sexta-feira, 30 de junho de 2017

Músicos Para a Glória de Deus

Toda criação artística é um dom de Deus!
Quando uma pessoa descobre a fé cristã e aceita a Jesus Cristo como único e suficiente Salvador de sua vida, este indivíduo continuará exercendo sua profissão normalmente, ou seja: Se era um médico continuará médico, a professora continuará dando aulas, o pedreiro continuará construindo casas e assim por diante. Não vemos um médico que se tornou cristão passar a clinicar apenas para crentes ou a professora pedir as contas na escola e passar a dar aulas apenas na igreja ou o pedreiro deixar de construir casas para os que não são irmãos na fé. Todos irão continuar exercendo suas profissões apenas com uma diferença. É que a partir de sua conversão, passam a ter consciência de que tudo o que fazem, deve ser para a Glória de Deus, a partir de uma cosmovisão cristã de vida e de existência. Existe até um incentivo eclesiástico para que sejam os melhores em suas atividades com vistas a dar um bom testemunho e exercer sua vocação de sal e luz para este mundo. Mas então, porque as pessoas ligadas a arte são praticamente obrigadas a abandonar suas profissões, por muitos líderes, ao abraçarem a fé cristã?

É obvio que algumas práticas devem ser deixadas de lado em virtude de um novo entendimento da vida. Por exemplo: se o médico praticava abortos não irá fazê-lo por uma questão moral e compromissal com a sua fé, a professora ensinará sua matéria de forma isenta e apontando aquilo que acata e o que não acata, o pedreiro construirá com mais zelo e sem enganos. Temos que entender que o Evangelho é um conjunto de valores válidos para todas as áreas da nossa vida, que irá gerar um reflexo em tudo o que fizermos. Da mesma forma o artista plástico, o ator, o escritor ou o músico, continuará vivendo da sua arte que agora certamente irá refletir seu novo status comportamental e só evitará eventos ou conteúdos que agridam seu conjunto de crenças e o deixem constrangido. 

Este costume impositivo de obrigar o artista, principalmente o músico, a abandonar sua habilidade profissional, tem matado talentos que nós, enquanto cristãos, cremos que foram dados por Deus. E o pior de tudo é que, para tentar minimizar o problema, as instituições religiosas tentam absorver estes profissionais criando uma indústria da música cristã que em nada difere da, tão combatida, e chamada, música secular. Com isso, cultos que deveriam ser objetos de exaltação e adoração ao nosso Deus, tem se transformado em palcos de eventos perdendo a única característica que não deveriam perder, que é: ser um Culto a Deus. A função da arte na adoração deve ser apenas de coadjuvante, no sentido de proporcionar um mero auxiliar de ambiência para o que é principal, mas o que temos visto é um palco onde celebridades rivalizam com o próprio Criador para buscar os holofotes sobre si e garantir um lugar no shopping dos vendilhões do templo. Quando o púlpito vira um palco, músicos viram estrelas e pregadores se transformam em animadores, podemos dizer que tomos um espetáculo, um show ou um circo, mas não podemos afirmar que temos um culto.

Precisamos rever, com a máxima urgência, nossos conceitos de serviço a Deus para não confundirmos as coisas. Quanto aos músicos, pintores, atores, poetas, etc, devem continuar a viver de sua arte e através dela lançarem luz sobre as trevas e, como sal, dar um novo sabor a este mundo amargo. Até a próxima!

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Vingança não é justiça

Muito se falou, nestes dias, sobre o caso do meliante que teve a testa tatuada quando foi flagrado praticando um furto. Mas até onde a chamada justiça com as próprias mãos é realmente justiça?
O caso do rapaz que estava cometendo um roubo na residência de um tatuador que flagrou o meliante e tatuou a frase: "sou ladrão e sou vacilão", teve uma grande repercussão com opiniões variadas de todos os lados. Os que são a favor, os que são contra,os que se divertiram e os que ficaram tristes. Um caso típico daquilo que chamamos de justiça feita com as próprias mãos, mas que, se melhor analisado não se trata de justiça e sim de vingança. Mas para entendermos melhor temos que ir por partes.

Primeiro devemos entender a reação da vítima, ao se deparar com a sua propriedade invadida pelo menor infrator. A ação consumada na forma de castigo, não é justificada e mais para frente vamos entender porque. Mas a reação encontra uma justificativa, justamente na falta de perspectiva de solução por parte do Estado. Quando vivemos em um país onde o contribuinte não vê o retorno do seu esforço, ou seja, não tem a segurança, a educação, a saúde e o direito de defesa da propriedade que os seus impostos deveriam proporcionar, há uma tendência de que, a cada dia, mais reações desta natureza ocorram. O abandono do Estado cria cidadãos lançados a própria sorte que reagem e se defendem como podem e como pensam que devem.

Do outro lado temos um sistema penal que não estabelece justiça, pois, na maioria das vezes, não ressarce a vítima e nem recupera o individuo que praticou o ilícito, ou seja: temos crimes não resolvidos e criminosos que não são inibidos de suas práticas. O que gera insegurança para os chamados, cidadãos de bem e impunidade para os meliantes. Some-se a isso todo um cabedal de absurdos jurídicos e aberrações políticas que criam uma eterna sensação de abandono.

Quanto ao ato praticado, de tatuar a testa do rapaz, temos aí um sério problema pois, apesar de o jovem ter feito uma ação invasiva ao território da vítima objetivando subtrair seus bens materiais, em momento algum, da ação, o fora-da-lei cometeu qualquer ato de violação da integridade física da vítima, mas ao ser tatuado o agressor passa a, também, ocupar o lugar de vítima, ao ter a sua integridade física (seu corpo) violado pela vítima que agora se torna agressor em uma instância diferente da anterior.

Existe ainda, uma outra questão, ligada a semântica, que não se tem discutido no ato praticado pela vítima. Ao tatuar a frase "Sou ladrão e sou vacilão" na testa do garoto, fica implícito que o problema não está na atitude de roubar e sim na de vacilar, ou seja: é o mesmo que dizer: "pode roubar, mas não pode vacilar". Aquilo que poderia ser chamado de justiça, mas não é, pois não foi movida pela razão e sim pela emoção e, portanto, é vingança acaba passando uma imagem que não inibe o crime mas orienta para que, da próxima vez, o ato criminoso seja praticado com cuidado para não deixar pistas.

Infelizmente esta não é a primeira e nem será a última reação deste gênero. Muitas e piores virão por aí. Me desculpem o pessimismo, mas está cada vez mais difícil de acreditar em uma mudança para melhor.

E você, o que pensa? Qual a sua opinião?

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Modos & Estilos #019 - Rita Lee & Tutti Frutti - Fruto Proibido


Considerada a rainha do Rock nacional, Rita Lee tem uma carreira eclética passando por vários estilos e bons trabalhos, mas nada comparável a esta obra prima.
Rita Lee Jones Carvalho nasceu em São Paulo em 31 de dezembro de 1947. Começou a tocar bateria aos 15 anos. Entre 1966 e 1972 Rita Lee fez parte da maior banda brasileira de todos os tempos, os Mutantes, de quem foi co-fundadora junto com os irmãos Arnaldo e Sérgio Dias. A Relação com Os Mutantes a levou a contrair matrimônio com Arnaldo Dias. Ainda com Os Mutantes gravou dois discos solo: Build Up em 1970 e Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida de 1972 que, na verdade trata-se de um disco dos Mutantes mas que foi lançado como solo de Rita por questões contratuais da gravadora. Com o fim de seu casamento com Arnaldo veio o fim do seu relacionamento com a banda.

Com a amiga Lucia Turnbull forma a dupla Cilibrinas do Éden que acaba sendo o embrião da banda Tutti Frutti que conta ainda com Luis Sérgio Carlini e Lee Marcucci, entre outros. A Parceria com a nova banda dura de 1973 até 1978 e o saldo são quatro álbuns a saber: Atrás do Porto Tem Uma Cidade de 1974, Fruto Proibido de 1975, Entradas e Bandeiras de 1976 e Babilônia de 1978. Destes, o álbum Fruto Proibido é considerado até hoje, uma obra prima do rock nacional e nós vamos saber porque, nesta postagem.

O Álbum

Fruto Proibido levou meses para ser composto em um trabalho conjunto da banda. Foi gravado no estúdio Eldorado, em São Paulo, em abril de 1975 e lançado em junho do mesmo ano. O álbum trás uma mistura de rock, pop, blues e hard rock colocados de maneira bem equilibrada e feito com muito profissionalismo que resultou em grandes sucessos. Produzido por Andy Mills e financiado e colocado no mercado pelo selo Som Livre, vendeu, na época, algo em torno de duzentas mil cópias, um marco para um disco de rock no Brasil. Participaram deste trabalho:
  • Rita Lee: voz, violão e sintetizador.
  • Luis Sérgio Carlini: guitarras, slide, violão, gaita e vocal.
  • Lee Marcucci: baixo e cowbell.
  • Franklin Paolillo: bateria e percussão.
  • Guilherme Bueno: piano e clavinete.
  • Rubens Nardo: vocais.
  • Gilberto Nardo: vocais.
  • Participação Especial de Manito: Sax em "Esse Tal de Roque Enrow", Flauta em "Pirataria" e Órgão Hammond em "O Toque".

As Músicas

Lado A

  1. "Dançar pra não Dançar" (Rita Lee) - Rock'n Roll básico com pegada firme com letra bem construída com um certo ar de psicodelia. O piano da entrada muito bem colocado. Backings na hora certa e a mudança  da segunda que dá espaço para a guitarra magnifica de Carlini, econômica mas no momento certo.
  2. "Agora Só Falta Você" (Luis Sérgio Carlini / Rita Lee) - Boa pegada com trabalho de guitarras, fala de atitude e mudança de vida, busca da liberdade e coisas do gênero. Bateria bem trabalhada.
  3. "Cartão Postal" (Paulo Coelho / Rita Lee) - Blues com todos os trejeitos do estilo. Blues em português é algo difícil de fazer mas a parceria com Paulo Coelho faz bonito. Baixo preciso dando todo o clima da canção. A guitarra limpa e comedida funciona como a cereja do bolo.
  4. "Fruto Proibido" (Rita Lee) - Rhythm and blues tradicional com harmônica e tudo. O Vocal de rita está bem jovial e entra bem no clima da canção que fala sobre as buscas por ultrapassar as fronteiras estabelecidas.
  5. "Esse Tal de Roque Enrow" (Paulo Coelho / Rita Lee) - Sucesso absoluto faz uma sátira de uma mãe conversando com seu psicanalista sobre a sua filha. Uma música que trata, de maneira bem humorada, sobre os conflitos de gerações. Mais uma vez a parceria com Paulo Coelho e até uma referência sutil a Raul Seixas. Sax mandando ver. A Guitarra está mais bem elaborada também.

Lado B

  1. "O Toque" (Paulo Coelho / Rita Lee) - Outra em parceria com Paulo Coelho com uma pegada mais psicodélica. Mais uma vez o baixo faz a diferença na base junto com um ótimo trabalho nos tambores. A segunda parte passa para um clima bem pinkfloydiano.
  2. "Pirataria" (Lee Marcucci / Rita Lee) - Glam bem construído com um leve funkeado. Na minha opinião é a mais fraca do álbum. Mas é uma boa canção.
  3. "Luz del Fuego" (Rita Lee)  - Excelente canção de empoderamento com uma abertura muito bem feita de guitarra e bateria. Vocais e arranjos muito bem colocados. Realmente uma excelente peça musical. 
  4. "Ovelha Negra" (Rita Lee) - O que falar desta canção. Trata-se de um hino de uma geração que é cantada até hoje, já recebeu várias versões. Uma balada rock que encanta logo a primeira audição. Tudo nesta música é perfeito. Letra, arranjos, instrumental e o solo magistral de Luiz Sérgio Carlini, talvez um dos mais belos do rock nacional. Encerra o álbum de maneira impecável.

Conclusão

Fruto Proibido é um disco obrigatório para quem gosta de boa música. Rita Lee está na sua melhor performance e embora seu disco seguinte, Entradas e Bandeiras, seja mais homogêneo, é mais Tutti Frutti do que Rita Lee e Fruto Proibido é mais Rita. É um daqueles discos que ficam para sempre em nossas lembranças. Perfeito.


sexta-feira, 2 de junho de 2017

Underground Cristão #001 - Mortification - Primitive Rhythm Machine

Quando eu me converti ao Evangelho de Jesus Cristo uma das coisas que não me agradou muito foi a qualidade da produção musical, mas esta má impressão inicial foi quebrada ao escutar este álbum. Foi como uma luz no fim do túnel.
A banda australiana Mortification, começou, oficialmente, em 1990, mas a sua formação se inicia em 1984 quando o baixista e vocalista Steve Rowe monta as bandas Rugged Cross (1984) e  Axiz (1985). Apesar da vida curta destas bandas, elas foram estímulo para que Steve não desistisse de seu projeto de banda. Em 1986 nascia a banda LightForce que grava seu primeiro álbum, Battlezone, em 1987 e o Mystical Thieves em 1988. Já em 1989 quando se preparavam para o terceiro trabalho, Steve assume a direção da banda que passa a se chamar Mortification.

Com Steve Rowe (baixo e vocal), Cameron Hall (guitarra) e Jayson Sherlok (bateria) a nova banda lança o álbum Break The Curse, ainda com o nome de LightForce. Este álbum foi remixado e relançado como Mortification, em 1994, com uma faixa bônus. Oficialmente o primeiro trabalho é: Motification, de 1991, com Michael Carlisle na guitarra.

A banda passou por diversas formações e tendências e atualmente o time é composto por Steve, o guitarrista Lincon Bowen e o baterista Andrew Esnouf. O álbum Primitive Rhythm Machine foi lançado em 1995 e é sobre ele que iremos falar nesta postagem.

Lançado em 1995 pelo selo Intense Records e Nuclear Blast no formato CD e remasterizado e relançado em 2008 pela Metal Mind Productions, produzido por Steve Rowe conta co o próprio Steve (baixo e vocal), George Ochoa (guitarras e teclados), Bill Rice (bateria), Jason Campbell (guitarra base) e Dave Kellogg (guitarra solo).

O álbum tem uma pegada excelente e em certos momentos lembra o Sepultura, dos bons tempos, mas sem perder a identidade característica do Mortification. Trata-se de um trabalho mais experimental, com vocal mais limpo e que mostra uma boa evolução musical da banda que deixa o death, um pouco de lado, e soa mais metal.

Vale a pena conferir.


.Ouvir no Spotfy...