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domingo, 15 de janeiro de 2017

Modos & Estilos #014 - Focus - Live At The Rainbow

Um certo dia estava na casa de um amigo e ele me mostrou e colocou para tocar o LP Live At The Rainbow da banda Focus. No dia seguinte eu já estava na loja de discos, do bairro, comprando um exemplar para minha coleção. Foi amor a primeira vista e é sobre esta banda e este álbum que iremos tratar nesta postagem.



O Focus é um grupo holandês de Rock Progressivo formado em 1969 pelo músico Thijs Van Leer (Teclado e Flauta). O Grupo lança seu primeiro álbum, intitulado In and Out of Focus, em janeiro de 1971, seguido do Moving Waves, ainda em 71 e Focus III no final de 72.

Em outubro de 73 lançam seu primeiro registro ao vivo, o lendário Focus at the Rainbow que iremos analisar nesta postagem. O álbum foi gravado no Rainbow Theatre em Londres em 5 de maio de 1973. Seu lançamento não estava previsto mas devido a divergências internas foi lançado no lugar de um álbum de estúdio que estava previsto para ser lançado mas foi adiado.



O disco trás a formação clássica com Thijs van Leer (teclado, flauta e vocais), Jan Akkerman (guitarra), Bert Ruiter (baixo) e Pierre van der Linden (bateria) e mostra toda a musicalidade da banda ao vivo, com espaço para performances mais arrojadas e improvisos.

Trata-se de um registro indispensável em qualquer discoteca de rock de respeito. Vale lembrar que a banda é, até hoje,considerada uma das maiores do gênero com uma musicalidade a frente do seu tempo, misturando elementos do rock, do jazz e da música erudita. Mas vamos ao disco.

As Músicas


1 - Focus III - O disco inicia com esta fantástica peça instrumental do álbum homônimo onde a guitarra de Akkerman é o ponto alto da faixa. Tema curto e lindo.

2 - Answers? Questions! Questions? Answers! - Sem intervalo, chegamos a este tema energético, que também faz parte do Focus 3, com seus vocais de fundo e um órgão maravilhoso e muitas mudanças de ritmo. Encanta qualquer um que aprecie boa música. A flauta de Thijd van Leer trás um clima que mistura o moderno e o erudito numa alquimia perfeita. Destaque para a o trabalho de van der Linden na bateria criando as mudanças de ritmo e o clima para esta composição intrigante e instigante. A integração do teclado e guitarra com o baixo e a bateria é espetacular. São quase 12 minutos de instrumental com vários elementos do Jazz. Uma obra prima!

3 - Focus II - Esta vem do álbum Moving Waves e apresenta uma linha de guitarra exuberante que passeia em cima de uma base simples e solida fornecida pelos demais instrumentistas.

4 - Eruption - Também do álbum Moving Waves, aqui ganha uma versão mais comedida com pouco mais de oito minutos contra os mais de 23 minutos da versão de estúdio. Trata-se de uma peça em vários movimentos com características bastante fortes da música erudita.

5 - Hocus Pocus - Esta talvez seja uma das músicas mais emblemáticas da banda e se transformou num hino que representa a identidade da trupe holandesa. A pegada quase hard, a bateria bem trabalhada, o riff insistente e o vocal ensandecido cantado a tirolesa. Um clássico. Se você não conhece a banda deveria pelo menos ouvir este som. Esta música também é do álbum Moving Waves.

6 - Sylvia - Tema rápido que faz parte do álbum Focus 3, musica alegre e divertida com uma linha de guitarra muito bem escrita, daquelas que cola. Um bálsamo para os ouvidos.

7 - Hocus Pocus (reprise) - Para encerrar, a banda retorna com seu carro chefe, a linha de baixo neste trecho é matadora. Hocus Pocus é uma espécie de Prog Punk bem antes do surgimento do punk. A mistura com vocais clássicos e o passeio pelo Tirol são mágicos e funcionam perfeitamente. Termina quase um hardcore oldschool.

Conclusão


Focus Live At The Rainbow é um LP indispensável para quem quer conhecer esta banda e nos incentiva a escutar os outros trabalhos do grupo e compreender porque, até hoje, o Focus é considerado um dos maiores e melhores grupos de rock progressivo da história. Uma referência no gênero e uma escola para muita gente boa. Vale a pena cada segundo.



quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Modos e Estilos #013 - AC/DC - High Voltage

Sinceramente falando, eu não me lembro qual foi o primeiro álbum do AC/DC que eu comprei, mas sei, muito bem, qual foi o que me impactou mais! High Voltage! E é sobre este disco que vamos conversar.



Existem dois álbuns da banda com este título: o primeiro é o disco de estréia e foi lançado em 17 de fevereiro de 1975, somente na Austrália. Não é deste disco que vamos falar mas da versão internacional lançado em 14 de maio de 1976 e que trás faixas do primeiro High Voltage e do T.N.T (ambos lançados apenas na Austrália). Trata-se de uma compilação que mostra toda a força da jovem banda e que imediatamente cai no gosto da garotada.

Participam do trabalho: Bon Scott (vocal), Angus Young (guitarra), Malcom Young (guitarra), Mark Evans (baixo) e Phill Rudd (bateria). Com esta formação é que são gravados os três primeiros discos com distribuição internacional: High Voltage, Dirty Deeds Done Dirt Cheap e Let Ther Be Rock.

Trata-se de um álbum bastanta energético, puro rock, com riffs colantes e levadas simples. As letras são na maioria adolescentes e falam de festas, fama, mulheres, bebidas e jogatina. Não existe nenhuma pretensão de ser profundo ou conscientizador. A ordem aqui é divirta-se o mais que puder. Não há exageros, os solos de guitarra estão na medida exata, baixo e bateria cadenciados e vocal típico das bandas de hard rock. Enfim, uma banda que sabe exatamente o que está fazendo.

Músicas:


01 - It's A Long Way To The Top (If You Wanna Rock 'n' Roll) - Batida constante, riff pegajoso, gaita escocesa, refrão puro anos 70 e guitarra solo no momento certo. A música fala da difícil caminhada para se tornar um astro do rock.
02 - Rock 'N' Roll Singer - O bacana do AC/DC é a simplicidade. Riff de quatro notas, solo visceral , batida constante e o refrão grudento. Também fala sobre o mundo do Rock'n Roll. Uma delícia para os ouvidos.
03 - The Jack - Blues arrastado daqueles que mexem os músculos e os nervos. A música fala de uma partida de Poker do inciante com a experiente. O duplo sentido faz bastante sentido na música. Um clássico presente em todos os shows da banda.
04 - Live Wire - O baixo marcado e constante, numa única nota entrecortado pela guitarra que apenas toca acordes simples. Bateria entrando aos poucos e a batida cadenciada vai ganhando corpo. Música de estrada. Deve ter sido escrita em alguma interminável estrada australiana. Show de bola.
05 - T.N.T - Esta é clássica e mostra que a banda era uma fabricante de hits, desde os primeiros passos. Resumindo simplesmente explosiva para detonar seus neurônios.
06 - Can I Sit Next To You Girl - Música de adolescente que perde a garota para outro cara. Puro rock´n roll. Muito boa mesmo. A guitarra é genial e da um clima de comédia o tempo todo. Cine Pipoca.
07 - Litle Lover - Mais um blues desta vez falando de garotas e sexo. A velha história da garota que o cara se apaixona e depois "some". Música de duplo sentido com uma pegada muito boa.
08 - She´s Got Balls - Rock de qualidade pra contar a história do garoto que conhece uma mulher bem mais experiente do que ele e fica todo bobo. Muito boa a música.
09 - High Voltage - Perfeita para encerrar este álbum e deixar aquele gosto de quero mais.

Conclusão


High Voltage é daqueles álbuns de estreia que te fisgam na primeira audição. Não é a toa que os caras estão na estrada até hoje mantendo os velhos fãs e conquistando novos. Audição obrigatória e faz parte da discoteca básica do rock.


quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Modos & Estilos #012 - Kiss - Destroyer

Não tive muita coisa do Kiss em minha coleção mas o álbum Destroyer foi um deles. Pelo que me recordo foi o primeiro álbum do quarteto que eu adquiri. Este disco me fez curtir a banda e tem ainda uma história interessante. Na época, eu gostei tanto que comprei mais um para dar de presente a uma garota chinesa que eu namorava, só que ela não era uma apreciadora de rock. Foi engraçado ver ela tentando disfarçar a decepção ao receber o presente. Mas vamos ao que interessa.




Destroyer foi o quarto álbum de estúdio da banda e foi lançado, após o fantástico Kiss Alive, em 15 de março de 1976. Foi gravado em duas etapas: de 3 a 6 de setembro de 1975 no estúdio Eletric Lady e entre janeiro e fevereiro de 1976 no Record Plant Studio. A produção ficou a cargo de Bob Ezrin, que já havia produzido para Alice Cooper. Foi um relacionamento difícil com o gênio forte de Ezrin mas a escolha foi acertada e resultou num trabalho de extrema qualidade.

Contou com a formação clássica da banda: Paul Stanley (guitarra e vocal), Gene Simmons (baixo e vocal), Ace Frehley (guitarra solo) e Peter Criss (bateria e vocal). Estima-se que tenha vendido algo em torno de 6 e 7 milhões de cópias.



Em 2012 o álbum foi relançado com o nome de Destroyer Ressurect, contanto com a versão original do desenho da capa que é num tom mais sombrio do que a versão azul lançada em 1976. Mas vamos as músicas.

Detroit Rock City - A faixa inicia com sons que remetem a alguém que está saindo de carro, no rádio música da banda dos álbuns anteriores. Aos poucos a música vai crescendo numa levada poderosa de um hard rock da melhor qualidade. A letra é simples e fala sobre as diversões noturnas. O solo é simples, porém marcante. A batida constante da bateria mantém o clima de velocidade pelas ruas de Detroit. Encerra com uma batida de carro. Foi lançada no formato single em julho de 76. 

King of the Night Time World - Simplesmente sensacional, Riffs em cima do pedido, batida rápida num rock'n roll da melhor qualidade. Fala sobre as revoltas adolescentes em lares desconsertados. A busca da felicidade está na festa e na música onde o jovem vira rei. Ótima faixa.

God of Thunder - Vozes infantis, sons incidentais e um riff bem construído. O tema busca o lado sombrio do rock, recurso utilizado por muitas bandas mais como marketing do que por convicção. Um bom trabalho de guitarra e um vocal ameaçador.

Great Expectations - Primeira balada do álbum fala de desejos, principalmente sexuais. Os arranjos são muito bem elaborados com vocais bem equilibrados. Da uma grande guinada no ritmo do disco. Conta inclusive com um coral e orquestração.

Flaming Youth - De volta ao ritmo alucinante do álbum esta música é um hino de convocação que fala sobre a força da juventude e desafia as gerações anteriores. Musica rebelde para conquistar jovens e adolescentes.

Sweet Pain - Música média e bem feita fala de dominação e relacionamento mais baseado na força do que no amor propriamente dito.

Shout It Out Loud - Outro grande sucesso da banda. Mantem a pegada do disco, musica para dançar (na época). Um convite para deixar tudo de lado e simplesmente se divertir sem pensar mito em consequências.

Beth - Um dos maiores sucessos da banda, esta balada romântica com arranjos de piano e orquestra mostra o lado musical que estava se desenvolvendo nos garotos da banda. A letra fala da escolha pela fama que sempre acaba sacrificando relacionamentos e destruindo outros sonhos. Simplesmente sensacional.

Do You Love Me? - É a musica de encerramento. A esta altura toda a fama que os rapazes estavam conquistando traziam consigo muita gente interessada no poder da fama e não no famoso. A pergunta é: você está comigo por amor ou pelo que eu posso lhe comprar? É o preço de se tornar rico e conhecido. Excelente música.

Rock And Roll Party (untitled) - Faixa bônus, na versão original apenas uma faixa sem título. Brincadeira de estúdio com vozes sons e efeitos captações ao vivo convidando para uma festa de rock.

Conclusão


Destroyer é um disco muito bem produzido que mostra uma grande evolução musical dos membros da banda, em parte devido a produção de Bob Ezrim. É um álbum obrigatório em qualquer discoteca básica de rock. Curta ai...


terça-feira, 22 de novembro de 2016

Modos & Estilos #011 - Van Halen - Van Halen

Quem me mostrou pela primeira vez o álbum de estréia da banda americana, Van Halen, foi meu amigo Hamilton. Foi um tapa na orelha, pois nunca havia escutado nada naquele nível. Estou falando do álbum homônimo da banda, lançado em fevereiro de 1978.



O Van Halen foi fundado pelos irmãos Eddie e Alex Van Halen, holandeses de nascença que migraram para os USA em 1962, ainda crianças. Desde pequenos os irmãos estudavam piano e inicialmente Eddie era baterista mas seu irmão Alex se mostrou melhor com as baquetas e Eddie foi para a guitarra.

Em 1972 fundaram uma banda chamada Mammoth que contava com Eddie Van Halen na guitarra e vocal, Alex Van Halen na bateria e Mark Stone no baixo. Em 74 Michael Anthony assume o baixo e David Lee Roth os vocais. Algum tempo depois descobriram que havia outra banda com o mesmo nome e, por sugestão de David, mudaram o nome para Van Halen, com sua formação clássica.



Em 1976 o grupo conseguiu sua primeira demo, produzida por Gene Simons do do KISS, mas houve pouco interesse das gravadoras. Mas após várias matérias elogiosas do Los Angeles Times, o produtor Ted Templeman resolveu conhecer a banda e no outono de 77 assinou um contrato com a trupe e em dezembro do mesmo ano é lançado o álbum, Van Halen, que iremos analizar a partir de agora.

O Álbum


O disco abre com a matadora Runnin' With The Devil que trata exatamente disso, de alguém que descobriu que a vida não é nada fácil e está disposto a tudo para chegar a algum lugar e por isso está correndo com o diabo. Em seguida temos o tema instrumental Eruption que mostra toda a técnica de Eddie nas seis cordas. Não se engane, ninguém tocava deste jeito naquela época e foi realmente impactante. A terceira faixa é o sucesso estrondoso You Really Got Me, dos ingleses do Kinks, faixa obrigatória nas festas de garagem e que fala daquela garota que deixa o cara perdido. Na sequencia, outro sucesso. O riff pegajosos de Ain't Talkin' 'Bout Love pega de primeira. A letra é uma conversa com alguém que está no fundo do poço. Depois temos I'm The One, rápida com outro riff contagiante é rock'n rolll da melhor qualidade a letra mostra que os caras não são nem um pouco modestos e tem plena consciência de são bons no que fazem e rola até uma capela boogie woogie muito legal. Jamie's Cryin' é letra de curtir um fora mas a música tem uma pegada muito boa. Baixo bem marcado, bateria precisa guitarra econômica e vocais bem elaborados. Mostra o lado mai pop da banda. Em seguida temos Atomic Punk com sua abertura que lembra um trem. Hard rock bem tocado que fala sobre os subterrâneos que margeiam o status quo vigente. O baixo é muito bem trabalhado e o solo é nervoso. Feel Your Love Tonight é puro sexo adolescente e sem compromisso. É a cara da banda: diversão sem preocupação. Com um pé no blues e no soul Little Dreamer da uma quebrada no ritmo alucinado com um pouco de introspecção mas sem perder o peso. O riff passeia por toda a canção, as vezes com a guitarra e outras com o baixo. Boa composição. Caminhamos para o fim com Ice Cream Man que começa com uma pegada mais rockabillye acústica que depois ganha peso. Totalmente praiana, esta "melô" do sorveteiro é realmente bem bacana de se ouvir. O trabalho fecha com On Fire, tipico som de encerramento de show com aquele gosto de quero mais. Guitarra sensacional, vocais lembram muito o hard rock dos 70s. Excelente escolha para encerrar o primeiro álbum

Conclusão


Van Halen, o álbum, é um excelente trabalho de estréia. Musicalidade e testosterona a flor da pele. Diversão o tempo todo sem nenhuma pretensão de discutir conceitos ou fazer denúncias. Ouvindo agora, as letras até soam meio bobas mas a música continua, atual e impactante. Um álbum que deve fazer parte de qualquer discoteca básica que se prese. Confira abaixo.


Você pode adquirir o álbum em MP3, CD, Vinil ou K-7 em:
https://www.amazon.com/Van-Halen-Reissue/dp/B00122IYJY/ref=sr_1_2?ie=UTF8&qid=1479862160&sr=8-2&keywords=van+halen

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Modos & Estilos #10 - The Jimi Hendrix Experience - Are You Experienced

Se compararmos as performances de Jimi Hendrix, na guitarra, com as técnicas atuais vamos dizer que ele era um bom guitarrista, mas se viajarmos no tempo e formos para os anos 60 quando nenhuma dessas técnicas haviam sido criadas veremos que ele era um alienígena. Johnny Allen Hendrix, nome de nascimento posteriormente mudado para James Marshall Hendrix, nasceu em Seatlle em 27 de novembro de 1942. Em 1966 foi para a Inglaterra através do empresário e músico  Chas Chandler que o ajudou a formar o The Jimi Hendrix Experience que contava com o baixista Noel Redding e o baterista Mitch Mitchell.



A banda lançou três álbuns de estúdio que mostram um amadurecimento musical impressionante que infelizmente não durou muito tempo, por conta de desavenças pessoais entre os músicos. Dos três álbuns vou me ater ao primeiro não por ser o melhor dos três mas pelo impacto que causou na época com suas faixar inspiradores e inovadoras. O lendário Are You Experienced



Are You Experienced, mistura baladas, psicodelia e blues tradicional numa receita eletrizante que só não chegou ao número um das paradas por conta do fantástico Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band dos Beatles. É considerado por vários especialistas, o melhor álbum de estréia de todos os tempos, e foi eleito o quinto álbum mais importante da era do rock. Foram lançadas duas versões do álbum. Uma inglesa e outra americana ambas com 11 faixas. Na versão inglesa ficaram de fora as canções Purple Haze, Hey Joe e The Winds Cries Mary lançadas na forma de singles. Posteriormente as versões foram relançadas com as faixas faltantes incluídas como bônus e em 2010 foi feita uma versão remasterizada com 17 faixas.

Independente das versões, Are You Experienced é um álbum simplesmente arrebatador que mostra o que é possível quando se juntam mentes brilhantes. As experiências de estúdio de Jimi com amps, pedais e efeitos de edição o baixo bem trabalhado de Redding e a bateria energética de Mitchell nos levam a uma experiência sonora sem precedentes. Mesmo hoje, quase cinquenta anos após seu lançamento este disco mexe com os sentidos e ainda soa de vanguarda.

Versão inglesa

  1. Foxy Lady
  2. Manic Depression
  3. Red House
  4. Can You See Me
  5. Love Or Confusion
  6. I Don't Live Today
  7. May This Be Love
  8. Fire
  9. Third Stone From The Sun
  10. Remember
  11. Are You Experienced?

Versão americana

  1. Purple Haze
  2. Manic Depression
  3. Hey Joe (Billy Roberts)
  4. Love Or Confusion
  5. May This Be Love
  6. I Don't Live Today
  7. The Wind Cries Mary
  8. Fire
  9. Third Stone From The Sun
  10. Foxy Lady
  11. Are You Experienced?

Ouvindo

Para uma análise vou descrever a versão remasterizada com suas 17 faixas

Purple Haze - É o hino da psicodelia e das viagens de ácido e as experiências sensoriais provocadas pelos alucinógenos. Seu riff marcado com a bateria seca no início é como um martelo batendo dentro do cérebro do ouvinte. O vocal tem um tom de desespero pela insegurança entre a realidade e o mundo proporcionado pelas substâncias.
Manic Depression - Fala de relacionamento conturbado e do amor pela música. A pegada é acelerada com uma bateria alucinada que não para nunca. Já se ouvem as microfonias e os solos rápidos que marcam.
Hey Joe - Um clássico que conta a história de um homem traído que atira na mulher adúltera e foje para escapar da lei. A canção é do músico americano Billy Roberts. Ficou imortalizada na versão de Hendrix. Uma balada que contagia.
Love Or Confusion - Mais uma história de relacionamento. O trabalho da bateria é marcante. A guitarra é nervosa e transmite bem o clima de confusão que a letra fala.
May This Be love - É uma das minhas preferidas. Um clima de calma abientado na onda de psicodelia que permeava a música produzida nesta época. O trabalho de estúdio é muito bacana com os sons passeando de um canal para outro. Sensacional.
I Don't Live Today - Mais uma peça que mostra muita angústia de alguém que não está totalmente certo do que procura. O riff é marcante e qundo não é feito pela guitarra é continuado pelo baixo. O final é bem caótico.
The Wind Cries Mary - Blues arrastado que parece tocado em um bar. Uma peça de extrema beleza. Só ouvindo mesmo. Tem muitas referências de Stones e Dylan.
Fire - Mais uma música sobre garotas. Rock'n Roll da melhor qualidade com os elementos que marcam o estilo.
Third Stone From The Sun - Um belo exemplo de psicodelia Sci-Fi com toques jazzisticos mostrando a vasta escola musical. Baixo firme, bateria bem trabalhada, efeitos de estúdio, uma música mágica.
Foxy Lady - Mais um música feita para alguém especial. Realmente o cara gostava de garotas. O clima da canção é bem sugestivo e é um dos clássicos de Jimi. Peso e swing numa mesma música na medida exata.
Are You Experienced? - Mais uma psicodelia lisérgica e bem explícita cheia de experimentos de estúdio solos caóticos e uma levada hipnotizante.
Stone Free - Um dos singles que entrou como extra na versão remasterizada. As drogas são evidentes e tentam explicar toda a rebeldia de alguém que no fundo se sente prisioneiro. Lembra os Mods a lá TheWho.
51st Anniversary - Segue a mesma linha musical de Stone Free mas fala de relacionamentos familiares, casamentos bem sucedidos e mal acabados. Aliás família parece ser um drama recorrente na vida de Jimi.
Highway Chile - Rock'n Roll misturado com R&B contando a história de um andarilho que sai com sua guitarra vagando pelo mundo vivendo aventuras e desventuras. Muito boa de ouvir e curtir!
Can You See Me - Outra a lá The Who focada na necessidade de companhia feminina. Mais uma vez o baixo e a bateria dão toda a energia necessária para as seis cordas de Hendrix.
Remember - A letra é um pedido para que a garota perdida se lembre de como era legal estarem juntos. Rock na veia e no coração.
Red House - Não há o que falar de Red House, Blues arrastado de quem foi abandonado pela garota. Guitarra trabalhando o tempo todo que influenciou muita banda famosa por aí. Sensacional!

Não resta dúvida de que este álbum é um marco na história da música mundial. Revolucionário tanto nos conceitos musicais como nas técnicas e manipulação de estúdio. Inovador em todos os sentidos. E mesmo após meio século ainda surpreende e nos faz entender a genialidade destes três músicos. Pena que as drogas tenham interrompido a produção musical deste mito chamado Jimi Hendrix.

Ta esperando o que? Ouça logo!

terça-feira, 24 de maio de 2016

Modos & Estilos #09 - Kansas - Kansas

Escolher um álbum da banda americana de rock progressivo, Kansas, não é uma tarefa das mais fáceis. Por isso resolvi me ater aos álbuns lançados na década de 70. Mesmo assim não foi tão simples quanto eu supunha, por isso escolhi o álbum homônimo que marcou a estréia da banda, lançado em 1974.

O grupo foi formado em 1970 mas sofreu algumas mudanças até chegar a formação do álbum de estréia, com: Phil Ehart – bateria e percussão; Dave Hope – baixo e vocal; Kerry Livgren – guitarra, teclados e vocal; Robby Steinhardt – violino e vocal; Steve Walsh – teclados, percussão e vocal e Rich Williams – guitarra.

O álbum de estréia foi gravado no Record Plant Studios, de Nova York, em 1973 e lançado em março de 1974. Produzido por Wally Gold, chegou as lojas pelos selos Kirshner - Legacy/Epic.

Suas oito faixas fazem um passeio por um prog rock da melhor qualidade unido a elementos do folk e do hard. Deste disco ainda foram lançados dois singles com as músicas: Can I Tell You em 74 e Bringing It Back em 75. As músicas foram compostas, na maioria, por Livgren e Walsh sendo que as canções de Livgren são mais longas, mais elaboradas e repletas de misticismo.

Enfim, trata-se de uma compilação que não pode faltar em nenhuma discoteca digna de respeito. O trabalho foi relançado em CD em 2004 com uma faixa bônus (Bringing It Back) gravada ao vivo e relançado em vinil em 2014. O Kansas é uma banda que emplacou grandes sucessos ao longo de sua carreira e que influenciou muitos grupos. Vale a pena a audição deste trabalho assim como de toda a discografia do grupo.

Ouça o álbum no Spotfy clicando no Link abaixo:
https://open.spotify.com/album/5DwyFzATQVpvXqG4HXaJMj


segunda-feira, 7 de março de 2016

Modos & Estilos #08 - Triumvirat - Illusions on a Double Dimple


A trilha sonora da minha adolescência é um caleidoscópio de ritmos e estilos. Alguns foram se destacando nas minhas preferências e o Rock Progressivo foi um deles. Entre os muitos artistas que eu ouvi incansavelmente quero destacar a banda alemã Triumvirat

Formada em 1969, o nome é uma alusão ao fato da banda ser um trio. A formação original contava com Jūrgen Fritz nos teclados e voz, Hans Bathelt na bateria e percussão e Werner Frangenberg no baixo. No início da carreira a banda era conhecida como o Emerson, Lake & Palmer da Alemanha, em virtude do virtuosismo de Fritz nos teclados. Em seu repertório inicial executavam música do ELP, mas com o passar do tempo o trio foi adquirindo maturidade e criou uma identidade própria no universo do Prog.

Seu primeiro álbum foi Mediterranean Tales, lançado em 1972 e seu último trabalho foi  Russian Roulette lançado em 1980 num total de sete álbuns, dos quais Spartacus, de 1975, é considerado uma obra prima do gênero. A despeito disso o álbum que eu mais gosto é Illusions on a Double Dimple e é sobre ele que nós iremos conversar a partir de agora.

Illusions é o segundo trabalho do Triumvirat e foi lançado em 1973 pela Harvest. A formação contava com Hans Pape no baixo e voz, no lugar de Frangenberg, no entanto, durante as gravações Pape foi substituido pelo talentoso Helmut Köllen nas quatro cordas e nos vocais. Este trabalho ainda conta com as participações de Peter Cedera falando um texto, Hanna Dölitzsch, Vanetta Fields, Brigitte Thomas, Ulla Wierner nos backing vocals além da Cologne Opera House Orchestra, The Kurt Edelhagen Brass Section e do saxofonista Karl Dewo que faz o solo em Mister Ten Percent.

Illusions é um disco conceitual com apenas duas músicas: Illusions on a Double Dimple com seus 23min 24seg ditribuidos em seis partes e Mister Ten Percent com 21min 37seg igualmente composta de seis partes. No relançamento em Compact Disc foram incluídas quatro músicas bônus (singles).

Illusions conta a história de alguém que está desiludido com a vida de sofrimento que vem levando e que procura refúgio em um bar acompanhado de doses duplas de dimple. O protagonista fala de uma infância difícil sem a presença de um pai, da escola e da luta pela sobrevivência. Sobre uma perda de esperança onde o único objetivo é dormir e, quem sabe, não acordar. Musicalmente é uma peça maravilhosa que mescla os elementos clássicos do prog sinfônico com passagens pelo folk e pelo pop sem perder a sofisticação. 

Mister Ten Percente á uma obra que trata da ilusão da fama e do sucesso e da exploração causada por essa necessidade que leva a ser humano a fazer qualquer coisa pelo dinheiro e por um lugar ao sol e as consequências que esta busca lhe trás proporcionando-lhe um triste fim, reservado aqueles que já não rendem tanto assim. Mais uma vez o clima de balada entrecortado pela ambientação tensa e misteriosa da composição formam uma peça fantástica e digna de um lado B (só os mais velhos entenderão).

Concluindo. Illusions on a Double Dimple é um trabalho musical que não pode ficar fora de uma coleção de prog rock. Junto com o conceituado Spartacus formam uma obra prima maios, que não pode ser superada pelos trabalhos posteriores.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Modos & Estilos #07 - Renaissance - Ashes Are Burning

Se existe uma banda que eu curti muito na minha adolescência foi o Renaissance. O grupo britânico formado em 1969 pelos ex-integrantes do Yardbirds; Keith Relf e Jim McCarty, teve várias formações até chegar a chamada formação clássica com: Annie Haslam nos vocais, Jon Camp o baixo e voz, John Tout nos teclados e vocal, Terence Sullivan na bateria e vocais e Michael Dunford nos violões.

É com está equipe de peso que surge o magnífico álbum Ashes Are Burning em 1973 além de mais cinco discos simplesmente brilhantes.

O Disco


Ashes Are Burning é o quarto álbum de estúdio do grupo e o primeiro a contar com apoio de uma orquestra. Além da banda contou com a participação do guitarrista Andy Powell na faixa título do disco. O trabalho foi lançado pela EMI no Reino Unido e pela Capitol Records nos USA onde chegou ao número 171 no Billboard 200 inaugurando a fase americana da banda.

As músicas


Com apenas seis músicas o álbum tem uma duração de aproximadamente 40 minutos de prog rock da melhor qualidade.

O álbum inicia com Can You Understand e seus apelos transcendentais de libertação da mente e da alma, numa pela mistura de folk, rock e uma pegada bem clássica com mudanças de ritmo e tempo e a voz quase hipnótica de Annie acompanhada de belíssimos arranjos de cordas. detalhe para o belo trabalho do baixo. Aliás está é uma característica comum nas bandas de prog.

Em seguida temos Let It Grow que inicia como uma caixinha de música nas mãos de uma pessoa apaixonada. E é sobre isso mesmo que a canção fala: do amor. Arranjo simples e belo com uma bateria bem marcada que transmite um sentimento de paz interior muito bacana.

Na sequencia temos On the Frontier. Trata-se de um típico hino da geração Flower Power que acreditava na possibilidade de um mundo melhor através de uma revolução feita pacificamente. Excelente canção com uma introdução de violão bem folk e toda cantada em coro.

Logo em seguida temos Carpet of the Sun que dá sequencia a vibe hippie da obra. Mais uma vez o violão se destaca mas acompanhado pelos arranjos de cordas da orquestra e a voz magistral de Annie.

Em seguida um forte mudança de clima com o piano forte de At the Harbour que da lugar a um dedilhado melancólico com uma história de medo e morte nos lembrando que nem tudo são flores. Uma canção para se ouvir e refletir sobre as razões da vida.

Finalmente chegamos a canção que se tornou um dos hinos da banda: Ashes are Burning. Épica! Não encontro outro termo mais adequado para definir a última faixa deste álbum. Tinha que ser a última do disco pois fala de destino. Um destino incerto que é construído ao longo da nossa caminhada. Como diria o Milho: Sensacional!

Conclusão


Este é um álbum que não pode faltar em qualquer discoteca de respeito. Não apenas para os amantes do rock progressivo mas para qualquer um que aprecie boa música. Sem dúvida um disco que não será esquecido e nem repetido.

A banda ainda se encontra na ativa e você pode obter mais informações no site oficial em: http://renaissancetouring.com/. Esta obra prima está disponível também no Spotfy, logo abaixo.


quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Modos & Estilos #06 - Supertramp - Crime of the Century

Capa do Álbum
Em setembro de 1974, a banda britânica, Supertramp, lança o seu terceiro álbum de estúdio, intitulado Crime Of The Century (foto) que daria início a carreira de sucesso do grupo.

Ainda influenciados pelo Pink Floyd sem ser tão profundo ou assustador os ingleses valem-se mais de pitadas de bom humor para garantir a penetrabilidade no mercado e conseguem isso em um álbum marcante, leve, sofisticado e impossível de não ser apreciado durante a audição de suas oito faixas brilhantemente assinadas por Roger Hodgson (Guitarra, teclados e vocal) e Rick Davies (Vocal, teclados e gaita). A formação do grupo ainda contava com: John Helliwell (Saxofone, sopros e vocal), Dougie Thompson (Baixo) e Bob Siebenberg (Bateria).

O Álbum


Não me lembro exatamente, quando adquiri este álbum, mas lembro que foi e ainda é um disco especial para mim, não apenas pela musicalidade mas pelas lembranças que ele carrega.

Contra-Capa
O álbum inicia com Scholl que fala sobre as dúvidas da infância e adolescência quando estamos no limiar entre ouvir ou não os conselhos daqueles que tentam nos tornar em adultos e até onde isto é realmente bom ou ruim. A linha de piano e o crescendo que a música vai ganhando é incrível.

Em seguida a alegre e enigmática Bloody Well Right onde a educação formal, mais uma vez é questionada dando ênfase de que tudo se deve ao dinheiro. O piano elétrico é evidente além de um riff puro rock'n roll que finaliza com a linha de sax. Visceral e lindo.

Hide In Your Shell é pura melancolia sobre os medos que enfrentamos para sair de nossas zonas de conforto onde uma melodia quase infantil vai permeando toda a canção que caminha para um grito de socorro

Seguindo a mesma pegada de melancolia temos Asylum, uma ode a loucura. Musicalmente lembra bastante a fase psicodélica dos Beatles com momentos de insana suavidade entrecortados por grandiosa dor e medo da morte. Excelente trabalho de guitarras e arranjos vocais. No LP, está faixa fecha o lado A do álbum.

O lado B inicia com Dreamer que fala daquele sonhador que todos fomos um dia. Alguns desistiram outros porém continuam sonhando. Esta canção tem uma aura divina e, hoje, me remete a história de José. Seu clima intenso lembra alguém que corre, corre, corre em busca de seu sonho e continua correndo até perder-se no horizonte...

Do sonhador saltamos para Rudy, o típico perdedor, que não sonhou, não lutou, apenas esperou sem nunca ter exito. Nunca amou e não foi amado e agora segue num trem que deve, provavelmente, conduzí-lo ao fim da vida. Gosto do clima meio jazz e bossa-nova e da linha de baixo desta música caindo para um clima mais denso em certos momentos e caminhando para uma espécie de fusão jazz/rock. Atenção para a guitarra mute ao fundo. Olhando a evolução da cena musical percebe-se que muita banda pop dos anos 90 bebeu nessa fonte.

If Everyone Was Listening fala de um show mas na minha visão fala da vida como uma grande peça onde é preciso representar bem o seu papel e ainda correr o risco de não haver ninguém para vê-lo ou aplaudí-lo e talvez sejamos apenas o último palhaço. Uma bela peça.

Para encerrar, a canção que dá titulo ao disco: Crime Of The Century fala de uma conspiração que pretende raptar o universo sem se importar com a humanidade. O trabalho da guitarra é impecável e é a música que mais remete ao Pink Floyd.

Resumindo


Formação em 1974
Trata-se de um álbum memorável e na minha opinião, o melhor da carreira da banda e que me trás muitas recordações de minha infância e adolescência, quando comecei a descobrir a música como pano de fundo da minha existência. É interessante ainda, ouvir este disco, tantos anos depois, com uma cosmovisão diferente da que eu tinha na época. Incrível como, algo que tem mais de quarenta anos ainda soe tão atual, quer na mensagem quer na musicalidade. Recomendo a audição desta obra prima do Rock progressivo setentista.



Não ouviu ainda, pois então segue o link para audição.

Supertramp- Crime Of The Century (1974)






quarta-feira, 8 de julho de 2015

Modos & Estilos #05 - ELP - Brain Salad Surgery

Na minhas inúmeras fases musicais teve a do Rock Progressivo, gênero que continuo apreciando. Tive muitos álbuns na minha coleção mas o meu preferido sempre foi o Brain Salad Surgery do Emerson, Lake And Palmer. Trata-se do quarto álbum de estúdio da banda brtânica e foi lançado em 19 de novembro de 1973 pelo selo Manticore (fundado por Greg Lake) e Atlantic Records. A arte da capa foi desenhada pelo artista HR Giger que também é o criador do personagem Alien.

Este álbum foi o gravado nos estúdios da Manticore (foto), gravadora da banda e foi produzido com o objetivo de ser reproduzido ao vivo da mesma forma que foi gravado.

As Músicas


Jerusalem - Uma adaptação do hino de Hubert Parry, sobre um poema de William Blake. Uma bela canção épica e espiritual, mas não se engane. Apesar de ser uma música com temática cristã o álbum não é puritano.

Toccata - Faixa instrumental baseada no primeiro movimento do primeiro concerto para piano de Alberto Ginastera, com arranjos de Keith Emerson. Trata-se de uma faixa bem Sci-Fi. Lembro-me que quando ouvia esta música imaginava exploradores espaciais em um planeta distante.

Still You Turn Me On - É a balada do álbum. Bela canção que fala sobre uma paixão  que permanece viva.

Benny the Bouncer - Até hoje não consigo entender porque esta música foi incluída neste álbum. Simplesmente não se encaixa. A letra conta a história de um segurança de bordel metido a valentão que um dia encontra um engraxate que acaba lhe tirando a vida. É ambientada nas histórias do Velho Oeste. A música em si não é ruim mas é desnecessária.

Karn Evil 9 - Trata-se de uma peça épica com quase meia hora de duração e dividida em três partes a saber: Primeira, Segunda e Terceira Impressão. A Primeira Impressão é uma composição de rock progressivo tradicional com todos os elementos do gênero e fala de um mundo onde o entretenimento é a arma para manter as pessoas cativas. A Segunda Impressão é um instrumental fantástico com muitos elementos de jazz e uma linha de baixo incrível, uma bateria soberba e um piano magnifico. A Terceira Impressão remete a um tema épico com muitos sintetizadores levando a um climax de dominação pela máquina como se ela fosse uma divindade.

É praticamente unânime a constatação de que este álbum é o melhor trabalho feito pelo trio. Os trabalhos posteriores não conseguiram repetir a perfeição deste disco. Lembro-me de escutá-lo repedidas vezes. Mesmo hoje ainda soa inovador. Me parece que os três músicos encontram em Brain Salad Surgery o equilíbio perfeito. Um incrível legado que ainda será ouvido por muito tempo. Meu único arrependimento é ter me desfeito dos meus discos.

sábado, 29 de novembro de 2014

Modos & Estilos #04 - Coletânea SUB

Há 43 anos eu ouvi The Dark Side Of The Moon, do Pink Floyd pela primeira vez e imediatamente fui fisgado pelo rock. Depois daquela data memorável eu me tornei um consumidor voraz de música boa (na minha concepção). Ouvi de tudo: Rock, Hard, Metal, Prog, Jazz, Blues, MPD, Música Erudita, Chorinho, Bossa Nova, Punk e tanta coisa que nem lembro direito.


Muitos álbuns foram importantes na construção da minha identidade musical, mas teve um que foi crucial, transformador. A coletânea SUB, lançada em 1983 pelo selo Estúdios Vermelhos do saudoso Redson, foi como um petardo no meu cérebro. Foi com este disco que eu compreendi o verdadeiro significado de engajamento e descobri a força do DIY.




Vamos ao disco

Quatro são as bandas que participam da coletânea: Cólera, Ratos de Porão, Psykóze e Fogo Cruzado. ao todo são 24 músicas. A qualidade da gravação é limitada pois os recursos eram poucos e os estúdios não tinham nenhuma experiência em gravar som pesado. Mas a garra, a vontade de fazer superaram os obstáculos e este disco entrou para a história, não apenas do punk mas da música no Brasil.

Ratos de Porão

  • Parasita
  • Vida Ruim
  • Poluição Atômica
  • Não Podemos Falar
  • Realidades da Guerra
  • Porque
O RDP ainda sem o João Gordo mostra-se extremamente rápido. Apesar da crítica social a banda já mostrava um certo deboche com os mais variados assuntos. Destaque para Vida Ruim, uma música simples e objetiva e a primeira que eu tirei para tocarmos na nossa banda "Os Maus Elementos".

Cólera

  • X.O.T
  • Bloqueio Mental
  • Quanto Vale a Liberdade
  • Histeria
  • Zero-Zero
  • Sub-Ratos
O que dizer do Cólera. sem dúvida foi e ainda é o grande nome do Punk Rock nacional e da música brasileira. Desde o início percebe-se uma preocupação com as letras e com o clima que as músicas passam, como é o caso de Histeria. Na época tocávamos X.O.T, mas sem dúvida o grande hino deste disco e da banda é Quanto Vale a Liberdade.

Psykóze

  • Terceira Guerra Mundial
  • Buracos Suburbanos
  • Fim do Mundo
  • Vítimas da Guerra
  • Alienação do Homem Moderno
  • Desilusão
O Nome da banda já deixa claro o estilo da mesma. Um punk psicótico que passa uma ideia de desespero total em relação a realidade da época. Destaque para a faixa Buracos Suburbanos.


Fogo Cruzado

  • Desemprego
  • União Entre os Punks do Brasil
  • Delinquentes
  • Inimizade
  • Punk Inglês
  • Terceira Guerra
Na minha opinião uma banda excelente. Tinha uma pegada muito legal. O bacana é ver que os caras ainda estão na ativa. 


Resumindo: A coletânea SUB foi um marco, ao lado da coletânea "Grito Suburbano" foi um marco na história do movimento e deu um start na galera que tinha algo para produzir mas vivia a mercê do establishment. Mas no meu caso o SUB foi uma influência definitiva.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Modos e Estilos #03 - Led Zeppelin

Na década de 70 eu morava no Leme (Rio de Janeiro) no apartamento da Gal. Ribeiro da Costa. Nesta época tinhamos uma turma muito louca, uma espécie de Clube de Amigos que tinha nome, estatuto, carteirinha, etc. A organização se chamava ATIVA (Associação Técnica de Investigações da América) "risos".


Tinhamos por objetivo colecionar coisas, jogar WAR e ouvir música, muita música. A paixão pela música era algo comum a todos, colecionáva-mos discos que eram catalogados, etiquetados e muito bem conservados. As etiquetas seguiam um padrão de cores que identificavam o dono do discos, pois as bolachas iam de mão em mão. Um dos nossos redutos era o apartamento do Mauro, foi lá que ouvi e me apaixonei por um dos discos mais importantes da minha formação musical: o Led Zeppelin IV.

Foi amor a primeira vista. Ao ouvir o riff de Black Dog simplesmente pirei. É legal ouvir algo que me impactou tanto, quase 40 anos depois e descobrir que o efeito ainda é o mesmo. Mas vamos ao álbum! O disco foi lançado pela Atlantic Records e 8 de novembro de 1971. Trata-se do quarto álbum de estúdio do quarteto britânico. Na verdade o disco não tem nenhum título apenas os símbolos que cada um dos membros escolheu para si. Foi gravado em vários estúdios. Deste trabalho originaram-se dois singles (Compactos): Black Dog/Misty Mountain Hop, lançado em 2 de dezembro de 1971 e Rock and Roll/Four Sticks lançado em 21 de fevereiro de 1972. Apesar de não ser lançada como single, a música Stairway to Heaven acabou tornando-se o maior hit da banda e um dos ícones do rock de todos os tempos. O disco chegou ao segundo lugar da Billboard e já vendeu cerca de quarenta milhões de cópias no mundo todo. Vamos as músicas.


Black Dog

A linha base da canção é de Jonh Paul Jones, o riff envolvente, as paradas para o vocal, a batida marcante e precisa de Bonham e o solo de guitarra no final complementam esta obra prima. Se não ouviu, ouça, pois foi feita para ouvir.
Curiosidade: o nome é uma referência a um cão que frequentava o estúdio e não tem nenhuma ligação com a letra que fala de paixão e dor.

Rock and Roll

Outro clássico, a introdução de bateria já da mostras do que virá. É blues acelerado sem frescuras. Base para muita banda. Mais uma vez a guitarra de Page diz porque ele ainda é considerado um dos maiores guitarristas da história. A música nasceu no estúdio enquanto a banda tentava gravar uma outra canção. Pura inspiração.

The Battle of Evermore

Uma referência a saga de Senhor dos Anéis é a única do albúm que conta com a participação do vocal feminino de Sandy Danny (cantora inglesa). A canção possui uma atmosfera mágica onde predomina o som do bandolim. É mais uma amostra da genialidade e da versatilidade da banda.

Stairway to Heaven

Falar o que? Não há muito o que falar sobre esta música. Só mesmo ouvindo para entender porque éla é considerada uma das melhores canções de todos os tempos. Poderia ficar linha e linhas escrevendo sobre suas mudanças ritmicas, sobre as flautas de John P Jones, sobre a Telecaster de Page no Solo, sobre as mudanças de andamento nos compassos 3/4, 5/4 e 7/8, etc, etc, etc. Trata-se de um raro momento de inspiração. Não é minha preferida mas é linda.

Misty Mountain Hop

Mais um clássico nas mãos de Jonh P Jones. Os teclados mandam na música e o riff quebrado seria copiado por muitas bandas, é uma das bases do hard rock. A guitarra de Page fica quase em segundo plano. Bem contagiante.

Four Sticks

O título é a própria música pois Jonh Bonham tocou com quatro baquetas. Mais uma mistura de hard e folk. Conta a lenda que a banda trabalhou muito nesta canção para achar a sonoridade certa. Jimi Page gravou vários solos. Um deles acabou se transformando na base de Rock anr Roll. O uso de sintetizadores aponta para a direção que a banda iria tomar no futuro.

Going to California

Mais um tema acústico onde o violão e o bandolim tem a preferência. Trata-se de um folk que cria uma atmosfera de paz e tranquilidade. Lembro-me de ouvir esta faixa repetidas vezes. O vocal de Plant está perfeito.

When the Levee Breaks

Na minha opinião pessoal é a melhor música do álbum. A batida cativa já no primeiro instante. A bateria foi gravada em uma sala ampla para dar mais reverberação. Um clássico do hard rock. A música foi originalmente gravada e lançada em 1929 pelo casal Kansas Joe McCoy e Memphis Minnie em referência à uma grande enchente ocorrida no estado americano do Mississippi em 1927. O Led regravou a letra com um novo arranjo. A várias guitarras em overdub e a harmônica dá o clima mágico. Muito boa, mesmo!

Conclusão

O quarto álbum foi definitivo para a banda e para mim, comprei os anteriores e posteriores e acompanhei a banda até seu fim em 1980 devido a morte do baterista Jonh Bonham. Para ter uma idéia de quanto foi importante para mim basta contar que cpmprei este disco três vezes: A primeira edição nacional com capa simples, a segunda com capa dupla e encarte e a importada. É uma pena que na minha fase mais tenebrosa tenha me desfeito destas preciosidades.

sábado, 16 de março de 2013

Modos e Estilos #02 - Deep Purple - Machine Head


Se não me falha a memória, o ano éra 1975, um ano após o fiasco da seleção na Alemanha. Eu com meus 13 anos passei em frente a uma loja de aparelhos de som na avenida Nª Srª de Copacabana, no bairro homônimo, no Rio de Janeiro, quando fui atingido por um petardo que vinha das caixas de som de um belo e potente gradiente. Imediatamente fui embriagado pelo ritmo marcante e perturbador que vinha da loja. Entrei e perguntei ao vendedor que som era aquele e ele me mostrou uma capa cheia de rostos distorcidos. Anotei o nome da banda e o nome do disco. Fui a uma loja e gastei toda a minha mesada. Corri para casa para escutar a bolacha. Era o Machine Head da banda inglesa Deep Purple.


Machine Head - Capa

O Álbum



Machine Head foi lançado oficialmente em 1972 e foi gravado em dezembro de 1971 em um hotem na Suiça (Montreaux) sem overdubs. Trata-se de um clássico não apenas da banda mas da própria história do rock. Todas as sete faixas foram compostas por todos os membros sa banda: Ritchie Blackmore, Ian Gillan, Roger Glover, Jon Lord e Ian Paice.


As Músicas



O Álbum abre com a fantástica Highway Star sua batida constante, baixo marcante, vocal rasgado e um solo arrasador de orgão Hammond. A letra fala sobra a paixão entre o homem e seu carro. O solo de Blackmore é simples e preciso e a linha de baixo e marcante, resumindo: um clássico que serviu de escola para muitas bandas. A segunda faixa é Maybe I'm a Leo, que já inicia com um riff marcante para contar a história de uma paixão perdida. É interessante a combinação da bateria em 4x4 e o riff em 2x4. O solo de guitarra é simples e perfeito seguido de uma seguência de acordes de um Rhodes. A Bateria de Ian Paice é precisa com intervençoes sempre no momento certo da música. A próxima música é Pictures Of Home que traça um quadro sobre a solidão. Mais uma vez o riff constante está presente. É a música onde cada um mostra seu talento. O virtuosismo de Jon Lord é evidente em toda a faixa. Há um solo de Glover mostrando seu talento nas quatro cordas. É quase um instrumental. Na sequência temos Never Bofore que mais uma vez volta ao tema do amor perdido. Apesar da letra fraca a música inicia com uma levada Soul passando a um rock'n roll dançante muito popular na década de 70 com mudanças ritmicas. O destaque vai para a guitarra de Blackmore que mostra claramente suas influências do negro blues. Chegamos a faixa número cinco. Smoke On The Water. Nem é preciso dizer que se trata de uma das melhores e mais populares cações do rock produzido nos anos setenta, o riff marcante, batidas, tudo perfeito. A letra fala de um cara muito preguiçoso e sem ambições mas está ali apenas para preencher um espaço. Jon Lord da um show que se completa com a guitarra blues de Blackmore. Finalmente chegamos a última faixa. Space Truckin é uma brincadeira divertida e que ao vivo chega a ter vinte minutos para que todos tenham tempo de sobra para mostrar seus talentos musicais.


Conclusão


Machine Head foi um disco que me levou a uma nova dimensão do que é rock. Inesquecível.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Modos e Estilos #01 - Pink Floyd - The Dark Side Of The Moon

Quando eu tinha onze anos, isso foi há muito tempo, no finalzinho de 1973, eu tive meu primeiro contato verdadeiro com a música. Nesta época eu morava em Curitiba, na rua Senador Alencar Guimarães, bem no centro da cidade. Nós alugávamos um quarto, na casa da frente, onde hoje existe um hotel, para um cara muito louco e cabeludo. Não me lembro o nome dele mas lembro do apelido: Peninha. O Peninha era meio (ou inteiro) hippie. Eu era criança e gostava de ir lá pois ele ouvia uma música legal. Lembro-me como se fosse hoje daquele disco com a capa preta com um triangulo e um risco branco e outro todo colorido como um arco-iris (era assim que eu via). Sim, estou me referindo ao The Dark Side Of The Moon do Pink Floyd. Pela primeira vez ouvi algo de uma maneira diferente: prestando atenção. Fui fisgado.

1973 - The Dark Side Of The Moon - Pink Floyd - Harvest/EMI 
Não pretendo nesta série de artigos fazer uma longa e profunda análise de álbuns e gêneros musicais. Apenas quero compartilhar aqueles discos que foram importantes e que eu considero relevantes na história da música e na minha formação.

Considero este álbum um marco. Não vejo o Pink Floyd como uma banda perfeita, pois trata-se de um grupo cheio de altos e baixos. Aprecio três ou quatro álbuns de sua carreira a saber: The Piper At The Gates of Down (1967), Medle (1970), The Dark Side Of The Moon (1973) e Wish You Were Here (1975) e destes o Dark Side para mim é definitivo.

Como mencionei anteriormente, não vejo o Pink Floyd como a melhor banda do mundo, mas é sem dúvida uma banda única com um timbre peculiar e exclusivo. Foi a banda que me mostrou e me fez amar a cena Prog Rock. Mas vamos ao álbum.

Dark Side inicia com a emblemática Speak To Me com seu batimento cardíaco indicando que há vida, muita vida e loucura nas faixas seguintes. A segunda faixa é On The Run que é fiel ao título nos remetendo a uma corrida desenfreada que tanto pode ser uma fuga como uma busca. Em seguida temos a super conhecida Time com seus relógios, sua levada suave que fala sobre a vida e quanto desperdiçamos em nossa caminhada. O solo de guitarra de David Gilmor é primoroso. Lembro-me do Maurício Moura de Almeida (In Memoriam), irmão do Márcio Hulk que tocava este solo na guitarra quando morávamos no Leme (Rio de Janeiro), época em que o Márcio tocava bateria. Na sequência temos, na minha opinião, a melhor música do disco: The Great Gig In The Sky, um Blues que conta com a participação da cantora Clare Torry descoberta num estúdio pelo então produtor Alan Parsons. A próxima faixa é Money que tem uma linha de baixo animal feita em cima de um arpejo em Bm (Si menor) em compasso 7/4, além de um solo de sax executado pelo lendário músico de estúdio Dick Parry. A faixa Money foi a única do álbum a entrar para o Top 20 da Billboard. Depois de Money temos Us And Then, uma suave melodia entrecortada por um refrão mais agressivo que fala de vida e morte.  Simplesmente linda com seus teclados esbanjando timbres maravilhosos. É a faixa mais longa do álbum. Ao final emenda com Any Colour You Like, um instrumental primoroso onde mais uma vez o casamento entre os teclados e a guitarra é perfeito completados por uma cozinha de dar água na boca. A próxima faixa é Brain Damage, uma homenagem a Sid Barret, fundador da banda e que se perdeu, ou se encontrou, em suas próprias fantasias após um colapso mental promovido pelo uso excessivo de drogas. O disco acaba com a apoteótica Eclipse que mais uma vez se refere a vida e finaliza com o coração pulsante do início que agora soa calmo e sereno indicando que nada terminou.

Concluindo. É um grande álbum que deve ser ouvido e apreciado com muita atenção. Escutando agora, sob uma ótica diferente, após tantas décadas, este disco soa mais brilhante e perfeito, quase cristão e na minha opinião pessoal, o melhor trabalho da banda.

Até a próxima!