrow?
Uma mosca, um mistério, uma moda que passou
E ele, quem é ele? Isso ninguém nunca falou!

Ela não quer ser tratada, doutor, e não pensa no futuro
E minha filha está solteira, doutor, ela agora está lá na sala
Com esse tal de Roque Enrow, Roque Enrow, Roque En...

Eu procuro estar por dentro, doutor, dessa nova geração
Mas minha filha não me leva à sério, doutor, ela fica cheia de mistério
Com esse tal de Roque Enrow, Roque Enrow

Roquem é ele? Quem é ele? Esse tal de Roque Enrow?
Um planeta, um deserto, uma bomba que estourou
Ele, quem é ele? Isso ninguém nunca falou!

Ela dança o dia inteiro, doutor, e só estuda pra passar
E já fuma com essa idade, doutor, desconfio que não há mais cura
Pra esse tal de Roque Enrow, Roque Enrow, Roque Enrow
Roque En...row

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Modos & Estilos #05 - ELP - Brain Salad Surgery

Na minhas inúmeras fases musicais teve a do Rock Progressivo, gênero que continuo apreciando. Tive muitos álbuns na minha coleção mas o meu preferido sempre foi o Brain Salad Surgery do Emerson, Lake And Palmer. Trata-se do quarto álbum de estúdio da banda brtânica e foi lançado em 19 de novembro de 1973 pelo selo Manticore (fundado por Greg Lake) e Atlantic Records. A arte da capa foi desenhada pelo artista HR Giger que também é o criador do personagem Alien.

Este álbum foi o gravado nos estúdios da Manticore (foto), gravadora da banda e foi produzido com o objetivo de ser reproduzido ao vivo da mesma forma que foi gravado.

As Músicas


Jerusalem - Uma adaptação do hino de Hubert Parry, sobre um poema de William Blake. Uma bela canção épica e espiritual, mas não se engane. Apesar de ser uma música com temática cristã o álbum não é puritano.

Toccata - Faixa instrumental baseada no primeiro movimento do primeiro concerto para piano de Alberto Ginastera, com arranjos de Keith Emerson. Trata-se de uma faixa bem Sci-Fi. Lembro-me que quando ouvia esta música imaginava exploradores espaciais em um planeta distante.

Still You Turn Me On - É a balada do álbum. Bela canção que fala sobre uma paixão  que permanece viva.

Benny the Bouncer - Até hoje não consigo entender porque esta música foi incluída neste álbum. Simplesmente não se encaixa. A letra conta a história de um segurança de bordel metido a valentão que um dia encontra um engraxate que acaba lhe tirando a vida. É ambientada nas histórias do Velho Oeste. A música em si não é ruim mas é desnecessária.

Karn Evil 9 - Trata-se de uma peça épica com quase meia hora de duração e dividida em três partes a saber: Primeira, Segunda e Terceira Impressão. A Primeira Impressão é uma composição de rock progressivo tradicional com todos os elementos do gênero e fala de um mundo onde o entretenimento é a arma para manter as pessoas cativas. A Segunda Impressão é um instrumental fantástico com muitos elementos de jazz e uma linha de baixo incrível, uma bateria soberba e um piano magnifico. A Terceira Impressão remete a um tema épico com muitos sintetizadores levando a um climax de dominação pela máquina como se ela fosse uma divindade.

É praticamente unânime a constatação de que este álbum é o melhor trabalho feito pelo trio. Os trabalhos posteriores não conseguiram repetir a perfeição deste disco. Lembro-me de escutá-lo repedidas vezes. Mesmo hoje ainda soa inovador. Me parece que os três músicos encontram em Brain Salad Surgery o equilíbio perfeito. Um incrível legado que ainda será ouvido por muito tempo. Meu único arrependimento é ter me desfeito dos meus discos.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Sim, a música perdeu um ícone

Conheci a banda britânica Yes em 1975 na casa de um amigo, o Mauro, que tinha o The Yes Album (foto) e confesso que foi amor a primeira vista. Depois vieram os demais discos, tanto os anteriores quanto os posteriores. Lembro-me que havia uma disputa para ver quem comprava certo álbum primeiro. Minha grande vitória foi o álbum duplo Yesshows de 1980, edição importada com encartes e tudo mais. Depois acabei trocando este último pelo álbum triplo do Emerson, Lake and PalmerWelcome Back My Friends to the Show That Never Ends... Ladies and Gentlemen, pois era fan do ELP, mas isso é outra história.

O Yes é uma daquelas bandas que você não cansa de ouvir. A textura musical proporcionada por músicos excepcionais como: Jon Anderson com seu vocal inconfundível, Steve Howe com sua guitarra hipnótica, Rick Wakeman e seus teclados magistrais, Bill Bruford e Alan White com suas baquetas precisas e o fenomenal Chris Squire comandando as quatro cordas com uma genialidade ímpar colocando o contra-baixo em um patamar nunca visto antes.

Christopher Russell Edward Squire, nasceu em 4 de março de 1948 em Londres. Inciou sua vida musical, ainda criança, no coro da igreja. Esta iniciação musical lhe conferiu uma capacidade de arranjo que o acompanhou até o dia 27 de junho de 2015, data em que o músico talentoso veio a perder a guerra contra a leucemia.

Aos 16 anos de idade foi expulso da escola por conta de seus longos cabelos. Nunca mais voltou optando por dedicar-se ao instrumento que lhe deu fama e reconhecimento. Em 65 montou sua primeira banda, The Selfs e comprou seu inseparável Rickenbacker RM1999, numero de série DC127 que o acompanhou até o fim. Em 66 formou o The Syn, com o guitarrista Peter Banks. Tempos depois com Jon Anderson uniu-se a Tony Kaye e Bill Brufford formando o Yes.

Junto com o Yes, Chris construiu uma carreira solida. Músico de rara sensibilidade colocou o contrabaixo em uma posição de destaque transformando este instrumento de apoio em protagonista das viagens musicais da banda.

Squire também se aventurou em discos solos, não muitos: Fish Out Of Water (1975) o mais popular de seus trabalhos pessoais, aclamado pele crítica e pelos fãs. Com Billy Sherwood (ex Yes), lançou Chris Squire & Billy Sherwood: Conspiracy (2000) e The Unknown (2003 ) e em 2007 lançou Chris Squire’s Swiss Choir.

O talento e o baixo marcante de Chris podem ser comprovados em músicas como: The Fish (Schindleria Praematurus) do álbum Fragile de 1971,  Can You Imagine do álbum Magnification de 2001, Tempus Fugit do álbum Drama de 1980, The Gates Of Delirium do fantástico Relayer de 1974, Close to the Edge do álbum homônimo de 1972 além de muitas outras faixas onde podemos ouvir e apreciar todo o talento deste músico único que serviu de inspiração para baixistas renomados como Les Claypool (Primus) e Geddy Lee (Rush)

Desde maio deste ano (2015) Chris estava afastado dos palcos para tratar um tipo raro de leucemia, a eritroide aguda. No último sábado, 27 de junho, o músico, aos 67 anos, não resistiu e veio a falecer deixando a esposa Scotland, as filhas Camille, Xilan e Chandrika e o filho Cameron. Para os fans fica o legado construído ao longo de meio século de virtuosismo ao lado de grandes nomes da música. Sua obra, seus solos, suas composições estão ai para que as novas gerações possam aprender com este cara que fez do contra-baixo um instrumento de destaque.