terça-feira, 4 de julho de 2017

Lo-Fi - Quando o conteúdo é mais importante que a embalagem

Na esteira do DIY o movimento LO-FI vem como uma alternativa a idiotização da arte.
Não faz muito tempo que eu descobri o movimento Lo-Fi (pronuncia-se lou-fai) e imediatamente me apaixonei, não pela novidade, mas pelo fato de descobrir que eu já era do movimento antes de conhecê-lo. Tecnicamente, Lo-Fi é o antônimo de Hi-Fi, termo utilizado na indústria do áudio para designar equipamentos que reproduzem as ondas sonoras com alta fidelidade ao som original. Logo, Lo-fi pode ser compreendido como, baixa-fidelidade. Na produção musical, ainda tecnicamente falando, o termo serve para designar as peças musicais registradas com equipamentos simples e de baixo custo, que, teoricamente, não conseguem atingir o nível de fidelidade dos grandes, modernos e dispendiosos estúdios profissionais. Resumindo: a produção musical Lo-Fi era, na prática, um recurso de quem não tinha o aporte financeiro para custear uma grande produção. Isto era e continua sendo verdade em boa parte da criação musical alternativa e independente mas existe um outro lado desta moeda que precisamos compreender.

Não é nenhuma novidade que existe uma indústria que produz e lucra muito com a música de massa, esta que toca nas rádios, nas novelas e nos programas de auditório, destinada ao consumo rápido e facilmente descartável para ser imediatamente substituída por novas peças mantendo um ciclo interminável onde os ouvintes pensam que ouvem o que gostam, quando, na verdade, escutam o que este empreendimento comercial decide que devem consumir. Neste cenário, meramente empresarial, não existe espaço para a arte, seja esta tradicional ou de vanguarda. É óbvio que existem raras exceções, mas são apenas exceções que confirmam a regra maior. O que fazer então? Partir para a produção independente.

Neste cenário alternativo ou underground existem dois segmentos: Os que querem chegar ao mainstream e os que preferem continuar no underground. Quanto ao primeiro grupo, os poucos que obtêm sucesso, na maioria, ou se corrompem ou se frustram e voltam ao subterrâneo. Mas é do segundo grupo que estamos falando. Neste segundo grupo, que quer permanecer independente também existe uma subdivisão. De um lado os que não abrem mão da técnica e da tecnologia de ponta e só produzem e lançam algum material quando este atende uma série de requisitos técnicos que eu costumo chamar de Geração ProTools e do outro aqueles que se dão conta que o mais importante é levar a mensagem. Neste sentido o termo Lo-Fi cai como uma luva nesta turma que grava como pode, onde pode e quando pode.

Num tempo em que as agências de publicidade ditam as regras do que está na moda ou não, ser Lo-Fi vai além do recurso técnico, rompendo a barreira do establishment reinante e abraçando o legado do Faça Você Mesmo (DIY). Lo-Fi não está mais restrito a música, mas torna-se um sinônimo de liberdade criativa que atinge a arte em sua totalidade, deixando de ser um recurso para tornar-se um movimento. Mais que isso; ser Lo-Fi não prende você a uma estética comportamental ou de estilo como fazia o movimento punk, por exemplo. Trata-se de uma consciência que se aplica a todos os estilos e tribos. Abrangente, inclusivo e belo. Quase divino, se me permitem a ousadia. Então, ta esperando o que, para sair da caixa? 

2 comentários:

  1. Sou adepto do Lo-Fi ha tempos, embora trabalhe com modernos equipamentos em casa ouço som em Fita K7, toca discos.

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    1. Obrigado pelo comentário. Estamos programando uma coletânea e quero lançar uma tiragem em fita k-7.

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