Mostrando postagens com marcador Música. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Música. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Underground Cristão #001 - Mortification - Primitive Rhythm Machine

Quando eu me converti ao Evangelho de Jesus Cristo uma das coisas que não me agradou muito foi a qualidade da produção musical, mas esta má impressão inicial foi quebrada ao escutar este álbum. Foi como uma luz no fim do túnel.
A banda australiana Mortification, começou, oficialmente, em 1990, mas a sua formação se inicia em 1984 quando o baixista e vocalista Steve Rowe monta as bandas Rugged Cross (1984) e  Axiz (1985). Apesar da vida curta destas bandas, elas foram estímulo para que Steve não desistisse de seu projeto de banda. Em 1986 nascia a banda LightForce que grava seu primeiro álbum, Battlezone, em 1987 e o Mystical Thieves em 1988. Já em 1989 quando se preparavam para o terceiro trabalho, Steve assume a direção da banda que passa a se chamar Mortification.

Com Steve Rowe (baixo e vocal), Cameron Hall (guitarra) e Jayson Sherlok (bateria) a nova banda lança o álbum Break The Curse, ainda com o nome de LightForce. Este álbum foi remixado e relançado como Mortification, em 1994, com uma faixa bônus. Oficialmente o primeiro trabalho é: Motification, de 1991, com Michael Carlisle na guitarra.

A banda passou por diversas formações e tendências e atualmente o time é composto por Steve, o guitarrista Lincon Bowen e o baterista Andrew Esnouf. O álbum Primitive Rhythm Machine foi lançado em 1995 e é sobre ele que iremos falar nesta postagem.

Lançado em 1995 pelo selo Intense Records e Nuclear Blast no formato CD e remasterizado e relançado em 2008 pela Metal Mind Productions, produzido por Steve Rowe conta co o próprio Steve (baixo e vocal), George Ochoa (guitarras e teclados), Bill Rice (bateria), Jason Campbell (guitarra base) e Dave Kellogg (guitarra solo).

O álbum tem uma pegada excelente e em certos momentos lembra o Sepultura, dos bons tempos, mas sem perder a identidade característica do Mortification. Trata-se de um trabalho mais experimental, com vocal mais limpo e que mostra uma boa evolução musical da banda que deixa o death, um pouco de lado, e soa mais metal.

Vale a pena conferir.


.Ouvir no Spotfy...

quarta-feira, 17 de maio de 2017

O Underground Cristão Vai Bem, Obrigado!

Enquanto no Mainstream cristão nacional quase não se aproveita nada a cena underground despeja toneladas de bandas para todos os gostos
Quando eu e Eduardo Teixeira, do Cristo Suburbano, fazíamos o Podcast do Esconderijo, em um determinado episódio ele me perguntou a diferença entre mainstream e underground e eu respondi que o mainstream é produto e underground é arte. Minha opinião sobre o assunto continua exatamente a mesma. E dentro do universo da música cristã é exatamente a mesma coisa. Isto acontece porque existe uma indústria musical que como todo e qualquer negócio, visa lucro. Esta busca pela viabilização e comercialização do produto acaba, muitas vezes, levando os profissionais do ramo a criação de produtos que possam ser facilmente aceitos, consumidos e descartados para que a próxima fornada não se perca. Neste processo, normalmente, a qualidade artística, poética e teológica fica em segundo plano. Enquanto isso, na cena underground, a certeza do baixo retorno financeiro acaba proporcionando aos criadores mais liberdade artística, mais comprometimento com a qualidade e uma maior preocupação com o conteúdo das mensagens.

Evidente que em ambos os lados existem exceções. Do lado mainstream, temos bons artistas produzindo boa música de excelente qualidade técnica e poética e com conteúdo teológico relevante, como é o caso da banda Resgate, assim como no meio underground também existe coisa que não se aproveita, mas no geral a regra permanece. E quando eu me refiro ao underground não estou me referindo apenas a galera do rock. Eu me refiro a todos os que estão produzindo arte, mas que correm por fora da grande mídia. Hoje é possível garimpar música cristã em todos os estilos que você possa imaginar e tem coisas realmente sensacionais.

Este artigo não tem por objetivo enumerar artistas mas servir de incentivo para que você comece a procurar conteúdo fora dos umbrais da mídia tradicional. Não vou apontar artistas específicos pois estaria apenas indicando aquilo que eu curto e que pode ser diferente do que você está buscando.

Onde Procurar

Uma boa pedida para quem curte um som mais voltado para o punk hardcore são os canais do Cristo Suburbano, mantidos pelo Eduardo Teixeira, da manda No More Zombies, vou dar o endereço do blog e de lá você encontra os outros canais. Tem também o Metal Cross onde você pode assistir clipes de várias bandas cristãs que fazem um som da hora. Tem o canal da Gabi Rox onde existem várias dicas de bandas nacionais e internacionais do underground cristão. Outra cena bastante forte é a do RAP cristão. Vou indicar dois; o blog Hip-Hop Gospel e o site Portal Rap onde você vai encontrar bastante informação sobre o assunto. Estes são alguns canais mas existe muito mais. E se você conhece algum bem legal, coloque o link ai nos comentários para gente divulgar. Grande abraço.

Links:

terça-feira, 2 de maio de 2017

Modos & Estilos #018 - Secos & Molhados - Secos & Molhados II

Um álbum a frente de seu tempo e que ainda soa surpreendente!
A banda Secos & Molhados criada, em 1970, pelo cantor e compositor português, radicado no Brasil, João Ricardo, teve muitas formações. Mas nos anos de 1973 e 1974 o grupo teve a formação considerada clássica composta pelo próprio João Ricardo (vocais, violão e harmônica), Gérson Conrad (vocais e violão) e Ney Matogrosso (vocais).  Com este time gravaram os dois primeiros álbuns da banda que são verdadeiras obras primas da música brasileira: Secos & Molhados I (1973) e Secos & Molhados II (1974).

O impacto causado pela banda foi arrebatador. Numa época difícil para o país, os Secos & Molhados ousaram em tudo. Na musicalidade inovadora, nas letras, no visual extravagante, na mistura de sons e ritmos com elementos do rock, jazz, progressivo, folclore português, MPB e muito mais. Apesar do tempo, o trabalho realizado a esta época,continua atual e ainda surpreende os ouvidos mais atentos.

Mesmo não tendo obtido o mesmo sucesso e volume de vendas do primeiro disco, Secos & Molhados II é, na minha opinião, não apenas o melhor trabalho do grupo, mas um dos melhores álbuns produzidos no Brasil e pode facilmente figurar entre as grandes coleções da música mundial. Mas nem tudo são flores, o álbum originalmente foi prensado em vinil não virgem o que prejudica um pouco a qualidade sonora e merece uma remasterização. No entanto este detalhe não o deixa menor e menos importante. A capa simples, minimalista e intrigante já dá uma mostra do seu conteúdo.

Menos rock que seu antecessor, as músicas do disco passeiam por vários estilos e criam um clima de delírio e introspecção com arranjos muito bem construídos e uma performance vocal primorosa de Ney Matogrosso. Nas letras temos um desfile de autores como:  Julio Cortázar, João Apolinário, Fernando Pessoa e Oswald de Andrade além do próprio João Ricardo, Paulinho Mendonça e uma parceria com a cantora, compositora e multi-instrumentista brasileira, Luhli, na faixa Toada & Rock & Mambo & Tango & Etc.

Além do Trio, participam deste álbum os músicos: Norival D'Angelo (bateria, timbales e percussão), Sérgio Rosadas (flauta transversal e flauta de bambu), John Flavin (guitarra elétrica e violão de 12 cordas), Willi Verdaguer (contrabaixo elétrico), Emilio Carrera (piano, órgão e acordeão), Triana Romero (castanholas) e Jorge Omar (violões e viola). Destaque para o baixista Willi que dá um show de técnica e musicalidade. Mas vamos às músicas:

01 - Tercer Mundo (João Ricardo/Julio Cortázar) - Música no estilo flamenco, com castanhola e tudo. Num clima bem revolucionárioe um belíssomo de trabalho de violões.
02 - Flores Astrais (João Ricardo/João Apolinário) - Foi o hit deste álbum, tocado e retocado em tudo que é lugar. Clima psicodélioco, meio prog, meio pop. Excelente.
03 - Não: Não Digas Nada (João Ricardo/Fernando Pessoa) - Mais uma acústica. Num belíssimo arranjo sobre um poema de Fernando Pessoa. 
04 - Medo Mulato (João Ricardo/Paulinho Mendonça) - Num clima de suspense  a letra fala dos medos que rondam as mentes alimentadas pelas histórias de fantasmas. Tem um clima meio circense e um arranjo de flauta muito bom.
05 - Oh! Mulher Infiel (João Ricardo) - O Violão passeando em um acorde trás a melodia que denota intimidade. É o próprio João Ricardo que canta. Dá a sensação de uma pausa.
06 - Voo (João Ricardo/João Apolinário) - Com um baixo magistral a música tem uma levada meio prog que passa bem a sensação de algo voando. Rock de primeira meio folk sobre o poema de João Apolinário.
07 - Angústia (João Ricardo/João Apolinário) - Mais uma que o baixo de Willi simplesmente arrasa. Rock setentista com uma intervenção de guitarra com sonoridade bem psicodélica.
08 - O Hierofante (João Ricardo/Oswald de Andrade) - Rock de alta qualidade sobre um texto de Oswald de Andrade deixando claro que, se Ney era a voz da banda, João Ricardo era o cérebro.
09 - Caixinha de Música do João - (João Ricardo) - Faixa curta e melancólica que funciona como uma transposição para a a última parte do álbum.
10 - O Doce e o Amargo (João Ricardo/P. Mendonça) - Mais um trabalho de cordas bem cunstruido que nos levam a refletir.
11 - Preto Velho (João Ricardo) - Tema contemplativo com uma flauta lindíssima e o vocal de João ricardo num poema introspectivo que olha direto para a alma.
12 - Delírio (Gérson Conrad/P. Mendonça) - Blues arrasa quarteirão de arrepiar. Sempre falo como é difícil fazer blues em portugues, tem que ter muito talento e os caras esbanjam.
13 - Toada & Rock & Mambo & Tango & Etc (João Ricardo/Luhli) - Rock Psicodélico com todas as nuances do estilo, com um vocal sussurrado mostrando o quanto os caras poderiam ter produzido juntos.

Conclusão

Secos & Molhados II é um disco formidável que não pode faltar em nenhuma coleção. Uma obra musical a frente de seu tempo. O talento musical de João Ricardo está a flor da pele, a voz de Ney está impecável. Enfim, uma produção nacional que nos dá orgulho de ser brasileiro.


quinta-feira, 20 de abril de 2017

Qual a sua trilha sonora?

Já que a vida é como um filme, nada mais justo do que uma trilha sonora adequada...
Pink Floyd
Desde que eu me entendo por gente, a música faz parte da minha vida. No começo, não era algo assim tão importante mas quando eu tinha oito para nove anos algo aconteceu. Nós morávamos em Curitiba, bem no centro, na rua Senador Alencar Guimarães. A casa da frente era alugada para um restaurante e nos fundos desta havia um quitinete que era alugado para um hippie. As vezes eu ia lá, para ouvir música e numa dessas vezes eu fui apresentado ao Pink Floyd. Foi amor a primeira audição. Me apaixonei por aquela música cativante, misteriosa e envolvente. Também, não era para menos, afinal The Dark Side Of The Moon é um petardo que impressiona até hoje. O Peninha (o hippie que morava no quitinete) gravou uma fitas para mim que eu ouvia em um gravador mono, que meu pai havia me presenteado.

Led Zeppelin
Quando mudamos para o Rio de Janeiro em 1973, a música continuou sendo uma espécie de trilha sonora da minha vida. Em casa, as tardes eram preenchidas com óperas e operetas que meu padrinho adorava. Eram seis discos por vez numa radiola Philips. Logo ganhei meu próprio toca discos. E começaram a vir os discos. O primeiro álbum que eu comprei foi o Machine Head, do Deep Purple, até que em 74 conheci o Led Zeppelin. Mais uma vez fui impactado e virei fan de carteirinha. Comprei todos os álbuns, aguardava os lançamentos, tinha discos piratas, posters, livros e tudo o que saísse sobre a banda. Na esteira do Led curti muita coisa: Huriah Heep, Deep Purple, Queen, Ted Nugent, Slade e muito mais. Até que ouvi o Emerson, Lake And Palmer e mergulhei no Progressivo com Yes, Triumvirat, PFM, Camel, Renaissance, Jethro Tull, Alan Parson, Supertramp, etc. Certa vez, uma amiga me deu o Álbum Branco do Beatles e finalmente entendi a importância dos quatro garotos de Liverpool. O Abbey Road ainda é, para mim, um daqueles álbuns perfeitos do início ao fim.

Oswaldo Montenegro
Paralelamente a este mundo de baixos guitarras e baterias, conheci, através dos meninos que moravam no mesmo prédio, o chorinho. Como não se derreter ao som do bandolim do Jacob do Bandolim, do cavaquinho do Valdir Azevedo e da flauta do Altamiro Carrilho, isso sem falar nos arranjos do mestre Radamés Gnatalli. Na esteira do chorinho veio uma tal de MPB com os versos magistrais de Chico Buarque, a voz encantadora de Elis Regina, as construções inquietantes de um Zé Ramalho e as baladas de um menestrel chamado Oswaldo Montenegro. É claro que o rock tupiniquim também fez parte desta lida com as Mutações dos irmãos Dias (Mutantes), os trejeitos dos Secos & Molhados, o fruto proibido da Rita Lee que na Casa das Máquinas, rezava um Terço bem Made In Brazil.

Cólera
Mas chegaram os anos oitenta e descobri uma nova força, mais energética, rude e direta. Entrei de cabeça no Punk Rock. Ao som dos Pistols, Clash, Ramones, Toy Dolls, Discharge, GBH, ExploitedDead Kennedys e MDC. Pirei de vez e vi que não estávamos perdidos pois por aqui também tínhamos nossos representantes como: Psikoze, Ratos de Porão, Cólera e Olho Seco. O Impacto do Punk Rock foi tão forte que montamos as bandas Maus Elementos e Paz Armada, em Curitiba, e ainda toquei com o Resistência Nacional e com O Corte.

Antidemon
Em meados da década de 90 conheci Jesus Cristo e minha vida deu uma guinada de 180°. Descobri que cristãos fazem música de alta qualidade e começou tudo de novo. Me encantei com o rock do Tourniquet, Narnia, Bride e Mortification. Me maravilhei com o progressivo do Iona, Ajalon, Unitopia e Neal Morse Band, com a brasilidade do Fruto Sagrado, Katsbarnea, Palavraantiga, Resgate, Antidemon e Rebanhão e com o punk de Value Pac, Slick Shoes, One Bad Pigs e Grave Robber. E Mais uma vez o Punk me levou a montar bandas. Primeiro foi o CHC, depois a Holy Factor e atualmente o Experimento Holy Factor.

É claro que está faltando muita coisa bacana. Mas o espaço é pequeno e não da pra citar todas as bandas que me influenciaram nesta caminhada até aqui. Mas e você, qual é a sua trilha sonora? Comente ai para descobrirmos novos sons.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Modos & Estilos #017 - Mutantes - Tudo Foi Feito Pelo Sol

Quando nos deparamos com uma banda nacional que chega neste nível, bate até um certo orgulho de ser brasileiro.
Rui, Pedro, Túlio e Sérgio
Que a banda brasileira, Os Mutantes, é uma referência, ninguém duvida. Muito se fala da obra deste grupo que teve até a nossa rainha do rock, Rita Lee, na formação inicial da trupe liderada pelos irmãos, Arnaldo e Sérgio Batista. Mas os anos 70 não foram só flores. O consumo de drogas e as constantes brigas internas acabaram por deixar Sergio Dias sozinho após o lançamento do álbum Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets, em 1972. No entanto o virtuoso guitarman não podia parar sua febre criativa e recrutou um novo time de feras para o próximo trabalho.

Sérgio montou uma nova banda que contava com: Antônio Pedro no baixo, Rui Motta na bateria e o fantástico Túlio Mourão nos teclados e completada Serginho nas guitarras. Com este quarteto de peso trocam a gravadora Polydor pela Som Livre e registram o sexto álbum da banda: Tudo Foi Feito Pelo Sol.

Capa - Não há créditos sobre a capa
Este álbum, na minha opinião, não é apenas o melhor disco dos Mutantes, mas um dos melhores discos de rock progressivo de todos os tempos. É claro que existem influências do Yes, mas quem não foi foi influenciado pelo Yes? O álbum tem uma linguagem própria e uma performance impecável. Tudo é perfeito neste disco lançado em 1974 com 7 faixas, uma capa linda, encarte e tudo o que se tem direito. Lembro-me quando adquiri a obra prima e fui capturado logo nos primeiros movimentos.

Recentemente o álbum foi relançado em CD com três faixas bônus do compacto Cavaleiros Negros, que enriqueceram ainda mais o material. Vale lembrar que este álbum tornou-se um item de colecionador disputadíssimo, principalmente fora do Brasil. Neste artigo vou analisar o original para relembrar o impacto que ele causou.

As Faixas


Deixe Entrar Um Pouco D'água No Quintal - A música abre com um excelente trabalho de baixo e bateria logo enriquecido pelo teclado e a guitarra frenética de Sergio. Os Vocais estão perfeitos, as quebras de ritmo e temas ao longo da faixa criam uma massa sonora de deixar tonto. É muita informação para uma única audição.

Pitágoras - Linda! Não consigo encontrar outro termo para definir esta peça musical. Simplesmente linda. Como é bom ouvir o trabalho de pessoas talentosas. A introdução de piano e guitarra é uma delícia que vai sendo temperada pela precursão e um baixo que continua o riff inicial enquanto o teclado viaja para outra dimensão. Além disso há uma brasilidade intrínseca que, só escutando para entender.

Desanuviar - Com um clima etéreo vamos a terceira faixa que nos leva a uma outra dimensão. Uma música filosófica. Soa leve como uma nuvem e aos poucos vai assumindo uma mudança de clima como num dia nublado passando para uma viagem a lá pink floyd que é extirpada repentinamente terminando em um clima meio caótico e reflexivo.

Eu Só Penso Em Te Ajudar - Balada rock com todos os elementos mas que mostra como os caras sabem o que estão fazendo, afinal rock em português é algo complicado, mas não para os mutantes. Nossa língua é percussiva mas Sérgio Dias consegue soar britânico cantando na linguagem do Lácio.

Cidadão da Terra - Mas um tema bem trabalhado com os elementos que marcam o progressivo britânico e que mostram que a banda, mais que um grupo nacional, é uma trupe do mundo. Uma aula de composição que soa simples e sofisticada ao mesmo tempo. O baixo se destaca bastante na faixa e a bateria está impecável.

O Contrário de Nada é Nada - Rock'n Roll. Bem no estilo do rock nacional da época. Soa até um pouco estranha no contexto do álbum, mas funciona bem. E serve como uma pausa depois de tanta informação. A própria letra da a entender que ela é um refresco para a próxima faixa.

Tudo Foi Feito Pelo Sol - Chegamos ao final da obra. Uma canção altamente contemplativa. Fecha o álbum em grande estilo. Mais uma vez o quarteto se supera. Vocais, teclados, guitarras, baixo e bateria estão impecáveis. Destaque para a belíssima linha de contra-baixo que dá o tom. Enfim, escute!

Resumo


Tudo Foi Feito Pelo Sol é um disco épico que não pode ficar fora de nenhuma discoteca de respeito. É uma obra para ser ouvida várias vezes, pois a cada audição, novas texturas vão se revelando e o ouvinte pode compreender porque esta banda é tão respeitada dentro e fora do país, aliás, mais fora do que dentro. Minha esperança é que este artigo incentive as novas gerações a ouvir este trabalho e entender porque somos tão saudosos e porque os anos setenta são tão importantes para a música do planeta.

Segue o link para audição: Tudo Foi Feito Pelo Sol

quarta-feira, 15 de março de 2017

Uma vez Punk, Sempre Punk!

Sou mais punk hoje do que era no passado!
Quando eu mudei do Rio de Janeiro para Curitiba, em 1984, tudo o que eu sabia sobre Punk Rock era do álbum The Great Rock'n Roll Swindle, dos Sex Pistols, que um grande amigo, Ganso, havia me presenteado. Mas ao chegar na Capital Paranaense conheci, através de meu primo Edson de Vulcanis, os punks de CWB que frequentavam o Lino's Bar, uma espécie de CBGB da Cidade "Sorriso".

Aos poucos fui me enturmando com os caras e também aprendendo mais sobre o movimento, sua música e sua ideologia. Foi um grande impacto na minha cultura musical, pois até então, meu universo musical era do Hard Rock de bandas como: Led Zeppelin, Deep Purple, Uriah Heep e o complexo Rock Progressivo de virtuoses como: Emerson, Lake & Palmer, Triumvirat, Yes, Focus, PFM, etc. Escutar aquelas músicas minimalistas ao extremo, com suas mensagens diretas, sem frescurar e nem solos intermináveis me ensinou algo que até hoje carrego comigo: Conhecimento e técnica são importantes, mas vontade e convicção são mais importantes. Eu descobri que podia tocar.

Eu sempre quiz tocar, mas nunca fui um bom instrumentista, meu conhecimento na guitarra limitava-se a uns poucos acordes e nenhuma habilidade com escalas e solos. Havia feito uma música para um festival escolar que até ficou legalzinha mas nada mais que isso. Uma vez fui fazer um teste para uma banda, no Rio de Janeiro. Foi uma das experiências mais desesperadoras da minha vida! Os caras me trataram bem e foram super simpáticos mas eu fiquei decepcionado comigo mesmo por entender que eu não tocava nada. Troquei minha guitarra, na época, por um toca discos.

Mas ao ouvir álbuns como: SUB, O Começo do Fim do Mundo, Ataque Sonoro, entre outros, minha visão começou a mudar. Ai conheci o Gustavo, o Careca e o saudoso Edilson Del Grossi, eles queriam montar uma banda e precisavam de um guitarrista. Não pensei duas vezes: comprei uma passagem, fui ao Rio de Janeiro, adquiri um exemplar do jornal Balcão e achei uma guitarra a venda. Fiz a compra, voltei para Curitiba e falei com os caras que eu podia tocar guitarra na banda. Fizemos uns ensaios e montamos a banda Maus Elementos. Foi feito um registro em fita de rolo mas nunca achei esta gravação. A banda era muito ruim mas a nossa vontade de tocar era maior do que a nossa incapacidade.

Depois do fim dos Maus Elementos, montamos o Paz Armada que foi bem bacana e fazíamos um hardcore bem legal. Ainda toquei nas bandas O Corte e no Resistência Nacional, mas por questões financeiras acabei parando por um bom tempo. Mas o que restou desta época foi a certeza de que é possível fazer quando você realmente quer e tem uma razão para fazer. Também ficaram a eterna paixão por bandas como: Cólera, Lixomania, Olho Seco, GBH, Discharge, Dead Kennedys e muitas outras.

Atualmente sou cristão mas aprendi no cristianismo uma coisa muito bacana: Jesus não quer destruir culturas, mas iluminá-las. Continuo curtindo o bom e velho punk rock, continuo adepto do DIY (Do It Yourself), continuo gostando do Lo-Fi mas com uma cosmovisão cristã. Ainda ouço muitas bandas antigas e novas e muitas com conteúdo cristão. Sei que uma grande parte dos punks não aceita o cristianismo e muito menos cristãos tocando punk rock, mas também sei que este pré-conceito existe por duas razões: 1) O péssimo testemunho de vida de alguns "cristãos". 2) Por desconhecerem o Evangelho de Jesus Cristo.

O que fica é: Punk's Not Dead

Deixo aqui, dois álbuns para você curtir: Uma antiga gravação da banda Paz Armada e uma da minha banda atual... Curte aí...





quarta-feira, 1 de março de 2017

Modos & Estilos #016 - Tangerine Dream - Phaedra

Até hoje não sei dizer se aquelas motos eram reais ou não!
Sempre que escuto este álbum, lembro-me de uma viagem que fizemos a Campos do Jordão. Durante a subida da serra, com o sol se pondo ao fundo em contraste com uma das curvas da rodovia surgem quatro motociclistas com suas respectivas máquinas em fila fazendo a curva em prefeito sincronismo com a música que tocava no carro. Era Phaedra, da banda alemã, Tangerine Dream. Era um outro tempo, outros amigos e outras experiências.

A Banda

O Tangerine Dream é uma banda de rock progressivo eletrônico, oriunda de Berlim, que iniciou suas atividades em 1967. O grupo foi fundado pelo tecladista Edgar Froese (1944/2015). O TD passou por inúmeras formações que sempre orbitaram em torno de Froese, bem como de várias fazes musicais, indo puro experimentalismo psicodélico, passando pela música eletrônica, o prog mais acessível e até uma produção mais comercial, sem perder a qualidade. Sua fase áurea vai de 1974 até 1982, época em que foram produzidas pérolas musicais como: Phaedra, Stratosfear, Cyclone e Force Majeure, com destaque para o álbum Phaedra, considerado pela crítica e pelo público como a obra prima da trupe.

Phaedra

Lançado em 1974, este é o quinto álbum da banda. É o primeiro lançado pelo selo Virgin e inaugura a fase mais eletrônica do grupo. Como já foi citado, é considerado, por muitos, o melhor álbum lançado pelo grupo. Foi gravado em novembro de 1973 no The Manor em Shipton-on-Cherwell, Inglaterra. Também é o primeiro trabalho a utilizar um sequenciador Moog que acabou por criar uma característica sonora, conhecida como Escola de Berlim. Entre problemas nos ajustes do sequenciador e até a quebra de um gravador o álbum contou com a participação de Monique (esposa de Froese).

Phaedra também foi responsável pelo sucesso da banda fora da Alemanha. É citado All Music Guide como: "uma das obras mais importantes, artísticas e excitantes da história da música eletrônica". Na formação deste disco estão: Edgar Froese, Peter Baumann e Christopher Franke. Foi lançado ainda um single com as músicas Mysterious Semblance at the Strand of Nightmares e Phaedra, em versões ultra reduzidas.

As Faixas

As quatro faixas deste clássico da música são de arrepiar e trazem todo um clima cósmico e meio sci-fi. O álbum começa com a faixa título que toma quase dezoito minutos da obra e é completado por três faixas menores mas não menos espetaculares, que compõe um conjunto magistralmente perfeito. Mal dá para crer que tanto foi gravado em tão pouco tempo com os recursos, hoje, tão escassos da época. Vamos as faixas.
  1. Phaedra (Peter Baumann / Christopher Franke / Edgar Froese) - É uma viagem. A peça tem um clima bem espacial com intervenções sonoras ao longo de um ritmo constante como se estivéssemos navegando por oceanos cósmicos e etéreos. É impressionante as nuances que vão criando climas diferentes ao longo da composição.
  2. Mysterious Semblance at the Strand of Nightmares (Edgar Froese) - Esta faixa inicia como uma continuação da anterior, mantendo um clima de mistério mas ao mesmo tempo de doçura como se estivéssemos numa espécie de descanso da alma.
  3. Movements of a Visionary (Peter Baumann / Christopher Franke / Edgar Froese) - Totalmente experimental, apresenta um laboratório de experiências sonoras com utilização de modulação e eco. Mais uma vez o uso de sequenciador cria um clima hipnótico intermediado por sons e silêncios que compõe uma sinfonia eletrônica.
  4. Sequent C (Peter Baumann) - Com seu clima de "Chegamos ao Fim" Sequent C nos conduz para uma atmosfera de reflexão e contemplação. Excelente.

Conclusão

Phaedra é um marco na história da banda e da música eletrônica. É impressionante como uma obra com mais de quarenta anos de idade soa tão atual e mais impactante agora do que na época. Uma aula de musicalidade e experimentalismo que coloca o Tangerine Dream ao lado do lendário Kraftwerk no panteão da música eletrônica. É um disco obrigatório para quem gosta de boa música e para quem quer conhecer este estilo. Abaixo uma opção de audição.


segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Punks Não Morrem, Viram Rebites!

Não tem nada mais punk do que ser crente!
Quando o Eduardo Teixeira lançou o documentário Cristo Suburbano, é bem provável que ele não imaginava aonde isto tudo chegaria. O que era para ser um documentário ao melhor estilo DIY para contar a história da cena punk cristã no Brasil rendeu, além do vídeo, um selo que distribui material de várias bandas, um ministério, três coletâneas, um blog, canal no Youtube e muitos planos para o futuro. No campo das coletâneas foram, até o momento, três edições. A primeira, em 2015 com 23 bandas, a segunda em 2016 com 44 bandas e a terceira de 2017 com 56 bandas, sendo 9 faixas de bandas internacionais de peso como Mark Main e Grave Robber. Mas vamos a esta coletânea.

A compilação Cristo Suburbano Volume 3, como já foi dito, conta com 56 faixas de bandas da cena JCHC (Jesus Christ HardCore) nacionais e internacionais. São vários estilos dentro do punk produzido por cristãos e não há como analisar cada música separadamente. Mas posso fazer uma análise do conjunto da obra. Uma palavra: sensacional. Começando pela ótima capa (figura), desenhada pelo Adriano, da banda curitibana Nova Prole, que já dá uma ideia do conteúdo. A seleção das músicas está excelente com áudio bem equilibrado, entre cada faixa, bem como a qualidade das gravações. Algumas bandas prepararam canções exclusivas para este mega álbum. O download pode ser feito de forma gratuita na página do selo no Bandcamp.

Mas o grande mérito desta coletânea é ver a quantidade de bandas excelentes que existem na cena punk cristã nacional. Para quem quer ter uma ideia do panorama musical do estilo é uma ótima oportunidade. Além do mais, é gratificante ver que mesmo sem nenhum apoio da mídia de massas o underground continua vivo e produzindo muito música boa. Também não podemos esquecer do empenho do Eduardo Teixeira que organizou esta coleção, que certamente ficará na história. A mim só resta te dizer uma coisa. Escute!

Nota: O título desta matéria é uma matéria do punk curitibano Flávio Fardado.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Música de Protesto. Existe Ainda?

Nas favelas, no Senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação

Banda Aborto Elétrico
Nos anos 80, o Brasil se viu invadido pelo fenômeno do Punk Rock, de norte a sul do país. Longe das mentiras propagadas pela mídia oficial, com suas matérias absurdas que retratavam os punks como garotos que vomitavam em velhinhas, uma cena underground baseada na música, arte e cultura urbana vinha se desenvolvendo. Rapidamente, bandas pipocavam por todos os lados, trazendo na sua bagagem, letras como "Que País é Este" da brasiliense Aborto Elétrico (embrião do Legião Urbana). Na cena paulistana, meninos da periferia descobriam uma forma de ter a sua visão de mundo ouvida através das músicas e dos fanzines.

Havia uma preocupação, real, com a situação da época. Havia um grito no ar, de uma sociedade sufocada, mas ainda consciente: "Não dá mais pra aguentar, Essa vida ruim, Essa vida de pião, Você anda sem nenhum tostão, Eles pedem dinheiro emprestado, E tiram do pobre coitado, Essa EXPLORAÇÃO, Vai acabar com a população" (Vida Ruim - Ratos de Porão). Bandas como Cólera, Inocentes, Lixomania ecoavam as vozes sufocadas de um povo sofrido. É lógico que havia a zoeira e a diversão também, mas existia um desejo de mudança e uma esperança de que isso pudesse acontecer. "Às vezes tenho raiva, Às vezes sinto que a ilusão, Me faz recuar, Pois muita gente mente, Pois muita gente dá a mão, Só pra empurrar." (Medo - Cólera). Mesmo a cena Mainstream, mantida pela indústria da música encontrava espaço para uma crítica social consciente com nomes como: Legião Urbana, Titãs, Paralamas, Ultraje, Lobão, etc. "A gente não sabemos escolher presidente, A gente não sabemos tomar conta da gente, A gente não sabemos nem escovar os dente, Tem gringo pensando que nóis é indigente. Inútil! A gente somos inútil. Inútil! A gente somos inútil" (Inútil - Ultraje a Rigor)

Banda Cólera (ainda com o Redson)
Tudo levava a crer que algo iria acontece e aconteceu, mas não como se pensava. Ao contrário de uma virada no jogo, o sistema foi quem deu o troco, levando alguns "protestantes" para o seu lado, com contratos lucrativos, fama, mulheres e drogas. Muitos daqueles garotos cheios de ideias e ideais se conformaram, outros aderiram ao modo de vida do sistema, uns poucos continuaram a caminhada, e tudo foi sendo sufocado ao mesmo tempo em que o establishment tratava de criar uma "cultura" de massa baseada na banalidade primeiramente com musicalidade e letras idiotas e posteriormente até a musicalidade foi perdendo espaço chegando aos nossos dias.

Hoje, nosso país vive, mais uma vez, uma crise política e social sem precedentes e as palavras de protesto se restringem a postagens, muitas vezes, duvidosas nas redes sociais. O protesto através da arte deu lugar a apologia da marginalidade e da decadência moral. Vemos paulatinamente nascer uma geração de zumbis famintos por lixo.

Existe ainda, é claro, musica consciente, mas sem o alcance social que existia antes, e o que é pior: existe um pseudo música de protesto feita por gente comprometida por interesses de um grupo que só quer assumir o poder no lugar do anterior. No Maistream temos lixo pop e na periferia temos uma coisa que não dá nem para explicar o que é. Cabeças ocas, cheias de vento estocado, que só produzem flatulência cultural.

E você? Tem escutado músicas, atuais, que denunciam, que protestam, que alertam para toda esta decadência social que estamos vivendo. Se você conhece, então comente ai embaixo para ajudar a divulgar aqueles que ainda estão conscientes. Grande abraço!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Modos & Estilos #015 - Sparks - Propaganda

Confesso que não me lembro quem me apresentou a banda Sparks, mas lembro perfeitamente que foi a álbum Propaganda e que foi amor a primeira audição!

Capa do Álbum
A banda Sparks foi formada pelos irmãos Ron e Russell Mael no final dos anos 60, em Los Angeles, Califórnia, sob a forte influência da psicodelia reinante por aquelas bandas. Com seus vocais operísticos e letras inteligentes a banda passa por várias fazes registradas em seus vinte álbuns lançados entre 1971 e 2006.

As músicas são marcadas pela ironia e bom humor, muitas vezes amado e outras odiado. Em alguns momentos soa até mesmo meio infantil. Mas há de se destacar a musicalidade da dupla com os arranjos vocais e instrumentais de altíssima qualidade e talento.

O álbum Propaganda que foi lançado em 1974 trás todos os elementos que marcaram o grupo e merece estar em qualquer coleção de quem ama boa música. São onze faixas de tirar o fôlego. Foi lançado em novembro de 1974 logo pós o excelente Kimono My House e relançado em 2006 com três músicas a mais.

Nós vamos analisar a versão original, que era o que eu possuía na minha coleção. Confesso que não lembro quem me apresentou o Sparks. É bem provável que tenha sido meu amigo Hamilton.

As Músicas


1 Propaganda - 0:23 - Uma crítica ao sistema que utiliza o marketing para convencer as pessoas e principalmente os jovem a lutar por causas nem sempre tão nobres. A faixa é curtíssima mas usa uma série de sobreposições de vozes em tom operístico que conseguem colocar uma letra gigantesca em pouco mais de vinte segundos.
2 At Home At Work At Play - 3:06 - A letra, enorme, fala sobre o cara que não tem tempo para nada e só quer estar com sua paixão onde quer que seja. A música lembra os hard rocks típicos da década de setenta.
3 Reinforcements - 3:56 - A Letra discursa sobre uma batalha em que o protagonista precisa de reforços, mas tem um duplo sentido que pode ser traduzido como uma batalha pessoal ou algo do tipo. A melodia é mais uma com o tom operístico tradicional do grupo, pop rock da melhor qualidade com peso certo e um clima psicodélico que parece ter saído de um sonho.
4 B.C. - 2:14 - Esta fala sobre um relacionamento e mais uma vez o sarcasmo está em toda a parte. Virtuosismo com tom de deboche aliados a um trabalho de baixo muito bem elaborado e vocais bem construídos em cima de uma batida constante.
5 Thanks But No Thanks - 4:15 - A letra conta a história de alguém que segue uma espécie de instinto ou ordem superior para seguir mesmo tendo outras possibilidades. Outra que carrega a psicodelia dos anos setenta na ponta da agulha. Melodias simples e sofisticadas ao mesmo tempo e um trabalho de percussão que garante o clima certo.
6 Don't Leave Me Alone With Her - 3:03 - A letra muito bem construída revela um relacionamento indesejado mas que pelos outros é visto como inevitável. Quase uma continuação da anterior mas com mais peso na guitarra. O interessante das músicas da banda é cada faixa privilegia um instrumento em particular. Aqui é a guitarra com drive equilibrado que dá o ambiente para a canção.
7 Never Turn Your Back On Mother Earth - 2:29 - Uma epopeia lisérgica que fala sobre vida com uma pegada naturalista. Bem Flower Power. Balada carregada de emoção com trabalho de orquestra criando uma bela harmonia sobre os vocais bem cuidados desta faixa.
8 Something For The Girl With Everything - 2:18 - Totalmente tresloucada a música é a respeito de uma garota, ou algo, que não pode ser incomodado. Traz a marca da banda com seu clima meio psicótico e atormentadoramente debochado. Sarcasmo, ou apenas diversão de quem entende de música? Da metade para frente ganha o peso do glam dos anos setenta.
9 Achoo - 3:35 - Letra existencialista sobre a vida em que a realidade sempre inverte a verdade sem perder o tom de sarcasmo. Psicodelia sessentista de garotos que não levam nada a sério com uma interjeição sonora hilária. Poderia chamar de uma espécie de punk progressivo.
10 Who Don't Like Kids - 3:37 - Quem não gosta de crianças? Pode haver um segundo sentido na pergunta mas a música é ótima. Sem dúvida uma das faixas mais bacanas do álbum. Todos os elementos que caracterizam a banda numa mesma composição. Não dá nem para rotular. Perfeita.
11 Bon Voyage - 4:55 - A letra brinca com o ceticismo e a religiosidade quando se aproxima o fim da vida. Questiona mas não emite uma opinião definitiva. O álbum não poderia terminar com uma música melhor. Novamente a atmosfera psicodélica com vocais magistrais mostra todo o potencial e talento dos Sparks.

Para ouvir:


terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Quando ouvir música era um ritual

Se você tem menos de trinta anos leia para saber como era e sem tem mais de trinta leia para lembrar como foi!

Quando eu era um adolescente, la no Rio de Janeiro, e não havia música em formato digital e a internet era inimaginável para nós, ouvir música era um ato quase religioso. Na nossa turma, tínhamos o hábito de sempre adquirir discos diferentes para permitir a troca entre amigos e com isso ter acesso a uma quantidade maior de obras. A escolha dos álbuns adquiridos tinha que ser rigorosa, pois além de caros, não podíamos nos dar ao luxo de comprar um disco com uma ou duas músicas boas e descartar o restante. Na loja de discos do bairro que eu morava, o Leme, havia a possibilidade de ouvir os LPs  antes de comprá-los. Estas restrições e dificuldades acabavam nos tornando seletivos e criteriosos. Em resumo: não tínhamos tempo e nem dinheiro para esbanjar com qualquer lixo.

Depois de adquirir a bolacha (apelido carinhoso para os long-plays de 12 polegadas) havia o momento mágico da audição. Retirar da capa, ler encartes, ver ilustrações, a flanelinha para eliminar impurezas, colocar no toca discos, deitar delicadamente a agulha sobre o vinil e deliciar-se com os acordes que vinham dos alto-falantes. Depois de escutar o lado A havia ainda a necessidade de virar o disco para ouvir o lado B.

Era um tempo em que a música exigia um tempo para ela. Por outro lado, o ouvinte exigia conteúdo das músicas. Não apenas qualidade musical mas uma mensagem que fosse de encontro as suas idéias e ideais. A música fazia parte de nossas vidas e nos ajudava na formação cultural e crítica. Nossos ouvidos estavam habituados com acordes complexos e os tempos quebrados do jazz e do progressivo, com a graça do chorinho, com a energia do hard rock e com a riqueza poética da MPB. Isso sem falar no engajamento político e nas preocupações sociais que as músicas discutiam de forma direta ou indireta.

Creio que o alto custo para se adquirir música e a dificuldade em conseguir obras mais raras tenha sido um fator de peso para que a música ocupasse um lugar de honra em nossas vidas.

Mas então o que aconteceu. Porque hoje, grande parte do público é menos seletiva e consome qualquer coisa independente do conteúdo ser refinado ou não? Eu acredito que um dos fatores que contribuiu para isso é justamente a facilidade que se tem hoje para consumir música. Atualmente qualquer Smartphone está recheado com milhares de músicas e o advento do Streaming nos dá acesso a milhões de canções que levam a dois extremos, a saber: Não dá para ouvir tudo e ouve-se o máximo possível e por conta disso a música passou a desempenhar um papel de mera trilha sonora para a corrida pela manhã, a academia, o trajeto para o trabalho, e para que ela não desvie a atenção do caminhante, do motorista ou do trabalhador ela precisa ser fácil de assimilar e de descartar. Resumindo, a música perdeu seu lugar de honra e passou a ser apenas um preenchimento sonoro nos silêncios da vida. Isto é tão verdade que quando você olha um aplicativo para música não é raro encontrarmos listas de faixas para tomar banho, lavar louça, andar de bicicleta, viajar, dormir, etc.

É claro que nem tudo está perdido e as facilidades tecnológicas também tem contribuído para aquele grupo de pessoas, embora pequeno, que tem interesse em boa música. Musica para sentar e ouvir. Comentei sobre isso em outra matéria neste blog (A Indústria da Música Está em Crise. Que Ótimo!!!). Admito que este tempo em que uma obra musical exercia fascínio, dificilmente retornará, mas gostaria que você prestasse mais atenção naquilo que ouve. Um abraço.

domingo, 15 de janeiro de 2017

Modos & Estilos #014 - Focus - Live At The Rainbow

Um certo dia estava na casa de um amigo e ele me mostrou e colocou para tocar o LP Live At The Rainbow da banda Focus. No dia seguinte eu já estava na loja de discos, do bairro, comprando um exemplar para minha coleção. Foi amor a primeira vista e é sobre esta banda e este álbum que iremos tratar nesta postagem.



O Focus é um grupo holandês de Rock Progressivo formado em 1969 pelo músico Thijs Van Leer (Teclado e Flauta). O Grupo lança seu primeiro álbum, intitulado In and Out of Focus, em janeiro de 1971, seguido do Moving Waves, ainda em 71 e Focus III no final de 72.

Em outubro de 73 lançam seu primeiro registro ao vivo, o lendário Focus at the Rainbow que iremos analisar nesta postagem. O álbum foi gravado no Rainbow Theatre em Londres em 5 de maio de 1973. Seu lançamento não estava previsto mas devido a divergências internas foi lançado no lugar de um álbum de estúdio que estava previsto para ser lançado mas foi adiado.



O disco trás a formação clássica com Thijs van Leer (teclado, flauta e vocais), Jan Akkerman (guitarra), Bert Ruiter (baixo) e Pierre van der Linden (bateria) e mostra toda a musicalidade da banda ao vivo, com espaço para performances mais arrojadas e improvisos.

Trata-se de um registro indispensável em qualquer discoteca de rock de respeito. Vale lembrar que a banda é, até hoje,considerada uma das maiores do gênero com uma musicalidade a frente do seu tempo, misturando elementos do rock, do jazz e da música erudita. Mas vamos ao disco.

As Músicas


1 - Focus III - O disco inicia com esta fantástica peça instrumental do álbum homônimo onde a guitarra de Akkerman é o ponto alto da faixa. Tema curto e lindo.

2 - Answers? Questions! Questions? Answers! - Sem intervalo, chegamos a este tema energético, que também faz parte do Focus 3, com seus vocais de fundo e um órgão maravilhoso e muitas mudanças de ritmo. Encanta qualquer um que aprecie boa música. A flauta de Thijd van Leer trás um clima que mistura o moderno e o erudito numa alquimia perfeita. Destaque para a o trabalho de van der Linden na bateria criando as mudanças de ritmo e o clima para esta composição intrigante e instigante. A integração do teclado e guitarra com o baixo e a bateria é espetacular. São quase 12 minutos de instrumental com vários elementos do Jazz. Uma obra prima!

3 - Focus II - Esta vem do álbum Moving Waves e apresenta uma linha de guitarra exuberante que passeia em cima de uma base simples e solida fornecida pelos demais instrumentistas.

4 - Eruption - Também do álbum Moving Waves, aqui ganha uma versão mais comedida com pouco mais de oito minutos contra os mais de 23 minutos da versão de estúdio. Trata-se de uma peça em vários movimentos com características bastante fortes da música erudita.

5 - Hocus Pocus - Esta talvez seja uma das músicas mais emblemáticas da banda e se transformou num hino que representa a identidade da trupe holandesa. A pegada quase hard, a bateria bem trabalhada, o riff insistente e o vocal ensandecido cantado a tirolesa. Um clássico. Se você não conhece a banda deveria pelo menos ouvir este som. Esta música também é do álbum Moving Waves.

6 - Sylvia - Tema rápido que faz parte do álbum Focus 3, musica alegre e divertida com uma linha de guitarra muito bem escrita, daquelas que cola. Um bálsamo para os ouvidos.

7 - Hocus Pocus (reprise) - Para encerrar, a banda retorna com seu carro chefe, a linha de baixo neste trecho é matadora. Hocus Pocus é uma espécie de Prog Punk bem antes do surgimento do punk. A mistura com vocais clássicos e o passeio pelo Tirol são mágicos e funcionam perfeitamente. Termina quase um hardcore oldschool.

Conclusão


Focus Live At The Rainbow é um LP indispensável para quem quer conhecer esta banda e nos incentiva a escutar os outros trabalhos do grupo e compreender porque, até hoje, o Focus é considerado um dos maiores e melhores grupos de rock progressivo da história. Uma referência no gênero e uma escola para muita gente boa. Vale a pena cada segundo.



segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

A Indústria da Música Está em Crise. Que Ótimo!!!

Desde que o formato MP3 (conheça a história) chegou ao consumidor final, em 1995, a indústria da música vem reclamando da "pirataria" e dos prejuízos que a prática de compartilhar música tem gerado, e para nos convencer invoca até os "santos" dos Direitos Autorais, etc, etc, etc. Muitos artistas do mainstream também se engajam nas campanhas para conscientização. Mas a pergunta que não quer calar é: Quem perde dinheiro com a distribuição digital? Resposta: A indústria! E eu te afirmo que isto é muito bom!

Antes que você promova um ataque, contra minha pessoa, apelando para as milhares de pessoas que trabalham na indústria da música e sustentam suas famílias, permita-me compartilhar partes de uma entrevista com Steve Albini (Não conhece? Deveria!) onde ele explica como funciona a indústria da música. Se desejar ler todo o keynote ai vai o link. Mas vamos em frente.

"A indústria musical era essencialmente a indústria dos discos, em que discos e rádios eram os caminhos através dos quais as pessoas conheciam música e principalmente, a experimentavam." Perceba que a indústria da música foi formada em cima de um bem de consumo (o disco) e utilizava uma estratégia de marketing (o rádio) para impulsionar o consumidor a adquirir o produto. "Gravar era uma empreitada rara e cara, então não era comum. Até a tua demo requeria um investimento considerável." Os custos de produção e distribuição eram extremamente altos e o poder tecnológico e financeiro para isso estavam nas mãos da indústria e, consequentemente dos industriais. "Rádios eram muito influentes. Era o único lugar para ouvir música de qualquer artista e as gravadoras pagavam bastante pra influenciá-los." É aqui que a porca torce o rabo. Tudo o que chegava ao consumidor era exatamente o que a indústria decidia que deveria chegar e isto implicava em muito jabá (pratica de pagar para que determinadas músicas fossem executadas nas rádios e posteriormente na TV).

Perceba que até aqui, tudo que foi mencionado é: indústria, rádios, TV, custos, consumidor, produto e por aí vai! Em nenhum momento mencionamos os termos músicos e ouvintes. Pois é, pois é, pois é: Neste processo produtivo e lucrativo o músico é o que menos ganha e o ouvinte é o que banca tudo mas nenhum dos dois é consultado no processo. Mas calma lá, mesmo antes da internet, uma galera começou a perceber que isto poderia ser diferente. Meu Deus! Quem foram estes gênios? Pasmem! Foram os punks. Estes mesmos, com seus cabelos espetados, roupas rasgadas que mostram o dedo do meio para tudo e todos, foram eles que decidiram mandar a indústria para aquele lugar e por em prática o famoso Faça Você Mesmo (DIY). Foram eles que ensinaram ao mundo que era possível gravar por conta própria e distribuir fora do sistema e informar de forma alternativa através dos fanzines.

Mas até aí a indústria não estava sendo incomodada e até se valia da cena underground para buscar novos possíveis produtos através de seus olheiros. Mas uma revolução estava prestes a começar. É a revolução digital. O grande barato da revolução é que: tudo o que era pesado e caro foi transformado em um conjunto de zeros e uns formando bits e bytes que levaram o alto custo lá embaixo e com a internet e as suas possibilidades de compartilhamento, a comunicação entre músico e ouvinte passou a ser direta eliminando todo o monumental intermediário que havia antes. "Num piscar de olhos, a música passou de rara, cara, disponível só em mídias físicas e ambientes controlados, para ser ubíqua e de graça. Que evolução incrível!" E é incrível mesmo, pois quem ganhou com isso foi o público e os artistas. É lógico que a indústria não curtiu a ideia e iniciou uma campanha para criminalizar a distribuição gratuita mas creio que este é um caminho sem volta. Mas espere aí! Nós estamos falando de um cenário norte americano e norte europeu. Mas e no Brasil?

Não é diferente! A diferença talvez seja quantitativa no que diz respeito a cultura de consumo em nossas terras tupiniquins. Uma grande parte da população brazuca ainda está habituada a consumir o que a grande mídia espalha através das rádios e TVs. O mainstream, por aqui, ainda é muito forte, talvez pela nossa herança de dizer sim aos coronéis. Mas nem tudo está perdido. Existe um universo underground e independente bastante ativo na nossa amada colônia. Não é um grande público mas é o suficiente para manter o movimento e graças a globalização da informação, hoje, temos artistas com seus trabalhos atingindo públicos fora do Brasil.

Por isso que eu repito. Que bom que a indústria da música está em crise. Quem sabe, a partir dessa crise, os músicos, os artistas possam viver da sua arte sem vender a sua honra, e o público possa desfrutar da arte e pagar, sim, pelo que quer e gosta e não pelo que lhe é imposto e cheio de impostos.

----
Nota: O Keynote de Steve Albini foi traduzido por Janaína Azevedo Lopes.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Modos e Estilos #013 - AC/DC - High Voltage

Sinceramente falando, eu não me lembro qual foi o primeiro álbum do AC/DC que eu comprei, mas sei, muito bem, qual foi o que me impactou mais! High Voltage! E é sobre este disco que vamos conversar.



Existem dois álbuns da banda com este título: o primeiro é o disco de estréia e foi lançado em 17 de fevereiro de 1975, somente na Austrália. Não é deste disco que vamos falar mas da versão internacional lançado em 14 de maio de 1976 e que trás faixas do primeiro High Voltage e do T.N.T (ambos lançados apenas na Austrália). Trata-se de uma compilação que mostra toda a força da jovem banda e que imediatamente cai no gosto da garotada.

Participam do trabalho: Bon Scott (vocal), Angus Young (guitarra), Malcom Young (guitarra), Mark Evans (baixo) e Phill Rudd (bateria). Com esta formação é que são gravados os três primeiros discos com distribuição internacional: High Voltage, Dirty Deeds Done Dirt Cheap e Let Ther Be Rock.

Trata-se de um álbum bastanta energético, puro rock, com riffs colantes e levadas simples. As letras são na maioria adolescentes e falam de festas, fama, mulheres, bebidas e jogatina. Não existe nenhuma pretensão de ser profundo ou conscientizador. A ordem aqui é divirta-se o mais que puder. Não há exageros, os solos de guitarra estão na medida exata, baixo e bateria cadenciados e vocal típico das bandas de hard rock. Enfim, uma banda que sabe exatamente o que está fazendo.

Músicas:


01 - It's A Long Way To The Top (If You Wanna Rock 'n' Roll) - Batida constante, riff pegajoso, gaita escocesa, refrão puro anos 70 e guitarra solo no momento certo. A música fala da difícil caminhada para se tornar um astro do rock.
02 - Rock 'N' Roll Singer - O bacana do AC/DC é a simplicidade. Riff de quatro notas, solo visceral , batida constante e o refrão grudento. Também fala sobre o mundo do Rock'n Roll. Uma delícia para os ouvidos.
03 - The Jack - Blues arrastado daqueles que mexem os músculos e os nervos. A música fala de uma partida de Poker do inciante com a experiente. O duplo sentido faz bastante sentido na música. Um clássico presente em todos os shows da banda.
04 - Live Wire - O baixo marcado e constante, numa única nota entrecortado pela guitarra que apenas toca acordes simples. Bateria entrando aos poucos e a batida cadenciada vai ganhando corpo. Música de estrada. Deve ter sido escrita em alguma interminável estrada australiana. Show de bola.
05 - T.N.T - Esta é clássica e mostra que a banda era uma fabricante de hits, desde os primeiros passos. Resumindo simplesmente explosiva para detonar seus neurônios.
06 - Can I Sit Next To You Girl - Música de adolescente que perde a garota para outro cara. Puro rock´n roll. Muito boa mesmo. A guitarra é genial e da um clima de comédia o tempo todo. Cine Pipoca.
07 - Litle Lover - Mais um blues desta vez falando de garotas e sexo. A velha história da garota que o cara se apaixona e depois "some". Música de duplo sentido com uma pegada muito boa.
08 - She´s Got Balls - Rock de qualidade pra contar a história do garoto que conhece uma mulher bem mais experiente do que ele e fica todo bobo. Muito boa a música.
09 - High Voltage - Perfeita para encerrar este álbum e deixar aquele gosto de quero mais.

Conclusão


High Voltage é daqueles álbuns de estreia que te fisgam na primeira audição. Não é a toa que os caras estão na estrada até hoje mantendo os velhos fãs e conquistando novos. Audição obrigatória e faz parte da discoteca básica do rock.


domingo, 18 de dezembro de 2016

Então é Natal... E ano novo também...

Chegamos a mais um mês de dezembro e com ele as tradicionais comemorações do Natal e as controvérsias em torno do tema.

Outro dia encontrei com uma pessoa que segue uma determinada religião que despejou um leque de argumentos contra o Natal reiterando que Jesus não nasceu em dezembro e que a data é só um comércio e que a figura mais importante é o Papai Noel que só serve para fomentar o consumo e blá, blá, blá!

A questão é a seguinte: ninguém sabe o dia do nascimento de Jesus mas isso não pode ser um empecilho para comemorarmos seu nascimento, e a tradição cristã acabou incorporando a data de 25 de dezembro para realizar esta comemoração. Então qual o problema? Vamos comemorar sim, encher nossas casas de luzes, montar um presépio, entoar canções de louvor ao nosso Deus, trocar presentes e cear com Ele lembrando que Ele veio a este mundo para dar seu corpo e seu sangue pelos nossos pecados. Pare de ficar demonizando datas e épocas pois o tempo e os dias pertencem a Deus que é Senhor de todas as coisas quer no passado, quer no presente e também no futuro.

Quanto ao Papai Noel, aproveite para contar a história de São Nicolau que foi um bispo católico extremamente devoto que abriu mão de seus bens para atender as necessidades dos pobres. Um crente fiel que foi preso por não negar sua fé em Jesus Cristo.

Vamos parar com todo este mimimi e vamos comemorar o Natal com músicas de louvor ao nosso Deus. Feliz Natal a todos e um 2017 repleto de alegrias. Para encerrar,curte ai a cançao de Natal da minha banda.


quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Modos & Estilos #012 - Kiss - Destroyer

Não tive muita coisa do Kiss em minha coleção mas o álbum Destroyer foi um deles. Pelo que me recordo foi o primeiro álbum do quarteto que eu adquiri. Este disco me fez curtir a banda e tem ainda uma história interessante. Na época, eu gostei tanto que comprei mais um para dar de presente a uma garota chinesa que eu namorava, só que ela não era uma apreciadora de rock. Foi engraçado ver ela tentando disfarçar a decepção ao receber o presente. Mas vamos ao que interessa.




Destroyer foi o quarto álbum de estúdio da banda e foi lançado, após o fantástico Kiss Alive, em 15 de março de 1976. Foi gravado em duas etapas: de 3 a 6 de setembro de 1975 no estúdio Eletric Lady e entre janeiro e fevereiro de 1976 no Record Plant Studio. A produção ficou a cargo de Bob Ezrin, que já havia produzido para Alice Cooper. Foi um relacionamento difícil com o gênio forte de Ezrin mas a escolha foi acertada e resultou num trabalho de extrema qualidade.

Contou com a formação clássica da banda: Paul Stanley (guitarra e vocal), Gene Simmons (baixo e vocal), Ace Frehley (guitarra solo) e Peter Criss (bateria e vocal). Estima-se que tenha vendido algo em torno de 6 e 7 milhões de cópias.



Em 2012 o álbum foi relançado com o nome de Destroyer Ressurect, contanto com a versão original do desenho da capa que é num tom mais sombrio do que a versão azul lançada em 1976. Mas vamos as músicas.

Detroit Rock City - A faixa inicia com sons que remetem a alguém que está saindo de carro, no rádio música da banda dos álbuns anteriores. Aos poucos a música vai crescendo numa levada poderosa de um hard rock da melhor qualidade. A letra é simples e fala sobre as diversões noturnas. O solo é simples, porém marcante. A batida constante da bateria mantém o clima de velocidade pelas ruas de Detroit. Encerra com uma batida de carro. Foi lançada no formato single em julho de 76. 

King of the Night Time World - Simplesmente sensacional, Riffs em cima do pedido, batida rápida num rock'n roll da melhor qualidade. Fala sobre as revoltas adolescentes em lares desconsertados. A busca da felicidade está na festa e na música onde o jovem vira rei. Ótima faixa.

God of Thunder - Vozes infantis, sons incidentais e um riff bem construído. O tema busca o lado sombrio do rock, recurso utilizado por muitas bandas mais como marketing do que por convicção. Um bom trabalho de guitarra e um vocal ameaçador.

Great Expectations - Primeira balada do álbum fala de desejos, principalmente sexuais. Os arranjos são muito bem elaborados com vocais bem equilibrados. Da uma grande guinada no ritmo do disco. Conta inclusive com um coral e orquestração.

Flaming Youth - De volta ao ritmo alucinante do álbum esta música é um hino de convocação que fala sobre a força da juventude e desafia as gerações anteriores. Musica rebelde para conquistar jovens e adolescentes.

Sweet Pain - Música média e bem feita fala de dominação e relacionamento mais baseado na força do que no amor propriamente dito.

Shout It Out Loud - Outro grande sucesso da banda. Mantem a pegada do disco, musica para dançar (na época). Um convite para deixar tudo de lado e simplesmente se divertir sem pensar mito em consequências.

Beth - Um dos maiores sucessos da banda, esta balada romântica com arranjos de piano e orquestra mostra o lado musical que estava se desenvolvendo nos garotos da banda. A letra fala da escolha pela fama que sempre acaba sacrificando relacionamentos e destruindo outros sonhos. Simplesmente sensacional.

Do You Love Me? - É a musica de encerramento. A esta altura toda a fama que os rapazes estavam conquistando traziam consigo muita gente interessada no poder da fama e não no famoso. A pergunta é: você está comigo por amor ou pelo que eu posso lhe comprar? É o preço de se tornar rico e conhecido. Excelente música.

Rock And Roll Party (untitled) - Faixa bônus, na versão original apenas uma faixa sem título. Brincadeira de estúdio com vozes sons e efeitos captações ao vivo convidando para uma festa de rock.

Conclusão


Destroyer é um disco muito bem produzido que mostra uma grande evolução musical dos membros da banda, em parte devido a produção de Bob Ezrim. É um álbum obrigatório em qualquer discoteca básica de rock. Curta ai...