segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Punks Não Morrem, Viram Rebites!

Não tem nada mais punk do que ser crente!
Quando o Eduardo Teixeira lançou o documentário Cristo Suburbano, é bem provável que ele não imaginava aonde isto tudo chegaria. O que era para ser um documentário ao melhor estilo DIY para contar a história da cena punk cristã no Brasil rendeu, além do vídeo, um selo que distribui material de várias bandas, um ministério, três coletâneas, um blog, canal no Youtube e muitos planos para o futuro. No campo das coletâneas foram, até o momento, três edições. A primeira, em 2015 com 23 bandas, a segunda em 2016 com 44 bandas e a terceira de 2017 com 56 bandas, sendo 9 faixas de bandas internacionais de peso como Mark Main e Grave Robber. Mas vamos a esta coletânea.

A compilação Cristo Suburbano Volume 3, como já foi dito, conta com 56 faixas de bandas da cena JCHC (Jesus Christ HardCore) nacionais e internacionais. São vários estilos dentro do punk produzido por cristãos e não há como analisar cada música separadamente. Mas posso fazer uma análise do conjunto da obra. Uma palavra: sensacional. Começando pela ótima capa (figura), desenhada pelo Adriano, da banda curitibana Nova Prole, que já dá uma ideia do conteúdo. A seleção das músicas está excelente com áudio bem equilibrado, entre cada faixa, bem como a qualidade das gravações. Algumas bandas prepararam canções exclusivas para este mega álbum. O download pode ser feito de forma gratuita na página do selo no Bandcamp.

Mas o grande mérito desta coletânea é ver a quantidade de bandas excelentes que existem na cena punk cristã nacional. Para quem quer ter uma ideia do panorama musical do estilo é uma ótima oportunidade. Além do mais, é gratificante ver que mesmo sem nenhum apoio da mídia de massas o underground continua vivo e produzindo muito música boa. Também não podemos esquecer do empenho do Eduardo Teixeira que organizou esta coleção, que certamente ficará na história. A mim só resta te dizer uma coisa. Escute!

Nota: O título desta matéria é uma matéria do punk curitibano Flávio Fardado.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

É preciso amar...

Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem, - Mateus 5:44
Uma das características mais marcantes da personalidade de Deus é o amor. A própria bíblia nos ensina que: Deus é Amor. E se Deus é amor, a principal característica daqueles que se auto proclamam servos de Deus, deve ser o amor de Deus demonstrado de forma prática através de nossas vidas. Em outras palavras: não tem como ser servo de Deus e não praticar o amor, pois se uma pessoa diz que tem o Espírito de Deus em sua vida e não demonstra este amor, ela está mentindo. O amor é a marca do cristão verdadeiro. É evidente que não se trata de um amor fundamentado em sentimentos, pois, sentir amor por aqueles que só lhe despejam ódio, está além de nossas capacidades. Mas agir com amor para com aqueles que, muitas vezes, nos fazem mal, é uma possibilidade inerente a todo ser humano que esteja vivendo de acordo com a Palavra de Deus e seus ensinamentos, preceitos e vontades.

Quando Deus esteve corporalmente entre nós, na pessoa de Jesus Cristo, uma das bases de seus ensinamentos sempre foi a prática do amor. Mas a pergunta que fica no ar é: Como eu faço para amar meus inimigos e orar em favor daqueles que me perseguem e me fazem mal. Para praticar este tipo de amor, tão necessário ao cristão, é imprescindível uma mudança de consciência que nos permita enxergar o mundo e os demais seres humanos de uma outra forma, sob um novo ângulo. Este novo olhar sobre a humanidade nos capacita para enxergar, detalhes que não víamos anteriormente. Uma das grandes descobertas do cristão que teve sua mente transformada, é perceber que nossos inimigos somente o são por estarem debaixo de um domínio muito forte que os leva a agir de maneira desagradável em ralação a nós. É por esta razão que o apóstolo Paulo adverte sobre a nossa luta não ser contra a carne (contra outros seres humanos) mas sim contra os exércitos de satanás. Quando passamos a ter consciência deste estado de coisas, vemos facilmente que a pessoa que se opõe a nós é, na verdade, um prisioneiro que precisa ser liberto e que não sabe que esta liberdade está ao seu alcance.

De posse desta verdade, cabe a nós, agraciados com este conhecimento, agir em favor daqueles que ainda permanecem cegos pelas astutas ciladas do diabo, pois agora já temos a consciência de que nossos inimigos somente o são por não conhecerem o plano de Deus para a humanidade. A partir daí, amar os inimigos e fazer o bem aqueles que nos fazem o mal já não soa tão absurdo e com a prática se torna mais fácil a cada dia. Amar, este é o grande segredo. Não existe cristianismo, não existe evangelho sem esta máxima. Lembre-se do que dizia o poeta Renato Russo: É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã!


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Sistema conturbante para um mundo conturbado!

Num mundo materialista e egoísta como o nosso, até um pedaço de pano é motivo de polêmica.
Recentemente vimos o lamentável episódio em que uma menina branca estava utilizando um turbante, por conta da queda de cabelo em virtude de um tratamento contra o câncer, e foi hostilizada por mulheres negras que a acusaram de apropriação cultural. Mas o que vem a ser isso?

Tecnicamente, a apropriação cultural ocorre quando uma cultura se apropria de algo que é exclusivo de outra. Mais ou menos como se um Sulista saísse na rua com um chapéu de cangaceiro, que é diretamente ligado a cultura do cangaço. Evidente que o assunto é mais abrangente mas isto aqui não é um tratado científico. A questão é: Será que isso é realmente relevante?

Vejamos: recentemente aconteceu um episódio na Câmara Federal em que um deputado afirmou que negros não deviam ser evangélicos e que deveriam voltar para os terreiros que é o seu lugar, de acordo com suas raízes culturais. Ora, neste caso, os índios não poderiam viver nas cidades e nem usar roupas. Este tipo de afirmação, me parece uma violação da liberdade do ser humano em ir e vir. É interessante como um grupo consegue defender o direito de matar um ser humano, ainda no ventre de sua mãe e coíbe o direito de vestir um pedaço de pano. Mas de onde vem esta confusão mental que parece ter tomado conta das pessoas? Minha opinião pessoa é de que esta guerra ideológica de classes é fruto de uma proposta chamada Marxismo Cultural. Mas que bicho é esse?

Vamos pelo começo: O marxismo é uma ideologia ou doutrina propalada por um carinha chamado Carl Marx, que viveu no início da Revolução Industrial, em que o mundo passava de um estado de extrema pobreza para uma produção de riqueza muito grande. Entre seus feitos notáveis, Marx, que viveu no início da revolução industrial previu que haveria uma grande geração de riquezas oriundas desta mudança na forma de se produzir bens de consumo e, consequentemente, no nascimento do capitalismo. No entanto o capitalismo que Marx conheceu era bem diferente do de hoje, pois tratava-se de um capitalismo sem os princípios da democracia. Marx percebeu que este pré capitalismo, sem regras e sem leis, não tinha possibilidade de se harmonizar com a democracia de massas. Face a isso, ele escreveu muitas obras incluindo sua mais famosa: O Capital, onde ele criticava esta característica do capital não casar com a natureza humana. Entretanto Marx não percebeu que a Revolução Industrial havia herdado pobreza e não criado pobreza como ele achava. O fato das classes trabalhadoras trabalharem muito, vinha de uma herança de muito trabalho do mundo anterior a Revolução Industrial, onde era comum trabalhar 12 horas por dia, mulheres trabalharem e inclusive crianças trabalharem.

Na sua visão, Marx, começa a defender a tomada dos meios de produção, pelas classes trabalhadoras, para tentar romper a relação entre opressor e oprimido. Parece bonito mas não é bem assim. Na verdade escondia a implantação de uma ditadura do proletariado que hoje tentam dizer que se trata de uma democracia mas não é. Marx entra num aspecto quase religioso tentando trazer um futuro utópico para o presente. Este socialismo marxista acaba ganhando a admiração de muita gente, criando uma tentativa de implantá-lo em muitos países. Por conta de uma cultura não democrática, o socialismo e comunismo baseados nas idéias marxistas tem facilidade de serem implementados em nações orientais. Já nas nações ocidentais suas idéias encontram oposição em virtude da herança democrática grega e da fé cristã que defende a liberdade total do ser humano. Ou seja, no mundo ocidental, com democracias bem instaladas e um capitalismo forte Marx estaria condenado a ser lembrado apenas como um grande teórico se não houvesse surgido um tal de Antonio Gramsci.

Gramsci foi um filósofo marxista, jornalista, crítico literário e político italiano. Escreveu sobre teoria política, sociologia, antropologia e linguística. Suas maiores obras foram escritas nos vinte anos em que esteve preso sob o regime de Mussolini. Os Cadernos do Cárcere (31 livros) são um compêndio que mostram como implantar a revolução socialista no ocidente. Gramsci percebeu que, diferentemente do que Marx acreditava, era o pensamento que afetava a vida e não o contrário. Ele, então, cria um método de sedução, tal qual a serpente no Éden, para plantar no ser humano ocidental a vontade de provar do fruto do Socialismo. Seus métodos são sutis e se baseiam numa tomada lenta e gradual dos meios de formação intelectual e acadêmica. Ele defendia que o partido tem uma função orgânica de ocupar espaços para levar as idéias às pessoas de modo a convencê-las de que o socialismo é uma solução superior ao capitalismo. Esta metodologia faz com que as pessoas passem a ver o Socialismo Marxista não como um movimento político mas como o centro do saber humano que estava vedado aos menos favorecidos. Mais ainda, coloca estes pensamentos como a única fonte de verdade daqueles que são considerados racionais e qualquer pensamento contrário passa a ser taxado como irracional e opressor sem sequer ser analisado. Isto é o que se chama Marxismo Cultural.

Mas ele também entende que os contrários irão se manifestar. Para isso o marxismo cultural promove a ideia de luta de classes onde o pensamento marxista representa o oprimido e o pensamento contrário sempre será o opressor. No Brasil vemos os ideais de Gramsci claramente aplicados nos documentos e cartilhas da formação do PT (Partido dos Trabalhadores) que tem por objetivo final, a implantação de uma ditadura do proletariado em nosso país, utilizando principalmente as escolas e as universidades para espalhar o ideal marxista e assim criar uma população acadêmica que não é levada a racionalizar mas sim a militar em prol de uma ideologia que simplesmente silencia os contrários.

São estes ideais que de tem dividido o país em uma eterna batalha de classes, que enfraquecem a população facilitando a tomada de poder. O Marxismo Cultural cresce a passos largos e prega uma liberdade onde somente quem adota seus princípios tem o direito a expressão e qualquer um que pense diferente é taxado de opressor. Criaram uma geração incapaz de pensar onde tudo lhes afeta e agride. Uma fórmula do politicamente correto que amordaça a liberdade de pensamento, expressão e opinião. É por conta disso que um simples turbante se torna em motivo de discórdia. E, me desculpem os otimistas, mas não consigo enxergar uma mudança de direção mas apenas um futuro onde sua escolha será: se adequar ao sistema ou se adequar ao sistema.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Música de Protesto. Existe Ainda?

Nas favelas, no Senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação

Banda Aborto Elétrico
Nos anos 80, o Brasil se viu invadido pelo fenômeno do Punk Rock, de norte a sul do país. Longe das mentiras propagadas pela mídia oficial, com suas matérias absurdas que retratavam os punks como garotos que vomitavam em velhinhas, uma cena underground baseada na música, arte e cultura urbana vinha se desenvolvendo. Rapidamente, bandas pipocavam por todos os lados, trazendo na sua bagagem, letras como "Que País é Este" da brasiliense Aborto Elétrico (embrião do Legião Urbana). Na cena paulistana, meninos da periferia descobriam uma forma de ter a sua visão de mundo ouvida através das músicas e dos fanzines.

Havia uma preocupação, real, com a situação da época. Havia um grito no ar, de uma sociedade sufocada, mas ainda consciente: "Não dá mais pra aguentar, Essa vida ruim, Essa vida de pião, Você anda sem nenhum tostão, Eles pedem dinheiro emprestado, E tiram do pobre coitado, Essa EXPLORAÇÃO, Vai acabar com a população" (Vida Ruim - Ratos de Porão). Bandas como Cólera, Inocentes, Lixomania ecoavam as vozes sufocadas de um povo sofrido. É lógico que havia a zoeira e a diversão também, mas existia um desejo de mudança e uma esperança de que isso pudesse acontecer. "Às vezes tenho raiva, Às vezes sinto que a ilusão, Me faz recuar, Pois muita gente mente, Pois muita gente dá a mão, Só pra empurrar." (Medo - Cólera). Mesmo a cena Mainstream, mantida pela indústria da música encontrava espaço para uma crítica social consciente com nomes como: Legião Urbana, Titãs, Paralamas, Ultraje, Lobão, etc. "A gente não sabemos escolher presidente, A gente não sabemos tomar conta da gente, A gente não sabemos nem escovar os dente, Tem gringo pensando que nóis é indigente. Inútil! A gente somos inútil. Inútil! A gente somos inútil" (Inútil - Ultraje a Rigor)

Banda Cólera (ainda com o Redson)
Tudo levava a crer que algo iria acontece e aconteceu, mas não como se pensava. Ao contrário de uma virada no jogo, o sistema foi quem deu o troco, levando alguns "protestantes" para o seu lado, com contratos lucrativos, fama, mulheres e drogas. Muitos daqueles garotos cheios de ideias e ideais se conformaram, outros aderiram ao modo de vida do sistema, uns poucos continuaram a caminhada, e tudo foi sendo sufocado ao mesmo tempo em que o establishment tratava de criar uma "cultura" de massa baseada na banalidade primeiramente com musicalidade e letras idiotas e posteriormente até a musicalidade foi perdendo espaço chegando aos nossos dias.

Hoje, nosso país vive, mais uma vez, uma crise política e social sem precedentes e as palavras de protesto se restringem a postagens, muitas vezes, duvidosas nas redes sociais. O protesto através da arte deu lugar a apologia da marginalidade e da decadência moral. Vemos paulatinamente nascer uma geração de zumbis famintos por lixo.

Existe ainda, é claro, musica consciente, mas sem o alcance social que existia antes, e o que é pior: existe um pseudo música de protesto feita por gente comprometida por interesses de um grupo que só quer assumir o poder no lugar do anterior. No Maistream temos lixo pop e na periferia temos uma coisa que não dá nem para explicar o que é. Cabeças ocas, cheias de vento estocado, que só produzem flatulência cultural.

E você? Tem escutado músicas, atuais, que denunciam, que protestam, que alertam para toda esta decadência social que estamos vivendo. Se você conhece, então comente ai embaixo para ajudar a divulgar aqueles que ainda estão conscientes. Grande abraço!

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Devíamos, Todos, Andar Nus...

Se existe uma coisa que eu gosto de fazer, é ir a praia! 
E pela misericórdia e bondade de Deus, há mais de um ano eu moro em uma cidade do litoral do Paraná com várias praias a disposição. Temos até uma máxima aqui: "Eu moro aonde você vai nas férias".

Caiobá / Matinhos - Acervo Pessoal - Luis Vulcanis
Existem muitas razões, pelas quais eu curto uma boa praia. O barulho do mar, as ondas, relaxar, o contato com a água e a areia, ver gente bonita, me divertir com os tipos esquisitos e muitos outros motivos. Mas uma coisa que sempre me chama a atenção é o fato da praia ser um espaço democrático, e mais do que isso, na praia todos ficam parecidos, na praia todos estão nus. Não há muita diferença entre ricos e pobres, entre pessoas com pouca ou muita instrução, todos pisam na mesma areia e se banham na mesma água. Olhando por esse ângulo, a praia é como uma janela onde podemos ver, ainda que fora de foco, um pouquinho do que Deus queria ao criar a terra e colocar seres humanos nela.

Hoje vivemos numa sociedade que é mais preocupada em ter do que ser. Somos julgados pela aparência e emitimos conceitos precipitados sobre as pessoas apenas embasados em seu visual ou em suas posses. Precisamos aprender a valorizar as pessoas pelo simples fato de serem semelhantes a nós independente das diferenças econômicas, sociais, étnicas, culturais e intelectuais que possam existir. Esta mania de ostentar coisas é uma camuflagem para esconder as deficiências que carregamos. Escondemos nossos preconceitos atrás de uma boa gorjeta e de chás beneficentes, fazemos belas fachadas em nossos estabelecimentos comerciais para mascarar a falta de qualidade daquilo que vendemos, vamos a igreja aos domingos para diminuir o impacto das nossas transgressões.

Somos como as flores de plástico que dão a impressão de que nunca irão morrer mas na verdade nunca estiveram vivas. Não estou dizendo que não podemos possuir bens, que não devemos ter conforto, ou que não precisamos comer coisas legais. Tudo isso é lícito. Se trabalhamos e conquistamos, não há nenhum problema nisso. Mas não podemos medir a importância das pessoas por isso. Precisamos entender que numa sociedade justa, a importância do funcionário da limpeza, em uma loja, é a mesma da gerência, pois se o estabelecimento estiver sujo as pessoas não entrarão para comprar.

Pixabay Free Photo
Da mesma forma, não podemos julgar pela aparência, pois independente da marca do tecido, da cor da tatuagem ou do preço do carro, a pessoa que está por baixo continua sendo uma criatura feita a imagem e semelhança de Deus. Evidente que, como cristão, entendo que uma sociedade com este nível de desprendimento somente será possível quando não houver mais, a interferência do pecado que distorce nossos pensamentos. Mas mesmo tendo a consciência de que pouca coisa mudará ainda assim precisamos continuar tentando. Sei que na sociedade atual, não podemos simplesmente arrancar a roupa e sair por aí, mas podemos nos despojar das mascaras do engano e das capas da mentira. Se eu e você começarmos a olhar em nosso entorno vendo iguais, coisas boas podem começar a acontecer e transformar o mundo a nossa volta. Mas que tipo de coisas podem acontecer?

Primeiro: se vejo a todos como iguais, então se não somos melhores, também não somos piores. Segundo: começamos a desenvolver a empatia, que é colocar-se no lugar do outro e sentir o que o outro sente. Terceiro: quando caem as diferenças, afloram as igualdades, isto é: começamos a perceber que temos muito mais em comum e as diferenças vão ficando cada vez menores. É tudo uma questão de tomar a decisão, de querer, de ir em frente. Não consegue? Peça ajuda! Fale com aquele que pode te ajudar de verdade. Fale com Deus. Você consegue.


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Modos & Estilos #015 - Sparks - Propaganda

Confesso que não me lembro quem me apresentou a banda Sparks, mas lembro perfeitamente que foi a álbum Propaganda e que foi amor a primeira audição!

Capa do Álbum
A banda Sparks foi formada pelos irmãos Ron e Russell Mael no final dos anos 60, em Los Angeles, Califórnia, sob a forte influência da psicodelia reinante por aquelas bandas. Com seus vocais operísticos e letras inteligentes a banda passa por várias fazes registradas em seus vinte álbuns lançados entre 1971 e 2006.

As músicas são marcadas pela ironia e bom humor, muitas vezes amado e outras odiado. Em alguns momentos soa até mesmo meio infantil. Mas há de se destacar a musicalidade da dupla com os arranjos vocais e instrumentais de altíssima qualidade e talento.

O álbum Propaganda que foi lançado em 1974 trás todos os elementos que marcaram o grupo e merece estar em qualquer coleção de quem ama boa música. São onze faixas de tirar o fôlego. Foi lançado em novembro de 1974 logo pós o excelente Kimono My House e relançado em 2006 com três músicas a mais.

Nós vamos analisar a versão original, que era o que eu possuía na minha coleção. Confesso que não lembro quem me apresentou o Sparks. É bem provável que tenha sido meu amigo Hamilton.

As Músicas


1 Propaganda - 0:23 - Uma crítica ao sistema que utiliza o marketing para convencer as pessoas e principalmente os jovem a lutar por causas nem sempre tão nobres. A faixa é curtíssima mas usa uma série de sobreposições de vozes em tom operístico que conseguem colocar uma letra gigantesca em pouco mais de vinte segundos.
2 At Home At Work At Play - 3:06 - A letra, enorme, fala sobre o cara que não tem tempo para nada e só quer estar com sua paixão onde quer que seja. A música lembra os hard rocks típicos da década de setenta.
3 Reinforcements - 3:56 - A Letra discursa sobre uma batalha em que o protagonista precisa de reforços, mas tem um duplo sentido que pode ser traduzido como uma batalha pessoal ou algo do tipo. A melodia é mais uma com o tom operístico tradicional do grupo, pop rock da melhor qualidade com peso certo e um clima psicodélico que parece ter saído de um sonho.
4 B.C. - 2:14 - Esta fala sobre um relacionamento e mais uma vez o sarcasmo está em toda a parte. Virtuosismo com tom de deboche aliados a um trabalho de baixo muito bem elaborado e vocais bem construídos em cima de uma batida constante.
5 Thanks But No Thanks - 4:15 - A letra conta a história de alguém que segue uma espécie de instinto ou ordem superior para seguir mesmo tendo outras possibilidades. Outra que carrega a psicodelia dos anos setenta na ponta da agulha. Melodias simples e sofisticadas ao mesmo tempo e um trabalho de percussão que garante o clima certo.
6 Don't Leave Me Alone With Her - 3:03 - A letra muito bem construída revela um relacionamento indesejado mas que pelos outros é visto como inevitável. Quase uma continuação da anterior mas com mais peso na guitarra. O interessante das músicas da banda é cada faixa privilegia um instrumento em particular. Aqui é a guitarra com drive equilibrado que dá o ambiente para a canção.
7 Never Turn Your Back On Mother Earth - 2:29 - Uma epopeia lisérgica que fala sobre vida com uma pegada naturalista. Bem Flower Power. Balada carregada de emoção com trabalho de orquestra criando uma bela harmonia sobre os vocais bem cuidados desta faixa.
8 Something For The Girl With Everything - 2:18 - Totalmente tresloucada a música é a respeito de uma garota, ou algo, que não pode ser incomodado. Traz a marca da banda com seu clima meio psicótico e atormentadoramente debochado. Sarcasmo, ou apenas diversão de quem entende de música? Da metade para frente ganha o peso do glam dos anos setenta.
9 Achoo - 3:35 - Letra existencialista sobre a vida em que a realidade sempre inverte a verdade sem perder o tom de sarcasmo. Psicodelia sessentista de garotos que não levam nada a sério com uma interjeição sonora hilária. Poderia chamar de uma espécie de punk progressivo.
10 Who Don't Like Kids - 3:37 - Quem não gosta de crianças? Pode haver um segundo sentido na pergunta mas a música é ótima. Sem dúvida uma das faixas mais bacanas do álbum. Todos os elementos que caracterizam a banda numa mesma composição. Não dá nem para rotular. Perfeita.
11 Bon Voyage - 4:55 - A letra brinca com o ceticismo e a religiosidade quando se aproxima o fim da vida. Questiona mas não emite uma opinião definitiva. O álbum não poderia terminar com uma música melhor. Novamente a atmosfera psicodélica com vocais magistrais mostra todo o potencial e talento dos Sparks.

Para ouvir:


quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Se não é meu amigo, é meu inimigo!

Outro dia desses estava numa conversa, sobre doutrinas e interpretações teológicas diferentes, com base numa postagem de um cristão que sigo no Facebook. Tudo indo bem no maior respeito com alguns pitacos menos civilizados de alguns, mas nada muito grave até que um certo cidadão surgiu na conversa. O tipo de pessoa resignada que não aceita pensamentos diferentes e trata os diferentes como inferiores. Num determinado ponto da conversa, eu o chamei de amigo, coisa comum, e recebi uma resposta na lata: "Não sou seu amigo!". Ainda crendo que a pessoa não fosse tão estúpida fiz uma brincadeira: "Quem não é meu amigo, é meu inimigo" e recebi uma saraivada de balas conforme o texto a seguir:
Cara, vai se tratar! Você é um ser humano totalmente indiferente a minha existência. E eu à sua. Nem sequer sei se você é real, ou uma máquina de postar comentários aleatórios em páginas da internet. Não sou hipócrita de fingir me importar com uma pessoa que nunca vi na vida, nunca fez nada por mim e eu nunca fiz nada por ela (esta é a definição de amigo, entre outras coisas).
É obvio que nem respondi, pois isso só iria gerar mais inutilidades. Apenas orei pelo "irmão"! Não que eu seja um manancial de cristandade, mas foi o que pensei ser o mais sensato no momento. Mas depois comecei a tirar algumas lições do acontecimento que gostaria de compartilhar com os leitores e amigos deste blog. Primeiro quero analisar com você alguns pontos do comentário do ser que não é meu amigo.

Cara, vai se tratar! Embora o cidadão não seja médico (vi no perfil dele) fez um diagnóstico rápido e deduziu que eu sou uma pessoa doente, e devo ser mesmo, pois continuo acreditando no lado bom do ser humano! Esta afirmação demonstra claramente um sentimento de superioridade, do tipo: Eu sou melhor que você! Este tipo de personalidade é extremamente perigosa pois julga-se dono da verdade e julga os diferentes como enfermos que precisam da solução mágica que só ele possui.

Você é um ser humano totalmente indiferente a minha existência. Pelo menos me considera humano, mas não por muito tempo. Quanto a afirmação devo dizer: Ledo engano, camarada! Esta simples conversa de alguns parágrafos criou (queira ou não) uma conexão entre nossas existências que foram afetadas, ainda que minimamente, pelos diálogos e opiniões. Aliás se formos ver o significado de indiferente, encontraremos, em uma das definições, o seguinte: incapaz de suscitar interesse ou de sensibilizar. Ora! se fossemos indiferentes sequer estaríamos trocando mensagens em um post e a resposta do garoto mostrou uma pessoa bastante sensibilizada pelos meus comentários anteriores.

Nem sequer sei se você é real, ou uma máquina de postar comentários aleatórios em páginas da internet. Esta foi sensacional! Não consegui, até o momento, definir se ele acredita nisso ou só foi uma zoação. Como, em sã consciência, uma máquina de respostas aleatórias, conseguiria manter um diálogo coerente por quase meia hora? To começando a crer que a máquina é ele.

Não sou hipócrita de fingir me importar com uma pessoa que nunca vi na vida, nunca fez nada por mim e eu nunca fiz nada por ela (esta é a definição de amigo, entre outras coisas). Esta dá uma tese! O problema não é a afirmação em si, mas o contexto da mesma. Uma pessoa que teve um encontro real com Jesus Cristo não pode ser movida por meros interesses de troca. O próprio Jesus disse para seus discípulos (nós) que os chamaria de amigos mesmo eles não tendo absolutamente nada a oferecer. Importar-se com o outro é regra básica e basilar de quem quer abraçar o Evangelho como forma de vida. Ele até usou uma das definições de amigo para justificar a sua falta de empatia com os outros. Mas uma das outras definições de amigo fala justamente o contrário: Para denominar uma pessoa de amigo, não necessariamente os indivíduos precisam se conhecer há muito tempo, muitas amizades começam repentinamente e ganham importância por diversos motivos. Mais uma: Para chamar alguém de amigo, não necessariamente precisa ser apenas amigo. Emfim, chamar um desconhecido de amigo, em uma conversa, é uma forma dizer: Não quero brigar com você, apenas quero dialogar com pessoas que tem uma opinião diferente da minha e argumentar para que ambos possamos crescer.

Ele ainda falou mais um monte de coisas, foi até criticado por alguns conhecidos e deu respostas do tipo: Pau que bate em chico também bate em francisco. Mas tudo isto só me fez ver como estamos distantes dos ideais de Cristo. Como é difícil amar ao outro sem esperar absolutamente nada. Como temos dificuldade em trabalhar com os antagonistas. E eu me pergunto. De onde vem esta raiva? Este sentimento de superioridade? Este orgulho? Uma coisa eu sei. Não vem de Deus! Vem de uma doutrina tosca que só prega vitória pessoal, triunfo sobre os outros, que somos cabeça e não cauda, mas esquece, assim como a igreja de Laodiceia do texto que diz: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.

Precisamos voltar, com a máxima urgência, ao Evangelho puro e simples, praticado em amor, comunhão e união. É muito comum quando vamos em algumas denominações, sermos recebidos com um tapinha nas costas e um "bem vindo meu amado" e quando divergimos das "doutrinas" locais já não somos mais amados mas demonizados pelos "irmãos". Não gosto muito de falar sobre este tipo de cristianismo que vemos por aí, pois é um assunto que me entristece e não edifica, mas também não podemos ficar alheios e omissos a tudo isso.