segunda-feira, 1 de abril de 2019

Vivemos Num Mundo Doente

Quando o Renato Russo escreveu a célebre frase "Vivemos Num Mundo Doente", será que ele tinha a noção de quão grave era esta doença?
Recentemente, aqui na cidade aonde eu resido, aconteceu um fato inusitado: Um cidadão, aposentado, foi flagrado pela terceira vez, por câmeras de segurança, furtando produtos em um estabelecimento comercial. Ao ser flagrado pela proprietária do referido comércio, a mesma, no lugar de comunicar a polícia a ocorrência, deu uma bronca no meliante. No entanto, devido ao nervosismo e indignação acabou desferindo um tapa no indivíduo. A cena toda foi filmada e postada nas redes sociais o que gerou muita polêmica. Muitos defendendo a empresária e muitos defendendo o delinquente. Nesta postagem, pretendo analisar, junto com você, alguns pontos deste acontecimento para tiramos algumas conclusões.

Os Fatos


O que é certo é o seguinte: O furto aconteceu, não foi a primeira vez, o transgressor possuía dinheiro para pagar, a proprietária do estabelecimento se exaltou e realmente deu um tapa no indivíduo, ele já tem uma certa idade e ele é aposentado.

O Furto


Independente de qualquer opinião, aconteceu um furto real, as imagens das câmeras de vigilância e de quem postou a confusão não deixam nenhuma dúvida de que houve um crime que está previsto no código penal e que deveria ser punido de acordo com a legislação pertinente.

O Tapa


A proprietária do estabelecimento realmente deu um tapa no autor do furto, durante a discussão. Um único golpe num momento, ao que tudo indica, de descontrole emocional, o que não minimiza a ação. A filmagem anônima que foi parar nas redes sociais também não da margem para ignorar o acontecido.

A Polêmica


Não sei dizer quem iniciou a polêmica mas a realidade é que, muita gente se mostrou inconformada com o tapa no cidadão. Com justificativas como: Éra um senhor de idade, passava fome, está desempregado e coisas do gênero. Apos isso uma tal de MC Mirella, que até então eu desconhecia e que coleciona sucessos como: Te Amo Piranha, Piru de Natal e Bunda Pros Favelas, resolveu comprar a briga e se prontificou a dar um ano de mercado ao delinquente e ainda iniciou uma campanha (vaquinha virtual) que até o momento deste post já arrecadou 65 mil reais. E ainda teve alguém que sugeriu um boicote de trinta dias contra o estabelecimento, mas parece que não deu certo pois neste último final de semana o mercado estava completamente lotado.

Em seguida foi a vez dos "especialistas": Teve até gente que afirmou que roubar para comer não é crime. Fui pesquisar o assunto e descobri que existe o chamado Furto Famélico que se configura quando o furto "é praticado por quem, em estado de extrema penúria, é impelido pela fome, pela inadiável necessidade de se alimentar”, onde o crime passa a ter um tratamento especial. Mas segundo soube com pessoas da área o caso deste indivíduo não se enquadra, pois o mesmo recebe aposentadoria e possuía dinheiro, em seu poder, no ato do crime. Portanto esta hipótese pode ser descartada.

Com relação a agressão sofrida, concordo e reafirmo que foi desnecessária. Mas de acordo com as imagens foi um ato impensado num momento de estresse profundo, pois não houve continuidade. Sei como é difícil trabalhar mais de 14 horas por dia, pagar contas, salários, impostos sem fim e ainda ser roubado. Mas de tudo o que aconteceu pude tirar algumas lições que descrevo a seguir.

Conclusão


Nossa sociedade vem sofrendo uma progressiva inversão de valores que projetam o agressor como uma vítima e o agredido como o culpado pela situação. Esta distorção moral, na minha concepção, é fruto da relativização de conceitos de certo e errado. Máximas como: "siga seu coração" ou "se te faz feliz, então faça" tem concebido indivíduos que desconhecem limites e não se identificam como parte de algo maior. Trabalho, moral e honestidade se tornaram obsoletos e as narrativas adulteram fatos para satisfazer ideologias. 

Estamos assistindo a derrocada da civilização ocidental que abandonou os pilares que a levaram ao seu apogeu. Uma sociedade burra, que não consegue articular uma frase com o mínimo de sentido. Um povo que não é capaz de resolver seus problemas e está sempre a procura de algum benefício obtido as custas da espoliação dos que produzem as riquezas. 

Um mundo doente e moribundo, aguardando a morte na UTI da história. Com suas feridas abertas, exalam o cheiro ruim das entranhas do inferno que corroem seus cérebros desprotegidos pela falta de contato com o Criador. Um mundo sem Deus que parece apontar para um triste e doloroso final. Ai daqueles que ficarem para o último ato.


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