Após quase duas décadas de convivência cristã, percebo que existem basicamente dois evangelhos sendo pregados nas instituições religiosas de vertente supostamente cristã. Um é humano e outro é bíblico. Evidente que olhando assim a grosso modo, devemos nos ater, deter, compreender e viver o evangelho bíblico, uma vez que temos nas sagradas escrituras a expressa vontade de Deus para nossas vidas. Mas é exatamente neste ponto que reside a maior dificuldade para nós.
Examinar as Escrituras |
Ao lermos as Sagradas Escrituras, buscando o correto entendimento, começamos a perceber o quanto somos falhos e a imensa quantidade de mudanças necessárias em nossas vidas. A Palavra de Deus nos incomoda, pois ela revela nossa miséria e ilumina nossos caminhos tortos. É uma palavra que nos cobra atitudes que na maioria das vezes vem contra os nossos desejos, sonhos e anseios. Ela nos tira do centro e coloca a pessoa de Jesus Cristo como principal objetivo de nossas vidas. Nos desnuda diante da verdade e como um espelho que espelha a alma nos mostra como realmente somos: egoístas, imaturos e escravos de desejos plantados em nós por um sistema que só quer o nosso trágico fim.
Por outro lado, se aceitarmos este confronto, compreendermos que precisamos mudar nossa conduta e se agirmos em prol das transformações necessárias, percebemos que esta mesma palavra que parece tão cruel é a mesma que nos liberta das amarras do conformismo, das prisões do legalismo, do peso da depravação humana! É nesse momento, em que rompem-se os grilhões, que saímos da cegueira e começamos a enxergar o mundo de ilusão que nos cercava e podemos vislumbrar, ainda que de lampejo, o Reino do qual somos herdeiros e não percebíamos.
Este é o evangelho que temos que viver, um evangelho que não é fácil pois nos tira do centro das atenções, um evangelho que não busca bençãos meramente humanas, que não promove espetáculos, que não ignora a miséria humana, que não busca a auto-promoção, que não está sob os holofotes, que não sobe nos palcos, mas que liberta da mentira, do engano, da ilusão. Um evangelho que não é baseado em grandes pregadores, cantores ou estrelas gospel, mas que se volta e se rende ao único e soberano Deus. É este o evangelho que precisamos. O evangelho de Jesus Cristo!
Pensei em falar sobre o outro evangelho. Aquele da mentira, do engano, do tapinha nas costas, da prosperidade infinita. Até pensei. Mas, não preciso dele!